Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Introdução A classificação de kennedy é a mais universalmente aceita. Existem, lógico, outras classificações, mas o que será cobrado aqui é a classificação de Kennedy. Objetivos O principal objetivo, ao falar em classificações, é agrupar e promover uma resolução para um grupo. Por exemplo, quando se tem uma prótese dentomucosossuportada na região anterior, de primeiro pré-molar a primeiro pré-molar, temos a classe 1 de Kennedy. Para esses casos de classe 1, é melhor utilizar grampos do tipo X e não grampos tipo Y, por exemplo. Agrupar os representantes de uma população, segundo os pontos de semelhança que apresentem entre si, de maneira a poder generalizar a todo o grupo os conhecimentos ou as leis relativas a cada representante particular. Facilitar o equacionamento dos problemas inerentes a uma determinada coletividade, como decorrência natural da facilidade de se estudar e entender, em separado, os diversos grupos que a compõem. Finalidade didática. Comunicação profissional/profissional, profissional/técnico e técnico/profissional. (criar soluções para um grande grupo, facilitando a comunicação). Sistematização do desenho e do tratamento. Diversos autores organizaram e propuseram os diversos sistemas para tentar resolver problemas, agrupando o número de possíveis combinações em classes e subclasses, baseando-se em diferentes princípios. Mas nenhuma dessas classificações é totalmente específica, sendo necessário que se entenda os princípios. Classificações Segundo McCracken (1964), nenhum método de classificação pode ser descritivo de um método único, porém de métodos mais básicos, e este deverá ser suficiente. Existe um número imenso de classificações. A mais utilizada é a de Kennedy (1928), que foi modificada por Applegate (1960). Ela precisou de uma resolução para que fosse entendida melhor e sanasse algumas dúvidas, mas mesmo assim não é uma classificação completa. Bases Para as Classificações Algumas bases para essas classificações foram oriundas dos primeiros autores do tema. A escola de Cummer (1921) trabalhava com o rendimento da prótese parcial removível. A escola de Kennedy (1925) é mais topográfica. Já a escala de Rumpel (1927) é mais fisiológica, tentando resolver alguns problemas funcionais. Além disso, mais de 60 outros autores criaram novas classificações baseando-se em: Topografia; Rendimento do aparelho protético; Função; Fisiologia; Biomecânica. Primeira Classificação - Funcional Considera o tipo de via de transmissão das cargas mastigatórias ao tecido ósseo. A transmissão por via dental ocorre através de PPRs dentossuportadas ou próteses parciais fixas (PPF). A transmissão por via fibromucosa é feita através das PPRs mucossuportadas ou PT. E a transmissão mista, que ocorre através dos dentes e por via fibromucosa, se dá através das PPRs dentomucossuportadas. Quando se tem uma ponte como no caso da Classificação dos Edêntulos Parciais imagem acima, que mostra um pré-molar e um molar (faltando só o segundo pré-molar), onde existe apoio tanto de um lado como do outro, ao mastigar, a força exercida irá deformar esse dente protético e, com isso, ele irá transmitir as tensões exercidas para os ligamentos dos dentes pilares/vizinhos (cargas de compressão passam a ser cargas de tração). A partir do momento em que se perde o suporte posterior, a prótese irá recompor a parte óssea e fibromucosa perdida, através do osso e gengiva artificial, que irá se apoiar na região fibromucosa. Com isso, obtemos uma prótese dentomucosossuportada, onde existe a transmissão por via dental e por via fibromucosa. Em condições normais, um dente se deforma em torno de 0,1 mm no seu ligamento periodontal. Já a sela se deforma, com relação à região fibromucosa, 13 vezes mais do que em relação ao ligamento periodontal (cerca de 13 mm). Ou seja, essa prótese irá se deformar bem mais na região de mucosa do que na região de dente, causando uma alavanca, como mostra a imagem anterior, onde a força mastigatória não será transmitida igualmente (carga de compressão transmitida para o osso). Por conta disso, sempre que possível, devemos fazer próteses apoiadas somente sobre dentes, pois as cargas serão melhor absorvidas pelo osso por via do ligamento periodontal. Ao trabalhar com uma prótese dentomucosossuportada, deve-se evitar ao máximo a exacerbação da reabsorção. É evidente de que toda prótese dentomucosossuportada irá causar reabsorção devido ao desequilíbrio de cargas (o osso não consegue absorver bem as cargas), mas deve-se criar próteses que evitem a exacerbação dessa reabsorção. Rumpell (1927) Rumpell, baseado na classificação funcional das próteses (dentossuportada, dentomucosossuportada e mucosossuportada), criou uma classificação bem simples, chamando as próteses dentossuportadas de fisiológicas, as dentomucosossuportadas de semifisiológicas e as mucossuportadas de afisiológicas. Cummer (1921) Baseado em Cummer temos a classificação biomecânica, que se fundamenta na posição dos dispositivos de retenção indireta. Classe I – Diagonal Nesse caso haverá retentores que ficaram nos dentes pilares, que ficam vizinhos aos espaços protéticos. Com isso, o objetivo é criar uma estabilização para que a prótese não se mova. Portanto, forma-se uma retenção indireta (longe do espaço protético). Resumindo, haverá grampos nos dentes próximos aos espaços protéticos (retentores diretos), formando uma linha imaginária que os liga pela diagonal. Bem no centro dessa linha imaginária é traçada uma linha perpendicular, sendo posto nos dentes por ela alcançados um retentor mecânico para auxiliar na estabilidade da prótese. Classe II – Diametral É assim classificado quando se tem um espaço protético anterior ou posterior, de forma que se cria regiões de fulcro com retenções indiretas adicionais que facilitam a estabilização da prótese quando em posição. Classe III – Unilateral Hoje em dia as próteses dessa classificação estão contraindicadas, pois é preciso que haja retentores, ou seja, grampos, que abracem os dentes do lado oposto ao espaço protético e promovam a retenção indireta para que se distribua a retenção também longe do espaço protético, criando uma prótese mais ampla (com retenção/estabilidade mais ampla). A prótese unilateral de Cummer em si é uma prótese pequena e que não oferece muita retenção. Por conta disso, ela pode se soltar e o paciente pode acabar deglutindo-a. Classe IV – Polilateral Esse tipo de prótese faz uso de uma lei bastante utilizada que é a do polígono de Roy. Cria-se polígonos que proporcionam estabilidade, eliminando forças horizontais que deslocam a prótese (quanto mais figuras geométricas, melhor a estabilidade). Muller (1930) Em suas classificações, Muller buscou aprimorar o rendimento do aparelho protético. A grande sacada de Muller foi a denominação da prótese de alavanca, que corresponde à região do extremo livre, onde se tem os dentes anteriores, mas não se tem o apoio dos dentes posteriores. Entre as suas classificações temos: Classe I – Prótese intercalar; Classe II – Prótese de alavanca; Classe III – Prótese combinada. Na imagem a seguir, do lado direito teríamos uma prótese intercalar; do lado esquerdo teríamos uma prótese de alavanca e o conjunto seria uma prótese combinada. Essas classificações de Muller são baseadas nos achados de Cummer. Classificação de Kennedy Segundo Fiset (1973), a classificação de Kennedy, além de ser a que apresenta maior objetividade para o ensino e aprendizagem dos princípios que promovem a integração bioprotética da prótese removível, é a que oferece melhores condições para propor a mentalização das conjecturas de planejamento para os diferentes tipos de pacientes parcialmente edêntulos. A classificação de Kennedy alcança quasetodos os casos de PPR. Antes de executar o preparo protético é importante reestabelecer o plano oclusal (dimensões anteroposterior e laterolateral), de forma que o paciente possa mastigar sem obstáculos. As classificações posteriores à de Kennedy não conseguiram superar a sua utilidade, sendo esta a classificação que agrupa mais racionalmente os casos de edentados parciais e a mais fácil de ser aplicada no ensino e na prática clínica da PPR. Classe I - Edentado Posterior Bilateral Nesse caso se observa a ausência dos dentes posteriores dos dois lados da arcada. Com isso, a sela e os dentes artificiais irão ocupar toda essa região desdentada e de possível perda óssea. Do ponto de vista funcional, essa classe I de Kennedy se trata de uma prótese dentomucosossuportada (semifisiológica). Classe II - Edentado Posterior Unilateral Esse tipo de prótese, funcionalmente, também é classificado como dentomucosossuportada. A diferença entre essa classificação e a classe I é que, em seus estudos, Kennedy descobriu uma maior incidência de espaços protéticos quando bilaterais do que quando unilaterais. Classe III - Edentado Posterior Intercalar Nesse caso se observa a ausência de dentes posteriores, mas há a presença de dentes dos dois lados do espaço protético. Do ponto de vista funcional, trata-se de uma prótese dentossuportada. Classe IV - Edentado Anterior Intercalar Para ser uma classe IV é necessária a ausência de pelo menos os dois incisivos, ou seja, a linha média tem que estar comprometida. Regras de Applegate Em 1960, Applegate utilizou algumas regras para normatizar a classificação de Kennedy. 1º regra. A classificação deve ser utilizada posteriormente ao preparo de boca, visto que novas extrações podrão alterá-la. 2º regra. Se o terceiro molar está ausente, não se deve considerar a zona edentada correspondente, visto que terceiros molares não serão repostos. 3º regra. Se estão presentes os terceiros molares e vão ser utilizados como elementos de suporte no planejamento, devem ser considerados na classificação. (só se considera o terceiro molar quando ele é utilizado para suporte). 4º regra. A área correspondente aos segundos molares ausentes – que por alguma razão especial, como por exemplo, a ausência do seu antagonista, não devem ser reposicionadas – não deve ser considerada para efeito de classificação. 5º regra. Quando existem zonas edentadas adicionais na mesma arcada, a zona ou as zonas mais posteriores regem a classificação (exceto a zona correspondente aos terceiros molares). 6º regra. As zonas edentadas agregadas às que determinam a classificação primária, indicam-se como modificações dessa classe e são identificadas por um número (algarismo arábico). 7º regra. A extensão da zona modificante não influencia, mas o fator determinante é o seu número. 8º regra. Só as classes I, II e III podem possuir modificações, ou seja, a classe IV não permite modificação (zonas edentadas adicionais na classe IV resultariam em zonas edentadas bilaterais simples). Modificações Como dito anteriormente, as modificações são descritas em algarismos arábicos, dependendo do número de brechas protéticas. Quando além do espaço que rege a classe houver um espaço adicional, esse espaço será a modificação. O espaço adicional é somado pelo número de brechas protéticas a serem somadas, podendo ser Mod 1, Mod 2 Mod 3 ou Mod 4. Exemplo - Classe I Mod. 2 Edentado posterior bilateral com dois espaços extras. Se também perdesse o canino, a modificação seria 1. Já se perdesse o primeiro pré-molar do lado direito da imagem, a modificação seria 3. Exemplo - Classe II Mod. 1 Como a região edentada mais posterior é que rege a classificação, na imagem a seguir temos uma prótese unilateral (edentado posterior unilateral) com um espaço adicional, ou seja, classe II Mod 1. Exemplo - Classe III Mod. 3 No caso a seguir temos um edentado posterior intercalar, onde são somados os três espaços extras.
Compartilhar