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THAÍS ANDRADE Fonte: Google imagens A mordida aberta anterior pode ser definida como a ausência de contato entre as bordas dos incisivos superiores e inferiores, apresentando assim um trespasse vertical negativo na região anterior. Geralmente causa alterações no perfil e resulta em deficiências no aspecto estético do paciente. Além disso, dificulta a apreensão e o corte dos alimentos e prejudica determinados fonemas, expondo o paciente a situações desagradáveis em seu ambiente. A frequência dessa maloclusão na população infantil com dentadura mista é bastante acentuada (entre 17 e 18,5%), e o prognóstico de correção varia de bom a deficiente, dependendo da severidade e da idade do paciente. A etiologia é multifatorial, ou seja, diversos fatores interagem e operam dentro de um potencial de crescimento inerente a cada indivíduo. Esta é a fase em que o tratamento é mais fácil, pois o comprometimento é basicamente dentário (cerca de 95%), com pouco envolvimento esquelético. O predomínio do fator esquelético sobre o dentário na dentadura decídua ocorre raramente, pois a mordida aberta se instala em um primeiro momento comprometendo os elementos dentários, e, posteriormente, com o desenvolvimento, o tecido ósseo é envolvido na maloclusão. Etiologia Os principais fatores etiológicos funcionais são: -Hábitos bucais deletérios (sucção digital e/ou chupeta, língua) e -Respiração bucal. -Alguns outros fatores podem contribuir na etiologia, como aleitamento materno, hereditariedade, traumatismos e patologias. Tratamento Nenhum tratamento com dispositivos ortodônticos deve ser iniciado antes dos 5 anos de idade, em virtude da imaturidade da criança. Sempre é mais favorável e desejável a eliminação espontânea do hábito pela criança, podendo, muitas vezes, culminar com a reversão espontânea das alterações oclusais, minimizando assim as chances de recidiva. O que pode ser feito é orientar a criança e os pais para o abandono do hábito de sucção de chupeta e/ou dedos de maneira gradativa, sem interrupção abrupta para não deixar sequelas de comportamento. Deve ser utilizada linguagem clara, sem reprimir o hábito, deixando a criança bem à vontade e motivando- a de maneira positiva, com elogios e sorrisos. Nos casos em que o hábito se apresenta de maneira marcante, pode ser necessário o auxílio de um psicólogo. Após os 5 anos, o tratamento da mordida aberta anterior na dentadura decídua é realizado por meio da grade palatina, que pode ser removível (associada a uma placa de Hawley) ou fixa com bandas cimentadas. A escolha de uma ou outra depende basicamente da cooperação do paciente quanto à frequência do uso do aparelho. A grade palatina removível funciona apenas como um lembrete para que a criança não sugue o dedo e/ou chupeta e não interponha a língua. Afinal, se ela desejar, poderá remover o aparelho. Já a grade palatina fixa impede o hábito de sucção de chupeta e/ou dedo e também atua como uma barreira mecânica, impedindo a interposição da língua entre os dentes anteriores. Trata-se, portanto, de um dispositivo passivo, que não gera nenhuma força para movimentação dentária. O tempo de tratamento da mordida aberta anterior pode variar de 3 a 18 meses, dependendo da colaboração (no caso de aparelho removível), da idade do paciente e da severidade da maloclusão. Quanto mais jovem o paciente e mais suave a mordida aberta, mais rápida a correção. Na dentadura mista, o componente esquelético na mordida aberta anterior começa a aumentar devido à persistência dos fatores etiológicos que não foram Mordida Aberta Anterior Introdução Dentadura Decídua Dentadura Mista THAÍS ANDRADE eliminados na dentadura decídua. A prevalência dos componentes esqueléticos é maior do que na dentadura decídua, mas a participação esquelética ainda é pouco freqüente. Etiologia A etiologia da mordida aberta na dentadura mista basicamente é a mesma da dentadura decídua: hábitos bucais deletérios e respiração bucal. Eles persistem nessa fase por não terem sido eliminados anteriormente. Tratamento A abordagem terapêutica também é semelhante àquela realizada na dentadura decídua. Devido ao maior comprometimento das estruturas dentoesqueléticas, a resposta ao tratamento se torna mais demorada, aumentando um pouco o tempo de tratamento. O dispositivo ortodôntico utilizado também é a grade palatina, que pode estar presente em aparelhos fixos tipo arco em W, bi-hélice ou disjuntores, bem como em aparelhos removíveis, quando, além da mordida aberta, ocorrer mordida cruzada posterior. As bandas podem ser, então, cimentadas nos primeiros molares superiores permanentes. A grade fixa possui boa efetividade em relação à remoção do hábito, mas há maior dificuldade de adaptação por parte do paciente, principalmente para falar e se alimentar. A orientação aos pais e ao paciente é de extrema importância. Se houver interposição lingual, o encaminhamento ao tratamento fonoaudiológico só deve ser realizado após a correção da mordida aberta (trata-se primeiramente a forma e só depois a função). Nesta fase, o componente esquelético é bem maior do que nas demais, podendo estar restrito ao osso alveolar ou ter envolvimento de todo o padrão de crescimento esquelético facial. Etiologia A etiologia da maloclusão é a mesma das demais fases, com persistência dos hábitos bucais deletérios e da respiração bucal. Esses fatores etiológicos atuam, muitas vezes, por longo período, tornando sua abordagem mais complexa. Por esse motivo, é muito importante tratar a mordida aberta anterior o mais precocemente possível, pois o tratamento é mais simples e rápido, e os resultados são mais estáveis. Tratamento Em virtude do maior envolvimento das estruturas esqueléticas na mordida aberta na dentadura permanente, o tratamento torna-se mais difícil, principalmente no que diz respeito à estabilidade, que não é tão satisfatória como aquela da correção precoce. Como o crescimento vertical para restabelecer o trespasse normal é bem menor nessa fase, o fechamento da mordida aberta deve ser obtido pela aplicação de forças ortodônticas. Isso é realizado por meio de aparelhos ortodônticos fixos com o uso de elásticos verticais intermaxilares na região anterior, visando à extrusão dos dentes anteriores. Para obter resultados satisfatórios, o paciente deve usar os elásticos constantemente, entre 18 e 20 horas por dia, removendo apenas para as refeições. Em alguns casos, são necessárias extrações dentárias com a finalidade de corrigir outros problemas ortodônticos, como apinhamento ou discrepâncias anteroposteriores. Como exposto anteriormente, o tratamento fonoaudiológico deve ser instituído somente após o fechamento da mordida aberta, se houver persistência dos hábitos bucais deletérios. A importância da abordagem fonoaudiológica na dentadura permanente é ainda maior, pois, nessa fase, a eliminação dos hábitos é mais difícil, e a correção também é mais suscetível a sofrer recidivas. Em casos mais severos, o tratamento ortodôntico deve ser associado ao tratamento cirúrgico para corrigir a deformidade óssea. JANSON, G. et al. Introdução á Ortodontia: mordida aberta anterior. Editora Artes Médicas Ltda., 2013. São Paulo – SP. Referências Dentadura Permanente
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