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Choque É uma síndrome onde existe uma insuficiência circulatória aguda, ocasionada pela má distribuição generalizada do fluxo sanguíneo, que implica falência na oferta e/ou utilização do oxigênio nos tecidos. É um estado de má perfusão periférica generalizada, seguida por central. Desse modo, as células estão recebendo oxigênio e nutrientes de forma inadequada, pelo fato da microcirculação não estar funcionando adequadamente por uma injúria que não deixa que o mecanismo aeróbico funcione. A perfusão varia de organismo. Algumas pessoas estão chocadas com 11/7 enquanto outras sobrevivem normalmente com 8/6 pressão. É um estado clínico comum a várias doenças, geralmente com alta morbi-mortalidade. Danos teciduais podem advir de: Hipóxia celular; Baixa oferta de nutrientes; Redução de depuração de substâncias tóxicas; Maior afluxo de substâncias nocivas; Ativação de mecanismos agressores; Redução de defesa do hospedeiro. É fundamental que o choque seja reconhecido de forma precoce, de modo que as disfunções possam ser corrigidas. Um tratamento imediato da causa base melhora o prognóstico. Quando o paciente começa com um quadro séptico, tem-se cerca de seis horas para que os distúrbios homeostáticos possam ser corrigidos. Podem ser classificados em quatro tipos principais, sendo que o paciente pode apresentar mais de um choque associado, dificultando o diagnóstico e piorando a gravidade. 1) Hipovolêmico: quando se tem uma perda do conteúdo intravascular. Esse tipo pode ser causado por hemorragia, desidratação e seqüestro de líquidos (como na ascite). Volume intravascular ou baixo volume relativo de sua capacitância, quando se tem volume intravascular inadequado para manter a perfusão tecidual. Assim, tem-se diminuição da pré-carga e do débito cardíaco. Ex.: choque hemorrágico em paciente já coronariano, podendo causar um IAM. 2) Obstrutivo: causado por uma obstrução mecânica em que o coração não trabalha direito, prejudicando o débito cardíaco e culminando em sofrimento celular. Tem como causas o tamponamento cardíaco, embolia pulmonar, pneumotórax hipertensivo e coarctação da aorta. 3) Cardiogênico: quando o choque está relacionado diretamente a um mau funcionamento do coração. Falências valvares, infarto do miocárdio, miocardites, cardiomiopatias, disfunção mecânica na sepse, lesões valvares, distúrbios de condução, bradiarritmias, taquiarritmitas. Nesse choque o inotropismo e o cronotropismo estão prejudicados. 4) Distributivo: quando o sangue não está sendo distribuído de forma correta. Ocorre uma vasodilatação, mas o sangue não é oxigenado de forma suficiente pelo pulmão. Pode ser por um choque séptico, choque neurogênico, anafilaxia ou insuficiência adrenal. A diferenciação dos tipos de choque depende de uma boa anamnese, um exame físico bem feito, sendo que o diagnóstico deve ser prioritariamente clínico, podendo ter exames laboratoriais e de imagem (radiografia, FAST, tomografia) para auxiliar. Geralmente podem-se usar monitorações não invasivas, como a oximetria de pulso, PA não invasiva e ECG, como também pelas invasivas. O atendimento e exames iniciais vão depender da gravidade do paciente, sendo que os pacientes instáveis geralmente NÃO DEVEM ir para exames de imagem. No choque, os sinais vitais devem ser aferidos a curtos intervalos ou referencialmente de forma contínua. Devem ser anotados os valores de pressão arterial, freqüência cardíaca, freqüência respiratória, saturação de oxigênio, temperatura, dor e diurese. Hipodinâmico vs. hiperdinâmico O choque hipodinâmico é onde se tem um debito cardíaco baixo e uma alta resistência vascular periférica. O sangue da periferia será revertido para os compartimentos centrais a fim de perfundir os órgãos nobres (coração, cérebro, rins). Assim, têm-se como sintomas prostração, ansiedade, sede, olígúria, náusea, hipotensão, taquicardia, pulso filiforme e pele fria, pálida e cianótica. Esses sintomas variam com a velocidade que o sangue foi perdido, com o organismo do paciente, entre outros. Quando o paciente perde muito sangue e tem-se uma hipóxia, a primeira fase é de extrema agitação, seguido de prostração e até coma em fases tardias. No choque hiperdinâmico tem-se alto débito e baixa resistência vascular periférica. Com isso, tem-se prostração, ansiedade, entre outros. Geralmente relacionado a choques sépticos. Choque hemorrágico Hemorragia é responsável por de 30-40% das mortes ocorridas em pacientes vítimas de trauma, sendo que a maioria dessas mortes acontece nas primeiras 6 horas após a injúria. O principal tratamento é cessar o sangramento. Controle de danos na ressuscitação: restabelecer a volemia, mas sem ser agressivo na transfusão ou infusão de cristalóide, já que vai aumentar a pressão nos vaso, sangrando mais e dificultando a hemostasia. Por volta de 25% dos pacientes feridos chegam com coagulopatia ao centro de trauma, por diluição dos fatores de coagulação e atrapalha o mecanismo periférico de formação de microtrombos na tentativa de homeostasia. Faz-se dosagem de lactato, sendo que quanto maior os níveis de lactato, maior a gravidade e menor a chance do paciente sobreviver. Hipovolemia, redução da pré-carga, redução do enchimento diastólico e do débito cardíaco, aumento da resistência vascular periférica, redução da pressão arterial média e hipoperfusão tecidual. Tem-se sintomas como palidez cutânea intensa, sudorese, agitação, taquipneia, hipotermia (pela perda de sangue), feridas abertas, contusões, instabilidade óssea consistente com perda sanguínea, pulsos diminuídos ou ausentes, pobre enchimento capilar e débito urinário diminuído. Hipotermia, acidose e hipotensão caracterizam a tríade letal, que aumenta a mortalidade do paciente se não corrigido as disfunções. Sintomas e sinais dependem do estado físico prévio, da idade e da reserva fisiológica, sendo que podem ser mascarados pelo uso de medicamentos, como betabloqueadores. A duração do choque e instituição de terapêutica precoce define prognóstico. A hemostasia precoce é fundamental na terapêutica e é prioridade para impedir a evolução do choque e sua irreversibilidade. A administração cautelosa de fluidos é a estratégia mais aceita atualmente, de modo que usa uma estratégia menos liberal com cristaloides. Uma estratégia restritiva de fluidos diminui coagulopatia dilucional, sendo que deve-se manter uma hipotensão permissiva antes do controle da fonte do sangramento com PA sistólica próxima a 90 mmhg. Deve ser feita administração mínima de cristalóides ( ringer lactato) e reposição da perda de volume sanguíneo com transfusão de hemocomponentes.
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