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História do Brasil Republicano

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Prévia do material em texto

2015
História do Brasil 
repuBlicano
Prof. Thiago Rodrigo da Silva
Copyright © UNIASSELVI 2015
Elaboração:
Prof. Thiago Rodrigo da Silva
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
981
S586h Silva, Thiago Rodrigo da 
 História do Brasil republicano / Thiago Rodrigo da Silva. Indaial: 
UNIASSELVI, 2015.
 
 246 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-924-4
 
1. História do Brasil. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
apresentação
A História da República Brasileira é um dos principais temas 
estudados no ensino de História. Em especial, o Ensino Médio oferta 
particular interesse sobre esta área do conhecimento. Também os vestibulares 
e concursos públicos possuem, na maior parte de suas questões, temáticas 
ligadas ao Brasil Contemporâneo. Assim compreendendo, o atual Caderno 
de Estudos busca contemplar alguns aspectos importantes, visto que são 
considerados relevantes no período histórico a ser estudado, visando 
capacitar o futuro professor de História em sua prática cotidiana na sala 
de aula. 
Sínteses de História Republicana Brasileira foram realizadas por 
diversos historiadores. E, na atualidade, temos um grande (quiçá enorme) 
volume de estudos referente a temáticas relacionadas ao Brasil nos séculos 
XIX e XX. Todavia, poucas são as sínteses sobre o período. A maior parte 
dos estudos são monografias (dissertações ou teses universitárias) de temas 
específicos, como a Proclamação da República, o período getulista ou os 
governos militares. Apenas dois autores se destacaram realizando sínteses 
de História do Brasil República nos últimos 30 anos. O historiador Lincoln 
de Abreu Penna, que no final dos anos 1980 lançou Uma História da República 
Brasileira (PENNA, 1989), e a afamada síntese de História do Brasil escrita 
pelo professor da Universidade de São Paulo Boris Fausto (FAUSTO, 
2006). Temos também algumas obras coletivas, que visam difundir as 
teses universitárias, como a História do Brasil Nação, organizada por Lilia 
Moritz Schwarcz (SCHWARCZ, 2010), além da História Geral da Civilização 
Brasileira (FAUSTO, 1997), que contou com as prestigiosas coordenações dos 
professores Boris Fausto e Sérgio Buarque de Holanda.
Tendo como modelo a síntese destes dois autores (Penna e Fausto), o 
presente escrito também contou com uma terceira inspiração, dada pelo teórico 
social franco-argelino Pierre Bourdieu (BOURDIEU, 2013), que pensava a 
organização da sociedade baseada em “campos de poder”. 
Assim, ao invés de escrever dando destaque a apenas um campo 
(cultural, político, econômico ou social), o presente Caderno de Estudos se 
inspirou em historiadores que apresentaram uma nova forma de explicar a 
realidade social brasileira, pensando em todas estas questões como relevantes. 
Deste modo, as unidades foram divididas em quatro tópicos, que buscam 
abordar as questões políticas, as dinâmicas econômicas, os movimentos 
sociais e o panorama cultural dos períodos contemplados. 
As análises empreendidas não buscaram realizar “juízo de valor” 
aos eventos da História Republicana Brasileira, mas sim possibilitar aos 
acadêmicos meios para compreender de forma clara a construção da sociedade 
IV
e de suas incoerências. Isto é, mais do que tentar explicar os “porquês”, 
buscou-se responder ao “como” as estruturas sociais contemporâneas foram 
formadas no Brasil ao longo do último século. Na primeira unidade iremos 
contemplar o período da denominada República Velha, também chamada de 
Primeira República (1889-1930), que se estende do golpe militar que destituiu 
o imperador D. Pedro II, até um outro golpe, que possibilitou a chegada ao 
poder do político gaúcho Getúlio Vargas. Na segunda unidade iremos estudar 
o denominado Período Populista ou Nacional-Desenvolvimentista, que 
iniciou com o Golpe de 1930 e terminou com o Golpe Militar de 1964. Neste 
período, iremos compreender as bases das dinâmicas sociais e econômicas 
brasileiras. Na última unidade iremos compreender os governos militares e 
o processo de redemocratização. 
Este caderno foi construído levando em conta muitas das contribuições 
que os acadêmicos e os tutores do Curso de História EAD/UNIASSELVI 
apontaram como lacunas dos cadernos escritos anteriormente. Nossa 
gratidão aqui fica expressa a todos os profissionais que se empenharam para 
que ele pudesse ser revisado e aprimorado. 
Um sincero muito obrigado a todos os tutores e acadêmicos do EAD/
UNIASSELVI. Votos de boa leitura!
Prof. Thiago Rodrigo da Silva
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
VI
VII
UNIDADE 1 - A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930) ................................................................ 1
TÓPICO 1 - AS QUESTÕES POLÍTICAS ...................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3
2 O DESGASTE DA MONARQUIA E O MOVIMENTO REPUBLICANO ........................... 4
3 A QUESTÃO MILITAR E A REPÚBLICA DA ESPADA ......................................................... 9
4 A REPÚBLICA OLIGÁRQUICA: O “CAFÉ COM LEITE” ...................................................... 17
5 A POLÍTICA EXTERNA: A DIPLOMACIA BRASILEIRA NA PRIMEIRA 
 REPÚBLICA ...................................................................................................................................... 20
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................................... 25
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 26
TÓPICO 2 - AS DINÂMICAS ECONÔMICAS DA PRIMEIRA REPÚBLICA ...................... 27
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 27
2 OS SURTOS INDUSTRIAIS ......................................................................................................... 28
3 O CAFÉ E AS DEMAIS ATIVIDADESAGRÍCOLAS .............................................................. 30
4 LOGÍSTICA: O SETOR DE TRANSPORTES ............................................................................ 34
5 A IMIGRAÇÃO: UMA QUESTÃO SOCIOECONÔMICA ..................................................... 36
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................................... 40
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 41
TÓPICO 3 - OS MOVIMENTOS SOCIAIS DA REPÚBLICA VELHA ................................... 43
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 43
2 OS MOVIMENTOS RELIGIOSOS: A GUERRA DE CANUDOS, A REVOLTA DE 
JUAZEIRO E A GUERRA DO CONTESTADO ......................................................................... 44
3 MOVIMENTOS SOCIAIS URBANOS: A REVOLTA DA VACINA OBRIGATÓRIA, O 
 MOVIMENTO SINDICALISTA E A GREVE GERAL DE 1917 ............................................. 49
4 OS MOVIMENTOS MILITARES: A REVOLTA DA CHIBATA E O TENENTISMO ....... 53
5 CANGAÇO E SUFRAGISMO: OS MOVIMENTOS SOCIAIS 
 “POUCO LEMBRADOS” ............................................................................................................... 57
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................... 60
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 61
TÓPICO 4 - O PANORAMA CULTURAL ..................................................................................... 63
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 63
2 A EDUCAÇÃO E A CULTURA ERUDITA NA PRIMEIRA REPÚBLICA ............................ 63
3 CULTURA POPULAR & CULTURA DE MASSA ..................................................................... 67
4 O CAMPO RELIGIOSO NO BRASIL DA PRIMEIRA REPÚBLICA .................................... 70
5 OS NOVOS SÍMBOLOS DA REPÚBLICA BRASILEIRA ...................................................... 73
RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................................... 75
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 76
sumário
VIII
UNIDADE 2 - O PERÍODO NACIONAL DESENVOLVIMENTISTA (1930-1964) ............... 77
TÓPICO 1 - A HISTÓRIA POLÍTICA DO NACIONAL-DESENVOLVIMENTISMO ........ 79
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 79
2 DA REVOLUÇÃO DE 1930 AO ESTADO NOVO .................................................................... 80
3 DO ESTADO NOVO AO SUICÍDIO DE GETÚLIO VARGAS ............................................. 85
4 JUSCELINO, JÂNIO E JANGO .................................................................................................... 92
5 AS RELAÇÕES EXTERIORES DO BRASIL ENTRE 1930 ATÉ 1964 ..................................... 99
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................................... 103
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 104
TÓPICO 2 - A ECONOMIA NACIONAL-DESENVOLVIMENTISTA .................................... 105
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 105
2 A QUESTÃO DO CAFÉ E AS DEMAIS ATIVIDADES AGRÍCOLAS DURANTE A 
 GRANDE DEPRESSÃO ................................................................................................................. 105
3 A POLÍTICA DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES ....................................................... 106
4 A POLÍTICA MONETÁRIA E CAMBIAL .................................................................................. 111
5 O SETOR DE TRANSPORTES ..................................................................................................... 114
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................................... 116
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 117
TÓPICO 3 - OS MOVIMENTOS SOCIAIS ................................................................................... 119
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 119
2 OS MOVIMENTOS SOCIAIS DE DIREITA: A AÇÃO SOCIAL DA IGREJA 
 CATÓLICA, O INTEGRALISMO E A TRADIÇÃO FAMÍLIA E PROPRIEDADE ............ 119
3 OS GRUPOS DE ESQUERDA NA IGREJA CATÓLICA, O PARTIDO COMUNISTA, 
 O MOVIMENTO SINDICAL E O MOVIMENTO ESTUDANTIL ....................................... 124
4 OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO INTERIOR DA CASERNA ............................................ 129
5 MOVIMENTOS SOCIAIS PRÓ-GOLPE MILITAR ................................................................. 130
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................... 132
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 133
TÓPICO 4 - O PANORAMA CULTURAL NA REPÚBLICA NACIONAL- 
 DESENVOLVIMENTISTA ......................................................................................... 135
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 135
2 A EDUCAÇÃO E A CULTURA ERUDITA NA REPÚBLICA NACIONAL- 
 DESENVOLVIMENTISTA ............................................................................................................ 135
3 CULTURA POPULAR & CULTURA DE MASSA ..................................................................... 137
4 O CAMPO RELIGIOSO NO BRASIL DA REPÚBLICA NACIONAL-
 DESENVOLVIMENTISTA ............................................................................................................ 141
5 AS ARTES E OS ESPORTES COMO UM SÍMBOLO DIPLOMÁTICO E DE 
 IDENTIDADE NACIONAL .......................................................................................................... 144
6 OS GRUPOS DE INTELECTUAIS A SERVIÇO DO DESENVOLVIMENTISMO 
 ESTATAL ............................................................................................................................................ 147
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 149
RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................................... 151
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 153
UNIDADE 3 - O BRASIL ENTRE A DITADURA E A DEMOCRACIA (1964-2010) ............. 155
TÓPICO 1 - AS QUESTÕES POLÍTICAS ...................................................................................... 157
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 157
IX
2 A POLÍTICA NO CICLO AUTORITÁRIO .................................................................................157
3 DAS “DIRETAS JÁ” AO GOVERNO LULA .............................................................................. 166
4 POLÍTICA EXTERNA DO BRASIL NA DITADURA E NA DEMOCRACIA ..................... 178
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................................... 182
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 183
TÓPICO 2 - A GESTÃO ECONÔMICA DO BRASIL: ENTRE A INTERVENÇÃO 
 ESTATAL E O LIBERALISMO ECONÔMICO ...................................................... 185
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 185
2 AS LINHAS GERAIS DA POLÍTICA ECONÔMICA NO BRASIL DA SEGUNDA 
 METADE DO SÉCULO XX ............................................................................................................ 185
3 POLÍTICA MONETÁRIA, OS BANCOS E O MERCADO DE CAPITAIS .......................... 190
4 O SETOR INDUSTRIAL ENTRE A DITADURA E A DEMOCRACIA – O PROCESSO 
 DE INDUSTRIALIZAÇÃO E DESINDUSTRIALIZAÇÃO .................................................... 192
5 O AGRONEGÓCIO, OS SETORES DE TRANSPORTES E ENERGIA ............................... 196
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................................... 201
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 202
TÓPICO 3 - CULTURA & SOCIEDADE: MOVIMENTOS ARTÍSTICOS, SOCIAIS E 
 RELIGIOSOS ................................................................................................................ 203
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 203
2 OS MOVIMENTOS ARTÍSTICOS .............................................................................................. 203
3 A OPOSIÇÃO DA SOCIEDADE À DITADURA: A IMPRENSA, O MOVIMENTO 
 ESTUDANTIL E A LUTA ARMADA ........................................................................................... 207
4 OS NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS ...................................................................................... 210
5 O CAMPO RELIGIOSO NA DITADURA E NA DEMOCRACIA ......................................... 213
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................... 217
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 218
TÓPICO 4 - UM POUCO DE HISTORIOGRAFIA DO BRASIL REPUBLICANO .............. 219
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 219
2 OS CLÁSSICOS DA HISTORIOGRAFIA CONTEMPORÂNEA ......................................... 219
3 NOVOS PERSONAGENS CONTAM NOVAS HISTÓRIAS: A HISTORIOGRAFIA 
 REPUBLICANA NA ATUALIDADE BRASILEIRA ................................................................. 220
4 HISTÓRIA DAS MULHERES E RELAÇÕES DE GÊNERO ................................................... 222
5 A NOVA HISTÓRIA SOCIAL DOS TRABALHADORES ...................................................... 225
6 NOVA HISTÓRIA CULTURAL E NOVA HISTÓRIA POLÍTICA ........................................ 227
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 230
RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................................... 235
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 236
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 237
X
1
UNIDADE 1
A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
● compreender as dinâmicas políticas da velha república, dividida entre o 
poder dos oligarcas rurais e dos militares do exército;
● interpretar de forma crítica as dinâmicas econômicas da primeira repúbli-
ca, marcada por surtos industriais e a produção agrícola, mais notadamen-
te a cafeicultura;
● analisar as causas políticas e econômicas dos diversos movimentos sociais 
rurais messiânicos e urbanos ligados aos direitos dos trabalhadores;
● contemplar a diversidade cultural e a sensibilidade artística dos músicos, 
escritores e demais profissionais das artes no Brasil na última década do 
século XIX e primeiras décadas do século XX. 
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. Em cada um deles você 
encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
TÓPICO 1 – AS QUESTÕES POLÍTICAS
TÓPICO 2 – AS DINÂMICAS ECONÔMICAS DA PRIMEIRA REPÚBLICA
TÓPICO 3 – OS MOVIMENTOS SOCIAIS DA REPÚBLICA VELHA
TÓPICO 4 – O PANORAMA CULTURAL
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
AS QUESTÕES POLÍTICAS
1 INTRODUÇÃO
República Velha ou Primeira República, se divide em República da Espada e 
Oligárquica, ou do “Café com Leite”. Muitas foram as alcunhas e termos utilizados 
para compreender a vida brasileira durante os anos de 1889 até 1930. Um tempo 
de profundas modificações na vida nacional. Um tempo no qual a “ordem foi o 
progresso”. Isto é, um período em que a vida da nação, assim como da sociedade 
ocidental, estava movida pelos ideais da modernidade. Deste modo, podemos 
compreender que durante a passagem do século XIX para o XX, muitos inventos 
materiais tiveram uma importância incomensurável para as transformações das 
relações humanas e sociais. Foi uma época na qual tivemos grandes inventos, como 
o gramofone, o Zepelim, o avião, a utilização da energia elétrica. Com isto, podemos 
pensar que o cotidiano das populações urbanas foi alterado graças aos inventos e 
descobertas da ciência. Concomitantemente, o Brasil era ainda uma nação agrária 
exportadora. Com isto, podemos pensar que a maior parte da população brasileira, 
que vivia do trabalho na agricultura, não tinha acesso a estas facilidades que a 
tecnologia começava a apresentar para as populações urbanas. 
Os debates historiográficos sobre a Primeira República são importantes 
para a compreensão dos eventos relativos ao período. Temos a presença de 
vários historiadores que estudaram as primeiras décadas republicanas. Dentre 
os pioneiros, podemos citar José Maria Bello e Hélio Silva. Também tiveram 
destaque na produção historiográfica autores marxistas, como Edgar Carone, em 
A República Velha, obra em dois volumes (CARONE, 1978), também autor de O 
tenentismo. Novas abordagens sobre as “explicações clássicas” foram produzidas 
nas últimas décadas por vários historiadores, que por vezes se afastaram das 
explicações empiristas e marxistas. Nestas novas formas de explicação realizadas 
por diversos intelectuais, pode-se destacar José Murilo de Carvalho, autor de 
livros fundamentais para a compreensão do período, como A Formação das 
Almas e Os Bestializados (CARVALHO, 1990). 
 
Nesta unidade iremos compreender alguns aspectos da vida brasileira. Nós 
iremos acompanhar as transformações políticas, marcadas pelo “café-com-leite”, 
pelas questões econômicas, ligadas à exportação do café, à questão social, marcada 
pela injustiça e brutal desigualdade, além das transformações culturais vividas pelos 
brasileiros no período. Deste modo, buscaremos ter uma “visão panorâmica” da 
História neste períodoinicial de vida política republicana. 
UNIDADE 1 | A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
4
As questões políticas do Brasil, na Primeira República, revelam um alto 
grau de complexidade. Podemos compreender que muitos grupos buscavam 
a hegemonia no campo político. O Brasil ainda era um país de população 
majoritariamente rural. Todavia, amplamente integrado nas dinâmicas da 
economia global, como produtor de produtos primários, mais notadamente o 
café. Do ponto de vista social, tínhamos uma grande concentração de renda, que 
foi amenizada com o fim da escravidão, que possibilitou a liberação de capitais 
(antes concentrados no comércio de seres humanos) em atividades produtivas. 
Neste sentido, a organização social ainda era composta por um interior 
rural, com algumas cidades litorâneas tendo destaque como interpostos comerciais 
dos produtos agrícolas para o mercado internacional. Santos, Rio de Janeiro, 
Salvador, Porto Alegre e Recife ainda se mantinham como os principais centros 
urbanos. Porém, o poder estava entre os proprietários rurais, os denominados 
coronéis. A cidade de São Paulo viveu um grande aumento de sua população 
e sua produção industrial. Porém, era a então capital federal o Rio de Janeiro, 
a principal cidade brasileira. Um país com uma população em sua maioria 
empobrecida, com poucos direitos. O voto não era secreto, mas a descoberto, e o 
chamado “voto de cabresto” impedia uma renovação nas lides políticas. 
Em relação à disputa pelo Poder Executivo Federal, podemos compreender 
que foram dois os principais grupos a lutar pelo poder. Os militares, mais 
especialmente o Exército, e os grandes proprietários rurais, mais notadamente 
os cafeicultores paulistas e mineiros. Estes dois grupos, as oligarquias agrárias e 
os militares, foram os principais protagonistas das lutas políticas brasileiras em 
todo o século XX. Porém, para compreender com profundidade a consolidação 
destes dois polos de poder, devemos antes entender o processo de Proclamação 
da República.
2 O DESGASTE DA MONARQUIA E O MOVIMENTO 
REPUBLICANO
A forma de organização do Estado Brasileiro independente em um 
império foi uma continuidade em relação ao período colonial, tendo em vista que 
fomos comandados pela mesma dinastia europeia, a Casa de Bragança, família 
real da qual eram originários os imperadores D. Pedro I e D. Pedro II. Porém, 
em toda a América, o Brasil era o único país que ainda se mantinha como uma 
monarquia, em meio a diversas repúblicas. Porém, a Guerra do Paraguai, com 
suas consequências sociais e políticas, abalou as bases da legitimidade do poder 
monárquico no Brasil. Assim, em 1870, súditos do imperador D. Pedro II assinaram 
um Manifesto Republicano. Podemos apontar que o movimento republicano 
possuiu três grandes categorias sociais que o motivaram. Os cafeicultores 
paulistas, os profissionais liberais urbanos e os jovens oficiais militares (PENNA, 
1989).
TÓPICO 1 | AS QUESTÕES POLÍTICAS
5
Os cafeicultores e líderes políticos do interior paulista, fundadores do 
PRP – Partido Republicano Paulista, fundaram um grupo forte de adeptos do 
republicanismo, cujos principais líderes foram Francisco Glicério e Prudente de 
Morais. Outro grupo importante de adeptos do republicanismo foi composto 
por profissionais liberais que viviam na corte imperial. Entre eles se destacaram 
os intelectuais Quintino Bocaiúva e Silva Jardim. Além destes grupos, tivemos 
um terceiro, composto por jovens cadetes da Escola Militar do Brasil, que se 
localizava no bairro carioca da Praia Vermelha, e tinha como principal professor 
o positivista Benjamin Constant. 
 
Além de São Paulo e da Corte, nas demais províncias do Império do 
Brasil tivemos uma ampla divulgação dos ideais republicanos. Porém, o Partido 
Republicano, na maior parte das províncias, era minoritário, sendo os partidos 
majoritários o Partido Conservador (conhecido pela alcunha Saquaremas) e 
o Partido Liberal (conhecido por Luzias). Em geral, o Partido Republicano era 
composto por membros da intelectualidade, profissionais liberais e pequenos 
comerciantes, não ligados aos “donos do poder”, e não vinculados à exploração 
maciça do trabalho escravo. O Partido Republicano das províncias, na ampla 
maioria, não tinha uma grande representatividade. Porém, o Partido Republicano 
Paulista possuía características singulares, que o fazia especial frente às demais 
províncias. 
Nos últimos anos do Império, o café era o principal produto que mantinha 
em superávit a balança comercial brasileira. O café possuiu, durante todo o século 
XIX, um percurso que se iniciou na região serrana fluminense, posteriormente 
ganhou a região do Vale do Rio Paraíba do Sul, no sul da Província do Rio de 
Janeiro. Em geral, era composto por grandes fazendas e grandes escravarias. 
Todavia, com a expansão das áreas de cultivo, uma nova elite cafeicultora se 
distinguiu na região geográfica do Oeste Paulista. Esta elite cafeicultora possuía 
uma característica diferente das antigas elites agrárias brasileiras, pois não 
era dependente da mão de obra escrava, mas utilizava a força de trabalho dos 
imigrantes, trazidos para a região do interior paulista pela liderança do senador 
Vergueiro. Em geral, a maior parte dos imigrantes era italiana e alemã. Esta nova 
elite do Oeste Paulista, portanto, não tinha interesses vinculados à manutenção 
da escravidão (FAUSTO, 2002). 
Mesmo sendo uma região importante do ponto de vista econômico, o 
Oeste Paulista e a nova elite por ela composta, assim como toda a Província de 
São Paulo, de um modo geral, não possuíam cargos de destaque na administração 
do Império. Podemos lembrar que não eram dos políticos paulistas as chefias 
de gabinetes ou ministérios importantes. Com isto, temos uma tendência de 
descontentamento desta elite com o Imperador D. Pedro II. Os liberais urbanos e os 
militares positivistas tiveram também seus interesses sociopolíticos não atendidos 
pelo governo imperial. Todavia, podemos também relacionar o desgaste social da 
monarquia também ligada ao movimento abolicionista, à questão religiosa e aos 
atritos do imperador com o Exército.
UNIDADE 1 | A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
6
Um importante movimento social que estava a angariar vários adeptos 
dentre as mais diversas classes sociais no Brasil na sequência da Guerra do Paraguai 
foi o abolicionismo. O movimento abolicionista tinha como causa máxima a 
libertação irrestrita de todos os escravos brasileiros. Em muitos lugares, homens 
livres compravam alforrias ou mesmo compravam escravos, e a eles ofertavam 
a manumissão (isto é, a liberdade). Estes se organizavam nos chamados Clubes 
Abolicionistas, que agregavam membros dos mais variados estamentos da sociedade 
monárquica. O movimento se vinculava tanto às camadas médias e profissionais 
liberais, quanto a membros da elite imperial. Entre os membros das camadas médias 
urbanas podemos lembrar o nome de Luiz da Gama, um rábula (isto é, alguém que 
tinha o direito de exercer a advocacia, mesmo não sendo formado em Direito). Negro, 
que conseguiu ascender socialmente por seu talento e inteligência, era um símbolo 
vivo das causas defendidas por largos segmentos da sociedade, que acreditava na 
capacidade dos negros, como senhores de seu destino, em contribuir positivamente 
para o desenvolvimento brasileiro. Ao mesmo tempo, o movimento abolicionista 
contou com adeptos da própria elite imperial, como a Princesa Isabel, ligada ao 
Quilombo do Leblon. Todavia, o maior nome do abolicionismo brasileiro foi Joaquim 
Nabuco.
Para o intelectual pernambucano, a escravidão foi a grande responsável 
pela decadência do Império Brasileiro. Em especial, pela escravidão não permitir 
o desenvolvimento de uma mentalidade industriosa e a instalação da pequena 
propriedade no interior do Brasil. A ideia de uma moral do trabalho, presente 
no liberalismo políticoeuropeu, era corroborada por Joaquim Nabuco, como 
podemos observar na seguinte passagem de seu clássico, o abolicionismo: 
O que a escravidão fez foi esterilizar o solo pela sua cultura extenuativa, 
embrutecer os escravos, impedir o desenvolvimento dos municípios, 
e espalhar em torno dos feudos senhoriais o aspecto das regiões 
miasmáticas, ou devastadas pelas instituições que suportou, aspecto 
que o homem livre instintivamente reconhece. (NABUCO: 1982, p. 85).
TÓPICO 1 | AS QUESTÕES POLÍTICAS
7
FIGURA 1 - JOAQUIM NABUCO 
FIGURA 2 - ANDRÉ REBOUÇAS
FONTE: Disponível em: <www.prefeitura.sp.gov.br. Acesso em: 20 ago. 
2015. 
FONTE: Disponível em: <www.joaquimnabuco.org.br >. Acesso em: 20 
ago. 2015. 
UNIDADE 1 | A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
8
O movimento abolicionista contou também com a participação de André 
Rebouças, que ao lado dos seus irmãos, Antônio Rebouças e José Rebouças, tiveram 
grande importância, como negros que, formados em Engenharia, contribuíram 
com importantes obras públicas durante o Império Brasileiro, comprovando a 
capacidade intelectual dos negros brasileiros. 
Todavia, o movimento abolicionista não pode ser diretamente relacionado 
ao movimento republicano. Pois, muitos dos entusiastas do abolicionismo se 
mantiveram favoráveis ao regime político monárquico. Joaquim Nabuco e André 
Rebouças, por exemplo, se mantiveram monarquistas mesmo com o advento da 
República, tendo Rebouças se exilado na Ilha da Madeira, e Nabuco escrito o 
livro Balmaceda, no qual critica diretamente o ditador chileno, e indiretamente o 
governo de Floriano Peixoto. Porém, vale salientar que muitos dos entusiastas da 
República, ou mesmo personagens destacados no golpe militar da Proclamação 
da República, eram abolicionistas, como é exemplo o Marechal Deodoro da 
Fonseca. 
A questão da abolição da escravidão se relaciona diretamente à Proclamação 
da República, não por uma vinculação direta entre os líderes abolicionistas e o 
movimento republicano, mas pelo fato de a Lei de 13 de maio de 1888 ferir os 
interesses de um dos poucos grupos que ainda apoiavam o Imperador D. Pedro 
II: a aristocracia rural do Vale do Paraíba do Sul. Nobres, em geral agraciados 
com o título de Barão, que viviam na região do Rio Paraíba, na fronteira entre as 
províncias do Rio de Janeiro e São Paulo, perderam o capital e o status investido 
na compra das grandes escravarias que possuíam. Assim, não mais defendiam 
a monarquia, mesmo não tendo grande relação com o movimento republicano. 
A questão religiosa também é importante para a compreensão do fim 
da monarquia Bragança no Brasil. A Igreja Católica foi uma das principais 
instituições aliadas à Monarquia Bragança. Desde o movimento da Restauração, 
no século XVII, no qual tivemos o fim da União Ibérica entre Portugal e Espanha, 
muitos foram os sacerdotes católicos que auxiliaram a monarquia, sendo ela um 
dos sustentáculos ideológicos do regime monárquico no Brasil. Para termos uma 
ideia da dimensão temporal do poder católico, os documentos e ações hoje civis 
eram de responsabilidade eclesiástica. Alguns exemplos são a certidão de batismo 
e casamento, assim como o direito a um funeral em cemitério. 
Todavia, a relação da religião com o Império sofreu profundas alterações 
ao longo do século XIX. Pois, desde a vinda da família real portuguesa para o Rio 
de Janeiro, o catolicismo deixou de ser uma religião exclusiva, para se transformar 
em uma religião oficial. Tivemos a liberdade de culto para os anglicanos, com 
os diversos tratados, simbolizados pela abertura dos portos às nações amigas. 
Também tivemos uma liberdade de culto para os imigrantes alemães, que em 
grande parte eram luteranos. Todavia, as tensões do imperador com as lideranças 
eclesiásticas brasileiras ocorreram devido a questões teológicas no interior do 
próprio catolicismo. 
 
TÓPICO 1 | AS QUESTÕES POLÍTICAS
9
Uma das prerrogativas do catolicismo ibérico era o que na colônia ficou 
conhecido como padroado régio. Isto é, a prerrogativa legal que permite ao 
imperador interpretar as bulas papais, pois o chefe do Estado é considerado 
um Vigário de Cristo, uma das características do poder régio nas monarquias 
absolutistas do Antigo Regime Europeu. Durante a segunda metade do século 
XIX, o Papa Pio IX publicou um documento no qual os maçons deveriam ser 
retirados das confrarias religiosas. Todavia, muitos dos membros das elites 
provinciais e da corte eram maçons. O que motivou ao imperador revogar este 
dispositivo das ordens vindas do Vaticano. 
Porém, alguns bispos, que possuíam uma formação diferenciada, os 
denominados “ultramontanos”, não seguiram as ordens do Imperador D. Pedro 
II, expulsando das confrarias e ordens terceiras os maçons. O imperador interveio, 
sendo ordenada a prisão dos bispos D. Macedo Costa e D. Vidal. D. Vidal morreu 
na prisão, sendo D. Macedo Costa liberto quando o Duque de Caxias foi chefe 
do gabinete do Senado imperial. A tensão entre a Igreja e o imperador foi de 
tamanha repercussão, a ponto de, quando o novo regime foi instalado, se acordou 
a separação entre a Igreja e o Estado, com a instituição de um Estado laico com a 
Constituição de 1891, que ratificou acordos realizados por D. Macedo Costa e Rui 
Barbosa. É importante lembrar que mesmo durante o império, alguns senadores, 
como Tavares Bastos, eram favoráveis à instituição de um Estado laico (VIEIRA, 
1980). Assim, podemos compreender que a República possibilitou a concretização 
de alguns anseios das classes políticas do Império Brasileiro. 
3 A QUESTÃO MILITAR E A REPÚBLICA DA ESPADA
A questão militar é uma das principais para compreendermos os eventos 
que culminaram no golpe de 15 de novembro de 1889. Pois foram justamente 
os militares que destronaram D. Pedro II. Devemos, antes, compreender que a 
Marinha de Guerra era a principal força armada do Império Brasileiro, tendo 
os netos do imperador servido na Marinha. O Exército perdeu prestígio após 
o processo de Independência, sendo a Guarda Nacional, instituída durante o 
período regencial, um dos símbolos desta perda de prestígio. Contraditoriamente, 
a força terrestre foi utilizada para os interesses da elite do Estado Imperial, ao ser o 
Exército a instituição responsável por dizimar as revoltas provinciais (Cabanagem, 
Balaiada etc.). Todavia, os oficiais do Exército não possuíam prestígio social. 
O prestígio do Exército se ampliou com a Guerra do Paraguai, na 
qual os militares saíram vitoriosos. Durante a guerra, surgiram os primeiros 
confrontos entre os generais e a família imperial, devido à figura controversa 
do Conde D’Eu, francês de nascimento e esposo da Princesa Isabel. Em grande 
parte, pela intromissão do conde em assuntos relativos à guerra, sendo o nobre 
o comandante responsável pela caça a Solano Lopez no interior paraguaio. As 
posturas do Conde D’Eu foram duramente criticadas, consideradas impiedosas 
por lideranças militares como o General Osório e o Duque de Caxias. 
UNIDADE 1 | A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
10
No retorno das tropas para a Corte, o prestígio merecido não correspondia 
ao tratamento que a monarquia oferecia aos soldados. Um primeiro conflito ocorreu 
quando o Coronel Sena Madureira se opôs à obrigatoriedade que o Visconde de 
Ouro Preto tentou impor aos militares. Quis o visconde instituir a contribuição 
compulsória para o montepio (previdência) da categoria. Esta oposição virou uma 
questão de esfera pública, discutida pela imprensa. Porém, a principal questão 
relativa às oposições entre o imperador e o Exército se relacionara ao movimento 
abolicionista. 
No ano de 1884, o Coronel Madureira convidou o jangadeiro cearense 
Francisco José do Nascimento, conhecido pela alcunha de Dragão do Mar (e 
nacionalmente felicitado por sua postura antiescravagista de não transportar 
escravos em suajangada), a comparecer na cidade-sede da Corte Imperial, o 
Rio de Janeiro. O jangadeiro foi recebido pelo Coronel Sena Madureira, o que 
demonstrava uma postura claramente antiescravagista do coronel. Por isso, o 
mesmo recebeu uma punição, sendo transferido para o Rio Grande do Sul. O 
ministro da Guerra proibiu os militares de expressarem suas ideias pela imprensa. 
Porém, o então Comandante de Armas e Presidente da Província do Rio Grande 
do Sul, Marechal Deodoro da Fonseca, se negou a punir os militares sob seu 
comando, o que motiva o mesmo ser chamado para a Corte. 
As tensões aumentaram a partir do momento em que o Coronel Cunha 
Mattos (ligado ao Partido Liberal) também se manifesta pela imprensa, acusando 
pelos jornais que seu superior hierárquico (ligado ao Partido Conservador) era 
corrupto, exigindo a exoneração do mesmo. Ao novamente utilizar a imprensa 
como arma de luta, os militares foram punidos pelo imperador. Novamente Sena 
Madureira se expressa através da imprensa, e se desliga do Exército. O Coronel 
Madureira e o Marechal Deodoro da Fonseca retornaram juntos para o Rio de 
Janeiro, chegando à Corte imperial em 1887, e sendo recebidos como heróis pelos 
cadetes da Academia Militar da Praia Vermelha. Este ato motivou o imperador 
a emitir um perdão para as punições sofridas pelos três oficiais envolvidos. No 
mesmo ano foi fundado o Clube Militar, que, tendo por presidente Deodoro da 
Fonseca, solicitou ao ministro da Guerra que os militares não mais atuassem 
como capitães-do-mato, isto é, perseguissem escravos fugidos. 
Uma das principais instituições militares que simpatizava com os ideais 
republicanos e positivistas foi a “Escola Militar do Brazil”, que se localizava no bairro 
carioca da Praia Vermelha. Uma Academia Militar em grande parte influenciada 
pelo positivismo, divulgado para os cadetes através das aulas de Benjamin Constant, 
sendo a maior parte dos cadetes entusiastas do movimento republicano. Alguns 
hábitos cotidianos dos militares republicanos positivistas retratam uma visão singular 
de mundo, como andar em trajes civis fora do horário de serviço nos quartéis, o que 
simboliza um repúdio à ideia monárquica de uma diferenciação dos indivíduos pelos 
trajes (as leis suntuárias). Dentre os oficiais que eram adeptos do republicanismo existia 
uma diferenciação. De um lado, o grupo dos “oficiais científicos”, assim chamados 
porque cursavam a Academia Militar. Por sua vez, os oficiais que tinham atingido 
postos elevados no front paraguaio eram chamados de tarimbeiros. (A tarimba era um 
TÓPICO 1 | AS QUESTÕES POLÍTICAS
11
tipo de cama de campanha dos quartéis). Os cadetes “científicos” foram uma força 
política fundamental nos eventos que precipitaram o fim da monarquia brasileira, e 
se envolveram em grande parte das disputas políticas na primeira década republicana 
(CASTRO, 1995).
UNI
O positivismo foi uma das doutrinas filosóficas do século XIX. Elaborada pelo 
italiano Augusto Comte, tinha como princípios alguns ideais que influenciaram a sociedade 
brasileira. O lema dos positivistas era Amor, Ordem e Progresso, que, em parte, consta de 
nossa bandeira nacional. Para Augusto Comte: “O amor vem por princípio, a ordem por base 
e o progresso por fim”. 
Durante as primeiras semanas do mês de novembro de 1889, o Ceará 
passava por uma grave seca, problema de responsabilidade do Ministério da 
Viação e Obras Públicas. Porém, o Império brasileiro, seguindo uma tradição 
monárquica, tinha como principal preocupação oferecer uma recepção aos 
oficiais da Marinha de Guerra da República do Chile, ancorados no porto do Rio 
de Janeiro. Para tanto, organizaram um baile na Ilha Fiscal, na Baía da Guanabara, 
com pompa e requinte, farta comida e convidados da elite imperial. O baile era 
um símbolo de um governo decadente, pois as preocupações dos mandatários 
sociais eram a pompa em relação às nações vizinhas, ao invés do bem-estar de sua 
população. O “último baile do Império”, como ficou conhecido, é simbolizado por 
um evento que foi marcado por um fato curioso. Teria sido observado por alguns 
presentes o imperador caindo de forma bizarra no chão, em pleno baile, causando 
um vexame aos presentes. A recepção para os guardas-marinhos chilenos era um 
retrato de um governo em descompasso com os interesses da população.
Soma-se a este descaso do governo imperial com a população brasileira 
uma certa ideia social arraigada de que D. Pedro II era um governante bom, porém 
envelhecido, com pouca capacidade de liderança. O imperador tinha a imagem 
pública de um bom homem, culto, um verdadeiro erudito. Porém, assessorado por 
oportunistas ou pessoas inescrupulosas. Esta foi uma das imagens da monarquia 
brasileira em seu declínio. Tal visão é relatada pelo humorista Ângelo Agostini, 
na seguinte charge do imperador D. Pedro II. 
UNIDADE 1 | A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
12
FIGURA 3 – CHARGE DE D. PEDRO II
FONTE: Disponível em: <www.opapeldaarte.com.br>. Acesso em: 20 ago. 2015.
Um imperador que “dorme, ao invés de cuidar do país”. Pode-se afirmar 
que tal visão era a de muitos súditos de sua majestade imperial. O imperador 
mandou para o Parlamento, nas primeiras semanas do mês de novembro, proposta 
de lei modernizante, com vistas a ofertar maiores liberdades individuais, como 
maior autonomia administrativa para as províncias, liberdade de voto, liberdade 
de ensino, redução das prerrogativas do Conselho de Estado e mandatos não 
vitalícios para o Senado Federal. Todavia, a maioria conservadora da Câmara não 
aprovou estas medidas modernizantes. 
O estopim para o golpe militar de 15 de novembro estava relacionado às 
querelas políticas entre os dois principais partidos do Império, o Partido Liberal 
e o Conservador. Pois, um antigo desafeto dos militares e político ligado ao 
Partido Liberal, o Visconde de Ouro Preto, era o chefe do Gabinete de Ministros. 
O comandante do Batalhão de Guardas de São Cristóvão, Marechal Deodoro 
da Fonseca, foi incentivado por diversos companheiros de armas para retirar o 
chefe do Gabinete de Ministros de sua posição de poder. Além de militares, como 
Benjamin Constant, outros líderes republicanos, como Rui Barbosa e Quintino 
Bocaiúva, buscavam convencer Deodoro de aderir ao republicanismo (CASTRO, 
1995). 
Deodoro foi convencido e partiu com seu batalhão, que tinha como 
responsabilidade defender o imperador, para destituir o governo de Ouro Preto, com 
aclamações de “Viva o imperador”, vibração e brado comum na tropa do Exército 
imperial. Todavia, ao invés de destituir apenas o Gabinete Ouro Preto, acabou-se 
por proclamar a República no Brasil, sendo a Família Real informada da situação 
e obrigada a abandonar o Brasil. Tal golpe foi surpreendente para a maior parte da 
população, que, quando viu a movimentação das tropas na cidade do Rio de Janeiro, 
acreditou se tratar de uma parada militar. O líder republicano histórico Aristides 
Lobo, em uma frase, relatou o sentimento popular em relação à Proclamação da 
República: “O povo assistiu bestializado”.
TÓPICO 1 | AS QUESTÕES POLÍTICAS
13
FONTE: Disponível em: <www.opapeldaarte.com.br>. Acesso em: 20 ago. 2015.
FIGURA 4: CÉLEBRE IMAGEM DE DEODORO DA FONSECA 
FONTE: Disponível em: <www.historiahoje.com>. Acesso em: 20 
ago. 2015.
Não houve ações de violência na Corte logo após o golpe. A Marinha não 
contou com o seu principal líder militar, o Almirante Saldanha da Gama, que, 
comandando o encouraçado Aquibadã, poderia reagir militarmente ao golpe de 
Deodoro. Também podemos pensar que as bases de sustentação sociopolíticas da 
monarquia tinham sido minadas. Em novembro de 1889, as principais camadas 
sociais que davam sustentação ao imperador, compostas pela elite militar, pela 
elite escravocrata e pelo clero, estavam desgostosas com os rumos tomados pelo 
Império brasileiro. Ao analisarmos as três temáticas(questão militar, questão 
abolicionista e questão religiosa), podemos concluir que o imperador, em 
novembro de 1889, não possuía forte apoio da Igreja, por deixar um bispo morrer 
na prisão. Não possuía apoio das elites econômicas cafeicultoras, por não dar 
representatividade aos fazendeiros do Oeste Paulista, que fundaram o Partido 
Republicano, e também não possuía apoio em largos setores do Exército, que 
estavam vinculados ao Positivismo (SODRÉ, 1965). 
Assim, compreendemos que o golpe militar que derrubou D. Pedro II 
não encontrou grandes resistências. As reações ao golpe militar foram poucas 
e localizadas. Podemos pensar na guarda negra, um grupo paramilitar que 
buscava proteger a família real. Também podemos pensar nas reações de praças 
(soldados e cabos) contra a República, como a que ocorreu em Desterro (atual 
Florianópolis) e na Corte (Rio de Janeiro). Ao que se apresenta, a República era 
uma das novidades “esperadas” por largos setores da população brasileira. 
UNIDADE 1 | A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
14
Após o golpe militar, ocorrido no penúltimo mês de 1889, o Brasil viveu 
sob o governo provisório, liderado por Deodoro da Fonseca. Tivemos uma 
reordenação político-partidária, pois muitos membros do Partido Republicano 
aderiram à República, devido ao fato de que quando o império foi destituído, 
quem comandava o gabinete dos ministros era o Partido Liberal. Todavia, nos 
primeiros meses do novo regime existiu uma grande “militarização do poder 
político”. Esta pode ser medida no fato de os ministros do governo republicano 
provisório terem recebido o título de General de Brigada, associada a outras 
medidas típicas de ditaduras militares da América Latina, que viviam com os 
denominados governos “liberais oligárquicos”. 
Para se estabelecer os ditames do novo regime, se estabeleceu uma 
Assembleia Nacional Constituinte. Tal reunião de políticos foi a responsável por 
elaborar a nova Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, nome 
oficial do país a partir de então. A Constituição apresentou algumas novidades. 
Uma delas foi a separação da Igreja Católica do Estado. As antigas províncias 
foram renomeadas como “estados”. O voto foi estendido para todos os homens 
alfabetizados maiores de 21 anos. Estas questões foram alterações profundas na 
ordem social vigente, pois tivemos uma alteração na ordenação política com o fim 
do voto censitário (isto é, baseado na renda do cidadão).
O Congresso elegeu Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto como 
Presidente e Vice-Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil. O 
presidente Deodoro da Fonseca não conseguiu conviver com um Congresso 
que lhe fazia oposição. Deodoro buscou fechar o Congresso Nacional. Assim, 
podemos compreender que, em parte, a mentalidade do antigo general era 
vinculada ao sistema parlamentarista imperial, no qual o Congresso poderia, 
via poder moderador, ser destituído se fizesse oposição aos interesses do chefe 
de Estado. Após a renúncia de Deodoro, tivemos novas disputas políticas, em 
relação à legitimidade do seu vice, Floriano Peixoto, em assumir o cargo de 
Presidente da República. Deodoro da Fonseca morreu em 23 de agosto de 1892, 
pedindo para ser enterrado em trajes civis, e portando como honraria apenas o 
símbolo do movimento abolicionista. Foi um fato de grande simbolismo. Porém, 
as disputas em relação à legitimidade do governo Floriano levaram o Brasil a 
viver duas guerras civis: a Revolta da Armada e a Revolução Federalista. 
O governo Floriano Peixoto contou com forte oposição, e com desafios 
para consolidar o regime republicano no Brasil. Floriano era vice-presidente 
em exercício. Pelo escrito na Constituição de 1891, o marechal deveria convocar 
novas eleições presidenciais, devido à renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca. 
Todavia, Floriano Peixoto se mantém no poder até o final de seu mandato. Os 
opositores afirmavam o oportunismo e as ambições pessoais como motivadoras 
de tal ação. Os partidários de Floriano Peixoto afirmaram ser a defesa da República 
a principal ação do “Marechal de Ferro”, que ganhou tal fama ao repelir as 
oposições na Revolta da Armada e na Revolução Federalista. 
TÓPICO 1 | AS QUESTÕES POLÍTICAS
15
A Revolução Federalista iniciou no Rio Grande do Sul, quando as forças 
políticas sul-rio-grandenses entram em confronto. De um lado, os liberais, de 
Gaspar Silveira Martins. De outro, os positivistas liderados por Júlio de Castilhos. 
A revolução foi extremamente violenta, tendo os dois lados da Revolta degolado 
os prisioneiros (decapitados a fio de espada). Os revolucionários gaúchos partiram 
do Rio Grande do Sul, tendo conquistado o Estado de Santa Catarina, rumando 
para o Rio de Janeiro, foram vencidos da cidade da Lapa, no interior do Paraná. 
Após a derrota no Cerco da Lapa, a Revolução Federalista findou. 
Concomitante à Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, na capital 
republicana o governo Floriano Peixoto sofreu uma profunda oposição da 
Marinha do Brasil. Pois a Armada Brasileira, liderada pelo Almirante Custódio 
José de Mello (além do também Almirante Saldanha da Gama e do capitão de mar 
e guerra Frederico Guilherme de Lorena), exigiu a renúncia de Floriano Peixoto e 
a convocação de novas eleições. Bombardearam a cidade do Rio de Janeiro, porém 
não obtiveram êxito em suas ações militares. Alguns oficiais e praças da Armada 
acabaram por serem recebidos em uma embarcação mercante portuguesa. Porém, 
ao invés de singrarem para a Europa, a embarcação singrou para o Uruguai, o 
que possibilitou um contato de marujos da Armada revoltada com os federalistas 
gaúchos. Todavia, o contato maior entre as duas revoltas ocorreu na Ilha de Santa 
Catarina (CORREA, 1990). 
Devido à forte reação militar das tropas leais ao governo Floriano Peixoto, 
que no Rio de Janeiro defendiam a República contra uma possível restauração 
da monarquia, o principal navio da Armada, o encouraçado Aquibadã, além de 
outras embarcações menores, aportam em Desterro, tomando a cidade de assalto, 
transformando-a em uma “capital do Brasil” para os revoltosos, possibilitando o 
contato entre a Revolução Federalista e a Revolta da Armada. Porém, o governo 
Floriano consegue vencer, por mar e por terra, as duas revoltas. 
Em terra, como já apontado, ao desbaratar os revoltosos federalistas na 
cidade da Lapa, no Estado do Paraná, os florianistas e republicanos venceram 
militarmente os revoltosos gaúchos. E por mar, ao entrar em acordo com os Estados 
Unidos da América, país do qual são compradas embarcações que formaram a 
(assim apelidada) “esquadra de papelão”, comandada pelo almirante florianista 
Jerônimo Gonçalves. Esta esquadra legalista vence, na Batalha de Anhatomirim, 
a esquadra revoltosa. Um dos mais polêmicos episódios da Revolução Federalista 
de 1893, em Santa Catarina, está ligado ao nome do Coronel Moreira César, homem 
que ordenou, na Ilha de Anhatomirim, um fuzilamento em massa dos inimigos, 
os acusando de restauradores da monarquia. Também, em homenagem ao então 
presidente dos “Estados Unidos do Brazil”, o nome da capital catarinense foi 
alterado de Nossa Senhora do Desterro para Florianópolis, isto é, Floriano-polis, 
a cidade de Floriano. 
 
A vitória florianista contra as oposições armadas ao seu governo foi 
relacionada a uma astuta e ardilosa relação com os países estrangeiros. Pois, 
durante a revolta, a Marinha Real Inglesa ameaçou invadir o porto do Rio de 
UNIDADE 1 | A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
16
Janeiro. Floriano Peixoto, ao ser perguntado por um repórter sobre como receberia 
os súditos ingleses, teria respondido: “os receberei à bala”. Isto porque os ingleses 
tinham anteriormente ocupado a cidade de Buenos Aires, as Ilhas Malvinas (onde 
até hoje se encontram) e tentado, mas sem sucesso, ocupar o porto de Paranaguá, 
no Paraná. O governo brasileiro tambémentrou em conflito diplomático com 
a Monarquia Portuguesa, ao serem os revoltosos da Armada recebidos em 
embarcação mercante lusitana. Porém, se utilizando dos Estados Unidos como 
principal aliado, o governo brasileiro, comandado por Floriano Peixoto, obteve os 
empréstimos necessários para a manutenção e vitória nas guerras internas. Além 
das guerras civis, o governo Floriano Peixoto teve de enfrentar uma grave crise 
econômica, o denominado encilhamento, que aumentou a dívida pública. 
O governo Floriano Peixoto foi denominado “Marechal de Ferro”. Alguns 
entusiastas florianistas eram favoráveis à sua permanência no poder, em um 
típico estilo latino-americano de ditadura militar (o caudilhismo). Porém, o 
marechal entregou o poder ao civil eleito pelas urnas, o político paulista Prudente 
de Moraes, vindo a falecer meses depois de deixar o cargo de presidente. Todavia, 
o florianismo foi uma corrente política que se manteve entre membros de uma 
classe média urbana e entre jovens oficiais militares até o ano de 1904, quando 
a Academia Militar da Praia Vermelha foi fechada, devido aos cadetes terem 
participado ativamente da Revolta da Vacina Obrigatória. Os florianistas eram 
considerados radicais republicanos, que viram com bons olhos medidas populares 
do “Marechal de Ferro”, como o congelamento dos preços dos alimentos, assim 
como a taxação dos aluguéis. O governo Floriano encerra um período da história 
brasileira denominado tradicionalmente como “República da Espada”. 
UNI
Florianismo. O florianismo foi um movimento político radical da primeira década 
republicana, de forte cunho nacionalista. Um dos líderes florianistas chegou a ser Presidente 
da República anos após a instalação do novo regime, o político fluminense Nilo Peçanha. 
Caso queira aprender mais sobre os florianistas, é indicado o livro “Os Radicais da República”, 
de Sueli Robles Reis de Queiróz. Uma visão crítica sobre o movimento foi escrita no romance 
“Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto.
TÓPICO 1 | AS QUESTÕES POLÍTICAS
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4 A REPÚBLICA OLIGÁRQUICA: O “CAFÉ COM LEITE”
A sucessão presidencial de Floriano Peixoto por Prudente de Moraes 
inicia um período da História da República Brasileira denominado “República 
Oligárquica” ou República do Café com Leite. Tal nome se deve ao fato de o poder 
político ser dividido entre as lideranças políticas dos estados de São Paulo (o 
produtor de café) e Minas Gerais (tido como afamado produtor de leite). Prudente 
de Moraes, eleito presidente para o mandato entre 1895-1899, temia que as forças 
florianistas pudessem realizar um golpe de Estado. Todavia, Floriano debandou 
qualquer possibilidade de golpe, atuando para a sucessão ser confirmada. 
O sistema político da República Velha possuía algumas nomenclaturas 
e especificidades um tanto diferentes do Brasil contemporâneo. As eleições não 
eram secretas, e apenas os homens poderiam votar. Também eram comuns as 
chamadas eleições a bico-de-pena, isto é, a população era coagida, de modo 
violento, a votar em candidatos indicados pelos mandatários políticos locais. Isto 
tinha um maior peso em especial com as populações locais. Em grande parte, 
os mandatários locais eram denominados coronéis, devido ao fato de muitos 
proprietários rurais comprarem a patente de coronel da antiga Guarda Nacional, 
que foi criada no Império e subsistiu até 1918. Tal sistema político era autoritário 
e excludente. Podemos chamar tal sistema de coronelismo (LEAL, 1975), pois dos 
coronéis, em geral grandes proprietários de fazendas nos interiores do Brasil, 
dependiam as lides políticas nacionais. 
Os governos oligárquicos foram em grande parte eleitos com sufrágios 
fraudulentos. O cidadão não exercia o direito de livre escolha, mas sim, votava por 
coação do mandatário local. Os coronéis possuíam jagunços armados, que atuavam 
em nome de seu poder, e nas eleições impeliam aos eleitores, que em geral eram 
trabalhadores de suas fazendas, em quem deveriam votar. Neste modelo eleitoral 
questionável foi eleito o primeiro presidente civil: Prudente de Moraes. 
O governo Prudente de Moraes passou por uma grande guerra civil, A 
Revolta de Canudos. O presidente Prudente de Moraes foi substituído em 1898 
por Campos Sales, que venceu o militar Lauro Sodré. Segundo presidente civil, 
o governo de Campos Sales existiu de 1898 até 1902, sendo com ele instituída 
a denominada política dos governadores, em que foi valorizado o poder das 
oligarquias políticas regionais. Em seu governo foi realizado o denominado 
funding loan, um acordo financeiro em relação à dívida externa. Posteriormente, 
o governo da República foi substituído por Rodrigues Alves. Em seu primeiro 
governo, Rodrigues Alves foi um dos principais articuladores de uma ampla 
reformulação urbana da capital republicana, ao indicar Pereira Passos como 
interventor do Distrito Federal (que na época era a cidade do Rio de Janeiro). O Rio 
de Janeiro passou por diversas reformas urbanas, destacando-se a construção do 
Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Por sua vez, Rodrigues Alves foi substituído 
pelo seu vice, Afonso Pena, político ligado ao Partido Republicano Mineiro, que 
venceu Lauro Sodré e Rui Barbosa. Em seu governo foram tomadas algumas 
medidas de impacto econômico, como a construção de ferrovias, além da criação 
UNIDADE 1 | A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
18
da Missão Rondon, que surgiu com o objetivo de ligar por telégrafos o interior 
do Brasil ao Rio de Janeiro, e que acabou por ter destacada participação na defesa 
dos indígenas brasileiros. Afonso Penna morreu no poder e foi substituído pelo 
vice-presidente, Nilo Peçanha. 
Nilo Peçanha possuía um perfil diferente dos demais políticos da República 
Velha, pois não era oriundo das elites agrárias, e tinha uma origem pobre, 
sendo filho de um padeiro da cidade de Campos dos Goytacazes, no interior 
fluminense. Ganhou projeção política apoiando alas florianistas do Partido 
Republicano do Estado do Rio de Janeiro. Seu curto governo foi caracterizado 
pela adoção de medidas ligadas à educação, como o incentivo à educação técnica e 
profissional, além de ter instituído o Serviço de Proteção aos Índios e o Ministério 
da Agricultura. Presidente em um curto período, seu governo foi marcado por 
tensões com o grande líder político gaúcho Pinheiro Machado. 
Pinheiro Machado possuiu um grande poder político durante a República 
Velha, por ser um influente senador. Ligado ao Partido Republicano do Rio 
Grande do Sul, ele detinha grande poder ao ser o responsável pela Comissão 
de Verificação de Poderes, que diplomava os políticos eleitos, sendo este cargo a 
base do seu poder. Ele foi assassinado em um hotel no centro do Rio de janeiro 
em 1915. Sua influência foi de grande presença no governo do Marechal Hermes 
da Fonseca (FAORO, 2000). 
Hermes da Fonseca foi eleito em uma das principais campanhas políticas 
do período da República Velha, as eleições presidenciais de 1910. Dois grupos 
políticos lançaram suas candidaturas. De um lado, o grupo ligado ao Marechal 
Hermes, na “campanha militarista”. Do outro, um grupo ligado a Rui Barbosa, 
na “campanha civilista”. O pleito deu como vitoriosa a campanha de Hermes 
da Fonseca, o que significou uma continuidade do poder. O governo Hermes da 
Fonseca se articulou em torno da denominada Política da Salvação Nacional. Isto 
se mostrou na prática com a atitude de os estados que não eram alinhados com as 
determinações do governo federal sofrerem intervenção federal. 
Na Presidência da República, Hermes foi sucedido pelo seu vice, 
Wenceslau Brás. No seu governo, o Brasil declarou guerra ao Império Alemão, 
acompanhando a participação dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial. 
Em grande parte, o governo de Wenceslau Brás deu continuidade à política que 
vinha sendo praticada no Brasil a partir do governo Nilo Peçanha. Todavia,articulada com a política do café com leite. O pacto de mineiros e paulistas foi 
rearticulado com o “Pacto de Ouro Fino”. Realizado em 1913, reaproximou os 
dois maiores estados brasileiros, pois os paulistas apoiaram a campanha civilista 
de Rui Barbosa. 
Rodrigues Alves sucedeu a Wenceslau Brás, todavia ficou pouco tempo no 
cargo de presidente da República, por falecer ao ser acometido pela epidemia de 
gripe espanhola. Ele foi substituído pelo vice-presidente Delfim Moreira. Em seu 
TÓPICO 1 | AS QUESTÕES POLÍTICAS
19
curto governo, o Brasil foi sacudido por algumas grandes greves. Foi substituído 
por Epitácio Pessoa, que contou, na sua candidatura, com o apoio do Partido 
Republicano Mineiro. 
O governo Epitácio também representava certa ruptura com o “café com 
leite”, pois não era mineiro, mas sim um político nordestino, natural da Paraíba. 
O seu governo foi marcado por algumas questões, como o início do movimento 
tenentista, mas que teve em seu sucessor o mineiro Arthur Bernardes, o principal 
opositor dos “tenentes”, devido às animosidades do chamado episódio das “cartas 
falsas”, na qual Bernardes foi acusado de chamar Hermes da Fonseca, importante 
líder do Exército, de “sargentão sem composturas”. O tempo de Bernardes se 
caracterizou por ter de governar em muitos períodos de Estado de Sítio, devido 
às convulsões sociais dos tenentes, como a guerra civil que ocorreu em 1924, em 
São Paulo. 
Seguindo a lógica política do café com leite, Arthur Bernardes foi substituído 
no poder político brasileiro por Washington Luiz, o “Paulista de Macaé”. Essa 
alcunha se devia ao fato do líder do Partido Republicano Paulista ter nascido na 
cidade do interior fluminense de Macaé. O governo Washington Luiz contou com 
uma maior tranquilidade institucional a partir de 1927, com o fim do tenentismo. 
O governo contou com o apoio de um líder político gaúcho ligado a Borges de 
Medeiros, que ocupava o cargo de ministro da Fazenda: Getúlio Vargas. Todavia, 
como sabemos, o desenrolar da história colocou os dois líderes políticos em 
campos opostos. Duas frases marcaram o último governante da política do café 
com leite. A primeira é “governar é abrir estradas”. Todavia, os investimentos do 
Governo Federal na construção de novas rodovias foram pequenos, devido, entre 
outros fatores, aos poucos recursos que o governo possuía. Outra frase símbolo 
do governo Washington Luiz foi: “No Brasil, a questão social é caso de polícia”. 
A questão social, isto é, as querelas que envolvem educação, distribuição de 
renda e combate à pobreza, eram encaradas como medidas criminosas, sendo a 
população pobre tratada como um inimigo em potencial das elites republicanas. 
Os ditames da política brasileira na República Velha estavam socialmente 
desgastados, devido aos movimentos sociais, como o tenentismo, o sufragismo, 
o bloco operário camponês e o movimento grevista (questões sobre as quais nos 
aprofundaremos nos próximos tópicos). Todavia, os reclames dos operários, das 
mulheres e dos trabalhadores dos campos e das cidades foram em grande parte 
ignorados pelos governos do café com leite. Assim, havia uma grande insatisfação 
social. Concomitantemente, tivemos uma crise na política das oligarquias. Pois, 
mesmo sendo a vez de um político mineiro ser lançado candidato à Presidência da 
República, o Partido Republicano Paulista lançou a candidatura de Júlio Prestes para 
a Presidência, gerando a insatisfação do Partido Republicano Mineiro, que apoiou a 
candidatura das oligarquias dissidentes, capitaneadas pelo político gaúcho Getúlio 
Dorneles Vargas. Mesmo com o apoio de dois estados importantes na dinâmica 
sociopolítica do Brasil (o Rio Grande do Sul e Minas Gerais), a candidatura de Júlio 
Prestes se tornou vitoriosa. Porém, o político paulista não assumiu. Pois, acusando o 
mesmo de vencer as eleições de modo fraudulento, um movimento revolucionário, 
UNIDADE 1 | A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
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que se insurgiu em 3 de outubro de 1930, derrubou Washington Luiz do poder, 
instituindo um novo período da República Brasileira, que substituiu o “café com 
leite”: o período populista. 
5 A POLÍTICA EXTERNA: A DIPLOMACIA BRASILEIRA NA 
PRIMEIRA REPÚBLICA
A diplomacia brasileira, durante os anos da chamada República Velha, 
teve diversos desafios a vencer. Um dos principais era determinar as fronteiras 
brasileiras em relação às nações vizinhas. Outro problema era a de equipar as forças 
militares brasileiras visando à defesa contra possíveis rivalidades com a Argentina. 
Outra questão importante para a diplomacia foi o Acre, em uma litigiosa e 
belicosa disputa com a Bolívia. Um dado interessante sobre a diplomacia brasileira 
ocorreu durante a Proclamação da República, pois concomitante a ela (15/11/1889) 
se realizava a Conferência Internacional Americana em Washington, sendo o 
representante brasileiro o republicano Salvador de Mendonça, saudado pelo fato 
de a única monarquia no continente ter se transformado em uma república, como 
os demais países da América, facilitando assim o reconhecimento do novo regime 
de governo pelas demais nações limítrofes. 
Apesar das saudações dos diplomatas das nações vizinhas, a situação 
continental nos primeiros anos de instituição da República foi tensa. A Guerra 
do Pacífico, de 1893, ocorrida entre Bolívia e Chile no mesmo ano da Revolta da 
Armada, colocava o continente sul-americano em um estado de tensão. Este estado 
de tensão teve nos diplomatas brasileiros importantes agentes de pacificação do 
Brasil junto às nações sul-americanas.
Caso a diplomacia brasileira da Primeira República fosse resumida a um 
nome, com certeza e justiça seria ao Barão do Rio Branco a homenagem. Ministro 
das Relações Exteriores durante diversos governos, a ele coube a liderança da ação 
diplomática de assinatura dos vários tratados nos quais as fronteiras brasileiras 
com os países vizinhos foram asseguradas por vias pacíficas. Em geral, os Estados 
Unidos da América foram considerados o árbitro responsável pelas demarcações 
das fronteiras. Esta foi uma das principais características da política empreendida 
pelo referido barão: aproximar a então República dos Estados Unidos do Brasil 
aos Estados Unidos da América.
TÓPICO 1 | AS QUESTÕES POLÍTICAS
21
FIGURA 5 – BARÃO DO RIO BRANCO 
FONTE: Disponível em: <http://www.institutoriobranco.mre.gov.
br/>. Acesso em: 20 ago. 2015.
Esta aproximação aos Estados Unidos se iniciou com a vitoriosa tentativa 
do presidente Floriano Peixoto em impedir uma invasão inglesa no porto do 
Rio de Janeiro durante a Revolta da Armada. A dita invasão ocorreria com o 
objetivo de os oficiais da Marinha Real Britânica defenderem a integridade física 
e patrimonial dos súditos bretões no Brasil. Interpelado sobre como os militares 
ingleses seriam recebidos, Floriano Peixoto teria calmamente respondido: à bala! 
Para que tal invasão não ocorresse, Floriano contou com apoio estadunidense. 
Mesmo com a Marinha Brasileira rebelada, Floriano contou com alguns marujos 
fiéis ao seu governo. Estes, comandados pelo Almirante Jerônimo Gonçalves, 
formaram a denominada “Esquadra de Papelão”, que com o apoio norte-
americano, naufragaram o Aquibadã, principal navio rebelado (FAUSTO, 2002).
Durante os anos da primeira década republicana se começou a chamar 
a diplomacia brasileira de Itamaraty. Isto porque o Ministério das Relações 
Exteriores ocupou o Palácio do Itamaraty, no centro do Rio de Janeiro, após a 
compra pelo Poder Executivo de um antigo palácio que pertencia ao Barão 
de Nova Friburgo, localizado no bairro do Catete. O Palácio do Catete passou 
a ser a residência oficial da Presidência da República, e o Itamaraty, o centro 
do Ministério das Relações Exteriores. Mesmo após a mudança da capital para 
Brasília, ainda é comum o termo Itamaraty para designar os diplomatas, com 
uma nova sede emBrasília. 
A diplomacia brasileira no período teve de enfrentar o grave problema das 
rivalidades no Cone Sul. Em 1904, o Brasil comprou da Inglaterra dois poderosos 
navios de guerra, os encouraçados São Paulo e Minas Gerais. Estas aquisições 
UNIDADE 1 | A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
22
tinham o objetivo de garantir uma dissuasão do Brasil frente às marinhas do 
Chile e da Argentina. Buscando evitar um conflito armado, foi assinado o tratado 
ABC – Argentina – Brasil – Chile. 
Um dos destaques da diplomacia brasileira foi a participação no Congresso 
Internacional que ocorreu em Haia, na Holanda. O tribuno brasileiro foi Rui Barbosa, 
posteriormente cognominado “Águia de Haia”, devido ao seu brilhantismo como 
orador. Defendeu a tese brasileira da livre determinação dos povos. Tese esta que 
se manteve como tradição diplomática nacional. 
Outro capítulo da história diplomática foi uma tensão com a Bolívia, 
ocasionada pela invasão realizada por brasileiros em território boliviano, na busca 
pela exploração do látex. Alguns jovens de Manaus chegaram a empunhar armas 
visando a uma defesa brasileira daquelas terras. Todavia, a diplomacia do Barão 
do Rio Branco, através do Tratado de Petrópolis de 1904, acabou por comprar dos 
bolivianos o Acre, evitando uma guerra entre o Brasil e a Bolívia. 
O Brasil participou da Primeira Guerra Mundial somente em seu fim. 
No ano de 1917 declarou guerra ao Império Alemão, seguindo a postura norte-
americana. Alguns navios alemães que estavam no Porto do Rio de Janeiro foram 
apreendidos, com suas tripulações feitas prisioneiras de guerra. Para uma efetiva 
participação no conflito, a Marinha do Brasil criou a chamada D.N.O.G. (Divisão 
Naval das Operações de Guerra), comandada pelo Almirante Max Frontin. 
Todavia, ao chegar a Dacar, os marujos brasileiros foram acometidos de gripe 
espanhola. Quando chegaram ao front europeu, a guerra já havia terminado. 
O conflito mundial teve como consequência uma maior preocupação 
por parte dos políticos em relação à gestão do Ministério da Guerra. Em 1917, 
a campanha civilista de Olavo Bilac instituiu o serviço militar obrigatório. Esta 
maior preocupação militar motivou o Ministério das Relações Exteriores a 
contratar uma missão militar estrangeira para modernizar o Exército Brasileiro. O 
país escolhido para tal função foi a França, principal nação vitoriosa na Primeira 
Guerra Mundial. Os militares franceses, comandados no Brasil pelo General 
Gamelin, auxiliaram na formação dos oficiais do Exército. Em especial, a ação 
francesa possibilitou uma melhor capacitação profissional aos oficiais que se 
formavam na Escola Militar de Realengo – RJ. 
Como pontos altos das relações diplomáticas foram realizados dois 
importantes eventos: as comemorações pelos 400 anos do Descobrimento do 
Brasil (em 1900) e o Centenário da Independência (em 1922). Com o Centenário 
da Independência, se autorizou a volta da Família Imperial, que se encontrava 
exilada na França. Dentre as principais visitas oficiais de chefes de Estado que o 
Brasil recebeu, estão a do Rei Alberto, da Bélgica, e a excursão pelo Brasil realizada 
pelo presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt. Enquanto o rei europeu 
fez uma visita protocolar, apenas estranhando que no Brasil de então não havia 
sequer uma universidade, Theodore Roosevelt fez uma visita aos sertões, sendo 
acompanhado em sua aventura pelo Marechal Rondon. 
TÓPICO 1 | AS QUESTÕES POLÍTICAS
23
A Missão Rondon foi um dos principais eventos que ligavam instituições 
díspares e causas diversas. Entre as instituições que nela se envolveram estavam 
o Ministério do Exército, o ministério da Viação e Obras Públicas, o Ministério das 
Relações Exteriores e o Sistema de Proteção ao Índio, criado sob o apadrinhamento 
político do referido marechal (RIBEIRO, 1995). 
Cândido Mariano da Silva Rondon foi um oficial do Exército formado na 
Escola Militar da Praia Vermelha, local de influência positivista. Foi designado, 
enquanto oficial militar da Arma de Engenharia, a construir uma linha telegráfica 
que ligasse o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, até Cuiabá, capital do Mato 
Grosso, Estado natal de Rondon. Em sua missão, acabou por travar contato com 
diversas tribos indígenas. Ao invés de ter uma atitude violenta, cunhou a expressão 
“Morrerei se preciso, matarei jamais”. Com ela sintetizava um ideal de não violência 
no contato com os indígenas. A ideia, de cunho positivista e progressista, era a de 
integrar o indígena à sociedade brasileira não mais através da catequese, como 
no período colonial, mas sim através do trabalho. Em 1910 foi criado o SPI – 
Sistema de Proteção ao Índio. (A partir de 1968, a instituição passou a se chamar 
FUNAI – Fundação Nacional do Índio). Muitas terras indígenas passaram a ser 
demarcadas. Obviamente que a questão indígena é um tema em aberto em nossa 
sociedade. Todavia, a ação de Rondon foi importante para a tentativa de uma 
solução pacífica para o caso.
Entre os fatos que revelam a importância da missão para a questão indígena, 
está a do contato com diversas tribos nunca antes contatadas pelo dito “homem 
branco”. Algumas das primeiras imagens cinematográficas dos indígenas brasileiros 
foram realizadas por militares da missão. Outra questão importante foi a da presença 
de antropólogos e botânicos, que possibilitaram o posterior desenvolvimento 
científico do Brasil nestas áreas do conhecimento humano.
Na interface com as relações internacionais, muitas das fronteiras que 
diplomaticamente foram determinadas pelo Brasil com as nações vizinhas, através 
da Missão Rondon, foram estabelecidas. Em várias das fronteiras brasileiras 
ocorreu o chamado reconhecimento, no qual militares brasileiros e das nações 
vizinhas colocavam marcos físicos, como inscrições em pedras, para garantir seus 
territórios. 
Os atuais estados de Rondônia e Roraima possuem estes nomes 
em homenagem ao marechal. O Exército o considera Patrono da Arma de 
Comunicações. Todavia, uma das críticas feitas ao militar era que ele castigava 
fisicamente os soldados indisciplinados e insubmissos. Em defesa do marechal é 
possível considerar que este tipo de castigo era então permitido no Exército e que 
para a Missão Rondon eram recrutados muitos soldados indesejados nas casernas 
nas quais serviam. Independente do mito criado pela história oficial do Estado e 
das críticas dos revisionistas, a Missão Rondon foi um marco no conhecimento 
de diversas áreas do interior do Brasil. Rondon se opôs à Revolução de 1930, 
reatando laços com Getúlio anos após a Revolução. 
 
UNIDADE 1 | A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
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As relações diplomáticas do Brasil com as repúblicas vizinhas, assim como 
a prática do alinhamento do Brasil às ações da política externa dos Estados Unidos 
da América, foram delimitadas na Primeira República. Algumas alterações a 
este quadro foram realizadas nos períodos posteriores. Porém, uma tradição de 
evitar ao máximo guerras com os países vizinhos na América do Sul é um dos 
principais legados da política externa brasileira durante o primeiro período de 
vida republicana no Brasil. 
FIGURA 6 - O PRESIDENTE ESTADUNIDENSE TED ROOSEVELT E O MARECHAL RONDON 
NO INTERIOR DA FLORESTA
 FONTE: Disponível em: <http://www.projetomemoria.art.br. Acesso em: 20 abr. 2015.
25
Neste tópico, você viu que: 
 
• O imperador D. Pedro II foi deposto do poder por um golpe militar liderado 
pelo Marechal Deodoro da Fonseca.
• O imperador teve sua relação com os cafeicultores desgastada com a abolição 
da escravidão.
• O imperador teve sua relação com a Igreja Católica desgastada com a questão 
religiosa.
• O Imperador teve a sua relação com o Exército desgastada com a denominada 
questão militar.
• O primeiro presidente republicano, Marechal Deodoro da Fonseca, renunciou

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