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ESTÁGIO SUPERVISIONADO - AVALIAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO AULA 4 Profª Sandra Aparecida Silva dos Santos CONVERSA INICIAL Bem-vindo! Nesta aula vamos conversar a respeito da avaliação e dos projetos de intervenção do assistente social, refletindo quanto aos desafios na sua proposição e o comprometimento do assistente social nas propostas interventivas. TEMA 1 – O PROJETO E A AVALIAÇÃO O assistente social, em seu exercício profissional, depara-se com realidades/expressões da questão social que o impelem à ação. Para efetivar ações, é necessário o conhecimento aprofundado da realidade do campo de trabalho, buscando a apreensão dos elementos históricos que a compõem. Toda ação deve ser planejada e avaliada independentemente, segundo Coelho (2016), do tipo de instituição onde se desenvolveu, da área sua temática e da sua localização geográfica. Devemos estar cientes a respeito da importância da pesquisa para o serviço social. Ao avaliarmos a intervenção geramos conhecimento a partir da prática, que subsidia reflexões e criação de novos conhecimentos. Avaliar, portanto, a intervenção constitui-se em avanços para a proposição e a implantação de novas propostas. Ao avaliar o projeto de intervenção, refletimos quanto à prática realizada, tornando possível promover ajustes e mudanças de rumo na proposta interventiva que deve responder à realidade e aos objetivos propostas. Para o conhecimento do alcance dos objetivos propostos no projeto de intervenção, é necessária a avaliação que aponta tanto acertos quanto equívocos. Os equívocos de condução do projeto não se constituem em “derrota”, representando, pelo contrário, oportunidade de revisão da proposta executada e elaboração de novas propostas interventivas. A avaliação em si constitui-se em ação que gera conhecimento, mas não garante as adequações e os rumos necessários à ação social de forma macro, pois esta tarefa está também atrelada a objetivos institucionais mais amplos que são analisados por gestores. A respeito da avaliação, Boschetti (2009) enfatiza a necessidade de avaliar a totalidade e a dinamicidade da realidade na busca da universalização de direitos tendo em vista o projeto de trabalho do assistente social. TEMA 2 – DESAFIOS NA PROPOSIÇÃO DE PROJETOS DE INTERVENÇÃO Estamos avaliando a intervenção, mas é necessária uma reflexão quanto aos desafios enfrentados em campo de estágio na proposição do projeto interventivo. Vamos relembrar e refletir quanto aos desafios para construção, implantação e, agora, avaliação do projeto de intervenção? Podemos aqui elencar as dificuldades quanto à definição da ação, pautada no conhecimento da realidade do estágio, que demandou a construção do plano de estágio, dos diários de campo e de inúmeras discussões com os supervisores de campo/tutores e acadêmicos. A construção do projeto de intervenção com a explicitação de realidade do campo, problema elencado, justificativa, objetivos e metodologia também se constituiu em desafios, assim como a aprovação do projeto junto aos supervisores e também aos gestores da instituição concedente de estágio, lembrando que a construção de projetos é expertise exigida ao assistente social, sendo sua construção imperativa para a proposição das ações a serem executadas. Para a construção do projeto de intervenção, é necessário identificar o que requer a intervenção, reconhecendo de que forma ela responderá às necessidades sociais e do campo de estágio e às necessidades do assistente social diante de sua realidade de trabalho. Ao identificar o que requer a intervenção e o foco da proposta, é necessário o aprofundamento do conhecimento da realidade, rompendo com a visão imediatista e desprovida de análise histórica, o que requer análise crítica da realidade do campo de estágio, das atividades, projeto de trabalho do assistente social e planejamento. A clareza de como o projeto de intervenção contribui com a realidade do estágio requer o reconhecimento da efetividade do projeto de intervenção, que também requer a avaliação de eficiência e eficácia do projeto com vistas a transformação social. TEMA 3 – O COMPROMISSO E O COMPROMETIMENTO NAS PROPOSTAS DE AÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL Ao abordarmos o projeto de intervenção e a avaliação do projeto interventivo, é necessário refletirmos quanto ao comprometimento das propostas de ação do assistente social com o projeto da profissão, que requer, segundo Couto (2009), compromisso com o trabalho coletivo no atendimento às necessidades sociais. O compromisso do assistente social com o projeto da profissão demanda, para Couto (2009), sólida formação nos quesitos teórico e técnico. A formação teórica e técnica dá-se mediante o conhecimento por meio de leituras, apreensão de conceitos e conhecimentos e reflexão quanto a realidade social. A compreensão da realidade necessita de aprofundamento de conhecimento com vistas ao avanço no entendimento da realidade rompendo com o imediatismo e as ações não planejadas. As exigências enfrentadas no exercício profissional do assistente social levam a pressões para a atuação imediata, porém é necessário fugir de improvisações que não observam o real e o concreto, somente para responder a exigências institucionais. O assistente social, para o enfrentamento dos desafios, necessita reafirmar sua formação profissional de forma permanente e continuada, oportunizando a atualização constante e o debate. Ao ser requisitado para demandas improvisadas ou urgentes que não oportunizem o conhecimento e a reflexão quanto a suas causas, o assistente social deve reelaborar demandas a ele impostas pela instituição, buscando ir além do requisitado, aprofundando o conhecimento e planejando ações que atinjam objetivos mais amplos. Ao reelaborar as demandas institucionais, o assistente social avança no sentido de não reproduzir pura e simples o projeto institucional, sem deixar, no entanto, de levar em conta o projeto institucional que requer sua atuação, considerando, ao ser contratado, aquele espaço como trabalho seu, condução sua, para a organização e o planejamento de ações que alcancem os objetivos de emancipação dos sujeitos e transformação da realidade. TEMA 4 – LIMITES E POSSIBILIDADES DA INTERVENÇÃO Ao realizarmos a avaliação do projeto de intervenção, temos a oportunidade de refletir quanto aos desafios enfrentados na proposição e na execução do projeto de intervenção. Avalie de que forma ocorreu o processo de construção, apresentação e execução do projeto de intervenção, quais foram os principais desafios enfrentados na construção da proposta, de que forma você, estagiário, avalia a construção e a execução de projetos de intervenção propostos pelo serviço social de seu campo de estágio e quais desafios o assistente social enfrenta na defesa de suas propostas. Não podemos deixar de analisar a posição do assistente social na divisão técnica do trabalho. O assistente social é um profissional que vende sua força de trabalho e que, portanto, está sujeito às regras de mercado e às relações de trabalho, relações estas pautadas em desigualdades e exploração, ficando sujeito, segundo Raichellis (2011, p. 425), a “dilemas e constrangimentos”. Devemos, a partir dessa realidade vivenciada pelo assistente social, reforçar a importância de uma formação sólida pautada nas dimensões ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa e a clareza quanto a sua identidade profissional e seu papel na efetivação do projeto da profissão. Encontramos nos diferentes espaços sócio-ocupacionais do assistente social realidade de exploração da força de trabalho que acarreta sobrecarga de atividades, baixo número de profissionais para elevado número de projetos, limitação quanto ao reconhecimento do trabalho do assistente social agravada pela insuficiência de recursos e controle institucional do exercício profissional. Ao executar os projetos, o assistente social deve compreender que é imprescindível a realizaçãodo controle de seu projeto, que envolve a utilização de recursos, o conhecimento e o controle de resultados. Os limites do exercício profissional que envolve a execução e a avaliação de projetos condicionam-se, de acordo com Faleiros (2014), à legislação, ao orçamento e à gestão de serviços, caracterizando-se em processo dependente, em primeiro lugar, de uma subordinação gerencial, o que imprime limites relativos aos objetivos da gerência e à compreensão desta quanto aos objetivos do assistente social. Por se constituir em trabalhador inserido na divisão técnica do trabalho, o assistente social encontra-se atrelado às relações trabalhistas de um contrato salarial em instituições tanto privadas quanto públicas. TEMA 5 – ELEMENTOS QUE PERMEIAM O PROJETO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL No exercício profissional do assistente social, ocorre, segundo Faleiros (2014), a realização de proposta interventiva e, consequentemente, a avaliação dessa proposta de intervenção, que se dá em realidade permeada de contradições que envolvem as relações de sujeitos particulares em uma sociedade capitalista. Isso implica dizer que a intervenção do assistente social extrapola o cenário das relações interindividuais avançando para as relações de poder hegemônico que, na perspectiva de Chiaranda et al. (2016), diz respeito a como o poder é exercido na correlação de forças entre as classes sociais, que mantém a hegemonia do grupo dominante e contra-hegemônico que busca a emancipação pautada em sujeitos históricos e coletivos. A avaliação da intervenção deve, nesta perspectiva de avanço, lançar o olhar para além da avaliação das ações realizadas, avaliando as perspectivas referentes ao enfrentamento estrutural da questão social. Esse enfrentamento cotidiano do exercício profissional do assistente social envolve, para Faleiros (2014), poder, recursos, valores, linguagem, dispositivos, estratégias, operações, visões de mundo, situações sociais de desigualdades, sofrimento, exclusão. Compreender os processos históricos, políticos e éticos relacionados a esses enfrentamentos constitui-se em premissa para o exercício comprometido da profissão e impacta diretamente as propostas interventivas e a condução do processo de avaliação dos projetos de intervenção. A realidade da intervenção pauta-se, na atualidade, segundo Faleiros (2014, p.720), “no contexto da produtividade, das exigências burocráticas, da exiguidade de recursos, das normas para reduzir custos, do corte de verbas do neoliberalismo. ” A construção de projetos sociais efetivos neste cenário demanda monitorar e avaliar os projetos de intervenção de forma a garantir o alcance dos objetivos propostos e a indicação de novas intervenções, pautadas nas dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa que compõem o exercício profissional do assistente social NA PRÁTICA Ao executar a intervenção, é necessário apontar mecanismos de avaliação do projeto de intervenção. É preciso sempre monitorar e avaliar. Reveja como você monitorou todas as etapas do projeto e de que forma você está avaliando sua intervenção. FINALIZANDO A proposição do projeto de intervenção relaciona-se diretamente ao conhecimento aprofundado da realidade de campo, a qual é permeada de desafios e contradições, o que requer compromisso do assistente social com o projeto da profissão na proposta, na execução e na avaliação das ações realizadas. REFERÊNCIAS BOSCHETTI, I. Avaliação de políticas, programas e projetos sociais. In: Serviço social – direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS; ABEPSS, 2009. CHIARANDA, P. S. et al. Educação e contra-hegemonia: reflexões sobre os (des) caminhos da educação emancipadora/libertadora no contexto contemporâneo. Avesso do Avesso, v. 14, n. 14, Edição Especial: I Encontro Regional de Educação, 2016. COELHO, S. de C. T. Metodologia de avaliação de projetos sociais. São Paulo: Cortez, 2016. COUTO, B. R. Formulação de projeto de trabalho profissional. In: Serviço social – direitos e competências profissionais. Brasília: CFESS; ABEPSS, 2009. FALEIROS, V. de P. O serviço social no cotidiano: fios e desafios. In: Serviço Social e Sociedade, n. 120, p. 706-722, out./dez. 2014. RAICHELIS, R. O assistente social como trabalhador assalariado: desafios frente às violações de seus direitos. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 107, set. 2011.
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