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PROCESSO DECISÓRIO E TOMADA DE DECISÃO docx PDF ORIGINAL

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PROCESSO DECISÓRIO E TOMADA DE DECISÃO. 
 
Samira Ramos Bereta de Almeida1 
 Celina Maria Frias Leal Martins2 
 
Resumo 
Uma decisão para ser tomada, precisa de mais de uma alternativa para solucionar o 
problema, diante desse contexto, este artigo objetiva abordar o estudo do processo 
decisório, desde suas teorias de tomada de decisão, passando por suas 
classificações, elementos da decisão, até seus principais modelos, racional, 
processual, anárquico e político, evidenciando qual modelo se encaixa melhor em uma 
tomada de decisão. Constatou-se que é possível escolher mais de um modelo de 
tomada de decisão, fazendo combinações de acordo com cada problema a ser 
resolvido ou aperfeiçoando modelos existentes de tomada de decisão, contudo, ainda 
que possa fazer combinações, o modelo racional por ser um modelo metódico, ele se 
torna o melhor modelo e o mais adequado, pois, funciona muito bem em diversas 
situações dotadas com uma boa estrutura e ambientes organizados, com regras que 
garantam uma colocação adequada a decisão. Entretanto, todos os modelos buscam 
informações para a tomada de decisão, mas a escolha dos gestores, pode levar a 
organização a ganhos e perdas, com isso, para tomar a decisão mais adequada, 
precisa-se ter habilidade, identificar o problema, analisar as informações, refletindo 
com clareza a situação dentro da organização. Com o uso correto de modelos de 
tomada de decisão para cada problema, os gestores compreenderão a estrutura 
organizacional, alcançarão os objetivos e terão bons resultados. Foi feito uma 
pesquisa da realidade praticada em organizações, apresentadas por pesquisadores 
do campo da decisão, estudos através da consulta bibliográfica e documental. É 
importante a influência dos líderes e sua consequência no sucesso das organizações. 
 
Palavras chaves: Processo Decisório; Tomada de decisão; Organizações. 
 
1. INTRODUÇÃO 
Tomar uma decisão não é tão simples como pensamos. Os problemas se 
tornam ainda maiores, quando esta situação está no campo empresarial, a decisão 
tomada, geralmente, envolve toda a equipe e também pode gerar ainda mais gastos. 
Diante disso, é necessário que tenhamos atenção e também inteligência emocional 
após uma decisão tomada. 
 
1 Aluna concluinte do curso de Bacharel em Administração da Universidade Estácio de 
Sá. 
2 Orientadora do artigo da Universidade Estácio de Sá. 
Um processo de tomada de decisão pode se tornar simples ou complexo, vai 
depender do objetivo a ser alcançado e dos reflexos da escolha na vida pessoal ou 
profissional. Antes de tomar qualquer decisão, precisa-se identificar o problema, 
definir os critérios, analisar, escolher alternativas e verificar se a decisão tomada será 
eficaz. Tomar decisões é uma das funções mais importante em uma administração. 
O estudo sobre o processo decisório organizacional tem sido objeto de 
investigação de pesquisadores da área e também por gestores. Por isso, se tornou 
cada vez mais importante construir modelos que permitem entender melhor como 
tomar uma decisão e saber aplicar a melhor técnica num processo de tomada de 
decisão nas empresas. Com o uso correto de modelos de tomada de decisão para 
cada problema, os gestores compreenderão a estrutura organizacional. 
Um dos elementos importantes, são as graves limitações que enfrenta o 
processo decisório e o dispêndio de tempo e energia que provoca. 
 
As organizações procuram reduzir as necessidades das equipes de se 
envolverem em processos complexos de tomada de decisão. A tentativa se 
faz por meio da automatização dos sistemas operacionais e pelo 
estabelecimento de procedimentos padronizados para tentar cobrir as 
possíveis falhas (ORASUNO 1995; p. 137-138). 
 
Gomes, Gomes e Almeida afirmam que: 
 
Tomar decisões complexas é, de modo geral, uma das mais difíceis tarefas 
enfrentadas individualmente ou por grupos de indivíduos, pois quase sempre 
tais decisões devem atender a múltiplos objetivos, e frequentemente seus 
impactos não podem ser corretamente identificados (GOMES, GOMES e 
ALMEIDA 2002; p. 12-13). 
 
 
É indispensável, de início, identificar com propriedade, “qual o melhor modelo 
a ser usado em uma tomada de decisão?”. 
Este artigo abordará o tema sobre o processo de tomada de decisão, tendo 
como referencial teórico os modelos de tomada de decisão apresentados por Choo 
(2003). Objetivando uma reflexão sobre o estudo do processo decisório e suas teorias, 
baseado em pesquisas sobre a tomada de decisão e suas consequências, 
completando com os modelos mais usados no processo decisório para a tomada de 
decisão. 
 Além disso, a importância de identificar como as escolhas dos gestores na 
tomada de decisão dentro do processo decisório, pode levar a organização a ganhos 
e perdas, para tanto o gestor precisa ter habilidades precisas na hora de fazer a 
escolha. Essa pesquisa foi desenvolvida com arquivos particulares e públicos além de 
consultas bibliográficas. 
É preciso ressaltar que um bom diagnóstico é apenas um ponto de partida, o 
objetivo deve ser bem definido e seus reflexos com outros pontos da organização bem 
delimitados. Quanto mais específico e isolado o objetivo fica mais fácil trabalhar com 
ele. 
 
2. PROCESSO DECISÓRIO 
 
O processo decisório é constituído por um conjunto de estratégicas e ações, 
que formam a tomada de decisão. Depende tanto das características individuais do 
gestor, quanto da situação em que está envolvido. O gestor precisa ter habilidades 
para escolher a melhor estratégia, dentro de muitas opções, mas antes, ele precisa 
identificar o problema, buscar informações necessárias, fazer um bom diagnóstico e 
avaliar as decisões, para que assim, obtenha um resultado esperado. 
Os gestores assumem comportamentos precisos, ligados ao papel decisório, 
onde adquirem capacidade analítica para identificarem e solucionarem o problema. 
Definido o problema, o tomador de decisões deve planejar as possíveis 
soluções. Para se encontrar boas alternativas, salientam-se tais como: 
 
 • Experiência anterior; 
• Práticas de competidores ou de empresas; 
• Sugestões propostas pelas partes envolvidas, sejam fornecedores, 
clientes ou empregados. 
 
Essas ideias, são úteis e servem como indicadores, mas não é bom o 
administrador confiar inteiramente. 
Após o diagnóstico de um problema e do planejamento de diversas boas 
soluções, o administrador deve avaliar as consequências que poderão advir da 
adoção de cada alternativa. 
Uma das etapas da tomada de decisão, implica em: 
 
• Selecionar os fatores importantes; 
• Prever realmente o conjunto de consequências de cada alternativa; 
• Caso haja alguma incerteza, adicionar probabilidade subjetiva de que as 
consequências previstas ocorrerão. 
 
Alguns motivos que atuam direta ou indiretamente no processo decisório, são 
as dúvidas e pouca informação. A decisão é fruto da racionalidade. Simon, um 
economista que fala sobre a decisão administrativa, ganhador do prêmio Nobel, foi o 
primeiro autor a identificar os tipos de racionalidade. 
A racionalidade é capaz de usar a razão para conhecer, analisar e elaborar 
pensamentos, é ela que orienta o gestor a escolher entre tantas alternativas, fazendo 
assim, escolhas conscientes. O autor afirma que, para ser compreendido com clareza, 
a palavra “racionalidade”, precisa vir acompanhada de um adjetivo. 
Características da racionalidade, a saber: 
 
 Racionalidade objetiva: Quando o decisório baseia-se em fatos 
concretos, ou seja, que alcançam os objetivos; 
 Racionalidade subjetiva: Quando o decisório baseia-se em informações 
e conhecimentos reais; 
 Racionalidade consciente: Quando os meios constitui um processo 
consciente; 
 Racionalidade deliberada: Quando a combinação dos meios, se deu a 
provocação de uma organização; 
 Racionalidade organizacional: Quando é direcionado aos objetivos; 
 Racionalidade pessoal: Quando deseja o objetivode outro indivíduo. 
 
Simon (1972; p. 6), ainda afirma que “a alternativa escolhida, não permite uma 
análise ou uma realização completa e perfeita dos objetivos, caracterizando apenas a 
melhor solução encontrada naquela circunstância”. 
 O processo decisório se desenvolve ainda em sete etapas: 
 
1. Percepção da situação que envolve um problema; 
2. Análise e definição do problema; 
3. Definição dos objetivos; 
4. Procura de alternativas; 
5. Avaliação e comparação dessas alternativas; 
6. Seleção de alternativas mais satisfatórias; 
7. Implementação da alternativa escolhida. 
 
Cada uma dessas etapas, influencia todo o processo decisório, porém, nem 
sempre essas etapas são seguidas à risca. 
Para Gomes (2019): 
 
“Todo esforço possível deve ser empreendido para chegar-se a uma ampla 
compreensão dos valores subjacentes aos objetivos do problema. Nessa 
medida, a análise de cenário pode ajudar substancialmente, uma vez que a 
elaboração de estratégias não apenas é um exercício dinâmico, mas também 
uma oportunidade de similar a realidade, com isso, estruturando melhor o 
problema de decisão (GOMES; 2019, p. 4). 
 
 
 Quando tomamos decisões, quase nunca utilizamos os elementos de uma 
tomada racional de decisões, como a busca por alternativas, a avaliação da situação, 
as decisões cumprem funções do inconsciente não diretamente relacionadas com as 
questões a ser decididas. No entanto, não é possível compreender o significado de 
uma decisão sem a avaliação da situação em que ela é tomada. 
 
3. TEORIA DAS DECISÕES 
 
As organizações dependem muito do resultado de uma decisão tomada pelos 
seus membros, em decorrência da decisão, ela será bem ou malsucedida. A maioria 
das decisões são tomadas no dia-a-dia da empresa, de maneira padronizada e de 
acordo com princípios e experiências passadas. 
Para que uma decisão não seja tomada de maneira incerta e arriscada, os 
membros das organizações precisam elaborar e analisar planos e dar a solução 
adequada para cada situação. 
Simon (1971) utilizou a teoria das decisões para explicar o comportamento nas 
organizações, para ele “cada pessoa participa racional e consequentemente da 
organização, escolhendo e tomando decisões”. Para Simon, a organização “é um 
complexo sistema de decisões”. Não são apenas os gestores que tomam decisões, 
mas sim, todas as pessoas em uma organização, em todas as áreas de atividades. 
O momento da decisão é caracterizado pela escolha de uma alternativa, toda 
decisão é uma opção entre alternativas. Sempre que existe mais de uma alternativa 
para uma opção, surge a necessidade de optar. Se não existe a possibilidade de 
escolha, não há decisão, irá existir apenas um fato. 
 
3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS DECISÕES 
 
 As decisões podem ser classificadas em dois grupos: 
 
1. Decisões programadas: são decisões repetitivas, cotidianas e bem 
programadas, com procedimentos já estabelecidos e para a solução do 
problema; 
2. Decisões não programadas: são decisões aleatórias, onde não existe 
procedimento definido para solucionar o problema. 
 
3.2 ELEMENTOS DA DECISÃO 
 
 Entre várias alternativas disponíveis, a decisão é um procedimento de análise 
e escolha, que o decisório deverá seguir. Toda decisão envolve seis elementos: 
 
1. Decisório: é a pessoa que faz uma escolha, entre várias alternativas; 
2. Objetivos: são os objetivos aos quais o decisório pretende alcançar; 
3. Preferências: são os critérios que o decisório usa para definir suas 
escolhas; 
4. Estratégia: é o curso de ação que o decisório escolhe para melhor atingir 
seus objetivos; 
5. Situação: são os aspectos do ambiente que envolve o decisório. 
6. Resultados: é a consequência da estratégia usada pelo decisório. 
 
Para MARCH e SIMON (1966), “todo tomador de decisão quando se depara 
com uma situação que precisa ser resolvida, ele elabora estratégias para alcançar 
seus objetivos”. 
O processo decisório se baseia na racionalidade, na adequação aos objetivos 
que se pretende alcançar, pois, cada decisório define a situação por meio de 
processos afetivos e cognitivos, de acordo com sua personalidade. 
 
3.3 AS DECISÕES E SUAS CONSEQUÊNCIAS 
 
A análise das alternativas, implica na avaliação de suas consequências, dos 
acontecimentos que sobreviverão à escolha. Toda decisão tem consequências e 
riscos, mas uma vez concluída, o caminho está traçado e é unilateral. 
Existem dois fatores que não podem deixar de ser considerados na análise das 
consequências. 
 Grau de certeza ou incertezas; 
 Nível de risco existente no processo decisório. 
 
3.3.1 Certezas ou incerteza 
 
A decisão é definida pelo resultado esperado. Quando há certeza, não há 
conflito na escolha. Mas a incerteza torna a decisão problemática e complexa. 
A palavra certeza têm conceitos: 
 
 Subjetivo: que apresenta a segurança pessoal de um determinado 
conhecimento; 
 Objetivo: apresentada pela garantia que um conhecimento oferece de 
sua verdade. 
 
Quando se trata de certeza de informação, damos sentido a palavra no 
subjetivo e tentamos conferir-lhe no caráter objetivo. Confundimos muito a ideia de 
certeza com a da verdade. 
Na maioria das vezes as decisões são tomadas em um clima de incertezas. Em 
muitas situações, a incerteza é inerente ao processo, e o que se deve evidenciar, é 
que não há necessariamente uma relação direta entre incerteza e segurança. A 
incerteza é objetiva e a insegurança, subjetiva. 
 
 
3.3.2 Risco 
 
Muitas decisões envolvem riscos, dessa forma, procuramos sempre a 
alternativa menos arriscada e que gere menos custo. O risco vai depender muito de 
consequências desagradáveis, a experiência e a autonomia do decisório de tomar a 
decisão e da possibilidade de alcançar os objetivos. 
A proporção do risco na decisão depende de duas variáveis: 
 
 A autonomia do decisório; 
 A condição de alcance do objetivo da decisão. 
 
O poder de decisão está ligado a pessoa do decisório, seja pelos seus atributos 
ou pela sua condição. Para o risco ser baixo ou nulos, o decisório precisa dispor de 
autonomia e ter um grau alto de viabilidade, dessa forma, as consequências serão 
previsíveis, ao contrário a decisão deverá ser evitada. 
 
4. O GESTOR E OS MODELOS DE DECISÃO 
 
Em tempos atrás para se tomar uma decisão, os gestores recorriam as suas 
experiências anteriores. Se o resultado for positivo, adotava a mesma ação, caso 
contrário procurava outro plano. É claro, que é uma ação arriscada, pois o modelo que 
foi usado anteriormente pode não ser apropriado. Uma escolha errada, pode gerar 
problemas para a organização no momento de implantar as decisões. 
Uma administração é constituída de muitas decisões, desde o nível mais baixo 
na hierarquia. Os gestores tomam muitas decisões no desempenho de suas funções. 
Uma administração é constituída de uma série de decisões tomadas pelos executivos 
de uma organização. 
Quando surge um problema em uma empresa e o administrador não percebe, 
ou não o quer perceber, ele não age e esta atitude pode ser considerada uma decisão, 
como uma medida positiva ou negativa. Permitir que um problema permaneça é, 
também, uma decisão. Dessa forma, muitas decisões efetuam-se inconscientemente, 
provocando o aparecimento de muitos problemas. 
Nas organizações as decisões mais importantes, especialmente aquelas que 
têm consequências futuras, são geralmente tomadas em grupo. Os gestores junto 
com os outros membros da organização, passam a maior parte do tempo em reuniões, 
grande parte desse tempo envolve a definição de problemas e busca de soluções para 
esse problema. 
A tomada de decisão em grupo tem características diferentes das decisões 
individuais e tem vantagens e desvantagens. Um grupo traz para o processo de 
decisão uma quantidade de experiências e perspectivas que um gestor sozinho não 
consegue. 
Além disso, quando a tomada de decisão é feita em grupo acontece um 
comprometimentomaior das pessoas envolvidas sobre a solução encontrada. Mas, 
também tem grandes desvantagens, uma delas é que demora mais tempo a ser 
tomada. Pode levar também que uma minoria domine o grupo em casos de 
desequilíbrio do grupo em termos de posição hierárquica, conhecimentos sobre o 
problema, experiência, influência sobre outros membros do grupo. 
 
Para Clancy e Krieg (2002); 
 
Algumas decisões são tomadas à base de testosterona, muitas vezes feitas 
por gestores, diretores de marketing e de publicidade que praticamente optam 
por uma das alternativas que eles conseguem vislumbrar, e agem pronta a 
energeticamente se ter a informação necessária (Clancy e Krieg; 2002, p. 14). 
 
Tomar decisões, faz parte do trabalho dos administradores, foi destacado por 
diversos pesquisadores e estudiosos da administração, como Fayol e Mintzberg. 
Simon (1972) diz que “tomada de decisão pode ser dita como sinônimo de 
administração”. 
Ao considerar desta forma a administração, Simon não pretende se referir 
apenas ao ato final da escolha entre alternativas, mas a todo processo. Simon ainda 
afirma que, a decisão compreende três fases principais: encontrar e identificar as 
situações em que deve ser tomada a decisão, determinar os possíveis cursos de ação 
e se decidir entre um deles. Todo esse trabalho consomem boa parte do tempo 
disponível dos membros das organizações, além de variar muito conforme o nível da 
organização. 
 
 
Simon (1972), esclarece que o processo decisório passa por três fases: 
 
A primeira fase do processo, é a análise do ambiente procurando-se 
identificar as situações que exigem decisão. A segunda, de criar, desenvolver 
e analisar possíveis cursos de ação, chamada de estruturação e a terceira 
fase, de escolher uma linha determinada de ação entre as disponíveis, 
designada como atividade de escolha (SIMON; 1972, p.14). 
 
Esses ciclos, são muito mais complexos do que sugere essa sequência. Essas 
três etapas do processo decisório, estão estreitamente relacionadas com os estágios 
de solução de problemas. É importante acrescentar e providenciar para que as 
decisões sejam executadas. Existem muitos modelos de tomada de decisão. O 
modelo mais utilizado é o racional. Este modelo funciona muito bem em situações 
dotadas com uma boa estrutura e ambientes organizados, com regras que garantam 
uma colocação adequada da decisão. Por ser um modelo metódico, pode ser 
reproduzido diversas vezes, em variadas situações. 
Gomes (2019, p. 19) diz que, “a modelagem de um problema de decisão pode 
contar com a participação de um ou mais agentes decisórios e utilizar um ou mais 
critérios durante a avaliação”. 
 
Simon destaca que: 
 
Ao tomar um decisões administrativas é preciso escolher continuamente 
premissas factuais, cuja veracidade ou falsidade não se conhece claramente 
e nem se pode determinar com segurança à luz das informações e do tempo 
disponíveis para chegar-se a uma decisão (SIMON, 1971; p.06). 
 
 
Portanto, quanto mais nos aprimoramos no assunto, conseguiremos ainda mais 
compreender o processo de tomar decisões e a desenvolver as atividades do 
administrador. Destacamos como principais modelos de tomada de decisão, o modelo 
racional, processual, anárquico e político, esses modelos foi utilizado como referencial 
teórico os conceitos de Choo (2003) aos modelos de tomada de decisão. Sendo 
assim, foi analisado cada um dos modelos propostos pelo autor. 
 
4.1 MODELO RACIONAL 
 
No modelo racional, a tomada de decisões é orientado com objetivos e guiado 
por problemas, é um comportamento de escolha regulado por normas e rotinas, 
fazendo com que a organização possa agir de uma maneira procedimental e 
internacionalmente racional. Este modelo foi desenvolvido, por MARCH e SIMON 
(1975), MARCH (1994) e CYERT e MARCH (1992). 
De acordo com esse modelo, é suposto que o decisório seja um agente racional 
que acolhe a melhor solução, após comparar e avaliar todas as alternativas possíveis. 
Na prática, há um elevado grau de incertezas e de inseguranças nas informações 
sobre alternativas, resultados e objetivos. 
O modelos de tomada de decisão de CYERT e MARCH (1992; p. 175) compõe-
se de quatro conceitos: 
 
1) evitar incertezas; 
2) resolução do conflito; 
3) busca motivada por problemas; 
4) aprendizado organizacional. 
 
Para conseguir obter decisões de qualidade com esse modelo, precisa-se 
utilizar procedimentos racionais. Este modelo, segue um modelo teórico e normativo, 
ao qual modela o processo decisório, o tornando mais racional. 
 
Segundo Robbins: 
Quando enfrentam problemas simples, com poucas alternativas de ação ou 
quando o custo de procurar e avaliar alternativas são pequenos, o modelo 
racional oferece uma descrição bastante precisa do processo decisório 
(ROBBINS; 2005, p. 114). 
 
 Teodósio, Silva e Rodrigues (2009, p. 2) afirmam que o processo decisório 
racional está estruturado da seguinte forma: 1) Detecção de problema; 2) fluxo do 
processo decisório: coleta de informações; Análise criteriosa de informações; 
Identificação de alternativas; opção pela melhor alternativa; e consecução dos 
objetivos organizacionais. 
Com as limitações de tempo e de conhecimento, o gestor com dificuldade de 
encontrar um decisão que não lhe dê tantos prejuízos, procura encontrar a decisão 
mais adequada tendo em vista das condições disponíveis. 
Segundo Simon (1965; p. 505), “a tomada de decisão compreende três fases 
principais: encontrar ocasiões para tomar uma decisão; encontrar possíveis cursos de 
ação, escolhendo entre eles; e avaliar escolhas passadas”. 
O autor destaca que os gestores, gastam uma parte de seu tempo procurando 
novas alternativas, fazem uma importante pesquisa sobre o ambiente econômico, 
técnico, político e social na tentativa de encontrar novas condições, buscando 
inventar, desenhar e desenvolver possíveis cursos de ação para lidar com situações 
que necessitam de tomada de decisão. Dessa forma, conseguem desenvolver novas 
decisões para cada situação que exija uma nova tomada de decisão. 
 
4.2 MODELO PROCESSUAL 
 
O modelo processual, foi desenvolvido por, Mintzeberg, Raisinghani e Théorêt 
(1976) que conseguiram distinguir fases e rotinas que indicam uma estrutura aos 
processos decisórios. 
Segundo os autores Mintzeberg, Raisinghani e Théorêt (1976) este modelo 
possui três fases decisórias principais, três rotinas de apoio às decisões e seis grupos 
de fatores dinâmicos. 
As três principais fases decisórias são: 
 
a) Fase de identificação: reconhecer a necessidade de se tornar uma decisão e 
ter domínio das questões envolvidas na decisão, consiste em rotinas de 
reconhecimento e de diagnóstico (CHOO, 2003). 
b) Fase de desenvolvimento: leva à busca de uma ou mais soluções para um 
problema ou à criação de uma oportunidade, e consiste em rotinas de pesquisa 
e rotinas de criação de projetos (CHOO, 2003). 
c) Fase de seleção: fazer uma avaliação das alternativas, escolhendo uma 
solução e uma ação, fazer uma sondagem, julgamento, negociação e 
barganha, e rotinas de autorização (CHOO, 2003). 
 
Como afirma CHOO: 
Algumas decisões exige a fase de desenvolvimento, sendo que esta costuma 
ocupar a maior parte do tempo e dos recursos do processo decisório, e tende 
a ser interativa, passando por múltiplas buscas e ciclos de criação (CHOO; 
2003, p. 218). 
 
O processo decisório processual é facilitado por três rotinas de apoio à decisão. 
Rotinas de controle: que consistem em planejamento e em comutação, onde o 
decisório não apenas produz os passos que levam à decisão, mas também prepara 
como chegar até ela e como determina os recursos necessários para isso, rotinas de 
comunicação: que distribuem a informação como parte do processo decisório e 
baseiam-se na exploração, na investigação e na divulgação da informação, rotinas 
políticas: que retratam a influência de indivíduos e as relações de poder, e podem 
assumira forma da barganha e da persuasão. 
Neste modelo o processo decisório sofre o domínio de seis grupos de fatores 
dinâmicos: as suspenções, o adiantamento de prazos, feedbacks, ciclos de 
compreensão e ciclos de fracasso. 
Esse modelo é indicado quando são desenvolvidas novas respostas a situações 
não esperadas. Nesta ocasião, a organização se prepara para contornar crises ou 
aproveitar oportunidades que se apresentam pelas mudanças do mercado. 
 
4.3 MODELO ANÁRQUICO 
 
Neste modelo, as decisões são caracterizadas como mal definidas e 
incoerentes, as organizações são consideradas anarquias organizadas, onde os 
processos não são bem entendidos. 
Este modelo, foi proposto por COHEN, MARCH e OLSEN (1972), com 
referência ao modelo “lata de lixo” onde conforme os problemas vão surgindo, as 
decisões e soluções vão tendo resultado. 
Segundo COHEN, MARCH e OLSEN (1972; p. 25) segundo os autores, “o 
senso de oportunidade é um elemento importante na escolha da tomada de decisão 
de um projeto”. 
As decisões são tomadas de três diferentes maneiras: 
 
a) Por resolução: pensa-se no problema por determinado tempo antes de se 
tomar a decisão. 
b) Por inadvertência: quando uma escolha é adotada rápida e incidentalmente 
para que outras escolhas sejam feitas. 
c) Por fuga: quando o problema original desaparece, e a decisão não resolve mais 
nenhum problema. 
 
 
 
De acordo com CHOO: 
Apesar do modelo anárquico parecer improdutivo, o processo da lata de lixo 
apresente suas funções alteradas, porque pode gerar decisões sob 
condições incertas e conflituosas, quando: os objetivos são equivocados, os 
problemas não são bem compreendidos e os que tomam as decisões 
dedicam tempo e energia variáveis aos problemas (CHOO; 2003, p 425). 
 
As decisões e as escolhas, surgem por meio de reuniões entre os gestores e 
membros da organização, para decidirem quais escolhas terão que ser analisadas e 
escolhidas, diante de determinados problemas, que soluções deverão ser 
encontradas e qual decisório deverá tomar a decisão. 
 
4.4 MODELO POLÍTICO 
 
Este modelo para tomada de decisão foi desenvolvido por ALLISON (1971), por 
se falar em interesses que existem nas organizações, o autor o chama de “Teoria dos 
Jogos”. Este modelo propõe para o processo decisório, que a tomada de decisão é o 
resultado de atividades e decisões. 
O autor propôs que, as ações devem ser analisadas com base nas perguntas: 
Quem são os jogadores? Quais as posições que eles assumem? Qual a influência de 
cada jogador? Como os jogadores podem influenciar e gerar decisões e ações? 
Segundo Allison (1971), as principais características do modelo político de 
tomada de decisão são: 
 
A tomada de decisão não é uma escolha racional, o jogo político prevalece, 
com diferentes grupos atuando em diferentes direções, predominando os 
jogos de interesses; Decisões marcadas por diferentes pontos de vista entre 
os atores. Gestão de conflitos, negociação e barganha; A capacidade e 
habilidade de cada membro da organização dependem do seu poder, de seu 
posto hierárquico, ou poder de negociação; A intuição e a sensibilidade do 
membro da organização adquirem importância no processo de tomada de 
decisão (ALLISON; 1971, p.338). 
 
Todo o membro decisório possuem objetivos distintos, como o modelo já diz, a 
política tem um apoio à decisão, os jogadores podem influenciar nos negócios e 
ocupam diferentes posições, cada um tem um grau de influência. 
 
 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O objetivo geral do presente trabalho constitui em uma reflexão teórica sobre a 
necessidade de estudo dos modelos administrativos de tomada de decisão realizados 
nas empresas frente aos modelos teóricos de processo decisório. Tendo como 
pergunta de pesquisa: qual o melhor modelo a ser usado em uma tomada de decisão? 
Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa teórica. 
Com resposta à pergunta proposta e ao objetivo de pesquisa, a partir da análise 
da literatura sobre essa temática foi possível compreender os modelos de tomada de 
decisão mais usados em organizações. 
Este estudo teve como objetivo destacar as pesquisas que envolvem as 
tomadas de decisões nas organizações. Desse forma, foi usado quatro modelos de 
tomada de decisão, o modelo racional, processual, anárquico e político. Entretanto, 
podemos observar diante das pesquisas, que é possível escolher mais de um modelo 
de tomada de decisão, fazendo combinações de acordo com cada problema a ser 
resolvido, porém, mesmo que haja a possibilidade de escolher mais de um modelo de 
tomada de decisão, o modelo mais adequado ainda é o modelo racional. Este modelo 
funciona muito bem em situações dotadas com uma boa estrutura e ambientes 
organizados, com regras que garantam uma colocação adequada da decisão. Por ser 
um modelo metódico, pode ser reproduzido diversas vezes, em variadas situações. 
As decisões de maior custeio, são mais racionais, assim como decisões que envolvem 
relacionamentos e interesses. 
Os modelos racional e processual apresentam características comuns, uma 
grande diferença entre eles é que o modelo processual quando não atinge os objetivos 
desejados, ele permite ajuste de decisão. O modelos anárquico, não apresenta regras 
e procedimentos pré-estabelecidos, ou seja, os gestores podem tomar decisões 
autônomas, ele é o oposto do modelo racional. O modelo político, é um jogo de 
interesses, as decisões são tomadas para satisfazer os envolvidos. 
Todos os modelos, buscam informações para a tomada de decisão. Constatou-
se que o objetivo de identificar como as escolhas dos gestores na tomada de decisão 
dentro do processo decisório, pode levar a organização a ganhos e perdas, além disso 
o gestor precisa ter habilidades precisas na hora de fazer a escolha. 
Evidenciou-se que, para tomar a decisão mais certa, precisa-se antes identificar 
o problema, havendo a necessidade de uma ação para resolvê-lo, analisando as 
informações, refletindo com clareza a situação dentro da organização, de modo que 
possa alcançar os objetivos e obter bons resultados. A tomada de decisão faz parte 
da função de um administrador. 
 Como estudo futuro, é aconselhável que sejam feitas novas pesquisas, com 
intuito de obter mais conhecimentos com a tomada de decisão e processo decisório, 
uma vez que o mercado empresarial cresce a cada ano, relacionando os estudos com 
a liderança organizacional. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALLISON, G. T. Essence of decision: explaining the Cuban missile crisis. cv Boston: 
Harper Collins, 1971. 
 
CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam a 
informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São 
Paulo: SENAC, 2003. 
 
COHEN, M. D.; MARCH, J. G.; OLSEN. A garbage can model of organizational 
choice. Administrative Science Quarterly, Ithaca (NY), v.17, n.1 1972. 
 
CYERT, R. M.; MARCH, J. G. Behavioral theory of the firm. 2.ed. Oxford: Blackwell, 
1992. 
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