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CONTRATOS apostila

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AULA 01: Introdução ao estudo do direito civil.
Princípios informadores do CC/2002.
Surgimento dos contratos.
Natureza jurídica.
Revisão da teoria do fato jurídico.
Elementos de existência e validade dos contratos.
AULA 02 – THIAGO F C GAMA LINS
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
	Princípios fundamentais dos contratos:
	O CC de 2002 estabeleceu 3 princípios fundamentais para os contratos:
	1) Boa-fé objetiva: art.113 e 422.
	O Código civil trabalha com o termo boa-fé sem adjetivá-la. Há um duplo sentido ou dupla possibilidade hermenêutica. 
1) Boa-fé: trata-se da boa-fé subjetiva, de comportamento, conhecimento. Exemplo: casamento putativo (art.1561): é o casamento nulo ou anulável, celebrado de boa-fé. Eu casei com minha irmã sem saber. Ao tratar de casamento putativo o CC quer aludir à boa-fé subjetiva (conhecimento). Mas no art.113 diz que toda e qualquer cláusula ( ...) fala da boa-fé objetiva, ou seja, do comportamento entre as partes. Boa-fé objetiva é norma princípio e tem conteúdo aberto. Boa-fé subjetiva é norma-regra, e assim sendo, tem conteúdo fechado, previamente definido. Sabendo que o CC trabalha com essas duas categorias, percebemos que boa-fé objetiva trabalha com a diretriz da eticidade. (3 diretrizes do CC: ETICIDADE, SOCIALIDADE E OPERABILIDADE)
	A diretriz da eticidade inspira a boa-fé objetiva. Por quê?
	Isso porque a boa-fé objetiva é a ética que se espera dos contratos. É o sentimento ético que se espera das pessoas. Nem tudo deve ser dito, mas alguns sentimentos são implícitos nas relações humanas. Já se sabe o que se esperar de alguém em determinados níveis. A boa-fé objetiva é aquilo que se espera de alguém por força de um sentimento ético.
 
	O fundamento jurídico da boa-fé objetiva vem da constitucionalização do direito civil: art.1º e 3º da CF/88: dignidade da pessoa humana e solidariedade social. 
A finalidade da boa-fé objetiva é flexibilizar o sistema contratual, permitindo soluções adequadas nos casos concretos. A boa-fé objetiva é aplicada a ambas as partes, não sendo instrumento de correção de hipossuficiência das partes. Não se quer corrigir ou defender a parte mais fraca, pois ambas as partes devem ter um comportamento ético.
	Funções: tríplice função da boa-fé objetiva: É multifuncional: desempenha diferentes funções: primeira função:
 
	1ª) Interpretativa: toda cláusula contratual deve ter o seu sentido e alcance conforme a ética que se espera das partes. Exemplo: um locatário devolveu o imóvel e o locador entrou na justiça para que o primeiro pintasse o imóvel. O locatário pintou o imóvel de preto. Isto, apesar do silêncio do contrato violou a boa-fé objetiva.
	2ª) Integrativa: Estabelecimento de deveres anexos, implícitos, independentemente da vontade das partes. A boa-fé objetiva é fonte autônoma de obrigações, pois aqueles deveres estarão presentes, queiram as partes ou não. Que deveres são estes. Dever de informação, lealdade, segurança. Ex.: dever de lealdade, quebrado no caso Zeca Pagodinho. Consequências da função integrativa: podemos vislumbrar algumas posições muito importantes: apresentados à função integrativa, as ideias de responsabilidade civil pré e pós contratual. Isto porque os deveres anexos estão presentes desde antes até depois. O contrato traz consigo uma pré e pós eficácia. Lembrar do caso da Lada. A Lada parou de vender o carro e as peças de reposicão. O STJ condenou a empresa a manter o fornecimento de peças por 5 anos. Lembra do caso Cica? Agricultores do interior do Rio Grande do Sul foram incentivados a plantar tomate. No ano seguinte a Cica ajudou os agricultores da mesma forma. Até que em determinado ano a Cica patrocinou, mas não comprou a safra. Ora, ela criou expectativas legítimas na outra parte. Não se esqueça da violação positiva de contrato. Ver RESP 988595 de SP. O STJ reconhece a tese da violação positiva de contrato. Exemplo: uma empresa contratou a inserção de 20 placas de outdoor de produto destinado à classe A. A empresa, contudo, no silêncio do contrato publicou os anúncios na periferia. Não se esqueça de que aqui se está falando de violação de responsabilidade civil extracontratual, legal, não se limitando ao valor do contrato.
	3ª Função limitadora, restritiva ou de controle: Estabelece um freio na contratação. Por quê? A função limitadora impede o exercício de direitos subjetivos contratuais que se mostrem abusivos. Eu posso dizer que a segunda e a terceira função são tese (deveres anexos) e antítese (limita deveres estabelecidos entre as partes). A terceira função está intimamente ligada ao abuso de direito. Exemplos: anatocismo (limitação judicial dos juros), adimplemento substancial ou substancial performance ou inadimplemento mínimo. (STJ, Resp: 272.739/MG). O contratante não tem o direito de requerer a resolução do contrato quando o inadimplemento da parte contrária foi mínimo. Exemplo: financiamento de 24 meses, tendo a parte pago 22. A resolução causaria multa, juros, correção e devolução do bem. O STJ diz que nesses casos não pode haver resolução, mas execução das parcelas não pagas. 
2) Subjetiva: É de conhecimento, psicológica
2) Função social do contrato: art.421.
3) Equilíbrio econômico e financeiro: art.317 e 478. Estes são os 3 princípios do direito contratual.
	CONTINUAÇÃO DA TEORIA GERAL DOS CONTRATOS:
	1. Função social do contrato:
	É preciso lembrar que a função social está presente em todo o direito civil, que tem como uma de suas diretrizes a socialidade, a eticidade e a operabilidade.
	A diretriz da socialidade funda a função social dos contratos. Na aula passada associamos a boa-fé objetiva à diretriz da eticidade. Hoje, vamos falar de função social e socialidade. Trata-se a função social da incorporação da diretriz da socialidade.
	Temos a função social como um gênero que se especializa em: 
	
a) função social da propriedade; 
b) função social da família; 
c) função social dos contratos etc.
	Dica de concurso!!! Se cair na prova função social do que vier, você começará falando da diretriz da socialidade. Deve também fazer alusão ao principal nome relacionado ao tema: Norberto Bobbio, que iniciou este movimento em 1970, em uma obra chamada da estrutura à função. Neste livro, Bobbio falava que todos os estudos jurídicos se voltavam ao que é o direito. O que interessa mesmo não era saber o que seria o direito, pois qualquer leigo pode abrir um Vade Mecum. Mais do que saber o que é o direito, Bobbio pregava a necessidade de saber para que serve o direito. Era um anúncio da mudança paradigmática da estrutura para a função. E aí, a partir de hoje, toda vez que se estudar função social, vamos indagar para quê serve o instituto. Em relação à funcão social do contrato: Para quê serve o contrato? Já se pode perceber que a função social é uma superação de uma visão egoística dos institutos do direito civil. Há uma superação da visão individualizada dos institutos do direito civil. Cada instituto deve ser entendido em relação à sua função social.
	Especificamente em relação à função social do contrato, temos o art.421 do CC. Este dispositivo consagra expressamente no CC a função social do contrato, que mitiga o histórico princípio da relatividade dos efeitos do contrato.
	Art.421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
	Outrora se dizia que o contrato somente produzia efeitos entre as partes. Trata-se, aqui, da superação desta falsa ideia. Agora, sabemos que o contrato pode sim atingir terceiros, devendo garantir também os seus interesses. 
	Com isso, conclusão: a função social do contrato flexibilizou o princípio da relatividade dos efeitos do contrato, porque agora afirmou que o mesmo deve servir para ajustar os interesses das partes, sem prejudicar terceiros.
	Temos, nesta ordem de ideias, uma tríplice função da função social dos contratos:
	1) O contrato entre duas partes não pode prejudicar terceiros.
	2) O contrato entre duas partes não pode prejudicara coletividade.
	3) Terceiros não devem prejudicar contratos alheios.
	A partir desta tríplice função, brotam os institutos do terceiro ofensor/lesante e do terceiro ofendido/lesado. Estes conceitos de terceiros eram até então incompatíveis com a relatividade dos efeitos dos contratos. Podemos ter agora contratos prejudicando terceiros e terceiros prejudicando contratos.
	Exemplos: Súmula 308 do STJ:
	A hipoteca firmada entre a construtora e o agente fiduciário, anterior ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel. 
	Louva-se, a todo entender, o conceito de terceiro ofendido.
	Outro exemplo: Art.608 do CC.
	Art.608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviços, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos.
	Este artigo trata do aliciamento do prestador de serviços. Vai narrar com precisão o caso Zeca Pagodinho.
	Aqui se trata de terceiro ofensor. No STJ há também várias decisões sobre o assunto. REsp:401.718/PR. O STJ consagrou a ideia da função social dos contratos nos contratos de seguro. Imagine que um Chevette velho bateu no seu carro. Imagine que o prejuízo que o motorista do Chevette causou é maior que o valor do seu carro. Desse modo, ao invés de ajuizar uma ação indenizatória, por conta de danos causados, contra o segurado, pode a vítima ajuizar diretamente o segurador, tudo isso por conta da função social do contrato. Um dos mais importantes aspectos da função social dos contratos é a legitimidade processual.
	A função social dos contratos implica na ampliação da legitimidade ativa para requerer revisão ou resolução de contratos. Assim, terceiros e o MP, quando houver interesse coletivo, podem estar legitimados para ações revisionais ou resolutórias de contratos dos quais não são partes. Esta é a ideia que já pode ser percebida.
	Primeiro exemplo: Contrato de locação. Mulher locatária que fazia trabalhos de macumba e cobrava por isso, em seu próprio apartamento. Os condôminos convenceram o locador a não renovar o contrato de locação. O condomínio poderá entrar com uma ação na qualidade de terceiro lesado.
	Pelo que foi estudado, até o momento, a função social do contrato, historicamente, sempre foi estudada pelo âmbito da eficácia externa. Porém, de alguns anos para cá, a doutrina passou a vislumbrar na função social dos contratos também uma eficácia interna (eficácia interna da função social dos contratos). Ou seja, a doutrina passou a dizer: não podemos ficar apenas no terceiro ofensor e terceiro ofendido. Ao lado da sua eficácia externa, temos também a interna.
	A eficácia interna implica no fato de que nenhuma relação contratual pode violar a dignidade dos contratantes, mesmo que haja um consentimento deles. Mesmo que os contratantes consintam! 
	Um bom exemplo disso vem da súmula 302 do STJ: consagra a nulidade da cláusula limitadora do tempo de internação hospitalar dos planos de saúde. 
	Um outro exemplo: Teste de fidelidade da Rede TV. 
	Terceiro e último exemplo: função social da cláusula penal: é um ótimo exemplo de função social do contrato na sua eficácia interna (art.413 do CC). 
	Art.413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a finalidade do negócio.
	A cláusula penal pode ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação tiver sido cumprida em parte ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo. Os enunciados 355 e 356 da JDC do CJF afirmam que esta redução da cláusula penal pode ser determinada de ofício pelo Juiz e a cláusula de renúncia a esta possibilidade é nula de pleno direito. Esta redução é uma manifestação da função social do contrato.
	2. Equilíbrio econômico e financeiro: terceiro e último princípio.
	Reflexão histórica: CC/1916 consagrava o pacta sunt servanda: o contrato fazia lei entre as partes. Resumindo: morra, mas cumpra!
	Só em 1918, na França, foi editada a Lei Faillot, que resgatou do direito romano a até então esquecida cláusula rebus sic stantibus. Foi reconhecida então a teoria da imprevisão, que permitiu a revisão ou resolução de contrato.
	Até então não era possível! Prevalecia o pacta sunt servanda levado às últimas consequência. Com a consagração da teoria da imprevisão e, pela primeira vez, com a possibilidade de revisão, nós tivemos a primeira manifestação, no direito contratual, do princípio do equilíbrio econômico financeiro.
	Requisitos da teoria da imprevisão. 
Quais são os históricos requisitos para a aplicação?
1) contrato de trato sucessivo;
2) contrato de execução continuada;
3) desequilíbrio entre prestação e contraprestação (onerosidade excessiva)
4) Álea extraordinária (evento imprevisível e extraordinário apto a gerar o desequilíbrio)
5) Inexistência de culpa da parte.
	Esta lei foi editada logo depois da primeira guerra e visava manter o equilíbrio dos contratos celebrados antes da guerra.
	No Brasil a teoria da imprevisão só chegou nas décadas de 40 e 50, graças a uma contribuição da doutrina. Livro: Arnoldo Medeiros da Fonseca: Teoria da imprevisão e caso fortuito. A simples leitura já permite concluir que a doutrina estabeleceu que só iria incidir a teoria da imprevisão em situações de caso fortuito. 
	Nas décadas de 70 e 80, a jurisprudência asfixiou a teoria da imprevisão. A aplicação da teoria da imprevisão, nesses termos, seria restrita a hipóteses inimagináveis à vontade das partes. Somente naqueles casos em que as partes nunca imaginaram a ocorrência daqueles efeitos é que incidiria a teoria da imprevisão. A jurisprudência somente admitia a teoria da imprevisão em casos patológicos, restando asfixiada, represada em sua dimensão.
	CDC: Art.4º e art.6º: Divorciou-se da teoria da imprevisão, acolhendo a teoria da base objetiva do contrato, que foi muito bem preconizada por um autor alemão, chamado KARL LARENZ, que foi um dos precursores da aludida tese, também chamada teoria da onerosidade excessiva pura. Esta teoria dispensa a imprevisibilidade, vale dizer, mesmo que o evento seja previsível, é possível a revisão ou a resolução quando houver onerosidade excessiva. Havendo onerosidade excessiva, já é possível a revisão de contratos. Trata-se de uma evolução da teoria da imprevisão.
	Chegamos a 2002. Veio o CC/2002 em seus artigos 478 e 317. Vão acolher que teoria? Acolheram a teoria da imprevisão qualificada, adjetivada. Isso porque, além dos clássicos requisitos, o CC acrescentou um quinto requisito. O CC, em seu art.478, estabeleceu a correspondência entre o prejuízo sofrido por uma parte e a vantagem excessiva obtida pela outra.
1) contrato de trato sucessivo / de execução continuada;
2) desequilíbrio entre prestação e contraprestação (onerosidade excessiva)
3) Álea extraordinária (evento imprevisível e extraordinário apto a gerar o desequilíbrio)
4) Inexistência de culpa da parte.
+
5) Correspondência entre o prejuízo sofrido por uma parte e a vantagem excessiva obtida pela outra.
	Ex positis:
Seção IV
Da Resolução por Onerosidade Excessiva
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida(1), se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa(2), com extrema vantagem para a outra(3), em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis(4), poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
	Trata-se de um requisito muito perigoso. Vamos fazer uma reflexãosimples. Perceberemos que, na prática, a desvantagem de uma parte não necessariamente corresponde à vantagem de uma outra. 
 	 
	O legislador quis distinguir relação civil e relação de consumo. Direito do consumidor: aplicação da teoria da base objetiva do contrato. No direito civil, teoria da imprevisão qualificada ou adjetivada. De qualquer maneira, presentes os requisitos da imprevisão, é possível a revisão ou a resolução do contrato.
	Quem é que vai decidir se quer revisão ou resolução? A deliberação cabe à própria parte interessada. Ela é quem deliberará entre resolução e revisão. Menos em um caso!!! A única hipótese em que o interessado não deliberará é na relação de consumo, quando o pedido for formulado pelo fornecedor. Isso porque, se o fornecedor requerer a resolução do contrato, estará obstando o acesso ao produto ou ao serviço. Fornecedor só pode pleitear revisão. (atenção quem vai fazer MP)
	OBS.1: Trata-se de uma tentativa de salvar o art.468. Ao exigir evento imprevisível e extraordinário, ficamos em uma situação muito difícil. A teoria ficaria relegada a um segundo plano. A doutrina, no Brasil, vai esclarecendo que a extraordinariedade ou imprevisibilidade está, não na causa, mas nos efeitos. A imprevisibilidade e extraordinariedade, para a aplicação da teoria da imprevisão não estão na causa, mas sim nos efeitos. (mitigação do rigor da onerosidade excessiva qualificada ou adjetivada no Brasil)
	OBS.2: Art.479 do CC: a resolução pode ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente o contrato. Se o réu se predispuser a cumprir o contrato sem a vantagem evita-se a improcedência do pedido. Daniel Neves esclarece que esta declaração pode se dar tanto em reconvenção quanto em exceção substancial dentro da contestação.
	3. Formação dos contratos:
	Trata-se do estudo de diferentes momentos:
	1. Contrato preliminar;
	2. Tratativas ou negociações preliminares;
	3. Proposta;
	4. Aceitação.
	3.1 Contrato preliminar (pré-contrato ou promessa de contrato):
Seção VIII
Do Contrato Preliminar
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação.
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos.
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
	
	Conceito: trata-se de uma obrigação de fazer assumida pelas partes e consistente na obrigação de manifestar vontade para a celebração de um outro contrato.
	É preciso de muito cuidado nesta matéria: não há relação de subordinação entre o contrato preliminar e o contrato prometido. Não há relação de dependência entre o contrato preliminar e o contrato que se prometeu. Não há relação de acessório e principal, pois são contratos autônomos e independentes entre si. Promessa de compra e venda e promessa de comodato são dois ótimos exemplos.
	Atenção! Partindo da premissa de que não há acessório e principal, o contrato preliminar não precisa cumprir todos os requisitos essenciais do contrato prometido. O contrato preliminar precisa atender, via de regra, a todos os requisitos do contrato prometido, exceto quanto à forma. Não precisa exatamente porque não é acessório. Promessa de compra e venda de imóvel pode se dar, nesta ordem de ideias, por instrumento particular.
	Se eu celebro promessa de compra e venda por escritura particular, eu posso exigir do outro contratante a adjudicação compulsória? Súmula 239 do STJ: a adjudicação compulsória não se condiciona a registro. Por fim, o mais importante efeito da promessa de compra e venda é que, descumprida a promessa, o promitente interessado escolherá entre perdas e danos e tutela específica da obrigação (execução). Somente o promitente interessado definirá entre as duas hipóteses.
	3.2 Negociações preliminares ou tratativas:
	Também pode ser chamada de conversações ou estudo, é a chamada fase da pontuação.
	Como as partes não manifestaram ainda a sua vontade, não há nenhuma vinculação ao negócio.
	Não constituem propriamente o momento de formação do contrato. Não dizem respeito ao momento específico da formação do contrato. Estudo prévio do interesse de contratar. Por exemplo: minutas. Durante as tratativas, não há que se falar em contrato e, consequentemente, não se cogita sobre responsabilidade contratual. 
	
	É possível, por outro lado, falar-se de responsabilidade civil pré-contratual por violação da boa-fé objetiva. A responsabilidade pré-contratural tem natureza extracontratual e aquiliana, não estando limitada pelo valor do contrato. Esta é a fase das negociações preliminares. O fundamento aqui é o art.186 do CC.
	Art.186 do CC.
	3.3. Proposta:
	conceito: A proposta é a declaração de vontade dirigida à celebração de um contrato, ou seja, proposta é a intenção de contratar. O CC, neste ponto, andou bem, no sentido de que o proponente fica vinculado e responde pelos termos da proposta.
	Efeito: Art.427 do CC.
	A proposta, em regra, obriga o proponente, salvo se o contrário não resultar dos temos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
	Exceções: a proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio ou das circunstâncias do caso.
	Ex positis:
Seção II
Da Formação dos Contratos
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
Não obriga o proponente:
Se contiver cláusula expressa a respeito: é quando o próprio proponente declara que não é definitiva, reservando-se ao direito de retirá-la.
 Natureza do negócio: é o caso das chamadas propostas abertas ao público, que se consideram limitadas ao estoque existente.
Circunstâncias do caso: cuida-se do art.428 do CC.
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. 
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante, ainda que os contratantes estejam em cidades ou países diferentes;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
Cuida-se da oferta enviada por corretor ou correspondência a pessoa ausente. 
O prazo suficiente varia conforme as circunstâncias. É o necessário ou razoável para que se chegue ao conhecimento do proponente e denomina-se prazo moral. Entre moradores próximos não deve ser muito longo. Diferente entendimento ocorre quando os partícipes do negócio residirem em locais muito distantes.
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; (teoria da expedição)
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
	
	Prova: pode ser provada por qualquer meio.
	Descumprimento: gera perdas e danos.
Morte ou interdição do proponente: Ele deve cumpri-la! Vinculam-se, pois, o proponente e os seus sucessores. Tanto o proponente quanto os seus sucessores estão vinculados à proposta, isto é, precisam cumpri-la.
Proposta (oferta) no CDC: 
Requisito comumentre CC e CDC: a proposta ou a oferta deve ser séria, clara e precisa, além de definitiva.
Efeitos do CC: a recusa indevida em dar cumprimento à proposta resolve-se em perdas e danos.
Efeitos do CDC: a recusa indevida pode dar ensejo à execução específica da obrigação, consistindo opção exclusiva do consumidos a resolução em perdas e danos.
CDC: art.35.
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
        I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;
        II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
        III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
O CDC, por sua vez, dispõe que a proposta feita ao público vincula do mesmo jeito e nos mesmos moldes que a proposta individual. Aliás, pode-se notar que a proposta feita ao público constitui a grande maioria nos dias de hoje. A maior novidade implantada pelo CDC foi a de que esta responsabilidade do proponente será por meio de perdas e danos ou execução específica, a depender do interesse da parte. Em suma, pode caber execução específica ou perdas e danos.
	Finalmente, aceitação.
	3.4 Aceitação:
	Conceito: É a concordância com os termos da proposta. É manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato. Deve ser pura e simples.
	Também é chamada de oblação. É a quarta e última fase, é o quarto e último momento. Trata-se da anuência à pessoa a quem a proposta foi dirigida. O CC estabelece que a aceitação pode ser plena e integral. Portanto, a aceitação com adição, com restrição ou modificação, ou ainda, fora do prazo, não valem como aceitação. Precisamente, não produzem seus ordinários efeitos. A aceitação deve ser sempre plena e integral. Neste ponto o CC, automaticamente, converte esta aceitação com adição, restrição ou modificação em nova proposta.
	Requisitos: deve ser pura, simples e integral. 
Contraproposta: Se apresentada fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, importará em nova proposta.
Exemplo: Se me é oferecido um carro por um valor à vista e eu me proponho a parcelar, não se trata de aceitação, mas sim de nova proposta.
Art.431 do CC.
 
Aceitação expressa e aceitação tácita: 
	Art.432 do CC.
	Duas espécies:
Quando o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa. Exemplo: paxe comercial instalada entre fornecedor que sempre remete os produtos todo mês no mesmo dia e o comerciante sempre os recebe.
Quando o proponente a tiver dispensado.
3.5 Contrato entre ausentes:
	
Esta regra de que o contrato está formado com a aceitação terá perfeita aplicação no contrato entre pessoas presentes, que estão no mesmo lugar. O código reputa como entre presentes o contrato por telefone. Exemplo: telemarketing.
	No entanto esta regra não vale para o contrato entre ausentes. Exemplo: contrato eletrônico, contrato pela internet. Mas, um contrato entre ausentes não pode se formar pela simples e instantânea aceitação, afinal de contas, as partes não estão juntas.
	A doutrina brasileira, a exemplo de Caio Mário, defende que o melhor critério para a formação do contrato entre ausentes seria a teoria da cognição. Para esta teoria, o contrato deveria se formar no momento em que o proponente toma conhecimento da aceitação.
	Todavia, este não é o critério do CC. 
Teoria da agnição por expedição:
O CC optou pela teoria da agnição por expedição.
	De acordo com a teoria da agnição por expedição, o contrato entre ausentes se forma no momento em que o aceitante expede a sua aceitação. 
	Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I - no caso do artigo antecedente;
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III - se ela não chegar no prazo convencionado.
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
Voltando ao exemplo do contrato eletrônico, forma-se o mesmo no momento do envio da aceitação. O critério usado pelo CC é inseguro, ao contrário do proposto pela doutrina.
	Nos contratos entre ausentes, nos termos do Art.434 do CC, há a perfeição do negócio desde que a aceitação é expedida, conforme vimos acima.
	Art.434 do CC.
	Contudo, há exceções.
	Exceções:
	1. Considera-se inexistente a aceitação se com ela ou antes dela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
	2. Se o proponente se houver comprometido a esperar resposta.
	3. Se ela não chegar no prazo convencionado.
	Observação: 
	O lugar do contrato:
 
	O CC, no art.435, consagra que o lugar do contrato é onde foi feita a proposta. Este é o lugar do contrato para o CC. 
Entretanto, o parágrafo segundo do art.9º da LINDB dispõe que o lugar do contrato é o da residência do proponente.
CC:
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
LINDB:
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no lugar em que residir o proponente.
	Aplica-se o CC ou aplica-se a LINDB?
	As duas normas são aplicáveis: O CC é aplicado aos contratos internos, e a LINDB aos contratos internacionais.
	Obs.: Não confundir lugar do contrato com foro de eleição contratual. Trata-se este último do lugar estipulado pelas partes a fim de dirimir eventuais conflitos sobre aquela avença. Isto nada tem a ver com lugar do contrato.
	O art.112, parágrafo único do CPC estabelece que foro de eleição, nos contratos de adesão, em detrimento do aderente é nulo de pleno direito.
	Isto porque, aqui, você vai encontrar uma mitigação da súmula 33 do STJ. Esta súmula 33 é conhecida e fala acerca da impossibilidade de o Juiz declarar de ofício a incompetência relativa. Esta súmula será mitigada neste ponto. O § único diz: o Juiz declara a nulidade e remete o processo para o domicílio do aderente. Trata-se de mitigação positivada da súmula 33.
	
Aula 03:
Classificação dos contratos:
1.1 Contratos unilaterais, bilaterais e plurilateriais:
No aspecto de sua formação, todo contrato é bilateral, mais precisamente, um negócio jurídico bilateral.
Contudo, quanto aos efeitos que acarretam, os contratos podem ser:
Unilaterais: são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes.	
Exemplo: doação pura.
Bilaterais: geram obrigações para ambos os contratantes. Exemplo: compra e venda, locação, transporte.
Aqui temos obrigações recíprocas, o que vale dizer, os contratos bilaterais são sinalagmáticos, pois geram reciprocidade de prestações. Ambos são ao mesmo tempo credores e devedores entre si.
1.2.Contratos gratuitos e onerosos:
Gratuitos: apenas uma das partes aufere vantagem ou benefício. Para a outra há só obrigação ou sacrifício. Exemplo: doação pura, comodato.
Onerosos: ambas as partes auferem vantagem ou benefício. Há vantagem e sacrifício para ambas as partes, a exemplo da compra e venda.
1.3 Contratos comutativos e contratos aleatórios.
Contratos comutativos: são aqueles de prestações certas e determinadas. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não envolvem nenhum risco.
Contratos tipicamente aleatórios: caracteriza-se pela incerteza de ambas as partes, quanto às vantagens e sacrifícios que podem advir do contrato. Isto ocorre por envolverem algum risco.
A perda ou o lucro dependem de um fato futuro e imprevisível.
Aleatório alea significa sorte, risco ou acaso.
Exemplos: contrato de jogo, aposta e seguro.
	Estes contratos são os tipicamente aleatórios.
	Há aqueles que em regra são comutativos, mas quer podem vir a ser aleatórios.
	Contratos acidentalmente aleatórios: são tipicamente comutativos, como a compra e venda, mas, em razão de certas circunstâncias, tornam-se aleatórios.Venda de coisas futuras: 
Aqui, na venda de coisas futuras, o risco pode estar:
Na existência da coisa: trata-se da emptio spei ou venda de esperança, isto é, da probabilidade de as coisas ou fatos existirem.
A disciplina jurídica da emptio spei está no art.458 do CC.
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.
 
Exemplo: venda de safra ou colheita.
Em sua quantidade. Trata-se da emptio rei speratae, onda o risco diz respeito apenas à quantidade, e não quanto a existência da coisa, que é presumida. Os risco assumido por uma das partes contratantes diz respeito à quantidade maior ou menor da coisa esperada.
A disciplina jurídica da emptio rei speratae está no art.459 do CC.
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.
O risco assumido limita-se à quantidade. 
Venda de coisas existentes mas sujeitas a perecimento ou depreciação.
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
Exemplo: venda de mercadoria que está sendo transportada em alto-mar por pequeno navio, cujo risco de naufrágio o adquirente assumiu.
Presume-se a boa-fé da outra parte. Caso contrário, enuncia-se a consequência:
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.
AULA 03:
OS VÍCIOS REDIBITÓRIOS NO CÓDIGO CIVIL
1.1 Conceito: 
Definição São os defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de contrato bilateral, comutativo e oneroso, que a tornam imprópria ao uso a que se destina, ou lhe diminuam o valor.
Requisitos:
Que a coisa tenha sido recebida em virtude de contratos bilaterais e comutativos e onerosos. Exceção: doação onerosa.
Que os defeitos seja ocultos, não se configurando quando facilmente verificáveis com um rápido exame e diligência normal.
Que os vícios existam ao tempo da alienação e que perdurem até o momento da reclamação, não respondendo o alienante pelos supervenientes.
Que sejam desconhecidos do adquirente, presumindo-se, se os conhecia, que renunciou à garantia.
Que sejam graves, a ponto de prejudicar o uso da coisa ou lhe diminuir o valor (ex.: fertilidade do touro reprodutor).
Aplicação:
Estas regras aplicam-se aos contratos:
Bilaterais:
Relembrando:
Bilaterais: geram obrigações para ambos os contratantes. Exemplo: compra e venda, locação, transporte. Aqui temos obrigações recíprocas, o que vale dizer, os contratos bilaterais são sinalagmáticos, pois geram reciprocidade de prestações. Ambos são ao mesmo tempo credores e devedores entre si.
Comutativos:
Contratos comutativos: são aqueles de prestações certas e determinadas. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não envolvem nenhum risco.
Onerosos:
Não incidem, via de regra, os vícios redibitórios sobre os contratos gratuitos, como as doações puras, pois o beneficiário da liberalidade, nada tendo pago, não tem porque reclamar (art.552).
O Código Civil todavia, ressalva sua aplicação em relação às doações onerosas, até o limite do encargo.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
1.3 Opções do adquirente:
Enjeitar a coisa.
Ficar com a coisa e reclamar o abatimento do preço.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
1.4 Princípio de garantia:
Todo alienante deve assegurar ao adquirente, a título oneroso, o uso da coisa por ele adquirida e para os fins a que é destinada.
1.5 Defeitos ocultos:
	Os defeitos devem ser ocultos, isto é, não descobertos em um simples e rápido exame exterior.
1.6 Opções do adquirente:
Enjeitar a coisa.
Ficar com a coisa e reclamar o abatimento do preço.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
1.7 Ignorância do vício pelo alienante não o exime de responsabilidade, salvo se esta foi expressamente excluída, de comum acordo.
	Duas situações:
O alienante não sabia dos vícios (agiu de boa-fé): restituirá o valor recebido mais as despesas do contrato.
O alienante sabia dos vícios da coisa (agiu de má-fé): além de restituir o que recebeu, responderá também por perdas e danos.
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
1.8 Perecimento da coisa:
Mesmo que o adquirente não possa restituir a coisa portadora de defeito, por ter ocorrido o seu perecimento (morte do animal, por exemplo), a responsabilidade do alienante subsiste, se o fato decorrer de vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
No caso da morte do animal, o adquirente deverá provar que o vírus da doença que vitimou o animal já se encontrava encubado quando de sua entrega.
1.9 É possível a exclusão ou ampliação da responsabilidade por vícios redibitórios. Ex.: aumentando ou diminuindo o valor a ser restituído ao adquirente que enjeitar a coisa defeituosa.
Ações edilícias:
Ação redibitória: é aquela utilizada quando o adquirente resolve rejeitar a coisa, rescindindo o contrato e pleiteando a devolução do preço pago.
Ação quanti minoris ou estimatória: é aquela utilizada quando o adquirente resolve conservar a coisa, apesar do defeito, reclamando, porém, o abatimento do seu preço.
Observação importante: o adquirente deve, necessariamente, propor a ação redibitória quando ocorrer o perecimento da coisa em seu poder, situação do art. 444 do CC.
1.11 Prazos decadenciais:
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
Regra geral:
Bens móveis: 30 dias.
Bens imóveis: 1 ano.
Contagem:
Se não estava na posse do bem: entrega efetiva.
Se já estava na posse do bem: conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
O prazo decadencial de 30 dias começará a fluir na data em que se manifestou o vício, em se tratando de bens móveis. Da mesma forma, o prazo de 1 ano em relação aos bens imóveis.
Contudo, para que a garantia não sem torne perpétua, o dispositivo estabelece o prazo de 180 dias, e de um ano, no máximo, para o aparecimento do vício.
Tais prazos não se somam. Conta-se o prazo decadencial da data em que o vício se torna conhecido, e não ao cabo de 180 dias.
§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-seo disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
Coisas vendidas conjuntamente.
Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito de uma delas não autoriza a rejeição de todas.
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas.
Só a coisa defeituosa deve ser restituída e o seu valor deduzido do preço, salvo se formarem um todo inseparável (uma coleção de livros raros, por exemplo).
Código de Defesa do Consumidor:
Incidência:
Quando uma pessoa adquire um veículo com defeitos de um particular, a reclamação rege-se pelas normas do Código Civil.
Se, todavia, adquire-o de um comerciante estabelecido no ramo, pauta-se pelo Código de Defesa do consumidor.
Para o CDC, são vícios redibitórios:
Vícios ocultos.
Vícios aparentes ou de fácil constatação.
Disciplina jurídica:
Vícios aparentes em produto não durável: prazo decadencial de 30 dias.
Vício aparente em produto durável: prazo decadencial de 90 (noventa) dias.
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
        I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
        II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
Contagem:
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. 
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. 
Vícios aparentes: A partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.
Vícios ocultos: os prazos são os mesmos. Todavia, a contagem somente se inicia no momento em que ficarem evidenciados.
Reclamação do consumidor e a garantia contratual como causas que obstam a decadência:
Obsta a decadência: a reclamação formulada perante o fornecedor, até resposta negativa e inequívoca.
§ 2° Obstam a decadência:
        I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;
        III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
 Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.
        Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.
RESOLUÇÃO DA QUESTÃO 01!
Direitos do consumidor:
Quando efetuada a reclamação direta, tem o fornecedor o prazo de 30 dias para sanar o vício. Não o fazendo, o prazo decadencial, que estava suspenso, volta a correr pelo período restante, podendo o consumidor exigir, alternativamente:
a substituição do produto.
a restituição da quantia paga, atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.
O abatimento proporcional do preço.
O prazo decadencial pode ser reduzido, de comum acordo, para o mínimo de 7 dias, ou ampliado até o máximo de 180 dias.
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
        § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
        I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
        II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
        III - o abatimento proporcional do preço.
        § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
        § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
        § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo.
        § 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.
        § 6° São impróprios ao uso e consumo:
 
EVICÇÃO:
Conceito:
Definição: é a perda da coisa em virtude de sentença judicial, que a atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. 
Funda-se no mesmo princípio de garantia em que se assenta a teoria dos vícios redibitórios. Trata-se de um defeito de direito de que padece a coisa!
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
	A perda da coisa denomina-se evicção, que significa literalmente ser vencido.
Personagens da evicção:
Alienante: responde pelos riscos da evicção.
Evicto: é o adquirente vencido na demanda movida por terceiro.
Evictor: é o terceiro reivindicante, vencedor da ação.
A responsabilidade pela evicção decorre da lei, e independe de previsão contratual.
Incide em todo contrato oneroso, pelo qual se transfere a propriedade, posse ou o uso da coisa. Pode decorrer, dessa forma, tanto de ações petitórias, como possessórias.
Inexiste responsabilidade por evicção nos contratos gratuitos, salvo se se tratar de doação com encargo.
Verbas devidas, leitura do art. 450 do CC.
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
Restituição integral:	
Adverte Carlos Roberto Gonçalves que o ressarcimento deve ser amplo e completo, como se infere da expressão prejuízos que resultarem diretamente da evicção, incluindo as despesas com a lavratura de registros, escrituras, bem como correção monetária.
Outros ressarcimentos:
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Art. 453. As benfeitorias necessáriasou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar (por exemplo: devolução do preço em dobro), diminuir ou até mesmo excluir a responsabilidade por evicção.
Ressalva:
Não obstante cláusula se exclusão, se a evicção se der, tem direito o evicto a recobrar do alienante o preço que pagou pela coisa se:
NÃO SOUBE DO RISCO DA EVICÇÃO.
INFORMADO DO RISCO, NÃO O ASSUMIU.
Desse modo, a cláusula que exclui a responsabilidade pela evicção, por si só, isto é, desacompanhada da cláusula de ciência da existência de reivindicatória em andamento, afastará apenas a responsabilidade por parte do adquirente em indenizar todas as demais verbas previstas no art.459, MAS NÃO A DE RESTITUIR O PREÇO RECEBIDO.
PARA OBTER A EXONERAÇÃO TOTAL, EU, ALIENANTE, DEVO FAZER CONSTAR DO CONTRATO:
CLÁUSULA DE IRRESPONSABILIDADE.
CLÁUSULA QUE INFORME AO ADQUIRENTE ACERCA DOS RISCOS DA EVICÇÃO (ex.: reivindicatória em andamento).
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
EVICÇÃO PARCIAL:
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
Art. 447. Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
REQUISITOS DA EVICÇÃO:
Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa.
Onerosidade da aquisição.
Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa.
Anterioridade do direito do evictor. O alienante só responde pela perda decorrente de causa já existente ao tempo da alienação. Se lhe é posterior, nenhuma responsabilidade lhe cabe. Ex.:desapropriação. Exceto se já havia sido emitido o decreto expropriatório antes da alienação. 
Denunciação da lide ao alienante: segundo o art.456 do CC, para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante ou qualquer dos anteriores, quando e como determinar as leis do processo. Esta notificação é feita através de uma forma de intervenção de terceiros no processo chamada denunciação da lide.
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.
Intervenção de terceiros nos contratos:
	Se estivéssemos sob a égide do CC de 1916, esta explicação não existiria.
	A intervenção pode se dar de 3 formas:
Promessa de fato de terceiro;
	Ocorre quando uma pessoa se compromete a uma prestação que será cumprida por outra.
	Típico exemplo: obrigação de fazer. Todo o drama da promessa é a hipótese de inadimplemento. Não cumprida a promessa por parte do terceiro, quem é que responde? O promitente, e não o prometido. A responsabilidade recai sobre o promitente e não sobre o prometido.
	Regra geral:
	Responsabilidade pelo adimplemento promitente.
	Lembrar do caso do empresário que divulga show de determinado artista.
	A responsabilidade somente recairá sobre o prometido em duas hipóteses:
	a) Quando o promitente era o representante do prometido. Se era representante não era nem promessa de fato de terceiro, mas, logicamente, promessa de fato próprio.
	b) Quando o prometido aquiesceu, anuiu à promessa.
	Acórdão do STJ: RESP 249008/RJ. O clube dos 13 celebrou contrato com determinada emissora de televisão com exclusividade (promessa de fato de terceiro, a ser cumprida pelos clubes). Quem responde é o clube dos 13 em caso de inadimplemento, pois se trata de promessa de fato de terceiro.
A responsabilidade pelo fato de terceiro não existirá se o terceiro obrigado for o cônjuge do promitente, dependendo de sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha recair sobre os seus bens.
Estipulação em favor de terceiros:
	Ocorre quando duas pessoas celebram um contrato cujos efeitos benéficos serão produzidos em favor de uma outra pessoa.
	Existem 3 sujeitos: o estipulante, o contratado e o estipulado (beneficiário).
	Exemplo: seguro de vida. É muito comum encontrar estipulação em favor de terceiros nos divórcios consensuais. Ajustam fazer doação para os filhos. 
	O estipulado não precisa ser capaz pelo simples motivo de que ele não precisa ser parte do contrato. O estipulado é um mero beneficiário dos efeitos do contrato. E, por isso, ele não precisa ser solvente nem capaz. Como não é parte, o estipulado não responde pelo contrato (obrigações contratuais). 
Se, de um lado, o estipulado não responde, ele tem legitimidade para executar o contrato nas mesmas condições contratadas.
	Vejam que curioso: 
O estipulado pode ser substituído a qualquer tempo. A indicação do estipulado é direito potestativo do estipulante
Pode ser substituído independentemente da sua aunência ou da do outro contratante. Não precisa que o outro contratante venha a consentir. Isto porque a indicação do estipulado é direito potestativo do estipulante, e é por isso que ele pode ser substituído a qualquer tempo. Pode ser feita por ato entre vivos ou causa mortis.
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438.
O estipulante pode exigir o cumprimento da obrigação.
Ao terceiro beneficiário, também e permitido exigir o cumprimento da obrigação, ficando ele submetido às condições e normas do contrato, se a ele anuiu e o estipulante não o inovou. 
Se ao terceiro beneficiário se deixar o direito de reclamar a execução do contrato, não pode o estipulante exonerar o contratado do cumprimento das suas obrigações. 
Não pode também o estipulante substituir o estipulado se já houve execução do contrato. Se ele assim atuar prejudicará um terceiro e violará a função social do contrato. 
Conclusão: o estipulante não pode substituir o estipulado se já houve a execução contratual.
	A terceira e última figura:
	3) Contrato com pessoa a declarar:
	Art.467 a art.471 do CC. Contrato com pessoa a declarar. Trata-se de uma curiosíssima espécie.
	Seção IX
Do Contrato com Pessoa a Declarar
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado.
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato.
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação.
Art. 471. Se a pessoa anomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.
Caracteriza-se pela possibilidade de um contratante, ou ambos, resguardarem para si o direito de, posteriormente, em determinado prazo, indicar a pessoa que figurará em seu lugar naquele contrato, assumindo a sua posição contratual.
	Esta pessoa vai ocupar a posição contratual, sendo parte do contrato, e, portanto, assumindo as obrigações e exercendo os direitos. 
Assume as obrigações e exerce os direitos retroativamente à data da celebração do contrato. 
Vai ter que cumprir tudo o que a pessoa que lhe indicou prometeu. Haverá, portanto, subrogação. Por isso, é preciso que a pessoa indicada seja capaz, solvente, e aceite a condição (posição) que lhe está sendo atribuída.
	Se a pessoa indicada for insolvente, incapaz ou não aceita a posição atribuída, o contrato permanece entre as partes originárias.
	O CC estabelece o prazo supletivo de 5 dias para a aceitação, salvo se outro foi estabelecido pela vontade das partes.
	A pessoa que quer investir em imóveis. Por exemplo: compra e revende. Pagará o imposto de transmissão. O comprador pagará também o imposto. As imobiliárias, para evitar esta situação, celebram contrato com pessoa a declarar. Terá o prazo para indicar o comprador (investidor). Aceitando e preenchendo as condições, assumirá a posição originária e retroativamente. Só haverá, assim, um pagamento de tributo e a escritura será lavrada no nome do comprador.
	Atenção: A aceitação do terceiro indicado deve se revestir da mesma forma da celebração do contrato.

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