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RESUMO DO LIVRO: ROGERS: ÉTICA HUMANISTA E PSICOTERAPIA RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA 1 RESUMO DO LIVRO: ROGERS: ÉTICA HUMANISTA E PSICOTERAPIA RESUMO: AMATUZZI, Mauro Martins. Rogers: ética humanista e psicoterapia. Campinas: Editora Alínea, 2010. Rogers foi um revolucionário ao trazer novas práticas à Psicologia. Antes dele, as outras formas existentes tinham outra finalidade. Sem questionar ou negar o valor dos saberes psicológicos, Rogers deu um outro sentido à relação de ajuda, ao facilitar ao cliente o recurso às suas próprias fontes interiores, por meio de uma relação acolhedora, compreensiva e honesta. A contribuição de Rogers não se configura como técnica, mas ética, ao trazer fins novos e propor uma mudança de paradigma. Rogers instigou a superar a ideia de alienação dos sujeitos ao que lhes ocorria. Do mesmo modo, Amatuzzi (2010) se questiona e nos coloca o questionamento: somos capazes de nos colocarmos como parte de um todo orgânico? Somos capazes de confiarmos no movimento interno daqueles que atendemos profissionalmente? Mas, os pressupostos de Rogers se dirigem a um sentimentalismo romântico e ingênuo? Para o autor, esse tipo de julgamento parte de quem não colocou em prática o que Rogers propõe, ou seja, de quem não mudou seus velhos hábitos. A partir disso, Amatuzzi apresenta ao leitor diversos pontos de vista, que convidam a quem lê participar de sua construção. O autor nos convida a passar pela história da criação da Abordagem Centrada na Pessoa, mostrando as suas diferenças com as teorias já existentes, bem como nos apresenta ao jeito de ser na ACP. Existem diversas formas de atendimento psicológico que partem de um pressuposto determinista, no qual o ser humano é pensado a partir de um mecanismo onde suas decisões seriam determinadas por causas identificáveis e manipuláveis. Ao contrário, o pressuposto humanista parte da autonomia, onde o ser humano possui poder sobre as determinações que o afetam, sendo esse poder mais relevante do que essas determinações. Assim, o atendimento no pressuposto humanista não se baseia no diagnóstico, mas na afirmação de uma tendência inata ao crescimento. Desse olhar, resultam consequências práticas evidentes para as relações interpessoais, para o convívio em sociedade e para a política. Na Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), as disposições são mais decisivas do que os comportamentos. Para Rogers o que importava era que os comportamentos fossem consequência daquilo que a pessoa tem como valor operativo. Contudo, a mesma atitude pode levar a comportamentos diferentes, pois eles dependem da situação, das pessoas envolvidas, do momento no processo da relação. RESUMO DO LIVRO: ROGERS: ÉTICA HUMANISTA E PSICOTERAPIA RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA 2 RESUMO DO LIVRO: ROGERS: ÉTICA HUMANISTA E PSICOTERAPIA Amatuzzi traz a formulação das três atitudes clássicas da ACP, a aceitação incondicional, a compreensão empática e a autenticidade. Respectivamente, a primeira só tem sentido se estiver apoiada no valor do amor, enquanto a segunda tem suas raízes na sabedoria como valor diferente da ciência, sendo focada na compreensão dos significados dos fenômenos num contexto abrangente. Por fim, a autenticidade radica-se no valor da harmonia das partes no todo pessoal. Se há harmonia, há a tendência de se mostrar genuinamente, por inteiro. Desse modo, a consistência da ACP não está em seu nível utilitário ou de eficácia, mas no nível de ser valor. A partir disso, Amatuzzi traça uma linha histórica onde o seu início está na era cosmocêntrica, seguida da idade teocêntrica, posteriormente antropocêntrica, chegando à idade moderna marcada pelo iluminismo, onde o conhecimento visava a quantificação das coisas. Depois do positivismo, a morte de Deus proclamada por Nietzche e em seguida do homem, feita por Foucault. A saída para o homem seria então o ceticismo e para a vida prática o emocionalismo marcada por uma vida regrada aos prazeres da vida. Contudo, ainda havia uma esperança a partir da fenomenologia, onde nem tudo é relativo. Na modernidade, não há mais grande história, apenas a pequena história de cada um. A ética fora substituída pela estética. E a resignação impera diante do, se não viemos de lugar nenhum e não vamos a lugar algum, não há nenhuma direção que seja melhor. A partir disso, a ideia de verdade é abandonada e surge a ideia de subjetividade e o sentimento. Como consequência, uma vida cada vez mais individualizada, marcada pela indiferença ao coletivo. Na psicologia americana, além da tendência ao utilitarismo, as maneiras de pensar e sentir tem referência na Europa, a psicanálise foi praticada como uma técnica, além do comportamentalismo. Ambas as teorias tinham em comum o pensar humano como resultado de influências ou causas mais ou menos ocultas, mas que podem ser detectadas por especialistas. Alguns pensadores insatisfeitos com esse modo de pensar questionavam “em que lugar do “homem resultado” (expressão de Merleau-Ponty), deveríamos ser capazes de pensar o homem desafiado, capaz de iniciar ações novas e transformadoras, voltado para o futuro.” (AMATUZZI, 2010, p.31). Dessa forma, alguns pensadores como Maslow e Rogers se propuseram a estudar pessoas com saúde e não pessoas doentes. Maslow, no século XX, trouxe de volta à Psicologia temas que haviam ficado de lado pelas abordagens convencionais como: a saúde psicológica, a capacidade de escolha, a criatividade, a autorrealização, o compromisso comunitário, o envolvimento político, a abertura espiritual, enfim, tudo o que devolve ao indivíduo um papel ativo e sua abertura para o futuro RESUMO DO LIVRO: ROGERS: ÉTICA HUMANISTA E PSICOTERAPIA RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA 3 RESUMO DO LIVRO: ROGERS: ÉTICA HUMANISTA E PSICOTERAPIA e para o infinito. Nesse sentido, Rogers, a partir de uma experiência com a mãe de um cliente, se percebe numa situação em que não tinha nenhum esquema que o pudesse guiar nessa nova conversa. Esse momento foi um dos mais importantes na constituição de sua teoria como não sendo diretiva. Nessa experiência, Rogers vivenciou uma ausência de parâmetros e uma enorme disposição de compreender e ajudar a pessoa que estava diante dele. Rogers diante dela não usou de uma técnica, mas um modo de ser, que, quando aplicado nessa situação resultava em atitudes bem definidas e que forma depois reformuladas como as clássicas atitudes: aceitação condicional, compreensão empática e autenticidade. Mas Rogers não se restringiu somente ao campo do atendimento psicológico. Ele percebeu que esse modo de ser poderia ser aplicado em outras situações e ele próprio começou a sair do campo estrito do atendimento psicológico de adultos e a enfrentar situações como atendimentos de crianças e de psicóticos, realização de grupos de encontro, processos educativos, entre outros. Reitera-se que a ACP é definida no campo dos valores, isto é, no campo das predisposições ou das preferências quanto ao modo de ser, não no campo da técnica. Nesse aspecto, a ACP não se define como uma psicologia ou uma teoria, mas sim uma abordagem. Por isso, ela pode ser aplicada em vários contextos que não só na psicoterapia. Já a Terapia Centrada no Cliente se distingue da ACP, pois ela se constitui como uma aplicação da psicoterapia. Como seria o jeito de ser na ACP? Basicamente, uma perspectiva de vida de modo geral positiva, uma crença numa tendência formativa direcional, numa intenção de ser eficaz, um respeito pelo indivíduo e por sua autonomia e dignidade, uma flexibilidade de pensamento e ação, tolerância quanto às incertezas ou ambiguidades, senso de humor, humildade e curiosidade. Amatuzzi nos apresenta as fases da ACP, iniciando a partir da terapia centrada no cliente, onde surge a Psicoterapia Não Diretiva, como uma primeira manifestação da ACP. Aqui, o focoestava nas atitudes ou disposições do terapeuta e não nas técnicas e teorias prévias. Aos poucos foram surgindo o resultado desse modo de pensar a psicoterapia na clínica. Pouco a pouco, foram surgindo as primeiras formulações de conceitos como: não diretividade, consideração positiva incondicional, congruência, etc. Contudo a teorização era fraca, o objetivo era mostras a eficácia do novo método. Após isso, veio a fase reflexiva na qual foi passando a ser Psicoterapia Centrada no Cliente. Os terapeutas foram sendo treinados para desenvolver as atitudes e as técnicas, por consequência, constatou-se que as respostas empáticas do terapeuta tendiam a aumentar o fluxo de verbalização e, ao mesmo tempo, a amplitude da RESUMO DO LIVRO: ROGERS: ÉTICA HUMANISTA E PSICOTERAPIA RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA 4 RESUMO DO LIVRO: ROGERS: ÉTICA HUMANISTA E PSICOTERAPIA auto exploração dos sentimentos, pois até então tudo funcionava com base em causa-efeito. Surge então a terceira fase, a experimental. Aqui, houve um aprofundamento na subjetividade. Ainda, Rogers teve um papel importante ao trazer a psicoterapia para o campo do trabalho do psicólogo. Anteriormente, essa prática era restrita aos médicos, os psicólogos ficavam com a aplicação de testes e no aconselhamento. A partir das atitudes e valores contidos na ACP, Rogers percebeu que ela poderia ser aplicada em outros setores alheios ao campo clínico da psicologia. Com isso, ACP não é sinônimo de psicoterapia. Amatuzzi explica a psicoterapia a partir de um tripé composto por acolhimento com simpatia, compreensão com empatia e eventualmente, dizer uma palavra que provoque reflexão. A contribuição de Rogers mais importante tem a ver com os termos relacionados com disposição e não com técnicas terapêuticas. Rogers então postula as três atitudes clássicas do terapeuta da ACP. São elas, a consideração positiva incondicional, que é quando o terapeuta aceita o cliente da forma como ele se coloca. A empatia, que consiste em gestos e palavras de compreensão. Por fim, dizer uma palavra que faça pensar, com o terapeuta tendo uma predisposição a ser autêntico, genuíno, congruente. Tendo em vista os aspectos explanados da obra de Amatuzzi, pode-se apreender com esse trabalho de forma mais aprofundada sobre a Abordagem Centrada na Pessoa. Essa que, frequentemente, pode ser entendida como uma abordagem da psicologia, mas que com o trabalho ficou claro que se trata de uma abordagem que pode ser aplicada em qualquer contexto que envolva relacionamentos humanos. Pois não se trata de uma técnica, mas de uma postura ética, sendo essa ética humana. Destaca-se o aspecto de que a ACP se constitui como um jeito de ser que reflete na atitude do psicoterapeuta, ao compreender o que é dito pelo cliente, a partir do que o próprio apresenta, longe de interpretações e especulações. Por fim, nada é definido, apenas as predisposições que deve haver na pessoa do psicoterapeuta, abarcados em valores humanos.
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