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HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA E PREVENÇÃO À SAÚDE HISTÓRIA NATUAL DA DOENÇA A história natural da doença (HND) consiste na progressão ininterrupta, em um indivíduo, do desenvolvimento de uma doença, do momento em que é iniciada pela exposição aos seus agentes causais até sua recuperação, invalidez ou óbito. A HND abrange dois domínios interagentes, consecutivos e mutuamente exclusivos que se completam: • Meio ambiente (pré-condições) • Meio interno (locus da doença) O ser humano está presente em todas as etapas da HND como gerador das condições socioeconômicas que favorecem anomalias ecológicas, as quais o predispõem a agentes patológicos, e como principal vítima do contexto de agressão à saúde por ele favorecido. 1° FASE: PERÍODO DE PRÉ-PATOGÊNESE Representa a evolução das inter-relações dinâmicas que envolvem os condicionantes ambientais e sociais e os fatores próprios do suscetível até que chegue a uma configuração favorável para instalação da doença. FATORES SOCIAIS • Socioeconômicos: relação da capacidade econômica e probabilidade de adquirir doença. Renaud (1992): pobres mais doentes, 2X mais propensos a enfermidades. • Sociopolíticos: instrumentação jurídico- legal, decisão política, higidez política, participação consentida, valorização da cidadania, participação comunitária efetivamente exercida, transparência das ações e acesso à informação etc. • Socioculturais: preconceito, crendices e valores e hábitos sociais influenciando na aquisição e manutenção da doença. • Psicosociais: fatores que influenciam o psiquismo humano, com consequências na saúde física e mental. FATORES AMBIENTAIS Conjunto de fatores que interagem com agente etiológico e o suscetível, incluindo o ambiente físico e a sociedade em questão, composta por interações sociais, políticas, econômicas e culturais. Agentes agressores: • Agentes presentes no ambiente habitualmente (agrotóxicos, poluição, alimentos geneticamente modificados, aditivos alimentares). • Agentes pouco comuns, advindos de novas situações ou hábitos de vida, ou ainda por má administração u manipulação de meios e recursos. • Agentes que explodem em situações de desastres e catástrofes FATORES GENÉTICOS São fatores que determinam maior ou menor suscetibilidade à adoecerem. Porém, os estudos científicos de epigenética têm mostrado evidências de que hábitos de vida e ambiente social em que uma pessoa está inserida podem modificar o funcionamento de seus genes. • Nutrigenética e nutrigenômica: são interações entre hábitos dietéticos e o perfil genético de cada indivíduo. A influência de e fatores dietéticos sobre o genoma humano (nutrientes modificam a expressão gênica, facilitando ou inibindo a transcrição do DNA). • Genes associados à obesidade: as variantes de predisposição à obesidade sozinhas não causam a obesidade sem que o indivíduo seja exposto a um ambiente obesogênico. MULTIFATORIALIEDADE O desenvolvimento da doença é dependente da estruturação dos fatores contribuintes de tal acometimento. Quanto mais estruturados estiverem os fatores, maior força terá o estímulo patológico. • Associação sinérgica: dois fatores estruturados aumentam o risco da doença mais do que faria sua simples soma. O estado final gerador da doença pode ser resultado da sinergia de fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, psicológicos, genéticos, biológicos, físicos e químicos. 2° FASE: PERÍODO DE PATOGÊNESE Se inicia com as primeiras ações que os agentes patogênicos exercem sobre o ser afetado. Ocorrem modificações bioquímicas em nível celular, podendo evoluir para modificações na forma e na função celular. O seu desenlace (período de cura, morte ou invalidez) varia de acordo com sua extensão. • Interação estímulo-suscetível: doença ainda não desenvolvida, mas todos os fatores necessários para a ocorrência da mesma estão presentes. Alguns fatores agem predispondo o organismo à ação do agente patogênico. • Alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas (estágio-pré-clínico): a doença já está implantado no organismo afetado, mas não há manifestação clínica (não perceptíveis, no entanto detectados em exames clínicos ou laboratoriais). Esse período equivale ao período de incubação. Algumas doenças não passam desse estágio por conta da própria imunidade do organismo. • Horizonte clínico: linha imaginária que separa o período de incubação do estágio seguinte. Sinais da doença tornam-se nítidos e transformam-se em sintomas. • Cronicidade: a evolução clínica da doença pode progredir até o estágio de cronicidade ou conduzir o doente a um nível de incapacidade física por tempo variável, ou produzir lesões que podem ser, futuramente, uma porta de entrada para novas doenças. 3° FASE: DESENLACE Leva a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. PREVENÇÃO E SAÚDE São estratégias de prevenção direcionadas de acordo com o contexto da história da doença. A prevenção à doença inclui: políticas de saúde e ações dos profissionais de saúde na ação educativa. PREVENÇÃO PRIMÁRIA Compreende a aplicação de medidas de saúde que evitem o aparecimento de doenças (promoção de saúde). PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Neste caso a doença já está presente, muitas vezes de forma assintomática. Compreende o diagnóstico precoce das doenças, permitindo o tratamento imediato, diminuindo as complicações (limitação da incapacidade) e mortalidade. PREVENÇÃO TERCIÁRIA Neste momento a doença já causou danos, compreendendo, então, prevenção da incapacidade total, seja por ações voltadas para a recuperação física, como a reabilitação, seja por medidas de caráter psicossocial, como a reinserção do indivíduo na força de trabalho. PREVENÇÃO QUARTENÁRIA voltada para reduzir ou evitar os danos causados pelo intervencionismo excessivo nos cuidados de saúde, evitando a iatrogenia (quando o médico causa um dano ao paciente).
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