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PROCESSO DECISÓRIO E TOMADA DE DECISÃO. Samira Ramos Bereta de Almeida1 Celina Maria Frias Leal Martins2 Resumo Uma decisão para ser tomada, precisa de mais de uma alternativa para solucionar o problema, diante desse contexto, este artigo objetiva abordar o estudo do processo decisório, desde suas teorias de tomada de decisão, passando por suas classificações, elementos da decisão, até seus principais modelos, racional, processual, anárquico e político, evidenciando qual modelo se encaixa melhor em uma tomada de decisão. Constatou-se que é possível escolher mais de um modelo de tomada de decisão, fazendo combinações de acordo com cada problema a ser resolvido ou aperfeiçoando modelos existentes de tomada de decisão, contudo, ainda que possa fazer combinações, o modelo racional por ser um modelo metódico, ele se torna o melhor modelo e o mais adequado, pois, funciona muito bem em diversas situações dotadas com uma boa estrutura e ambientes organizados, com regras que garantam uma colocação adequada a decisão. Entretanto, todos os modelos buscam informações para a tomada de decisão, mas a escolha dos gestores, pode levar a organização a ganhos e perdas, com isso, para tomar a decisão mais adequada, precisa-se ter habilidade, identificar o problema, analisar as informações, refletindo com clareza a situação dentro da organização. Com o uso correto de modelos de tomada de decisão para cada problema, os gestores compreenderão a estrutura organizacional, alcançarão os objetivos e terão bons resultados. Foi feito uma pesquisa da realidade praticada em organizações, apresentadas por pesquisadores do campo da decisão, estudos através da consulta bibliográfica e documental. É importante a influência dos líderes e sua consequência no sucesso das organizações. Palavras chaves: Processo Decisório; Tomada de decisão; Organizações. 1. INTRODUÇÃO Tomar uma decisão não é tão simples como pensamos. Os problemas se tornam ainda maiores, quando esta situação está no campo empresarial, a decisão tomada, geralmente, envolve toda a equipe e também pode gerar ainda mais gastos. Diante disso, é necessário que tenhamos atenção e também inteligência emocional após uma decisão tomada. 1 Aluna concluinte do curso de Bacharel em Administração da Universidade Estácio de Sá. 2 Orientadora do artigo da Universidade Estácio de Sá. Um processo de tomada de decisão pode se tornar simples ou complexo, vai depender do objetivo a ser alcançado e dos reflexos da escolha na vida pessoal ou profissional. Antes de tomar qualquer decisão, precisa-se identificar o problema, definir os critérios, analisar, escolher alternativas e verificar se a decisão tomada será eficaz. Tomar decisões é uma das funções mais importante em uma administração. O estudo sobre o processo decisório organizacional tem sido objeto de investigação de pesquisadores da área e também por gestores. Por isso, se tornou cada vez mais importante construir modelos que permitem entender melhor como tomar uma decisão e saber aplicar a melhor técnica num processo de tomada de decisão nas empresas. Com o uso correto de modelos de tomada de decisão para cada problema, os gestores compreenderão a estrutura organizacional. Um dos elementos importantes, são as graves limitações que enfrenta o processo decisório e o dispêndio de tempo e energia que provoca. As organizações procuram reduzir as necessidades das equipes de se envolverem em processos complexos de tomada de decisão. A tentativa se faz por meio da automatização dos sistemas operacionais e pelo estabelecimento de procedimentos padronizados para tentar cobrir as possíveis falhas (ORASUNO 1995; p. 137-138). Gomes, Gomes e Almeida afirmam que: Tomar decisões complexas é, de modo geral, uma das mais difíceis tarefas enfrentadas individualmente ou por grupos de indivíduos, pois quase sempre tais decisões devem atender a múltiplos objetivos, e frequentemente seus impactos não podem ser corretamente identificados (GOMES, GOMES e ALMEIDA 2002; p. 12-13). É indispensável, de início, identificar com propriedade, “qual o melhor modelo a ser usado em uma tomada de decisão?”. Este artigo abordará o tema sobre o processo de tomada de decisão, tendo como referencial teórico os modelos de tomada de decisão apresentados por Choo (2003). Objetivando uma reflexão sobre o estudo do processo decisório e suas teorias, baseado em pesquisas sobre a tomada de decisão e suas consequências, completando com os modelos mais usados no processo decisório para a tomada de decisão. Além disso, a importância de identificar como as escolhas dos gestores na tomada de decisão dentro do processo decisório, pode levar a organização a ganhos e perdas, para tanto o gestor precisa ter habilidades precisas na hora de fazer a escolha. Essa pesquisa foi desenvolvida com arquivos particulares e públicos além de consultas bibliográficas. É preciso ressaltar que um bom diagnóstico é apenas um ponto de partida, o objetivo deve ser bem definido e seus reflexos com outros pontos da organização bem delimitados. Quanto mais específico e isolado o objetivo fica mais fácil trabalhar com ele. 2. PROCESSO DECISÓRIO O processo decisório é constituído por um conjunto de estratégicas e ações, que formam a tomada de decisão. Depende tanto das características individuais do gestor, quanto da situação em que está envolvido. O gestor precisa ter habilidades para escolher a melhor estratégia, dentro de muitas opções, mas antes, ele precisa identificar o problema, buscar informações necessárias, fazer um bom diagnóstico e avaliar as decisões, para que assim, obtenha um resultado esperado. Os gestores assumem comportamentos precisos, ligados ao papel decisório, onde adquirem capacidade analítica para identificarem e solucionarem o problema. Definido o problema, o tomador de decisões deve planejar as possíveis soluções. Para se encontrar boas alternativas, salientam-se tais como: • Experiência anterior; • Práticas de competidores ou de empresas; • Sugestões propostas pelas partes envolvidas, sejam fornecedores, clientes ou empregados. Essas ideias, são úteis e servem como indicadores, mas não é bom o administrador confiar inteiramente. Após o diagnóstico de um problema e do planejamento de diversas boas soluções, o administrador deve avaliar as consequências que poderão advir da adoção de cada alternativa. Uma das etapas da tomada de decisão, implica em: • Selecionar os fatores importantes; • Prever realmente o conjunto de consequências de cada alternativa; • Caso haja alguma incerteza, adicionar probabilidade subjetiva de que as consequências previstas ocorrerão. Alguns motivos que atuam direta ou indiretamente no processo decisório, são as dúvidas e pouca informação. A decisão é fruto da racionalidade. Simon, um economista que fala sobre a decisão administrativa, ganhador do prêmio Nobel, foi o primeiro autor a identificar os tipos de racionalidade. A racionalidade é capaz de usar a razão para conhecer, analisar e elaborar pensamentos, é ela que orienta o gestor a escolher entre tantas alternativas, fazendo assim, escolhas conscientes. O autor afirma que, para ser compreendido com clareza, a palavra “racionalidade”, precisa vir acompanhada de um adjetivo. Características da racionalidade, a saber: Racionalidade objetiva: Quando o decisório baseia-se em fatos concretos, ou seja, que alcançam os objetivos; Racionalidade subjetiva: Quando o decisório baseia-se em informações e conhecimentos reais; Racionalidade consciente: Quando os meios constitui um processo consciente; Racionalidade deliberada: Quando a combinação dos meios, se deu a provocação de uma organização; Racionalidade organizacional: Quando é direcionado aos objetivos; Racionalidade pessoal: Quando deseja o objetivode outro indivíduo. Simon (1972; p. 6), ainda afirma que “a alternativa escolhida, não permite uma análise ou uma realização completa e perfeita dos objetivos, caracterizando apenas a melhor solução encontrada naquela circunstância”. O processo decisório se desenvolve ainda em sete etapas: 1. Percepção da situação que envolve um problema; 2. Análise e definição do problema; 3. Definição dos objetivos; 4. Procura de alternativas; 5. Avaliação e comparação dessas alternativas; 6. Seleção de alternativas mais satisfatórias; 7. Implementação da alternativa escolhida. Cada uma dessas etapas, influencia todo o processo decisório, porém, nem sempre essas etapas são seguidas à risca. Para Gomes (2019): “Todo esforço possível deve ser empreendido para chegar-se a uma ampla compreensão dos valores subjacentes aos objetivos do problema. Nessa medida, a análise de cenário pode ajudar substancialmente, uma vez que a elaboração de estratégias não apenas é um exercício dinâmico, mas também uma oportunidade de similar a realidade, com isso, estruturando melhor o problema de decisão (GOMES; 2019, p. 4). Quando tomamos decisões, quase nunca utilizamos os elementos de uma tomada racional de decisões, como a busca por alternativas, a avaliação da situação, as decisões cumprem funções do inconsciente não diretamente relacionadas com as questões a ser decididas. No entanto, não é possível compreender o significado de uma decisão sem a avaliação da situação em que ela é tomada. 3. TEORIA DAS DECISÕES As organizações dependem muito do resultado de uma decisão tomada pelos seus membros, em decorrência da decisão, ela será bem ou malsucedida. A maioria das decisões são tomadas no dia-a-dia da empresa, de maneira padronizada e de acordo com princípios e experiências passadas. Para que uma decisão não seja tomada de maneira incerta e arriscada, os membros das organizações precisam elaborar e analisar planos e dar a solução adequada para cada situação. Simon (1971) utilizou a teoria das decisões para explicar o comportamento nas organizações, para ele “cada pessoa participa racional e consequentemente da organização, escolhendo e tomando decisões”. Para Simon, a organização “é um complexo sistema de decisões”. Não são apenas os gestores que tomam decisões, mas sim, todas as pessoas em uma organização, em todas as áreas de atividades. O momento da decisão é caracterizado pela escolha de uma alternativa, toda decisão é uma opção entre alternativas. Sempre que existe mais de uma alternativa para uma opção, surge a necessidade de optar. Se não existe a possibilidade de escolha, não há decisão, irá existir apenas um fato. 3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS DECISÕES As decisões podem ser classificadas em dois grupos: 1. Decisões programadas: são decisões repetitivas, cotidianas e bem programadas, com procedimentos já estabelecidos e para a solução do problema; 2. Decisões não programadas: são decisões aleatórias, onde não existe procedimento definido para solucionar o problema. 3.2 ELEMENTOS DA DECISÃO Entre várias alternativas disponíveis, a decisão é um procedimento de análise e escolha, que o decisório deverá seguir. Toda decisão envolve seis elementos: 1. Decisório: é a pessoa que faz uma escolha, entre várias alternativas; 2. Objetivos: são os objetivos aos quais o decisório pretende alcançar; 3. Preferências: são os critérios que o decisório usa para definir suas escolhas; 4. Estratégia: é o curso de ação que o decisório escolhe para melhor atingir seus objetivos; 5. Situação: são os aspectos do ambiente que envolve o decisório. 6. Resultados: é a consequência da estratégia usada pelo decisório. Para MARCH e SIMON (1966), “todo tomador de decisão quando se depara com uma situação que precisa ser resolvida, ele elabora estratégias para alcançar seus objetivos”. O processo decisório se baseia na racionalidade, na adequação aos objetivos que se pretende alcançar, pois, cada decisório define a situação por meio de processos afetivos e cognitivos, de acordo com sua personalidade. 3.3 AS DECISÕES E SUAS CONSEQUÊNCIAS A análise das alternativas, implica na avaliação de suas consequências, dos acontecimentos que sobreviverão à escolha. Toda decisão tem consequências e riscos, mas uma vez concluída, o caminho está traçado e é unilateral. Existem dois fatores que não podem deixar de ser considerados na análise das consequências. Grau de certeza ou incertezas; Nível de risco existente no processo decisório. 3.3.1 Certezas ou incerteza A decisão é definida pelo resultado esperado. Quando há certeza, não há conflito na escolha. Mas a incerteza torna a decisão problemática e complexa. A palavra certeza têm conceitos: Subjetivo: que apresenta a segurança pessoal de um determinado conhecimento; Objetivo: apresentada pela garantia que um conhecimento oferece de sua verdade. Quando se trata de certeza de informação, damos sentido a palavra no subjetivo e tentamos conferir-lhe no caráter objetivo. Confundimos muito a ideia de certeza com a da verdade. Na maioria das vezes as decisões são tomadas em um clima de incertezas. Em muitas situações, a incerteza é inerente ao processo, e o que se deve evidenciar, é que não há necessariamente uma relação direta entre incerteza e segurança. A incerteza é objetiva e a insegurança, subjetiva. 3.3.2 Risco Muitas decisões envolvem riscos, dessa forma, procuramos sempre a alternativa menos arriscada e que gere menos custo. O risco vai depender muito de consequências desagradáveis, a experiência e a autonomia do decisório de tomar a decisão e da possibilidade de alcançar os objetivos. A proporção do risco na decisão depende de duas variáveis: A autonomia do decisório; A condição de alcance do objetivo da decisão. O poder de decisão está ligado a pessoa do decisório, seja pelos seus atributos ou pela sua condição. Para o risco ser baixo ou nulos, o decisório precisa dispor de autonomia e ter um grau alto de viabilidade, dessa forma, as consequências serão previsíveis, ao contrário a decisão deverá ser evitada. 4. O GESTOR E OS MODELOS DE DECISÃO Em tempos atrás para se tomar uma decisão, os gestores recorriam as suas experiências anteriores. Se o resultado for positivo, adotava a mesma ação, caso contrário procurava outro plano. É claro, que é uma ação arriscada, pois o modelo que foi usado anteriormente pode não ser apropriado. Uma escolha errada, pode gerar problemas para a organização no momento de implantar as decisões. Uma administração é constituída de muitas decisões, desde o nível mais baixo na hierarquia. Os gestores tomam muitas decisões no desempenho de suas funções. Uma administração é constituída de uma série de decisões tomadas pelos executivos de uma organização. Quando surge um problema em uma empresa e o administrador não percebe, ou não o quer perceber, ele não age e esta atitude pode ser considerada uma decisão, como uma medida positiva ou negativa. Permitir que um problema permaneça é, também, uma decisão. Dessa forma, muitas decisões efetuam-se inconscientemente, provocando o aparecimento de muitos problemas. Nas organizações as decisões mais importantes, especialmente aquelas que têm consequências futuras, são geralmente tomadas em grupo. Os gestores junto com os outros membros da organização, passam a maior parte do tempo em reuniões, grande parte desse tempo envolve a definição de problemas e busca de soluções para esse problema. A tomada de decisão em grupo tem características diferentes das decisões individuais e tem vantagens e desvantagens. Um grupo traz para o processo de decisão uma quantidade de experiências e perspectivas que um gestor sozinho não consegue. Além disso, quando a tomada de decisão é feita em grupo acontece um comprometimentomaior das pessoas envolvidas sobre a solução encontrada. Mas, também tem grandes desvantagens, uma delas é que demora mais tempo a ser tomada. Pode levar também que uma minoria domine o grupo em casos de desequilíbrio do grupo em termos de posição hierárquica, conhecimentos sobre o problema, experiência, influência sobre outros membros do grupo. Para Clancy e Krieg (2002); Algumas decisões são tomadas à base de testosterona, muitas vezes feitas por gestores, diretores de marketing e de publicidade que praticamente optam por uma das alternativas que eles conseguem vislumbrar, e agem pronta a energeticamente se ter a informação necessária (Clancy e Krieg; 2002, p. 14). Tomar decisões, faz parte do trabalho dos administradores, foi destacado por diversos pesquisadores e estudiosos da administração, como Fayol e Mintzberg. Simon (1972) diz que “tomada de decisão pode ser dita como sinônimo de administração”. Ao considerar desta forma a administração, Simon não pretende se referir apenas ao ato final da escolha entre alternativas, mas a todo processo. Simon ainda afirma que, a decisão compreende três fases principais: encontrar e identificar as situações em que deve ser tomada a decisão, determinar os possíveis cursos de ação e se decidir entre um deles. Todo esse trabalho consomem boa parte do tempo disponível dos membros das organizações, além de variar muito conforme o nível da organização. Simon (1972), esclarece que o processo decisório passa por três fases: A primeira fase do processo, é a análise do ambiente procurando-se identificar as situações que exigem decisão. A segunda, de criar, desenvolver e analisar possíveis cursos de ação, chamada de estruturação e a terceira fase, de escolher uma linha determinada de ação entre as disponíveis, designada como atividade de escolha (SIMON; 1972, p.14). Esses ciclos, são muito mais complexos do que sugere essa sequência. Essas três etapas do processo decisório, estão estreitamente relacionadas com os estágios de solução de problemas. É importante acrescentar e providenciar para que as decisões sejam executadas. Existem muitos modelos de tomada de decisão. O modelo mais utilizado é o racional. Este modelo funciona muito bem em situações dotadas com uma boa estrutura e ambientes organizados, com regras que garantam uma colocação adequada da decisão. Por ser um modelo metódico, pode ser reproduzido diversas vezes, em variadas situações. Gomes (2019, p. 19) diz que, “a modelagem de um problema de decisão pode contar com a participação de um ou mais agentes decisórios e utilizar um ou mais critérios durante a avaliação”. Simon destaca que: Ao tomar um decisões administrativas é preciso escolher continuamente premissas factuais, cuja veracidade ou falsidade não se conhece claramente e nem se pode determinar com segurança à luz das informações e do tempo disponíveis para chegar-se a uma decisão (SIMON, 1971; p.06). Portanto, quanto mais nos aprimoramos no assunto, conseguiremos ainda mais compreender o processo de tomar decisões e a desenvolver as atividades do administrador. Destacamos como principais modelos de tomada de decisão, o modelo racional, processual, anárquico e político, esses modelos foi utilizado como referencial teórico os conceitos de Choo (2003) aos modelos de tomada de decisão. Sendo assim, foi analisado cada um dos modelos propostos pelo autor. 4.1 MODELO RACIONAL No modelo racional, a tomada de decisões é orientado com objetivos e guiado por problemas, é um comportamento de escolha regulado por normas e rotinas, fazendo com que a organização possa agir de uma maneira procedimental e internacionalmente racional. Este modelo foi desenvolvido, por MARCH e SIMON (1975), MARCH (1994) e CYERT e MARCH (1992). De acordo com esse modelo, é suposto que o decisório seja um agente racional que acolhe a melhor solução, após comparar e avaliar todas as alternativas possíveis. Na prática, há um elevado grau de incertezas e de inseguranças nas informações sobre alternativas, resultados e objetivos. O modelos de tomada de decisão de CYERT e MARCH (1992; p. 175) compõe- se de quatro conceitos: 1) evitar incertezas; 2) resolução do conflito; 3) busca motivada por problemas; 4) aprendizado organizacional. Para conseguir obter decisões de qualidade com esse modelo, precisa-se utilizar procedimentos racionais. Este modelo, segue um modelo teórico e normativo, ao qual modela o processo decisório, o tornando mais racional. Segundo Robbins: Quando enfrentam problemas simples, com poucas alternativas de ação ou quando o custo de procurar e avaliar alternativas são pequenos, o modelo racional oferece uma descrição bastante precisa do processo decisório (ROBBINS; 2005, p. 114). Teodósio, Silva e Rodrigues (2009, p. 2) afirmam que o processo decisório racional está estruturado da seguinte forma: 1) Detecção de problema; 2) fluxo do processo decisório: coleta de informações; Análise criteriosa de informações; Identificação de alternativas; opção pela melhor alternativa; e consecução dos objetivos organizacionais. Com as limitações de tempo e de conhecimento, o gestor com dificuldade de encontrar um decisão que não lhe dê tantos prejuízos, procura encontrar a decisão mais adequada tendo em vista das condições disponíveis. Segundo Simon (1965; p. 505), “a tomada de decisão compreende três fases principais: encontrar ocasiões para tomar uma decisão; encontrar possíveis cursos de ação, escolhendo entre eles; e avaliar escolhas passadas”. O autor destaca que os gestores, gastam uma parte de seu tempo procurando novas alternativas, fazem uma importante pesquisa sobre o ambiente econômico, técnico, político e social na tentativa de encontrar novas condições, buscando inventar, desenhar e desenvolver possíveis cursos de ação para lidar com situações que necessitam de tomada de decisão. Dessa forma, conseguem desenvolver novas decisões para cada situação que exija uma nova tomada de decisão. 4.2 MODELO PROCESSUAL O modelo processual, foi desenvolvido por, Mintzeberg, Raisinghani e Théorêt (1976) que conseguiram distinguir fases e rotinas que indicam uma estrutura aos processos decisórios. Segundo os autores Mintzeberg, Raisinghani e Théorêt (1976) este modelo possui três fases decisórias principais, três rotinas de apoio às decisões e seis grupos de fatores dinâmicos. As três principais fases decisórias são: a) Fase de identificação: reconhecer a necessidade de se tornar uma decisão e ter domínio das questões envolvidas na decisão, consiste em rotinas de reconhecimento e de diagnóstico (CHOO, 2003). b) Fase de desenvolvimento: leva à busca de uma ou mais soluções para um problema ou à criação de uma oportunidade, e consiste em rotinas de pesquisa e rotinas de criação de projetos (CHOO, 2003). c) Fase de seleção: fazer uma avaliação das alternativas, escolhendo uma solução e uma ação, fazer uma sondagem, julgamento, negociação e barganha, e rotinas de autorização (CHOO, 2003). Como afirma CHOO: Algumas decisões exige a fase de desenvolvimento, sendo que esta costuma ocupar a maior parte do tempo e dos recursos do processo decisório, e tende a ser interativa, passando por múltiplas buscas e ciclos de criação (CHOO; 2003, p. 218). O processo decisório processual é facilitado por três rotinas de apoio à decisão. Rotinas de controle: que consistem em planejamento e em comutação, onde o decisório não apenas produz os passos que levam à decisão, mas também prepara como chegar até ela e como determina os recursos necessários para isso, rotinas de comunicação: que distribuem a informação como parte do processo decisório e baseiam-se na exploração, na investigação e na divulgação da informação, rotinas políticas: que retratam a influência de indivíduos e as relações de poder, e podem assumira forma da barganha e da persuasão. Neste modelo o processo decisório sofre o domínio de seis grupos de fatores dinâmicos: as suspenções, o adiantamento de prazos, feedbacks, ciclos de compreensão e ciclos de fracasso. Esse modelo é indicado quando são desenvolvidas novas respostas a situações não esperadas. Nesta ocasião, a organização se prepara para contornar crises ou aproveitar oportunidades que se apresentam pelas mudanças do mercado. 4.3 MODELO ANÁRQUICO Neste modelo, as decisões são caracterizadas como mal definidas e incoerentes, as organizações são consideradas anarquias organizadas, onde os processos não são bem entendidos. Este modelo, foi proposto por COHEN, MARCH e OLSEN (1972), com referência ao modelo “lata de lixo” onde conforme os problemas vão surgindo, as decisões e soluções vão tendo resultado. Segundo COHEN, MARCH e OLSEN (1972; p. 25) segundo os autores, “o senso de oportunidade é um elemento importante na escolha da tomada de decisão de um projeto”. As decisões são tomadas de três diferentes maneiras: a) Por resolução: pensa-se no problema por determinado tempo antes de se tomar a decisão. b) Por inadvertência: quando uma escolha é adotada rápida e incidentalmente para que outras escolhas sejam feitas. c) Por fuga: quando o problema original desaparece, e a decisão não resolve mais nenhum problema. De acordo com CHOO: Apesar do modelo anárquico parecer improdutivo, o processo da lata de lixo apresente suas funções alteradas, porque pode gerar decisões sob condições incertas e conflituosas, quando: os objetivos são equivocados, os problemas não são bem compreendidos e os que tomam as decisões dedicam tempo e energia variáveis aos problemas (CHOO; 2003, p 425). As decisões e as escolhas, surgem por meio de reuniões entre os gestores e membros da organização, para decidirem quais escolhas terão que ser analisadas e escolhidas, diante de determinados problemas, que soluções deverão ser encontradas e qual decisório deverá tomar a decisão. 4.4 MODELO POLÍTICO Este modelo para tomada de decisão foi desenvolvido por ALLISON (1971), por se falar em interesses que existem nas organizações, o autor o chama de “Teoria dos Jogos”. Este modelo propõe para o processo decisório, que a tomada de decisão é o resultado de atividades e decisões. O autor propôs que, as ações devem ser analisadas com base nas perguntas: Quem são os jogadores? Quais as posições que eles assumem? Qual a influência de cada jogador? Como os jogadores podem influenciar e gerar decisões e ações? Segundo Allison (1971), as principais características do modelo político de tomada de decisão são: A tomada de decisão não é uma escolha racional, o jogo político prevalece, com diferentes grupos atuando em diferentes direções, predominando os jogos de interesses; Decisões marcadas por diferentes pontos de vista entre os atores. Gestão de conflitos, negociação e barganha; A capacidade e habilidade de cada membro da organização dependem do seu poder, de seu posto hierárquico, ou poder de negociação; A intuição e a sensibilidade do membro da organização adquirem importância no processo de tomada de decisão (ALLISON; 1971, p.338). Todo o membro decisório possuem objetivos distintos, como o modelo já diz, a política tem um apoio à decisão, os jogadores podem influenciar nos negócios e ocupam diferentes posições, cada um tem um grau de influência. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo geral do presente trabalho constitui em uma reflexão teórica sobre a necessidade de estudo dos modelos administrativos de tomada de decisão realizados nas empresas frente aos modelos teóricos de processo decisório. Tendo como pergunta de pesquisa: qual o melhor modelo a ser usado em uma tomada de decisão? Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa teórica. Com resposta à pergunta proposta e ao objetivo de pesquisa, a partir da análise da literatura sobre essa temática foi possível compreender os modelos de tomada de decisão mais usados em organizações. Este estudo teve como objetivo destacar as pesquisas que envolvem as tomadas de decisões nas organizações. Desse forma, foi usado quatro modelos de tomada de decisão, o modelo racional, processual, anárquico e político. Entretanto, podemos observar diante das pesquisas, que é possível escolher mais de um modelo de tomada de decisão, fazendo combinações de acordo com cada problema a ser resolvido, porém, mesmo que haja a possibilidade de escolher mais de um modelo de tomada de decisão, o modelo mais adequado ainda é o modelo racional. Este modelo funciona muito bem em situações dotadas com uma boa estrutura e ambientes organizados, com regras que garantam uma colocação adequada da decisão. Por ser um modelo metódico, pode ser reproduzido diversas vezes, em variadas situações. As decisões de maior custeio, são mais racionais, assim como decisões que envolvem relacionamentos e interesses. Os modelos racional e processual apresentam características comuns, uma grande diferença entre eles é que o modelo processual quando não atinge os objetivos desejados, ele permite ajuste de decisão. O modelos anárquico, não apresenta regras e procedimentos pré-estabelecidos, ou seja, os gestores podem tomar decisões autônomas, ele é o oposto do modelo racional. O modelo político, é um jogo de interesses, as decisões são tomadas para satisfazer os envolvidos. Todos os modelos, buscam informações para a tomada de decisão. Constatou- se que o objetivo de identificar como as escolhas dos gestores na tomada de decisão dentro do processo decisório, pode levar a organização a ganhos e perdas, além disso o gestor precisa ter habilidades precisas na hora de fazer a escolha. Evidenciou-se que, para tomar a decisão mais certa, precisa-se antes identificar o problema, havendo a necessidade de uma ação para resolvê-lo, analisando as informações, refletindo com clareza a situação dentro da organização, de modo que possa alcançar os objetivos e obter bons resultados. A tomada de decisão faz parte da função de um administrador. Como estudo futuro, é aconselhável que sejam feitas novas pesquisas, com intuito de obter mais conhecimentos com a tomada de decisão e processo decisório, uma vez que o mercado empresarial cresce a cada ano, relacionando os estudos com a liderança organizacional. REFERÊNCIAS ALLISON, G. T. Essence of decision: explaining the Cuban missile crisis. cv Boston: Harper Collins, 1971. CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: SENAC, 2003. COHEN, M. D.; MARCH, J. G.; OLSEN. A garbage can model of organizational choice. Administrative Science Quarterly, Ithaca (NY), v.17, n.1 1972. CYERT, R. M.; MARCH, J. G. Behavioral theory of the firm. 2.ed. Oxford: Blackwell, 1992. CLANCY, Kevin, KRIEG, Peter. Counter-intuitive marketing. New York: Free Press, 2002. GOMES, F. A. M.; GOMES, C. F. S.; ALMEIDA, A. T. de. Tomada de Decisão Gerencial: Enfoque Multicritério. 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Comportamento administrativo: estudo dos processos decisórios nas organizações administrativas. 2.ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 1971. 277p. SIMON, H. A. Comportamento administrativo. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1965. TEODÓSIO, A. S.; SILVA, E. E.; RODRIGUES, F. R. G. Discutindo o processo decisório: a contribuição dos principais modelos de análise. Disponível em: <http://www.mettodo.com.br/pdf/Discutindo%20o%20Processo%20Decisorio.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2009.
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