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Doenças císticas

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Doenças císticas 
A partir da 5º semana ocorre o início da formação do sistema 
urinário, em que por volta da 9º semana inicia-se a filtração, 
em que a urina vai sendo liberada na 
cavidade amniótica, em que o líquido 
auxiliará no processo de maturação 
do sistema respiratório. Assim, 
condições como oligodrâmnio podem 
ser indicativas de problemas renais, 
que também cursam com sistema 
respiratório imaturo e crescimento 
reduzido. 
As doenças císticas são distúrbios heterogêneos que podem 
ser congênitas com etiologia autossômica recessiva (infantil) 
ou dominante (adultos). Além disso, também podem ser 
adquiridas, que são divididas em simples (solitárias e 
múltiplas) e complexas. Dentro das doenças císticas 
adquiridas os cistos simples geralmente possuem como 
conteúdo a urina, sendo que os cistos complexos podem 
conter sangue, coágulos, septações ou vegetações. Os cistos 
complexos precisam de uma atenção especializada (TC ou 
ultrassom) para verificar a presença de infecção 
concomitante e também se ele não é um tumor renal que 
geralmente apresentam parte sólida e líquida. 
 
Do ponto de vista anatomopatológico as doenças císticas são 
consideradas displasias com mudanças de fenótipo e tipo de 
célula produzida, sendo uma transformação pré-neoplásica 
que podem ter diagnóstico, terapia e prognósticos variados 
conforme sua etiologia, devendo ser diferenciadas de 
neoplasias. São encontradas células de diversos tamanhos e 
com núcleos variados, sendo que a displasia pode ser 
classificada em leve, moderada ou graves. 
A unidade funcional do rim é o 
néfron, que é composto por um 
glomérulo, túbulo contorcido 
proximal, alça de Henle, túbulo 
contorcido distal e ducto 
coletor. Tem como função a 
filtração do sangue e a 
formação de urina, estando 
localizados no córtex e na medula renal. Existem cistos que 
acometem principalmente córtex, medula ou ambas regiões, 
de modo que a patogênese da doença cística varia conforme 
a extensão de acometimento, em que casos que acometem 
córtex e medula são mais graves. 
Para classificação utiliza-se a Escala de Bosniak: 
I – indica cisto simples bem delimitado com parede fina e 
líquido transparente, atingindo mais córtex; 
II – cisto complexo com microcalcificações iniciais, mas com 
baixo risco de malignidade (5%); 
IIF – cisto complexo com microcalcificações iniciais e 
algumas septações, com risco de malignidade entre 5 e 25%; 
III – cisto complexo com septações e microcalcificações 
avançadas, risco entre 45% a 55% de malignidade; 
IV – cisto complexo com septações e microcalcificações 
evidentes, que atingem e destroem o parênquima do rim e 
tem risco de malignidade de 75% a 95%, podendo levar a 
uma insuficiência renal. 
 
As doenças císticas renais congênitas podem ser 
autossômicas recessivas ou dominantes, em que nos adultos 
é mais comum a dominante, geralmente assintomática no 
início e com tratamento à medida que os sintomas aparecem 
(70-80% do rim acometido). Enquanto isso, a doença 
policística renal infantil é rara, autossômica recessiva e 
culmina geralmente em morte no primeiro mês de vida. 
1) Doença policística renal congênita autossômica 
dominante (DRPAD) 
Possuem alta penetrância em relação à idade, de modo que 
é predominante nos adultos, com formação de múltiplos 
cistos expansivos, de diferentes tamanhos, repletos de 
bolhas e cistos, que podem variar em tamanho e número, 
acometendo os dois rins. 
Quanto mais cistos ele passa a comprimir o parênquima 
renal, de modo que causa destruição do parênquima renal e 
possivelmente um quadro de insuficiência renal por 
disseminação da lesão e acometimento de inúmeros néfrons. 
Além disso, pode chegar a pressionar a artéria renal gerando 
uma isquemia regional e também um aumento da pressão 
sanguínea renal, fato que ativa o SRAA e pode gerar 
sofrimento cardíaco por sobrecarga, podendo provocar uma 
insuficiência cardíaca. 
Tem-se os genes PDK 1 (cromossomo 16) e PDK 2 
(cromossomo 4) presentes nas células renais, fígado, baço e 
pâncreas, que codificam as proteínas transmembrana 
policistina 1 e 2, que se atrelam e geram um canal de cálcio 
importante que regula a entrada desse íon na célula. Os cílios 
dessas células irão funcionar como sensores para controlar a 
proliferação, diferenciação e apoptose celular renal, 
D
o
en
ça
 c
ís
ti
ca
 r
en
al Congênitas
Autossômica 
recessiva
Infantil
Autossômica 
dominante 
Adulta
Adquiridas
Simples
Solitários ou 
Múltiplos
Grandes ou 
pequenos
Parede grossa ou 
fina
Complexas
regulação que será 
ativado pelo fluxo da 
urina, sofrendo flexão e 
ativando esse canal de 
cálcio, de modo que 
aumenta a concentração 
intracelular. 
 
A mutação de um desses genes (PDK1 com prognóstico pior 
e mais incidente) gera uma policistina inadequada, fato que 
gera doença policística renal autossômica dominante, além 
de problemas no fígado, baço e pâncreas. Nesses casos o 
canal de cálcio não funciona adequadamente, precisando 
pegar esse íon do retículo endoplasmático liso, fato que 
compromete a dinâmica celular por faltar cálcio para outras 
células. O AMPc e a MAP quinase são responsáveis pela 
proliferação celular, tendo elevação desses dois compostos 
que faz com que as células comecem a se proliferar, fato que 
culmina na formação dos cistos. Durante a formação do cisto 
pode-se ter a liberação de mediadores inflamatórios em seu 
fluido, fato que contribui para a destruição do parênquima, 
promovendo inflamação, reação vascular e celular. 
 
Somente algumas células tubulares apresentam 
transformação cística, já que ao longo da vida alguma dessas 
células fazem com que o alelo que não estava mutado ganhe 
alguma mutação somática, fato que leva a formação de 
cistos. Será denominada teoria do duplo golpe, em que o 
primeiro é o ganho de um alelo mutado dos pais e o segundo 
do ganho de uma mutação somática, levando ao 
desenvolvimento da doença. Tem-se também o modelo do 
terceiro golpe, caracterizado por alguns eventos sofridos ao 
longo da vida que acelera a cistogênese, como isquemia e 
reperfusão dos túbulos renais. 
 
Os cistos também pode ser encontrados em locais 
extrarrenais, como fígado (Figura D), pâncreas, coração, 
ovários, pulmões e baço, além do indivíduo com DRPAD ter 
maior predisposição a divertículos colônicos e aneurismas. 
 
2) Doença policística renal congênita autossômica 
recessiva (DRPAR) 
Pode ser classificada como formas 
perinatal (antes do nascimento), 
neonatal (até 28 dias), infantil e 
juvenil, em que sua gravidade 
depende do momento da 
apresentação da doença e da 
presença de lesões hepáticas 
associadas (quanto mais cedo o 
diagnóstico pior o prognóstico). Os 
cistos se formam nas regiões 
tubulares dos rins, de modo que possuem cápsula lisa e 
acúmulo de urina, essa que não consegue sair. Assim, os 
recém-nascidos irão apresentar um quadro de ascite por 
acúmulo de urina nos rins, e não por acúmulo de líquido 
intraperitoneal. 
Um caso perinatal pode culminar na diminuição da filtração 
glomerular, fato que gera oligodrâmnio e, consequentemente, 
alterações renais, pulmonares e em diversos outros sistemas. 
Essa doença será derivada de uma mutação no gene PKHD1 
(cromossomo 6) que codifica a fibrocistina, uma proteína que 
está localizada juntamente com as policistinas nos cílios 
apicais, mas com função ainda desconhecida, apesar de 
influenciarem na proliferação celular. 
3) Displasia renal multicística 
É uma doença esporádica que pode ser uni ou bilateral, em 
que o rim está aumentado, irregular e multicístico com cistos 
que variam de tamanho. Sua patogênese é derivada da 
parada de ramificação das ampolas uretrais, de modo que os 
néfrons não se desenvolvem (parada da indução recíproca 
entre blastema metanefrogênico e broto uretérico), fato que 
culmina na formação de cistos de formas e superfícies 
irregulares. Tem-se a presença de oligodrâmnio, com 
contratura de membros, pregas faciais, hipoplasia pulmonar, 
entre outras alterações.

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