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Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed TUTORIA IV Problema 5 – Módulo 1 Tema: Marcos do crescimento e desenvolvimento, papel do hormônio do crescimento nestes marcos, principais condições associadas a distúrbios do crescimento e desenvolvimento. Problemática: A incompreensão sobre os marcos de desenvolvimento e a importância do GH. Objetivo 01: Compreender a fisiologia do crescimento e desenvolvimento, inclusive o papel do hormônio do crescimento. Crescimento É um processo dinâmico e contínuo, expresso pelo aumento do tamanho corporal, sendo um dos indicadores de saúde da criança. Esse processo é influenciado por fatores intrínsecos (genéticos) e extrínsecos (ambientais), destacando-se a alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e os cuidados gerais com a criança, que podem acelerar ou restringir o processo. A vigilância nutricional e o monitoramento do crescimento objetivam promover e proteger a saúde da criança e, quando necessário, por meio de diagnóstico e tratamento precoce para sub ou sobrealimentação, evitar que desvios do crescimento possam comprometer sua saúde atual e sua qualidade de vida futura. O melhor método de acompanhamento do crescimento infantil é o registro periódico do peso, da estatura e do IMC da criança na Caderneta de Saúde da Criança, a qual utiliza como parâmetros para avaliação do crescimento de crianças (menores de 10 anos) os seguintes gráficos: Perímetro cefálico (de zero a 2 anos); Peso para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos); Comprimento/estatura para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos); Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Índice de massa corporal (IMC) para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos). Observação: Dessa forma, a avaliação do crescimento na rotina de atenção à criança visa a três aspectos fundamentais: 1. Detectar precocemente o que está afetando o crescimento do paciente para inferir e obter a sua recuperação; 2. Identificar as variações da normalidade, tranquilizar a criança e a família, evitando possíveis intervenções prejudiciais; 3. Identificar problemas que não podem ser curados, mas que possam ser minimizados, e prover apoio ao paciente e à família ao lidar com as dificuldades. CRESCIMENTO PÓS-NATAL - Evolução A velocidade de crescimento pós-natal é particularmente elevada até os dois primeiros anos de vida com declínio gradativo e pronunciado até os cinco anos de idade. A partir daí, a velocidade de crescimento é praticamente constante, de 5 a 6 cm/ano até o início do estirão da adolescência (o que ocorre em torno dos 11 anos de idade nas meninas e dos 13 anos nos meninos). A velocidade de crescimento geral não é uniforme ao longo dos anos e os diferentes órgãos, tecidos e partes do corpo não crescem com a mesma velocidade. - Representações gráficas do crescimento O crescimento pode ser representado por meio de dois tipos de curvas: 1. Curva de distância ou de crescimento longitudinal: estaturas médias em cm, atingidas nas sucessivas idades para a população de referência do NCHS. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed 2. Curva de velocidade de crescimento: incrementos em estatura de uma idade para a outra, apresentados na forma de uma taxa de crescimento anual em cm/ano. Observação: as curvas de peso são desenhadas da mesma maneira. Obs.: verifica-se que tanto para meninos como meninas as duas curvas tem aspecto bem similar, contudo, a partir do segundo ano de vida já se percebe que as curvas de crescimento das crianças e adolescentes brasileiros começam a apresentar valores inferiores em relação às curvas de referência. - Interpretação da curva de crescimento Para a avaliação do crescimento individual de uma criança devem ser considerado dois aspectos: a) Na primeira medição, observar a posição do peso em relação aos pontos de corte superior e inferior: o Acima do percentil 97: sobrepeso; o Entre os percentis 97 e 3: faixa de normalidade nutricional; o Entre os percentis 10 e 3: risco nutricional; o Entre os percentis 3 e 0,1: peso baixo; o Abaixo do percentil 0,1: peso muito baixo. b) Nas medições seguintes, observar a posição e também o sentido do traçado da curva de crescimento da criança: Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed o Posição da linha que representa o traçado de crescimento da criança: entre os percentis 97 e 3, corresponde ao caminho da saúde; o Sentido do traçado da curva da criança (ascendente, horizontal ou descendente), desenhada em linha contínua a partir da ligação de dois ou mais pontos com intervalos não superiores a dois meses. Intervalos maiores devem ser desenhados com linha pontilhada para chamar a atenção. Metodologia de avaliação do crescimento Para a avaliação do crescimento individual de uma criança devem ser considerado dois aspectos: a) Na primeira medição, observar a posição do peso em relação aos pontos de corte superior e inferior: o acima do percentil 97: classificar como sobrepeso; o entre os percentis 97 e 3: faixa de normalidade nutricional; o entre os percentis 10 e 3: classificar como risco nutricional; o entre os percentis 3 e 0,1: classificar como peso baixo; o abaixo do percentil 0,1: classificar como peso muito baixo. b) Nas medições seguintes, observar a posição e também o sentido do traçado da curva de crescimento da criança: o posição da linha que representa o traçado de crescimento da criança: entre os percentis 97 e 3, corresponde ao caminho da saúde; o Sentido do traçado da curva da criança (ascendente, horizontal ou descendente), desenhada em linha contínua a partir da ligação de dois ou mais pontos com intervalos não superiores a dois meses. Intervalos maiores devem ser desenhados com linha pontilhada para chamar a atenção. ▪ Peso/Idade A variação do peso, com relação à idade da criança, é muito mais rápida do que da estatura e reflete, quase que imediatamente, qualquer deterioração ou melhora do estado de saúde, mesmo em processos agudos. É um índice de fácil aferição por profissional de saúde bem treinado, constituindo-se numa técnica não invasiva e culturalmente bem aceita pelas mães, tornando-o muito adequado para o acompanhamento do crescimento e do estado de saúde e nutrição da criança. Por essas vantagens, é priorizado para o acompanhamento do crescimento no nível da atenção básica de saúde. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed ▪ Estatura/Idade O ganho de estatura é um bom parâmetro para a avaliação do crescimento da criança por ser cumulativo, progressivo e não sofrer regressões. Apesar de medir cumulativamente o crescimento, o ganho de estatura é relativamente lento o que faz com que custe a refletir problemas agudos de saúde e nutrição da criança. Ademais, a medição pode ser difícil e requer muito cuidado, sobretudo em lactentes e crianças pequenas. Por isso, é recomendado para ser usado em adição ao peso/idade, sempre que os serviços tenham condições para coletar a medida de estatura com pessoal treinado para tal. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed ▪ Peso/Estatura Reflete o peso corporal em relação à estatura e, portanto, não requer a informação da idade. Muito valorizado no passado, tem ainda aplicação na clínica pediátrica, na avaliação e seguimento individual de casos de desnutrição aguda e de peso excessivo. ▪ Perímetro cefálico/Idade Avalia o tamanho da cabeça e do cérebro. Sua importância na infância está relacionada ao volume intracraniano, permitindo uma avaliação do crescimento do cérebro. Seu acompanhamento deve serfeito, prioritariamente, nas crianças de 0 a 24 meses, período de maior crescimento pós- natal da cabeça e cérebro. É uma medida que apresenta pequena faixa de variação para qualquer grupo etário, com um desvio padrão que permanece pequeno e aproximadamente constante para todo o período de crescimento. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed ▪ Perímetro braquial Pode ser utilizada como um índice alternativo do estado nutricional da criança de até 24 meses em situações excepcionais, ou seja, quando a coleta de peso e estatura é dificultada como em situações de emergência, em atividades de triagem, em inquéritos populacionais, em campanhas de vacinação. Esta medida só é útil para triagem de prováveis casos de desnutrição. Obs.: não se presta para o acompanhamento do crescimento infantil uma vez que alterações neste parâmetro são lentas, variando muito pouco com o aumento da idade. PUBERDADE Na avaliação da puberdade, costuma-se utilizar a avaliação das características das mamas e dos pelos púbicos nas meninas e das características dos genitais e dos pelos púbicos nos meninos. Mamas - Meninas Estágio 1: pré-adolescente, apenas elevação do mamilo. Estágio 2: estágio do botão mamário, elevação da mama e do mamilo, como um pequeno monte. O diâmetro da aréola apresenta-se um pouco maior que no estágio 1. Estágio 3: tanto a mama quanto a aréola estão maiores e mais elevadas que no estágio 2, mas sem distinção. Estágio 4: a aréola e a papila formam um contorno secundário, destacando-se do resto da mama. Estágio 5: estágio maduro, apenas o mamilo se projetando, com a aréola seguindo o contorno da mama. Genitais - Meninos Estágio 1: pré-adolescente, testículos, escroto e pênis de tamanho e forma infantis. Estágio 2: escroto apresenta-se levemente aumentado, com pele mais escura e mudança de textura. Pênis sem aumento ou pouco aumentado. Estágio 3: pênis apresenta aumento, principalmente em comprimento. Escroto maior que no estágio anterior. Estágio 4: pênis aumentado em comprimento e largura, e desenvolvimento da glande. Escroto maior que no estágio 3; pele do escroto mais escura e enrugada que nos estágios anteriores. Estágio 5: genitália adulta em tamanho e forma. Pelos púbicos nas meninas e nos meninos Estágio 1: pré-adolescente, sem pelos púbicos. Estágio 2: pelos finos, longos, lisos ou curvos, esparsos, mas com maior concentração próximo à base do pênis ou ao longo dos lábios. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Estágio 3: mais escuros, espessos e curvos, os pelos espalham-se pelo púbis. Estágio 4: pelos do tipo adulto, mas em menor quantidade. Não atingem as coxas. Estágio 5: pelos do tipo adulto em quantidade e tipo. Desenvolvimento: A criança deve atravessar cada estádio segundo uma sequência regular, ou seja, os estádios de desenvolvimento cognitivo são sequenciais. Se a criança não for estimulada ou motivada no devido momento, ela não conseguirá superar o atraso do seu desenvolvimento. Afinal, o desenvolvimento infantil se dá à medida que a criança vai crescendo e vai se desenvolvendo de acordo com os meios onde vive e os estímulos deles recebido. O desenvolvimento abrange os vários aspectos interligados que caracterizam a evolução dinâmica do ser humano, a partir de sua concepção. É um processo de construção que resulta da interação entre a influência biológica da própria espécie e do próprio indivíduo e a sua história e seu contexto sociocultural. É importante enfatizar que, embora a carga genética seja fator determinante, o desenvolvimento emerge a partir da interação com os fatores ambientais, portanto, é fundamental que ocorra uma ampla e adequada variação de estímulos e experiências, para favorecer todo o seu potencial. O tecido nervoso cresce e amadurece sobretudo nos primeiros anos de vida, portanto, nesse período, é mais vulnerável aos agravos de natureza diversa e às adversidades das condições ambientais que podem ocasionar prejuízos relacionados aos processos em desenvolvimento. Por outro lado, por sua grande plasticidade, é também nessa época que a criança melhor responde aos estímulos que recebe e às intervenções, quando necessárias. O desenvolvimento compreende alguns domínios de função interligados, quais sejam: sensorial, motor (geralmente subdividido em habilidades motoras grosseiras e habilidades motoras finas), da linguagem, social, adaptativo, emocional e cognitivo. Esses domínios influenciam-se entre si e têm como eixo integrador a subjetividade, função de dimensão psíquica que se particulariza e possibilita a singularidade de cada um dos seres humanos. Desenvolvimento motor: No recém-nascido há um padrão motor muito imaturo, com a presença do reflexo tônico cervical assimétrico, que lhe confere uma postura assimétrica, com predomínio do tônus flexor nos membros e intensa hipotonia na musculatura paravertebral. Seus movimentos são, geralmente, reflexos, controlados por partes primitivas do cérebro. Assim, reflexos como sucção, preensão palmar, plantar e da marcha passarão em poucos meses a ser atividades voluntárias. Outros, como o de Moro e o tônico cervical assimétrico, desaparecerão em breve, sendo que, dentro do padrão de desenvolvimento normal, não devem persistir no 2º semestre de vida. Durante os primeiros meses, há uma diminuição progressiva do tônus flexor e substituição pelo padrão extensor. Esse Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed amadurecimento se faz na direção craniocaudal, sendo o quadril e os membros inferiores os últimos a adquiri-lo. A partir do 2º semestre, não ocorre mais predomínio de padrão flexor ou extensor, e assim, a criança, por meio de alternância entre os tônus, consegue, primeiramente, rolar e, posteriormente, já tendo dissociado os movimentos entre as cinturas escapular e pélvica, consegue mudar da posição deitada para sentada. O desenvolvimento motor ocorre no sentido craniocaudal e proximodistal e, por meio de aquisições mais simples para mais complexas. Assim, a primeira musculatura a ser controlada é a ocular. Depois, há o controle progressivo da musculatura para a sustentação da cabeça e depois do tronco. Finalmente, durante o 3º trimestre, a criança adquire a posição ortostática. O apoio progressivo na musculatura dos braços permite o apoio nos antebraços e as primeiras tentativas de engatinhar. O desenvolvimento motor fino se dá no sentido proximodistal. Ao nascimento, a criança fica com as mãos fechadas na maior parte do tempo. Por volta do 3º mês, em decorrência da redução do tônus flexor, as mãos ficam abertas por período maior de tempo, e as crianças conseguem agarrar os objetos, embora ainda sejam incapazes de soltá-los. Entre o 5º e o 6º mês, conseguem apreender um objeto voluntariamente e iniciam o movimento de pinça, que será aprimorado progressivamente até se tornar completo, polpa com polpa. Audição: • A audição inicia-se por volta do 5° mês de gestação, portanto, ao nascimento, a criança já está familiarizada com os ruídos do organismo materno e com as vozes de seus familiares. Interação social: • O olhar e o sorriso, presentes desde o nascimento, representam formas de comunicação, mas, entre a 4a e a 6a semana de vida surge o “sorriso social” desencadeado por estímulo, principalmente pela face humana; • No 2º semestre de vida, a criança não responde mais com um sorriso a qualquer adulto, pois passa a distinguir o familiar do estranho. Assim, a criança pode manifestar um amplo espectro de comportamentos que expressam o medo e a recusa de entrar em contato com o estranho. Linguagem: • Durante os primeiros meses de vida, o bebê expressa-se por meio de sua mímica facial e, principalmente, pelo choro; • Entre o 2° e o 3° mês, a criança iniciaa emissão de arrulhos e, por volta do 6o mês, de balbucio ou sons bilabiais, cujas repetições são realizadas pelo simples prazer de se escutar; • Entre 9 e 10 meses, emite balbucios com padrão de entonação semelhantes à linguagem de seu meio cultural. A primeira palavra, na maioria dos idiomas, corresponde a um encontro silábico Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed reconhecido que se inicia com sons de m, n, p, d ou t, como “mama”, “papa” e “dada”; • A linguagem gestual também aparece no 2º semestre de vida e é fruto da significação dada pelos adultos do seu meio. Nessa fase, é comum a criança apontar e obedecer aos comandos verbais como bater palmas, acenar e jogar beijinhos; • Por volta dos 12 meses de idade, surgem as primeiras palavras denominadas palavras-frase; • Aos 18 meses, a criança inicia frases simples e, a partir daí, ocorre um grande aumento em seu repertório de palavras; • Nessa fase, também começa o diálogo com troca de turnos, isto é, a criança fala e depois aguarda a resposta do outro para nova interferência. Papel do GH (Hormônio do Crescimento) Quem produz o Hormônio do Crescimento é a adeno-hipófise, mas para que essa produção seja realizada, o hipotálamo é quem estimula a hipófise e, assim, controlando a produção do GH. Mas quando o hipotálamo recebe estímulos? Durante o: • Sono de onda lenta (conhecido como Sono N-REM – corresponde a maior parte do sono, e é nesse momento que o organismo descansa e passa por reparos – durante o sono N-REM há aumento da secreção de GH); • Exercício • Estresse • Puberdade • Estrogênio • Hipoglicemia • Dieta rica em proteínas Todos esses estímulos atuam no hipotálamo, fazendo com que haja produção de GHRH (Hormônio Liberador de GH) pelo hipotálamo. O GHRH é transportado até a adeno-hipófise, por meio de capilares. E, ao chegar atua, nas células somatotróficas da hipófise, que são células especializadas na produção de GH. E, então, essas células fazem a produção de GH. Após produzido, é secretado na corrente sanguínea e vai atuar em diferentes locais do organismo. Importante lembrar que o GH é um hormônio final, ou seja, ele atua diretamente em muitos tecidos do organismo. O hormônio GH é secretado com um padrão pulsátil e o maior pico secretor acontece na primeira hora após o sono. Durante a infância a secreção é estável, porém na puberdade há um pico maior induzido pelo estrogênio nas Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed meninas e testosterona nos meninos. Esse pico na puberdade que é o responsável pelo estirão de crescimento. Quais são as ações do GH? O crescimento em si, como remete o nome “Hormônio do Crescimento”, é uma das importantes funções do hormônio. Mas não é a única. Uma ação também importante é o aumento da síntese de proteínas e consequente aumento da deposição proteica em diversos tecidos. Esse aumento da síntese se dá por diversos “caminhos”, como aumento da transcrição de DNA e aumento de tradução do RNA. E, além de aumentar a síntese de proteínas, o hormônio também leva a redução do catabolismo, ou seja, da degradação proteica. Além de atuar no metabolismo das proteínas, o GH atua no metabolismo de gorduras, aumentando a utilização das mesmas como fonte energética. Ou seja, ele estimula a lipólise. O que o GH faz é liberar os ácidos graxos presentes no tecido adiposo. Os ácidos graxos são convertidos em acetil coenzima-A (Acetil Co-A), e esse é utilizado como fonte energética. Combinando-se as duas ações citadas acima, percebemos que o GH promove um aumento de massa magra, pois aumenta massa proteica e reduz o tecido adiposo. Resumindo - O GH irá atuar: Estimulando a lipólise; Estimulando o sistema imunológico Estimulando o crescimento ósseo Estimulando a produção de IGF’s Estimulando as células primárias ósseas Estimulando a síntese proteica Aumentando a retenção de cálcio e a mineralização óssea Função do GH - promover crescimento de ossos e cartilagens. Quanto ao crescimento ósseo e cartilaginoso, o GH não atua diretamente. Ele estimula a produção de substâncias pelo fígado, chamadas de somatomedinas, também chamadas de Fator de Crescimento semelhante à Insulina (IGF-I), sendo a mais importante a somatomedina C, e são essas substâncias que atuam. E assim ele cumpre uma de suas funções, que é o crescimento em si, de forma indireta. O IGF-I atua no sistema esquelético, estimulando a produção e deposição de proteínas, tanto pelas células osteogênicas, quanto pelas células condrocíticas. Dessa forma, há aumento da matriz óssea. Além disso, aumenta a reprodução dessas células para que o efeito seja maior. Mas, se há células condrocíticas, há formação de cartilagem. O GH tem a capacidade de converter células condrocíticas em células osteogênicas, e assim forma-se o osso. Mas, é claro que esse processo não ocorre de forma desregulada. Há crescimento ósseo tanto em comprimento quanto em espessura. O crescimento ósseo no comprimento ocorre pela formação de cartilagem nas epífises, e então essa cartilagem é substituída por matriz óssea, até que chegue em uma certa fase, depende da idade e fatores hormonais por exemplo, e as epífises se fechem. Quando ocorre o fechamento epifisário, não há mais crescimento ósseo longitudinal. Já o crescimento em espessura ocorre graças ao periósteo. O periósteo é uma camada que reveste externamente os ossos, e nele há diferentes tipos celulares da linhagem osteogênica. Um desses é o osteoblasto, uma célula que Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed realiza deposição de matriz óssea. Os osteoblastos são estimulados pelo GH. Em contrapartida, há os osteoclastos que realizam absorção óssea, em outras palavras, degradam o osso. O aumento da espessura óssea ocorre quando a taxa de deposição pelos osteoblastos, os quais são influenciados por GH, for maior que a taxa de degradação. Uma vez que aumenta a utilização de ácidos graxos como fonte energética, o GH poupa a utilização de carboidratos para produção de energia. E, além de reduzir a utilização de glicose, também estimula a produção de glicose pelo fígado num processo chamado de gliconeogênese. Com isso, há aumento das concentrações séricas de glicose. O GH aumenta também a secreção de insulina, porém atenuada, ou seja, reduz os efeitos da insulina. Isso pode provocar um efeito conhecido como “efeito diabetogênico do GH”, pois há uma alta concentração de insulina, mas que não consegue exercer seu papel, pois o GH gera “resistência insulínica”. E há também uma alta concentração de glicose na circulação sanguínea. Esse ambiente criado, havendo redução dos efeitos insulínicos, ao mesmo tempo que aumenta a glicose, serve para que haja o metabolismo suficiente ao crescimento, ausência de insulina e de carboidratos, o GH não consegue promover o crescimento. Os mecanismos que podem levar a uma deficiência do hormônio de crescimento incluem: • Produção insuficiente do hormônio liberador de hormônio do crescimento hipotálamo. • A deficiência na produção do hormônio de crescimento pela glândula pituitária. • Diminuição da produção de IGF I no fígado. • Defeitos ou alterações no receptor de hormônio de crescimento encontrada nas células do corpo. Várias doenças podem levar a um déficit de hormônio do crescimento. Entre elas estão os seguintes: • Falta de oxigênio ao nascer • Doenças do cérebro, a hipófise ou do fígado • Anormalidades no receptor de hormônio de crescimento • Alterações de natureza auto-imune • Alguns defeitos genéticos raros da natureza. Nos casos em que a deficiência de hormônio do crescimento é causada por uma alteração das deficiências hormônio hipofisário pode levar a outros processos de doença. Fatores que afetam a liberação de gh: o ritmo circadiano de secreçãotônica o influência dos nutrientes circulantes o estresse o outros hormônios Fatores estimulantes da produção do gh: o jejum o arginina o hormônio da puberdade (estrogênio e testosterona) o estresse o exercícios o estágios III e IV do sono o agonistas alfa-adrenérgicos Fatores inibitórios do gh: o aumento da concentração de glicose Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed o aumento da concentração de ácido graxo livre o obesidade o senescência (envelhecimento) o somatostatina o somatomedinas o hormônio do crescimento o agonistas beta-adrenérgicos o gravidez Objetivo 02: Reconhecer os desvios do crescimento (inclusive nanismo e gigantismo) Condutas recomendadas para algumas situações de desvio no crescimento A seguir, serão apresentadas algumas considerações sobre o manejo de situações de desvio no crescimento da criança com até 5 anos de idade: Sobrepeso ou obesidade o Verifique a existência de erros alimentares, identifique a dieta da família e oriente a mãe ou o cuidador a administrar à criança uma alimentação mais adequada, de acordo com as recomendações para uma alimentação saudável para a criança (veja as orientações no capítulo 9, referente à alimentação saudável). o Verifique as atividades de lazer das crianças, como o tempo em frente à televisão e ao videogame, estimulando-as a realizar passeios, caminhadas, andar de bicicleta, praticar jogos com bola e outras brincadeiras que aumentem a atividade física. o Encaminhe a criança para o Nasf, se tal possibilidade estiver disponível. o Realize a avaliação clínica da criança. Magreza ou peso baixo para a idade Para crianças menores de 2 anos: o Investigue possíveis causas, com atenção especial para o desmame. o Oriente a mãe sobre a alimentação complementar adequada para a idade. o Se a criança não ganhar peso, solicite seu acompanhamento no Nasf, se tal possibilidade estiver disponível. o Oriente o retorno da criança no intervalo máximo de 15 dias. Para crianças maiores de 2 anos: o Investigue possíveis causas, com atenção especial para a alimentação, para as intercorrências infecciosas, os cuidados com a criança, o afeto e a higiene. o Trate as intercorrências clínicas, se houver. o Solicite o acompanhamento da criança no Nasf, se tal possibilidade estiver disponível. o Encaminhe a criança para o serviço social, se isso for necessário. o Oriente a família para que a criança realize nova consulta com intervalo máximo de 15 dias. Magreza acentuada ou peso muito baixo para a idade o Investigue possíveis causas, com atenção especial para o desmame (especialmente para os menores de 2 anos), a alimentação, as intercorrências infecciosas, os cuidados com a criança, o afeto e a higiene. o Trate as intercorrências clínicas, se houver. o Encaminhe a criança para atendimento no Nasf. o Encaminhe a criança para o serviço social, se este estiver disponível. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed o Oriente a família para que a criança realize nova consulta com intervalo máximo de 15 dias. Particularidades da criança prematura ou com restrição do crescimento intrauterino O acompanhamento do crescimento de crianças pré-termo ou com baixo peso para a idade gestacional exige um cuidado maior, pois elas não tiveram seu crescimento intrauterino adequado. O acompanhamento ideal das crianças pré-termo exige a utilização de curvas específicas ou que se corrija a idade cronológica até que completem 2 anos de idade para a utilização das curvas-padrão. A idade corrigida (idade pós-concepção) traduz o ajuste da idade cronológica em função do grau de prematuridade. Considerando-se que o ideal seria nascer com 40 semanas de idade gestacional, deve-se descontar o número de semanas que faltaram para o feto atingir essa idade gestacional ou seja, para uma criança nascida com 36 semanas, o peso aos 2 meses será registrado na idade de um mês. A maioria dos autores recomenda utilizar a idade corrigida na avaliação do crescimento e desenvolvimento de crianças pré-termo no mínimo até os 2 anos de idade, para não subestimá-los na comparação com a população de referência. A correção pela idade gestacional permite detectar mais precisamente um período de crescimento compensatório, que geralmente ocorre próximo do termo, para crianças pré- termo de diversas idades gestacionais. O crescimento compensatório (catch up) é caracterizado por uma velocidade acelerada no crescimento, que ocorre após um período de crescimento lento ou ausente, o que permite que crianças pré-termo que apresentam peso, comprimento e perímetro cefálico abaixo do percentil mínimo de normalidade nas curvas de crescimento pós- natal consigam equiparar o seu crescimento ao de lactentes a termo nos primeiros anos de vida. Em geral, ocorre primeiro com o perímetro cefálico, seguido pelo comprimento e depois pelo peso. Crianças que, além de prematuras, apresentaram restrição de crescimento intrauterino têm médias inferiores de peso, comprimento e perímetro cefálico aos 2 anos de idade corrigida, quando comparadas com crianças-controle da mesma idade gestacional. A restrição do crescimento pósnatal, mais especificamente o menor perímetro cefálico, por sua vez, relaciona-se com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor aos 2 anos de idade corrigida. Embora toda criança com peso de nascimento inferior a 2.500g seja considerada de risco, bebês pré-termo (nascidos com menos de 37 semanas de gestação) com peso adequado para a idade gestacional têm melhor prognóstico (excetuando-se os de menos de 1.000g), especialmente aqueles que vivem em condições ambientais favoráveis. Tais crianças apresentam crescimento pós-natal compensatório, chegando ao peso normal para a idade ainda durante o primeiro ano de vida. Toda criança com história de baixo peso ao nascer deve ser considerada criança de risco nutricional e deve ser acompanhada com maior assiduidade pelos serviços de saúde, principalmente no primeiro ano de vida. Isso não apenas pelo risco ampliado de internações e maior mortalidade infantil no primeiro ano de vida, mas também pelo risco ampliado de desenvolver doenças Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed crônicodegenerativas na vida adulta, tais como hipertensão arterial sistêmica, infarto do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais e diabetes, quando ao longo da vida há um ganho excessivo de peso. O peso ao nascer, que é reflexo do desenvolvimento intrauterino, está inversamente ligado à suspeita de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor aos 12 meses. Da mesma forma, o comprimento ao nascer reflete o crescimento intrauterino. Por tal razão, tem sido sugerido que isso pode afetar mais tarde a altura. Além disso, o crescimento pós-natal também tem sido relacionado com a altura alcançada na idade adulta. Justifica-se, então, um acompanhamento diferenciado do desenvolvimento das crianças com baixo peso ao nascer e as provenientes de famílias com condições socioeconômicas menos favoráveis durante o primeiro ano de vida. As crianças com baixa estatura para a idade tendem a ter menor rendimento escolar no futuro, redução da produtividade econômica, menor altura e, no caso das mulheres, descendentes com menor peso ao nascer. Como agravante, as crianças que sofreram restrição do seu crescimento intrauterino ou nos dois primeiros anos de vida e que mais tarde passaram a ganhar peso rapidamente estão particularmente em risco de adquirir doenças crônicas cardiovasculares e metabólicas. Isso sugere que o dano sofrido no início da vida leva à incapacidade permanente e pode afetar também as gerações futuras. Sua prevenção provavelmente irá trazer importantes benefícios de saúde, educação e econômicos Anormalidades da Secreção do Hormônio do Crescimento Pan-hipopituitarismo Significa que há secreção reduzida de todos os hormônios da hipófise anterior. - Essa baixa secreção pode ser congênita: presente desde o nascimento ou Repentina ou lentamente: em qualquer momento da vida, resultando, na maioria das vezes, de tumor hipofisário que destrói a hipófise. Pan-hipopituitarismo no Adulto. O pan-hipopituitarismo, que ocorre no início da vida adulta, resulta, frequentemente, de uma entre três anormalidades comuns. - Duas condições tumorais: que são os craniofaringiomas ou tumores cromófobos, que podem comprimir a hipófise até que as células funcionantes na região anterior da hipófise sejam completas ou quase totalmente destruídas. - A terceira condição é a trombose dos vasos sanguíneos hipofisários: geralmente ocorre no pós-parto, quando a mãe desenvolve choque circulatório depois do nascimento de seu bebê. • Os efeitos gerais do pan-hipopituitarismo no adulto são: (1) hipotireoidismo; (2) diminuição da produção de glicocorticoides pelas glândulas adrenais; e (3) secreção suprimida dos hormônios gonadotrópicos, de modo que as funções sexuais são perdidas. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed • O quadro clínico é o de: - Pessoa letárgica: pela ausência de hormônios tireoidianos, - Ganho de peso: devido à ausência de mobilização das gorduras pelos hormônios do crescimento, adrenocorticotrópico, adrenocorticais e tireoidianos; e - Perda de todas as funções sexuais. • Tratamento: - Com exceção da anormalidade das funções sexuais, o paciente pode ser tratado, satisfatoriamente, com a administração de hormônios adrenocorticais e tireoidianos. Nanismo • A maioria das circunstâncias de nanismo resulta de deficiência generalizada da secreção da hipófise anterior (pan- hipopituitarismo) durante a infância. • Em geral, todas as partes físicas do corpo se desenvolvem em proporção adequada entre si, mas o desenvolvimento está muito reduzido. - Uma criança com 10 anos de idade pode apresentar o desenvolvimento corporal de uma criança com idade de 4 a 5 anos, e essa mesma pessoa, aos 20 anos de idade, pode apresentar o desenvolvimento corporal de criança entre 7 e 10 anos. • Uma pessoa portadora de nanismo por pan-hipopituitarismo não entra na puberdade e não secreta quantidades suficientes de hormônios gonadotrópicos para desenvolver as funções sexuais adultas. - Em um terço desses casos, no entanto, apenas o hormônio do crescimento está deficiente; essas pessoas apresentam maturidade sexual e ocasionalmente se reproduzem. - Em um tipo de nanismo (o pigmeu africano e o anão de Lévi-Lorain), a secreção do hormônio do crescimento está normal ou elevada, mas existe incapacidade hereditária de produzir somatomedina C, que é a etapa-chave para a promoção do crescimento pelo hormônio do crescimento. Gigantismo • Ocasionalmente, as células acidofílicas produtoras do hormônio do crescimento da hipófise ficam excessivamente ativas e, às vezes, até mesmo tumores acidofílicos ocorrem na glândula. Como consequência, são produzidas grandes quantidades de hormônio do crescimento. Todos os tecidos do corpo crescem rapidamente, inclusive os ossos. Se a condição ocorrer antes da adolescência, antes que a fusão das epífises dos ossos longos ocorra, o tamanho aumenta, de modo que a pessoa se torna um gigante — com até 2,43 metros de altura. • O gigante, em geral, apresenta hiperglicemia, e as células beta das ilhotas de Langerhans no pâncreas costumam degenerar porque se tornam hiperativas devido à hiperglicemia. Consequentemente, em cerca de 10% dos gigantes, eventualmente, desenvolve-se diabetes melito franco. Na maioria dos gigantes, na ausência de tratamento, é possível que se desenvolva pan- hipopituitarismo porque o gigantismo é, geralmente, causado por tumor da hipófise que cresce até que a glândula, propriamente dita, seja destruída. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed • Essa eventual deficiência global dos hormônios hipofisários, em geral, leva à morte no começo da idade adulta. No entanto, depois que o gigantismo é diagnosticado, outros efeitos podem, frequentemente, ser bloqueados pela remoção do tumor por microcirurgia ou pela radioterapia da hipófise. Acromegalia • Se um tumor acidofílico ocorrer depois da adolescência — ou seja, depois da fusão das epífises dos ossos longos —, o paciente não pode crescer mais, mas os ossos ficam mais espessos e os tecidos moles continuam a crescer. • O aumento é, especialmente, acentuado nos ossos das mãos e dos pés e nos ossos membranosos, incluindo o crânio, o nariz, as bossas na testa, os sulcos supraorbitários, a maxila inferior e as porções das vértebras, porque seu crescimento não cessa na adolescência. • Consequentemente, ocorre protrusão da mandíbula inferior, às vezes chegando até mais de 10 mm, a testa se inclina para a frente devido ao desenvolvimento excessivo dos sulcos supraorbitários, o nariz chega a dobrar de tamanho, os pés aumentam, e os sapatos chegam ao tamanho 45 ou mais, os dedos apresentam espessamento extremo, de modo que as mãos atingem quase duas vezes o tamanho normal. • Além desses efeitos, as mudanças nas vértebras, em geral, levam à curvatura das costas, que é conhecida clinicamente como cifose. Finalmente, muitos órgãos de tecidos moles, como a língua, o fígado e especialmente os rins, apresentam-se muito aumentados. Tratamento com Hormônio do Crescimento Humano o Os hormônios do crescimento de diferentes espécies de animais são bastante diferentes entre si, de modo que só vão dar origem ao crescimento apenas em uma espécie ou, na maioria das vezes, em espécies muito próximas. Por esse motivo, o hormônio do crescimento preparado a partir de animais inferiores (exceto, até certo ponto, dos primatas) não é eficaz nos seres humanos. Consequentemente, o hormônio do crescimento do ser humano é chamado hormônio do crescimento humano para distingui-lo dos outros. No passado, como o hormônio do crescimento precisava ser preparado a partir de hipófises humanas, era difícil obter quantidades suficientes desse hormônio para o tratamento de pacientes portadores de deficiência de hormônio do crescimento, exceto em base experimental. No entanto, o hormônio do crescimento humano pode agora ser sintetizado pela bactéria Escherichia coli, como resultado da aplicação bem-sucedida da tecnologia do DNA recombinante. Por isso, esse hormônio agora está disponível em quantidades suficientes para fins terapêuticos. Os anões portadores apenas de deficiência de hormônio do crescimento podem ser completamente curados se forem tratados precocemente em suas vidas. O hormônio do crescimento humano também pode revelar- se benéfico em outros distúrbios metabólicos, devido às suas amplas funções metabólicas. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Objetivo 03: Descrever os desvios do desenvolvimento. Distúrbios no Desenvolvimento Os fatores de risco para problemas de desenvolvimento podem ser classificados em genéticos (por exemplo: síndrome de Down), biológicos (por exemplo: prematuridade, hipóxia neonatal, meningites) e/ou ambientais (fatores familiares, de ambiente físico, fatores sociais. No entanto, a maior parte dos traços de desenvolvimento da criança é de origem multifatorial e representa a interação entre a herança genética e os fatores ambientais. O baixo peso ao nascer e a prematuridade são eventos que aumentam o risco da criança para alterações globais em seu desenvolvimento (tais como: distúrbios de linguagem, de motricidade, de aprendizagem e atraso neuropsicomotor). O déficit mental caracteriza-se por um estado de redução notável do funcionamento intelectual significativamente inferior à média, que se inicia durante o período de desenvolvimento da criança e está associado a limitaçõesem pelo menos dois aspectos do funcionamento adaptativo: comunicação, cuidados pessoais, atividades de vida diária, habilidades sociais, utilização dos recursos comunitários, autonomia, aptidões escolares, lazer e trabalho. A hipóxia perinatal e as infecções congênitas são as condições mais prevalentes que levam as crianças a apresentar déficit mental. Paralisia Cerebral Conceito: A paralisia cerebral se refere a um grupo de sintomas que engloba dificuldade de movimentação e rigidez muscular (espasticidade). Ela resulta de malformações cerebrais que ocorrem antes do nascimento durante a época em que o cérebro está se desenvolvendo, ou de danos cerebrais que ocorrem antes, durante ou logo após o nascimento. Exemplos dos tipos de PC são: o Diplegia espástica pós-nascimento pré- termo o Tetraparesia espástica pós-asfixia perinatal o Formas atetoide e distônica pós-asfixia perinatal ou kernicterus Categorias das síndromes de Paralisia Cerebral ( de acordo com a parte do SNC malformado ou lesado): o Síndromes espásticas ocorrem em > 70% dos casos. Espasticidade é um estado de resistência ao movimento passivo; a resistência progride com o aumento da velocidade do movimento. Deve-se ao envolvimento de neurônios motores superiores e pode afetar a função motora discreta ou gravemente. Essas síndromes podem exibir hemiplegia, quadriplegia, diplegia ou paraplegia. Geralmente nos membros afetados, há aumento dos reflexos tendíneos profundos, os músculos são hipertônicos e os movimentos voluntários são fracos e incoordenados. Desenvolvem-se contraturas articulares, e as articulações podem tornar-se desalinhadas. A “marcha em tesoura” e na ponta dos pés é típica. Nos casos leves, o enfraquecimento pode ocorrer apenas durante certas atividades (p. ex., corridas). Na quadriplegia, geralmente ocorre deficiência corticobulbar associada aos Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed movimentos oral, lingual e palatal, com consequente disartria ou disfagia. o Síndromes atetoides ou discinéticas ocorrem em cerca de 20% dos casos e devem-se ao comprometimento dos gânglios da base. As síndromes são definidas por movimentos lentos, retorcidos e involuntários das extremidades proximais e do tronco (movimentos atetoides), frequentemente ativados por tentativas de movimentos voluntários ou por estimulação. Podem ocorrer movimentos distais abruptos (movimentos coreicos). Os movimentos aumentam com a tensão emocional e desaparecem durante o sono. A disartria pode ocorrer e é geralmente grave. o Síndromes atáxicas ocorrem em < 5% dos casos e resultam do envolvimento do cerebelo ou suas vias. Fraqueza, incoordenação e tremores intencionais provocam instabilidade, marcha com base alargada e dificuldade com os movimentos finos e rápidos. o Síndromes mistas são comuns — mais frequentemente com espasticidade e atetose. ➔ Achados associados à Paralisia Cerebral: Estão presentes em cerca de 25% dos pacientes, a maioria com espasticidade. Podem ocorrer estrabismo e outros defeitos visuais. Crianças com atetose por kernicterus geralmente apresentam surdez neural e olhar fixo para cima paralítico. Muitas crianças com hemiplegia espástica ou paraplegia têm inteligência normal; crianças com tetraplegia espástica ou uma síndrome mista podem ter deficiência intelectual grave. ➔ Características gerais da Paralisia Cerebral: Há uma grande variação nas formas como a PC se apresenta, estando diretamente relacionadas à extensão do dano neurológico: lesões mais extensas do cérebro tendem a causar quadros mais graves. Os diferentes graus de comprometimento motor e cognitivo podem levar a um leve acometimento com pequenos déficits neurológicos até a casos graves, com grandes restrições à mobilização e dificuldade de posicionamento e comprometimento cognitivo associado. As alterações da parte motora incluem, problemas na marcha (como paralisia das pernas), hemiplegia (fraqueza em um dos lados do corpo), alterações do tônus muscular (espasticidade caracterizada por rigidez dos músculos) e distonia (contração involuntária dos membros). Em casos graves, há necessidade do uso de cadeira de rodas. Já as alterações cognitivas incluem problemas na fala, no comportamento, na interação social e no raciocínio. Os pacientes também podem apresentar convulsões. 1 em cada 4 crianças com PC não consegue falar; 1 em cada 4 não pode andar; 1 em cada 2 tem deficiência intelectual; 1 em cada 4 tem epilepsia. A paralisia cerebral afeta um a dois de cada 1.000 bebês. Entretanto, ela afeta 15 de cada 100 bebês prematuros. Ela é particularmente frequente nos bebês com peso muito baixo de nascimento. A paralisia cerebral não é uma doença. e sim um conjunto de sintomas resultantes de malformações cerebrais ou danos às partes do cérebro que controlam os movimentos musculares (áreas motoras). Algumas vezes, as crianças com paralisia cerebral também apresentam Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed anomalias em outras partes do cérebro. Os danos cerebrais que resultam na paralisia cerebral podem ocorrer durante a gestação, durante o nascimento, depois do nascimento ou na primeira infância. Uma vez ocorridos os danos cerebrais, eles não pioram, embora os sintomas possam mudar à medida que a criança cresce e amadurece. Se a disfunção muscular resultar de danos cerebrais após os dois anos de idade, esta não é considerada paralisia cerebral não há cura para a paralisia cerebral, mas fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia e algumas vezes medicamentos e/ou cirurgia podem ajudar as crianças a alcançarem seu potencial máximo. Os sintomas variam desde uma falta de coordenação motora quase imperceptível a uma dificuldade significativa em movimentar um ou mais membros, até paralisia e articulações tão rígidas que elas não conseguem ser movimentadas de forma alguma. ➔ Causas Os problemas que ocorrem logo antes, durante e logo após o nascimento causam 15 a 20% dos casos. Esses problemas incluem a falta de oxigênio durante o parto, infecções e lesões cerebrais. Infecções como a rubéola, toxoplasmose, infecção pelo vírus Zika ou infecção por citomegalovírus durante a gestação ocasionalmente resultam em paralisia cerebral. Algumas vezes, as malformações cerebrais que causam a paralisia cerebral resultam de anomalias genéticas. Concentrações elevadas de bilirrubina no sangue podem dar origem a uma forma de lesão cerebral denominada Kernicterus, que pode causar paralisia cerebral. Durante os primeiros dois anos de vida, doenças graves, como a inflamação dos tecidos que revestem o cérebro (meningite), infecção grave na corrente sanguínea (sepse), lesões e desidratação grave podem causar lesões cerebrais e resultar em paralisia cerebral. Autismo Definição: é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação. -Essa tríade (desvios na comunicação, interação social e uso da imaginação) é responsável por um padrão de comportamento restrito e repetitivo, mas com condições de inteligência que podem variar do retardo mental a níveis acima da média. Causas do Autismo • As causas do autismo são desconhecidas. Acredita-se que a origem do autismo esteja em anormalidades em alguma parte do cérebro ainda não definida de forma conclusiva ou em uma origem genética. *Estudos de gêmeos idênticos indicam que a desordem pode ser, em parte, genética, porque tende a acontecer em ambos os gêmeos se acontecer em um • Além disso, admite-se que possa ser causado por problemas relacionados a fatos ocorridos durante a gestação ou no momento do parto como infecção viral, fenilcetonúria que é uma deficiência herdada de enzima,ou a síndrome do X frágil. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed • Já que as causas não são totalmente conhecidas, o que pode ser recomendado em termos de prevenção do autismo são os cuidados gerais a todas as gestantes, especialmente cuidados com ingestão de produtos químicos, tais como remédios, álcool ou fumo. Manifestações mais comuns do Autismo O autismo pode manifestar-se desde os primeiros dias de vida, mas é comum pais relatarem que a criança passou por um período de normalidade anteriormente à manifestação dos sintomas. Principais Sinais e Sintomas: • Resiste a mudanças na rotina • Resiste ao aprendizado • Apresenta apego a determinados objetos • Resistente ao contato físico • Dificuldade no uso da imaginação: compreensão literal da linguagem, falta de aceitação das mudanças e dificuldades em processos criativos. • Dificuldade de sociabilização - este é o ponto crucial no autismo, e o mais fácil de gerar falsas interpretações. Significa a dificuldade em relacionar-se com os outros, a incapacidade de compartilhar sentimentos, gostos e emoções • Ecolalia tardia: repetem frases ouvidas há horas, ou até mesmo dias antes • Dificuldade de comunicação: caracterizada pela dificuldade em utilizar com sentido todos os aspectos da comunicação verbal e não verbal. • Apresenta gestos imotivados (como se balançar) ou gestos repetitivos. *Essas manifestações são as mais comuns, mas existem muitas variações quando se observa o comportamento de uma pessoa autista Diagnóstico: É realizado através de avaliação clínica. O início do autismo é sempre antes dos três anos de idade. Os pais normalmente começam a se preocupar entre os 12 e os 18 meses, na medida em que a linguagem não se desenvolve. Um diagnóstico de transtorno autístico requer pelo menos seis critérios comportamentais, um de cada um dos três agrupamentos de distúrbios na interação social, comunicação e padrões restritos de comportamento e interesses. Há quatro critérios de definição no grupo "Prejuízo qualitativo nas interações sociais", incluindo prejuízo marcado no uso de formas não- verbais de comunicação e interação social; não desenvolvimento de relacionamentos com colegas; ausência de comportamentos que indiquem compartilhamento de experiências e de comunicação (Ex.: habilidades de "atenção conjunta" - mostrando, trazendo ou apontando objetos de interesse para outras pessoas); e falta de reciprocidade social ou emocional. Quatro critérios definidores de "Prejuízo qualitativo na comunicação" incluem atrasos no desenvolvimento da linguagem verbal, não acompanhados por uma tentativa de compensação por meio de modos alternativos de comunicação, tais como gesticulação em indivíduos não-verbais; prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversação com os demais (em indivíduos que falam); uso estereotipado e repetitivo da linguagem; e falta de brincadeiras de faz-de-conta ou de imitação social (em maior grau do que seria esperado para o nível cognitivo geral daquela criança). Quatro critérios no grupo "Padrões restritivos repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades" Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed incluem preocupações abrangentes, intensas e rígidas com padrões estereotipados e restritos de interesse; adesão inflexível a rotinas ou rituais não-funcionais específicos; maneirismos estereotipados e repetitivos (tais como abanar a mão ou o dedo, balançar todo o corpo); e preocupação persistente com partes de objetos (Ex.: a textura de um brinquedo, as rodas de um carro em miniatura). O diagnóstico de um transtorno autístico também requer desenvolvimento anormal em pelo menos um dos seguintes aspectos: social, linguagem, comunicação ou brincadeiras simbólicas/imaginativas, nos três primeiros anos de vida. Tratamento: O tratamento do autismo será feito por uma equipe multi e interdisciplinar. O autismo é um comprometimento permanente e a maioria dos indivíduos afetados por esta condição permanece incapaz de viver de forma independente. A maioria das crianças com autismo apresenta melhora nos relacionamentos sociais, na comunicação e nas habilidades de autocuidado quando crescem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • MURAHOVSCHI J, Pediatria – Diagnóstico + Tratamento - 7ª Ed. 2013 • NELSON - Tratado de Pediatria - 2 Vols. - 19ª Ed. 2013 • BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil / Ministério da Sau ́de. Secretaria de Políticas de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicac oes/crescimento_desenvolvimento.pdf. Visitado em julho de 2020.
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