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Chikungunya: Características e Diagnóstico

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Chikungunya – profa Francielle Vargas 
1 
Chikungunya 
A Chikungunya é uma arbovirose causada por um vírus RNA de mesmo nome, da família Togaviridae e do 
gênero Alphavirus. Essa denominação é proveniente de um dialeto da Tanzânia e significa ‘aqueles que se 
dobram’, em decorrência da aparência curvada dos doentes com dor. Foi descrita pela primeira vez em 1950 
– observada no Brasil em 2014, sendo uma doença sem proteção por vacina, ou seja, com imunidade de 
longa duração obtida apenas pela infecção natural. É uma doença com caráter epidêmico e elevada taxa de 
morbidade associada à artralgia persistente, tendo como consequência a redução da produtividade e da 
qualidade de vida. 
Transmissão: se dá pela picada de fêmeas dos mosquitos Aedes Aegypti e Aedes albopictus infectadas 
pelo CHIKV, além de casos de transmissão vertical no intraparto de gestantes virêmicas e rara transmissão 
por via transfusional. As pessoas infectadas podem transmitir o vírus para o mosquito até o 5º dia de doença, 
sendo que o período de viremia pode perdurar até 10 dias após a picada. O período de incubação é em 
média de 3 a 7 dias, podendo variar de 1 a 12 dias. 
Quadro clínico: febre alta e de início rápido, dores intensas e simétricas nas articulações dos pés, mãos, 
dedos, tornozelos, punhos e joelhos, além de dores no corpo, cefaleia, manchas vermelhas na pele, 
exantema maculopapular doloroso (5º dia após início da febre), hiperemia ocular, entre outros. Após essa 
fase aguda inicial (7 dias), a doença pode evoluir em duas etapas subsequentes: fase subaguda e crônica. 
Na fase subaguda (até 3 meses) tem-se 
desaparecimento da febre com persistência de artralgia 
e edema, surgimento de lesões purpúricas, vesiculares 
e bolhosas, doença vascular periférica, fadiga e 
sintomas depressivos por conta da dor. 
Na fase crônica (> 3 meses) alguns pacientes poderão 
evoluir com artropatia destrutiva semelhante à artrite 
psoriática ou reumatoide, além de fadiga, cefaleia, 
prurido, alopecia, exantema, bursite, tenossinovite, 
disestesias, parestesias, dor neuropática, fenômeno de 
Raynaud, alterações cerebelares, distúrbios do sono, 
alterações da memória, déficit de atenção, alterações 
do humor, turvação visual e depressão – podem durar 
até 3 anos. 
Como principais fatores de risco para 
cronificação tem-se idade > 45 anos, sexo 
feminino, desordem articular preexistente e 
maior intensidade das lesões articulares na 
fase aguda. Os sinais e sintomas da 
Chikungunya tende a ser mais intensos em 
crianças e idosos, além do fato de que as 
pessoas com doenças crônicas terem mais 
chances de desenvolver formas mais graves 
da doença. A Chikungunya também pode se 
manifestar de formas atípicas com 
comprometimento de SNC, olhos, coração, 
pele, rins, entre outros. 
Diagnóstico: a pesquisa de antígeno viral por 
RT-PCR deve ser feita até o 8º dia, enquanto 
que, a partir do 4º dia pode-se realizar 
pesquisa de anticorpos específicos (IgM e IgG) 
pelo método ELISA. As técnicas que exigem 
 
Chikungunya – profa Francielle Vargas 
2 
isolamento viral devem ser coletadas até o 3º dia do início dos sintomas, estas que são consideradas como 
padrão-ouro, mas são mais demoradas e exigem processos mais complexos. As amostras clínicas utilizadas 
para o diagnóstico podem ser: sangue, plasma, soro, líquido cefalorraquidiano (LCR), saliva e urina. 
Na anamnese deve-se identificar tempo de doença, data de início dos sintomas articulares, caracterização 
da febre, presença de fatores de risco, uso de medicamentos (AINEs), entre outros. Além disso, deve-se 
pesquisar alterações na pele, queixas articulares, alterações do SNC, queixas digestivas, casos 
semelhantes no domicílio ou na comunidade e procedência/histórico de viagens para áreas endêmicas. 
Diagnóstico diferencial: é feito com outras doenças agudas febris associadas à artralgia, como dengue, 
zika, malária, leptospirose, febre reumática, artrite séptica, Mayaro, entre outras. 
Sinais/Sintomas Dengue Zika Chikungunya 
Febre 
Duração 
> 38°C 
4 a 7 dias 
Sem febre ou subfebril 
(< 38°C) 
1-2 dias subfebril 
Febre alta > 38°C 
2-3 dias 
Rash 
Frequência 
Surge a partir do quarto 
dia 
30% a 50% dos casos 
Surge no primeiro ou 
segundo dia 
90% a 100% dos casos 
Surge 2-5 dia 
50% dos casos 
Mialgia (frequência) +++ ++ + 
Artralgia (frequência) + ++ +++ 
Intensidade da dor 
articular 
Leve Leve/Moderada Moderada/Intensa 
Edema da articulação Raro 
Frequente e leve 
intensidade 
Frequente e de 
moderada a intenso 
Conjuntivite Raro 50% a 90% dos casos 30% 
Cefaleia +++ ++ ++ 
Hipertrofia ganglionar + +++ ++ 
Discrasia hemorrágica ++ ausente + 
Risco de morte +++ +* ++ 
Acometimento 
neurológico 
+ +++ ++ 
Leucopenia +++ +++ +++ 
Linfopenia Incomum Incomum Frequente 
Trombocitopenia +++ Ausente (raro) ++ 
Manejo clínico: o tratamento pode ser feito ambulatorialmente e o paciente deve retornar em caso de 
persistência da febre por mais de cinco dias, aparecimento de sinais de gravidade ou persistência dos danos 
articulares. Como sinais de gravidade tem-se indícios de acometimento neurológico, dor torácica, 
palpitações, arritmias, dispneia, redução da diurese, sinais de choque, vômitos persistentes, sangramento 
de mucosas e descompensação da doença de 
base – em que esses pacientes devem ser 
internados. 
Até o momento, não há tratamento antiviral 
específico para Chikungunya, de modo que a 
terapia utilizada é de suporte sintomático, 
hidratação e repouso. 
A dor aguda deve ser tratada com dipirona (30 
a 50 mg/kg de 6/6h) ou paracetamol (500 a 750 
mg de 4/4h ou 6/6h no máximo 4g/dia), 
 
Chikungunya – profa Francielle Vargas 
3 
utilizando tramadol (100mg IV de 
6/6h) na ausência de melhora – 
associando antidepressivos se dor 
neuropática associada. Na dor 
intensa, utiliza-se os dois 
analgésicos associados ao 
tramadol. Pode se utilizar 
compressas frias como medida 
analgésica nas articulações de 4 
em 4 horas por 20 minutos. Além 
disso, estimula-se a hidratação oral 
e o repouso dos pacientes. 
Na fase subaguda deve-se realizar 
exames inespecíficos, como 
hemograma, glicemia, ureia, 
creatinina, AST, ALT, entre outros. A dor deve ser tratada de acordo com sua intensidade utilizando 
analgésicos comuns, opioides fracos ou AINEs, respectivamente. Na presença de artrite ou tenossinovite 
deve-se utilizar corticoides orais (prednisona) ou hidroxicloroquina (6mg/kg/dia). 
Na fase crônica, deve-se avaliar o quadro 
do paciente e utilizar o tratamento mais 
indicado e seguro, sempre se atentando aos 
efeitos colaterais dos fármacos. 
O tratamento fisioterápico deve ser 
considerado em todas as fases no intuito de 
minimizar o dano osteoarticular e 
possibilitar a reabilitação das funções do 
paciente. Também é importante orientar o 
paciente sobre o posicionamento adequado 
para realização desses exercícios, de modo 
a favorecer a proteção articular e o retorno 
venoso. 
Vale ressaltar que, o apoio psicológico é importante em todas as fases dessa doença, sobretudo como uma 
boa forma de aliviar o quadro de tristeza e sofrimento trazidos pelo estado de dor e edemas crônicos em 
consequência do longo período de adoecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Chikungunya – profa Francielle Vargas 
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