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Fisiologia do ciclo menstrual O ciclo menstrual envolve uma série de eventos que ocorrem em diversos níveis do eixo hipotálamo-hipófise-ovário. A menstruação é um sangramento genital periódico e temporário da mulher, sendo o epílogo dos eventos neuroendócrinos que determinam modificações fisiológicas no organismo da mulher. De modo geral, o conjunto dessas modificações que se repetem periódica e temporariamente é denominado ciclo menstrual. Se considerado o eixo hipotálamo-hipófise-ovários, o GnRH é liberado em pulsos pelo hipotálamo, sendo que esse neurohormônios liberador de gonadotrofinas estimulam os gonadotrofos na adenohipófise, promovendo a liberação do hormônio folículo estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH). Esses hormônios atuam no recrutamento, desenvolvimento e ovulação dos folículos. O ovário então produzirá estradiol e progesterona pelo estímulo do FSH e do LH, de modo que dependendo das taxas desses, irão exercer feedbacks positivos e negativos no hipotálamo e hipófise. O hipotálamo é uma pequena estrutura neural situada na base do cérebro acima do quiasma óptico e abaixo do 3º ventrículo, sendo dividido em zona periventricular, medial e lateral. O GnRH é secretado pelo núcleo arqueado ou porção infundibular, de modo que é liberado de forma pulsátil, causando aumento dos receptores gonadotróficos (up regulation). Se administrado de forma contínua causa diminuição desses receptores (down regulation). A meia vida do GnRH é curta, de cerca de 2 a 4 minutos, tendo efeito fugaz. Fase folicular: pulsos frequentes e de baixa amplitude. Fim da fase folicular: eleva-se a frequência e amplitude dos pulsos. Fase lútea: diminuem a frequência com gradativa redução da amplitude dos pulsos. Essa liberação de GnRH sofre influências endógenas e ambientais como exercícios físicos, estresse, problemas emocionais, dietas e nutrição, de modo que a produção pode ser variável. O hipotálamo produz também GHRH (hormônio liberador do hormônio do crescimento), CRF (fator liberador de corticotrofina) e TRH (hormônio liberador de tireotrofina). Os gonadotrofos na adenohipófise produzem FSH e LH, esses que são responsáveis pela foliculogênese, ovulação e produção dos hormônios sexuais pelos ovários. Além disso, a adenohipófise produz prolactina, GH, ACTH e TSH. A neurohipófise é um prolongamento do hipotálamo e produzirá ocitocina e vasopressina (hormônio antidiurético). As gônadas femininas são responsáveis por produção dos esteroides sexuais e desenvolvimento dos folículos imaturos. Uma mulher possui cerca de 7 milhões de oocitos na 20º semana intrauterina, sendo que esse número se reduz a 2 milhões ao nascimento e 500 mil na puberdade. Todavia, apenas de 300 a 400 são ovulados na vida reprodutiva. A cada ciclo cerca de 1000 folículos são perdidos por atresia, em que apenas 01 será ovulado. A ação hormonal serve para recrutar o folículo dominante e fazer com que ele seja ovulado. Os ciclos mais comuns duram de 25 a 30 dias e são divididos em três fases: 1) Fase folicular Nessa fase o folículo primordial é selecionado e desenvolve- se por ação do FSH (produzido pela hipófise) até tornar-se folículo de Graaf maduro. Tem duração variável, com cerca de 10 a 14 dias. O desenvolvimento folicular é um processo contínuo e só se interrompe quando a reserva acaba (menopausa), sendo que os folículos crescem e entram em atresia mesmo durante a gestação e em ciclos anovulatórios. O início do processo de crescimento dos folículos independe das gonadotrofinas, essas que são essenciais apenas para definição do folículo dominante ovulatório. Na fase folicular o FSH promove a multiplicação das células da granulosa e diferenciação das células estromais (fibroblastos) em células da teca interna e externa. As células da teca interna produzem hormônios esteroides e possuem receptores para LH, enquanto que as da teca interna servirão como proteção e suporte estrutural. As células da granulosa produzem três classes de hormônios: estrogênios, progestagênios e androgênios. Os androgênios são convertidos em estrogênios por ação enzimática (aromatase) induzida por FSH, esse que aumenta a produção de estrogênios por crescimento da granulosa e por aumentar a atividade da aromatase. Para o perfeito desenvolvimento folicular é necessário um delicado equilíbrio entre androgênios e estrogênios. Se a produção de androgênio superar a capacidade de aromatização da granulosa, provoca atresia do folículo, gerando uma patologia denominado ovário policístico. Esse hiperesterogenismo ainda causa um aumento na sensibilidade hipofisária ao GnRH, aumentando níveis de LH. O FSH exerce ação positiva sobre o estrogênio a nível folicular e este exerce uma ação de feedback negativo no hipotálamo, que reduz a produção de GnRH, e consequentemente de LH e FSH. Esse processo é determinante para a seleção do folículo dominante, em que a seleção ocorre por volta do 5º dia do ciclo. Na metade da fase folicular, sob influência do estrogênio (feedback positivo sobre a hipófise) os níveis de LH aumentam, juntamente com o número de receptores de LH nas células da teca. O LH estimula a produção de Produção de estradiol (FSH) e progesterona (LH) pelos ovários Liberação de FSH e LH Estimula gonadotrofos na adenohipófise Liberação de GnRH em pulsos pelo hipotálamo androgênios (androstenediona) pela teca e esses serão aromatizados para estrogênios por uma aromatase. Desse modo, tem-se androgênios produzidos pela teca sob ação do LH e aromatizados para estrogênios na granulosa sob ação do FSH. Assim, a produção de estradiol é explicada pelo mecanismo das duas células (teca/granulosa). Nessa fase os receptores de FSH existem apenas na granulosa e os de LH apenas nas células da teca. No período pré-ovulatório a produção de estrogênio chega em seu nível máximo para permitir o pico de LH, que inicia o processo de luteinização e produção de progesterona pela granulosa. Essa progesterona leva ao pico de FSH no meio do ciclo, importante para o aumento dos receptores de LH. A elevação dos androgênios nessa fase leva à atresia da granulosa e ao aumento da libido. 2) Período ovulatório É o período em que se retoma o processo de meiose iniciada pelo pico de LH, continuando a maturação do ovócito até ocorrer a ruptura folicular. Nessa fase ocorre a luteinização das células da granulosa, expansão do cumulus oophorus, produção de prostaglandinas, essas que são modificações imprescindíveis para a ruptura do folículo. Após o pico de LH a produção de progesterona se eleva de forma progressiva, provável causa da queda de LH após a ovulação, por feedback negativo. A progesterona distende a parede folicular tornado a delgada, de e o escape do ovócito ocorre por ação de enzimas proteolíticas. Sob ação das gonadotrofinas (FSH e LH) as células da granulosa e da teca produzem ativador de plasminogênio, que inicia a produção de plasmina, que gera uma colagenase, que atua na parede do folículo. As prostaglandinas estimulam a contração da musculatura lusa do ovário, facilitando a expulsão do óvulo. A ovulação ocorre por volta de 34-36 horas após o início da elevação do LH e 10-12h após seu pico, que dura cerca de dois dias. A ovulação ocorre cerca de 24h-36h após o início da elevação do estradiol. 3) Fase lútea Nesse período, que dura cerca de 14 dias, o folículo ovulatório se converte em corpo lúteo por deposição de luteína nas células, de modo que passa por modificações e começa a liberar a progesterona responsável pelo preparo endometrial para recepção do embrião. A elevação dos níveis de progesterona de forma aguda é característica dessa fase, com pico máximo após o 8º dia após a ovulação, coincidindo com o maior nível estrogênico e maior vascularização do endométrio. A progesterona suprime novo crescimento folicular. O declínio do corpo lúteo se dá de 9 a 11 dias após a ovulação,em que não se conhece muito bem o mecanismo. Após a morte do corpo lúteo a diminuição do estrogênio, da progesterona e da inibina removem o feedback negativo da hipófise, permitindo novos pulsos de GnRH e início do novo ciclo. Em caso de gravidez, o corpo lúteo se mantem ativo até cerca de 9 semanas, sendo importante para a esteroidogênese até que a placenta consiga tomar esse papel. O estrogênio aumenta a espessura do endométrio, aumenta o número e a tortuosidade das glândulas, aumenta a pseudoestratificação do epitélio glandular e a hipercromia nuclear (> DNA). A progesterona produz o surgimento de Aromatização dos androgênios em estrogênios nas células da granulosa Ação do FSH Androgênios produzidos pela teca Ação do LH vacúolos secretores no interior do citoplasma das células glandulares (rico em glicogênio), como também faz com que as células do estroma adquiram aspecto pseudoteciduais em torno das arteríolas espiraladas. O crescimento folicular inicial ocorre independentemente da ação hormonal, de modo que o FSH só estimula o crescimento folicular para o estágio pré-antral no ovário. A evolução dos folículos se dá por: Folículo primordial: envolto por uma única camada de células epiteliais achatadas (foliculares) e uma membrana delgada. Folículo primário: envolvido por células cúbicas denominadas células da granulosa e uma camada glicoproteica denominada zona pelúcida. Folículo secundário ou pré-antral: possui zona pelúcida mais evidente, com proliferação celular na camada granulosa (cumulus oophorus), surge a camada tecal (modificação do estroma), ocorre acúmulo de líquidos dentro do folículo (antro) e células foliculares envolvem o ovócito (corona radiata). Folículo maduro (Graaf): é o estágio pré-ovulatório, em que o oocito primário termina a primeira divisão meiótica, formando o ovócito secundário e o corpo polar. Folículo atrésico: existe em qualquer nível do desenvolvimento folicular, sendo o folículo degenerado ou involuído. Começa uma elevação do estrogênio por volta do 10º dia, de modo que possui um pico no 13º dia, sendo que a ovulação ocorre de 24 a 36 horas depois. Tem-se um pico de LH no momento da ovulação e um pico de progesterona após a ovulação, juntamente com uma redução do estrogênio. O endométrio proliferativo passa de 2 mm para 10 mm no período pré-ovulatório. Na fase secretora, não ocorrendo a gestação, há infiltração leucocitária e reação decidual do estroma. Quando não acontece a gestação, o corpo lúteo regride e ocorre a descamação endometrial (menstruação).
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