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Resumo - Aula 01 - Farmacologia dos Anestésicos Locais e Vasoconstrictores

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1 Ana Catarina Rios – Odontologia – UFAL 
Farmacologia dos Anestésicos Locais e 
Vasoconstrictores 
 
 
Segundo o artigo 6 da Lei 5.081 de 24/08/1966, 
compete ao cirurgião dentista: 
 
• Aplicar anestesia local e truncular; 
• Empregar a analgesia e hipnose, desde 
que comprovadamente habilitado, 
quando constituírem meios eficazes para o 
tratamento. 
 
 
O que são anestésicos locais? 
 
Os anestésicos locais são fármacos capazes de 
impedir/bloquear/dificultar/impossibilitar, de modo 
reversível, a condução de impulsos nervosos (em 
especial, a dor) em um determinado local do corpo 
pela depressão da excitação das terminações 
nervosas (em especial, sensitiva) ou pela inibição do 
processo de condução nos nervos periféricos, sem 
perda da consciência. 
 
Os anestésicos locais têm ação somente sobre os 
axônios (fibras nervosas) e nervos periféricos. Não 
agem sobre os corpos celulares, pois estes estão 
localizados dentro dos gânglios ou do encéfalo. 
 
Diferentemente da anestesia local, na anestesia 
geral ocorre o bloqueio das sinapses nervosas. 
 
 
A anestesia local deve ser feita de maneira que o 
anestésico fique o mais próximo possível do nervo. 
 
O foco dos anestésicos locais é causar a depressão da 
excitação das terminações nervosas, em especial 
sensitiva. Entretanto, o anestésico atuará tanto nos 
nervos aferentes quanto nos eferentes, inibindo a 
sensibilidade e 
 
movimentação daquele órgão ou daquela 
musculatura. 
 
Os anestésicos locais não têm efeito sedativo e 
hipnótico e, conseqüentemente, não provocam 
perda de consciência. 
 
 
 
 
 
 
Pontos Importantes 
 
De maneira geral, quando queremos ter a atuação 
de um fármaco no organismo, administramo-lo por 
via endovenosa, intramuscular ou enteral, a fim de 
que o mesmo “caia” na corrente sanguínea. 
 
Assim, após cair na corrente sanguínea, tem-se o 
efeito desejável (efetividade). 
 
Exemplo: um remédio para dor só fará efeito após 
se espalhar pela corrente sanguínea. 
 
Contudo, isso não ocorre nos anestésicos locais ou, 
quando acontece, é de maneira contrária. 
 
No caso dos anestésicos locais, teremos seu efeito 
apenas quando administrados no tecido. Quando o 
anestésico local cai na corrente sanguínea, este 
passa a ter um efeito indesejável ou, mais 
especificamente, passa a ter uma toxicidade, seja ao 
Sistema Nervoso Central ou Cardiovascular. 
 
Se o anestésico local tem como objetivo bloquear o 
impulso nervoso, este não apresentará nenhum 
efeito ao ser aplicado dentro de um vaso sangüíneo, 
uma vez que não possuímos axônios no interior dos 
vasos. Vale ressaltar que, ao cair na corrente 
sanguínea, o anestésico não será captado pelas 
células, mas será 
inativado e circulará na 
corrente sanguínea até ser 
excretado pelos rins. 
 
Por isso, não faz sentido e 
não é bom colocar 
anestésico no vaso 
sanguíneo. Por isso, as 
seringas permitem o 
refluxo ao fazermos uma pressão contrária ao 
sentido de aplicação para saber se atingimos um 
vaso sanguíneo. 
 
A técnica anestésica deve ser realizada de maneira 
que a aplicação ocorra o mais perto possível do 
feixe vasculonervoso e com a maior quantidade 
possível de material, a fim de ter uma profundidade 
anestésica melhor, principalmente durante a 
realização de procedimentos, como exodontia e 
canal. 
 
Existem dois tipos de técnica anestésica: 
 
• Infiltrativa 
• Tópica 
 
 
2 Ana Catarina Rios – Odontologia – UFAL 
 
 
 
Para realizar a anestesia infiltrativa, é necessário 
um (a): 
 
• Agulha 
• Tubete anestésico 
• Seringa metálica 
 
A anestesia tópica é feita através da aplicação de 
um gel/pomada e posterior fricção da substância na 
mucosa. 
 
A técnica infiltrativa permite fazer a anestesia do 
feixe vasculonervoso, enquanto a técnica tópica é 
capaz de anestesiar apenas as terminações livres 
presentes na mucosa do paciente. 
 
 
Mecanismo de Ação 
 
O neurônio, ou célula nervosa, é a unidade 
estrutural do sistema nervoso. Ele é capaz de 
transmitir mensagens entre o sistema nervoso 
central (SNC) e todas as partes do corpo. 
 
O dendrito é o segmento mais distal do neurônio e é 
composto por uma arborização de terminações 
nervosas livres. 
 
O corpo celular, estrutura que fica interposta entre 
o axônio e os dendritos, não somente é componente 
integrante do sistema de transmissão de impulsos, 
mas também proporciona suporte metabólico para 
a célula. 
 
O axônio é uma estrutura fina semelhante a um 
cabo. 
 
 
Perto de sua terminação, o axônio se ramifica com 
cada ramo, finalizando como terminação bulbosa 
do axônio (ou botão). 
 
As terminações do axônio fazem sinapse com as 
células musculares. 
 
 
 
Axônio: 
 
Algumas fibras nervosas são cobertas por uma 
camada lipídica isolante (não permite a passagem 
de carga) de mielina. 
 
As fibras nervosas mielinizadas estão confinadas em 
camadas de bainhas lipoproteicas de mielina 
enroladas em forma de espiral, as quais na 
realidade constituem uma forma especializada de 
célula de Schwann. 
 
A camada mais externa de mielina consiste no 
citoplasma da célula de Schwann e em seu núcleo. 
 
Há constrições localizadas a intervalos regulares 
(aproximadamente a cada 0,5 a 3 mm) ao longo 
da fibra nervosa mielinizada. Essas constrições são os 
nodos de Ranvier e formam um intervalo entre 
duas células de Schwann adjacentes. Nesses nodos, a 
membrana do nervo está diretamente exposta ao 
meio extracelular. 
 
As propriedades isolantes da bainha de mielina 
possibilitam que um nervo mielinizado conduza 
impulsos de maneira muito mais rápida que um 
nervo não mielinizado de tamanho igual. 
 
 
 
Nas fibras nervosas que possuem a camada de 
mielina, o anestésico agirá apenas na região do 
nervo que se encontra exposta ao meio extracelular, 
isto é, sem a bainha de mielina (nódulo de Ranvier). 
 
Nas fibras nervosas que não possuem a camada de 
mielina, será necessária uma maior quantidade de 
anestésico, uma vez que este precisa agir em toda 
extensão do axônio. 
 
 
Organização das Fibras 
 
Os nervos periféricos são feixes ou fascículos 
contendo muitas fibras nervosas (axônios), cujos 
corpos celulares de seus neurônios se encontram no 
sistema nervoso central ou nos gânglios no sistema 
nervoso periférico. Nos nervos podem ocorrer 
combinações de fibras eferentes (motoras), aferentes 
(sensitivas) que podem ser mielínicas e amielínicas. 
 
Os nervos e as fibras nervosas são revestidos por 
tecido conjuntivo formando várias camadas. São 
elas: 
 
• Epineuro 
• Perineuro 
• Endoneuro 
 
Dentre as túnicas de tecido conjuntivo, o epineuro é 
a camada mais externa, envolvendo todo o nervo. 
O perineuro reveste cada fascículo nervoso e é 
derivado de invaginações do epineuro. 
 
O endoneuro rodeia cada fibra nervosa. 
 
 
3 Ana Catarina Rios – Odontologia – UFAL 
 
 
 
Dentro do fascículo, as fibras nervosas são divididas 
em tipos A, B e C. 
 
Por sua vez, as fibras do tipo A são divididas em 
alfa, beta, gama e delta. 
 
A maneira como essas fibras se organizam diferem 
uma da outra. 
 
As fibras do tipo B estão localizadas mais 
superficialmente, isto é, na porção mais externa da 
fibra nervosa. 
 
As fibras do tipo A alfa, A beta e A gama, estão 
localizadas mais profundamente, isto é, na porção 
mais externa da fibra nervosa. 
 
As fibras do tipo C estão localizadas mais 
externamente e próximas às fibras do tipo B. 
 
Vale ressaltar que as fibras do tipo C não têm 
mielina, enquanto as fibras do tipo A e B possuem 
esta camada as envolvendo. Por isso, tem-se uma 
área bem diferente na hora de fazer o bloqueio do 
impulso, pois quanto maior a quantidade de 
mielina (isolante natural), menos sensível é o feixe 
aos anestésicos e, consequentemente, mais difícil é 
pra fazer o bloqueio da fibra nervosa. 
 
Além disso, fibras mais finas são mais fáceis de serem 
anestesiadas quando comparadas às mais grossas. 
 
 
 
 
Essas fibras levam sensibilidades diferentes. 
 
 
 
 
 
 
Tipo de Fibra Função Quantidade de Mielina 
Tipo A (Alfa) Propriocepção, motorDenso 
Tipo A (Beta) Tato, pressão Denso 
Tipo A (Gama) Fusos musculares Denso 
Tipo A (Delta) Dor, temperatura Denso 
Tipo B 
Pré-ganglionares 
autônomos Leve 
Tipo C Dor Nenhuma 
 
Ao analisar a tabela, podemos concluir que, ao 
anestesiar um paciente, a primeira sensibilidade que 
será perdida é a dor, uma vez que a fibra C e A 
delta (fibras responsáveis por essa sensação) estão 
localizadas mais superficialmente e, 
conseqüentemente, serão as primeiras fibras que o 
anestésico fará o bloqueio. 
 
Contudo, as fibras responsáveis pela propriocepção 
e pressão encontram-se no interior do fascículo. 
Assim, a ação do anestésico sobre estas fibras é mais 
demorada e, conseqüentemente, estas sensações são 
as últimas a desaparecerem. 
 
Por isso, mesmo após a perda da dor, o paciente 
ainda sente o tato e a pressão. 
 
Por isso, ao aplicarmos o anestésico, devemos 
esperar um pouco, a fim de que todas as fibras 
sejam bloqueadas. 
 
Ordem de bloqueio das sensibilidades: 
 
• 1º: dor 
• 2º: frio 
• 3º: calor 
• 4º: tato 
• 5º: pressão 
 
OBS: as fibras que inervam um molar são mais 
superficiais, enquanto as que inervam um incisivo 
são mais profundas. Assim, se o lábio (região 
próxima aos incisivos) do paciente está dormente, 
significa que o molar já está totalmente 
anestesiado, visto que possui fibras mais superficiais. 
Entretanto, se os lábios ainda estão sensíveis, corre o 
risco de os molares não estarem completamente 
anestesiados. 
 
Assim, a disposição das fibras no fascículo e a 
quantidade de mielina influenciam no bloqueio das 
fibras nervosas.

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