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Síndromes Coronarianas Agudas Definição: É uma situação clínica determinada por processo isquêmico agudo, que resulta em necrose miocárdica. Apesar do significativo progresso no seu tratamento, constitui problema clínico grave sendo a principal causa de morte entre indivíduos adultos. Representa 30% das mortes no mundo, também responsável por incapacitação total ou parcial. É resultante na maioria das vezes de ateromatose (aterosclerose) coronária complicada por trombose. Vasoespasmo também pode ocasionar infarto. Estudos angiográficos realizados nas horas iniciais do IAM revelaram presença de trombo oclusivo em aproximadamente 90% dos casos; 6 % dos pacientes com IAM apresentaram coronárias normais, sobretudo pacientes jovens com poucos fatores de risco. Causas de infarto sem ateromatose: Espasmo Origem anômala de coronária Dissecção da aorta envolvendo óstio coronário Tromboembolismo por endocardite ou prótese valvar Valvopatia aórtica Arterite Tireotoxicose Envenenamento por monóxido de carbono Hipotensão sustentada Hipoxemia Mecanismos de oclusão: Rotura da placa aterosclerótica com trombo oclusivo Trombo não oclusivo sobre placa pré existente Obstrução mecânica progressiva (placa): lentamente. Obstrução dinâmica o Espasmo o Vasoconstrição Inflamação Obstrução coronária SCAg sem supra de ST: Existe uma placa, a parede da artéria está bem espessada. A placa se projeta para dentro da luz, provocando uma obstrução. Obstrução coronária SCAg com supra de ST: Trombo não oclusivo Trombo oclusivo Junto à placa há formação de trombo na região, o qual provocou o fechamento total da artéria. Placa de ateroma: Infarto Agudo do Miocárdio Mayara Medeiros – 2020.1 Infarto agudo do miocárdio: Causas de óbitos (por fibrilação ventricular ou choque cardiogênico) – com atividade elétrica, mas sem atividade mecânica. o A maioria dos óbitos ocorre até 72h pós-IAM o A mortalidade no primeiro mês pós-IAM fica ao redor de 30-40% o 60-65% dos óbitos pós-IAM ou morte súbita ocorrem fora dos hospitais Para diminuir a mortalidade: o Serviços de resgate (UTI móvel – SAMU) o Padronização do atendimento: (ACLS) o Rotinas de estratificação de risco: (Unidade de Dor Torácica) ▪ 70-75% não tem isquemia miocárdica ▪ 10-15% com IAM ▪ 10-15% com angina instável ▪ Taxa de internação: 50-60% ▪ 2-8% são liberados sem diagnóstico de IAM Diagnóstico: Pode ser dividido em: o Clínico (precordialgia prolongada – angina, associada a outras alterações como pele fria, sudorese, hipotensão etc.). o Eletrocardiográfico (isquêmico que evolui ou não pra onda “Q” patológica) o Laboratorial (curva enzimática e de biomarcadores típica) Sendo que (pela OMS), 2 desses achados fazem o diagnóstico de infarto. Diagnóstico clínico: Presença de fatores de risco. História de angina instável (duração > 20 min. – início < 2 meses – progressivamente mais frequente, prolongada ou limiar mais baixo). Dor prolongada, desconforto precordial ou opressão retroesternal (com ou sem irradiação) Náuseas, vômitos, dispneia, astenia, febre (24-48h). Pele fria com sudorese e palidez. Taquicardia / disritmia Alteração da pressão arterial e do pulso arterial Hipofonese de bulhas cardíacas ou ritmo de galope Presença de sopro sistólico e atrito pericárdico IAM pode evoluir para sinais e sintomas de ICC o Por disfunção ventricular esquerda. o Por disfunção ventricular direita (infarto de VD) Assintomático (diabéticos, idosos) Ou não diagnosticados Quadro clínico sub valorizado Diagnóstico diferencial: Estado de ansiedade ou depressão Pericardite aguda* Valvopatias aórticas Hipertensão pulmonar Hipertrofia ventricular esquerda Aneurisma dissecante de aorta (tipo A)* Esofagite de refluxo Hérnia de hiato esofágico Espasmo esofagiano difuso Ruptura de esôfago Colecistite, colelitíase Úlcera péptica, pancreatite aguda Hérnia diafragmática Enfisema de mediastino Embolia pulmonar Pneumotórax espontâneo Doenças osteoarticulares do esterno Doenças neuromusculares da parede torácica Herpes zoster Dor torácica: Avaliação da dor torácica: Dor Tipo A – Dor muito sugestiva, definitivamente anginosa. Quase certeza do diagnóstico independe de Exames. Dor Tipo B – Isquemia é a principal hipótese, provavelmente anginosa. Ex. complementares para confirmação diagnóstica. Dor Tipo C – Isquemia não é a principal hipótese, provavelmente não anginosa. Ex. complementares para excluir o diagnóstico. Dor Tipo D – Isquemia improvável, definitivamente não anginosa. Angina: Caracteriza-se por dor ou desconforto em tórax, epigástrio, mandíbula, com ou sem irradiação para ombro, dorso ou membros superiores; desencadeada ou agravada com atividade física ou estresse emocional; atenuada pelo repouso e/ou nitrato. Angina atípica é mais comum em mulheres, idosos, diabéticos, renais e quadros demenciais. Diagnóstico eletrocardiográfico: Faz diagnóstico de 70% dos IAM com supra de ST. Agudização da onda T, seguido de inversão da mesma o Elevação (supradesnivelamento) do segmento ST o > 1,0 mm nas periféricas e em V4, V5, V6 o > 2,0 mm de V1-V3 o Ondas Q patológicas (1/3 do QRS) Infarto sem supra de ST o inversão da onda T ou infradesnivelamento do segmento ST. ECG seriado aumenta a sensibilidade (3 ECG em 30 min) Angina instável é uma síndrome coronariana aguda que pode evoluir para IAMCSST. V1 – V6 (TCE) V1 – V4 (descendente anterior) V3 – V4 (diagonais) V5, V6, D1, AVL (circunflexa, marginais esquerdas) D2, D3, AVF (descendente posterior da direita) D2, D3, AVF, V3R, V4R (coronária direita) Diagnóstico diferencial ECG: Hipertrofia ventricular direita ou esquerda. Bloqueio (completo) de ramo direito ou esquerdo. Síndrome de WOLFF-PARKINSON-WHITE Miocardites, Miocardiopatias, Pericardite Embolia pulmonar extensa Hemorragia intracraniana extensa Hipercalemia Diagnóstico laboratorial: Enzimas: não muda conduta frente a Troponina discordante. o CK-MB atividade enzimática ▪ Elevam de 4-8h ▪ Pico em 12-18h ▪ Normal em 48-72h ▪ Melhor marcador para reinfarto o CK-MB massa molecular: ▪ Elevam de 4-6h ▪ Pico em 10-24h ▪ Normal em 48-72h ▪ Especificidade: > 90% ▪ Sensibilidade: 97% o Mioglobina: ▪ Elevam de 1h ▪ Pico em 2-4h ▪ Precoce, sensibilidade de 98% ▪ Inespecífica (valor preditivo negativo) Biomarcadores – dosagem qualitativa ou quantitativa: o Troponina I ▪ Eleva de 3-6 h ▪ Pico em 24 h ▪ Normal após 7-10 dias o Troponina T ▪ Eleva de 3-6 h ▪ Pico em 24 h ▪ Normal após 10-14 dias o Troponina ultrassensível: eleva na 1ª h O maior ou menor grau de elevação das enzimas, depende da extensão do infarto (da necrose miocárdica) Redefinição de IAM: níveis sanguíneos de troponina elevados e evidência clínica/ ECG. Caso troponina ultrassensível esteja disponível, o protocolo pode ser abreviado (1-1 hora até 3 h.) Exames complementares: Enzimas, hemograma com VHS Lipidograma e glicemia Ureia, creatinina, Na, K Ecocardiografia Cintilografia miocárdica Estudo hemodinâmico Exame Radiológico (tórax) Cinecoronariografia: estudo hemodinâmico: Cateterismo cardíaco. Indicações na fase aguda do infarto. Para diagnóstico da lesão coronária culpada (alvo) e reperfusão da mesma (12 h). Quando da suspeita clínica de complicações mecânicas (ou ECO) Quando da presença de angina pós- infarto Tratamento: Unidade coronária (UTI, CTI, UCO) o 48 primeiras horas com monitorização ECG contínua, após as 48 horas com complicações.Internação hospitalar o de 07 – 10 dias (alta mais precoce quando atendimento limita a área de injúria). Medidas gerais: o Oxigênio por cateter ou máscara 4L/min o Se < 97% no oxímetro de pulso: 6-8 L/min o Acesso venoso o Repouso no leito o Dieta hipossódica de fácil digestão o Laxantes (quando necessário para evitar esforço) Clínico de urgência: o Nitratos: sublingual até 3 doses separadas por 5 min o Nitroglicerina: EV - infusão contínua o São utilizados para alivio da dor o Contraindicações: ▪ PA sistólica menor que 100mmHg ou queda de 30mmHg ou mais comparada com a basal. ▪ Infarto de VD. ▪ Uso de sildenafil nas últimas 24h ou tadalafil 48h. o Diminui pré e pós-carga, vasodilatador coronário o Aumenta o fluxo coronário colateral e endocárdico. o Betabloqueadores: ▪ Reduz incidência de disritmia (FV), a mortalidade, os níveis da PA e a contratilidade cardíaca; impedem a extensão do infarto, bloqueia as catecolaminas diminuindo o consumo de O². Deve ser evitado nos: BAV de 2º. e 3º. graus, P-R > 2,4s, FC e fração de ejeção baixas. (esmolol-EV, metoprolol-EV, propranolol, atenolol) o Inibidores da ECA (captopril, enalapril, ramipril): ▪ Atua na remodelação cardíaca precoce, início nas primeiras 24h com PA estável. Reduz mortalidade, diminui pré e pós-carga. Mioglobina o Antagonistas da aldosterona: ▪ Pós-IAM, fase tardia, se fração de ejeção menor que 40%. Deve ser evitado em pacientes com creatinina > 2,5 (2,0) e K > 5,5. o Morfina: ▪ Analgesia intravenosa, pode ser repetida de 5-15min, diminui a precordialgia, ansiedade e RVP. Ideal na dor refratária a nitratos. o Benzodiazepínicos: sedação o Estatinas: ▪ Início após as 24h – melhora a função endotelial e reduz o risco de eventos isquêmicos. ▪ Reduzir LDL em mais de 50% até 50mg/dL. ▪ Sinvastatina (40 +10 ezetimibe), atorvastatina (80) ou rosuvastatina (40); doses máximas o Antagonistas dos canais de cálcio: (Diltiazem/Verapamil). Utilizado na contraindicação dos BB. Antiplaquetários: Ácido acetilsalicílico: o Deve ser introduzido imediatamente nos casos suspeitos, mesmo antes do diagnóstico, na dose inicial de ataque 160-325mg/d (SBC 200 mg/d) mastigados para absorção bucal. o Dose de manutenção de 75 a 160 mg (SBC 100 mg/d). o Deve ser evitado em pacientes com antecedente de alergia, úlcera gastrointestinal com hemorragia ou outros sangramentos ativos. o Em casos de alergia deve ser substituído por clopidogrel ou ticlopidina (250 mg em 2 tomadas). Clopidogrel o Principalmente quando associado ao AAS, reduz em 20% o risco de eventos combinados: (AVEi, reinfarto e morte). o Ataque 300 mg (600mg no cateterismo de urgência, manutenção de 75mg). Evitar em pacientes <75 anos. Prasugrel, Ticagrelor Inibidores da glicoproteína IIb/IIIa o Maior benefício ocorre em pacientes que serão submetidos a terapia invasiva precoce (stent). Diminui o risco de trombose intra stent. o Abcixismab, tirofiban e eptifibatide. Heparina de baixo peso molecular (enoxiparina, flaxiparina) o É a primeira escolha. o Dose 1 mg/kg 2x ao dia. Heparina não fracionada (liquemine) o Iniciar com bolus de 60 U/Kg/h (máx. 4000 U), seguido de 12 U/kg/h (máximo de 1000 U/h), monitorar com o TTPa, a cada 6 horas. o Manter o tratamento até o momento da revascularização percutânea ou cirúrgica. o Monitorar contagem de plaquetas. Tratamento clínico de urgência: M.O.N.A. M.O.N.A.B. M.O.N.A.B.E. M.O.N.A.B.E.C. Tratamento de reperfusão: Trombolíticos x angioplastia com STENT História de dor torácica com até 12h do início dos sintomas na presença de supra de ST persistente ou BRE novo. Trombolíticos (fibrinolíticos): o No infarto com supra de ST o Estreptoquinase, alteplase, tenecteplase o Até 3 h melhores resultados, máximo 12h o Contraindicações: ▪ AVEH, AVEI nos últimos 3 meses, TCE ou cirurgia até 3 meses, neoplasia no SNC, sangramento interno ativo exceto menstruação ou gastrointestinal até 1 mês, suspeita de dissecção da aorta (ecocardiograma na beira do leito) o Contraindicações relativas: risco de sangramento ▪ AVEI, TCE, ou cirurgia com mais de 3 meses. ▪ HA grave não controlada ou refratária (PAS > 180mmHg ou PAD > 110mmHg) ▪ Uso de anticoagulantes orais, punções não compressíveis nas últimas 24h (lombar, biópsia hepática e renal) ▪ Alterações de coagulação, endocardite infecciosa ▪ RCP traumática ou prolongada > 20 min. ▪ Úlcera péptica ativa, gestação, disfunção hepática ou renal graves ▪ Uso prévio há mais de 5 dias o O tratamento com trombolíticos (fibrinolíticos), está indicado quando não há possibilidade de angioplastia primária em tempo adequado e não exista contraindicações para seu uso. o Mesmo quando a trombólise tenha critérios de sucesso, é recomendada a angioplastia nas primeiras horas após atendimento. o Os critérios de sucesso (reperfusão) pós a trombólise, são avaliados de 60-90 minutos após a infusão da droga. o Critérios: melhora da precordialgia, presença de arritmias de reperfusão, redução de mais de 50% da elevação do segmento ST. Tratamento intervencionista: Pode ser primária ou secundária ao uso do trombolítico: facilitada (com sucesso) ou de resgate (sem sucesso). Angioplastia coronária com STENT (até 06 h melhores resultados – máximo 12 h) Taxa de reperfusão: angio (+)90% trombolítico 55-80% Fluxo TIMI III: angio (+)90% trombolítico 50- 60% Fluxo TIMI: 0 – ausência, I – pequeno, II - distal lento, III – normal Cirurgia de revascularização do miocárdio de urgência: Na fase aguda, o risco e a mortalidade são elevados. Só usada se todos os tratamentos anteriores não tiverem sucesso. Objetivos do tratamento: Principal: reperfusão da coronária culpada (alvo) Outros: o Manutenção da potência do vaso o Limitação do infarto o Preservação da função ventricular o Controle das arritmias. Delta “T” até 12h do início dos sintomas (tempo porta-balão < 2h) Fluxo TIMI: 0 – ausência, I – pequeno, II - distal lento, III – normal Medicação pós alta hospitalar: Indefinidamente: o Aspirina (75-162mg) o Betabloqueadores o IECA (BRA) o Estatinas o Clopidogrel (75mg): até 1 ano o Fibratos (HDL <40 – Tg >200) IIA/B Fatores prognósticos: Extensão do infarto, intervalo de tempo (atendimento) Presença de disfunção ventricular e ICC Presença de cardiomegalia e HVE Presença de disritmias cardíacas Angina pós-infarto Idade, tabagismo, HAS, DM, DPOC Extensão da aterosclerose coronária Complicações: Arritmia cardíaca (complicação mais frequente): o Bradicardia ou taquicardia sinusal o Ritmo juncional, fibrilação atrial o Extrassistolia ventricular ou supraventricular o Taquicardia ventricular ou supraventricular o Fibrilação ventricular o Bloqueios atrioventriculares o BAVT transitório (IAM inferior) Insuficiência cardíaca (segunda complicação mais frequente e primeira causa de morte por choque cardiogênico): o Angina pós-infarto com risco de reinfarto o Pericardite após 2 semanas (Síndrome de Dresler) o Derrame pericárdico o Tromboembolia pulmonar e venosa o Morte súbita (FV) Classificação clínica da IC pós infarto: Complicações mecânicas: ECO (Transtorácico ou Transesofágico) Ruptura do coração (parede livre do VE, septo interventricular, músculo papilar da valva mitral – leva a insuficiência mitral e insuficiência cardíaca) Aneurisma do ventrículo esquerdo (discinesia do VE, formação de trombos no VE com risco de embolia arterial e AVEI). Acinesia ou hipocinesia do VE São complicações dos primeiros 5 dias. Pacientes com pouca circulação colateral, sem reperfusão precoce. Remodelamento pós-IAM:evento isquêmico: Região necrosada o Expansão do infarto o Adelgaçamento e dilatação Remodelação ventricular Disfunção ventricular ICC Aneurisma do VE Infarto com trombo no VE Região não-necrosada: o Hipertrofia o Dilatação Remodelação ventricular Disfunção ventricular ICC Hipertrofia e dilatação HVE com infarto
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