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Resumo de Direito Civil IV - 4º bimestre

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Depósito (art. 627/652)
Conceito
-Trata-se o depósito de um contrato pelo qual um depositante entrega um bem móvel a outrem (depositário) para que ele o guarde, conserve e devolva quando o depositante requisitar ou ao termo final do prazo instituído. 
	Em primeiro, há de se ressalvar que não se pode confundir o contrato de depósito com a mera permissão de guarda, compondo esta uma situação na qual o depositário não fica sujeito aos deveres de guarda e conservação supramencionados, vigorando neste, de forma plena, o princípio do res perit domino. Ex: Vizinho pede ao outro para que possa guardar seu carro em sua garagem por uns dias. 
Objeto 
- Trata-se o objeto do contrato de depósito de um bem móvel, podendo este ser: 
a) Infungível: Corresponde ao chamado depósito regular; 
b) Fungível: Corresponde ao chamado depósito irregular. Diz-se que o depósito irregular se diferencia do mútuo pois este não é um contrato de consumo, ou seja, o depositário não assume a posse do bem com o escopo de consumi-lo, mas sim conservá-lo para seu legítimo proprietário. 
Características do depósito
- Diz-se, com base na tradição jurídica, que o contrato de deposito é, em regra, gratuito. Todavia, sempre em que o depósito for inerente à profissão de alguém (ex: bancário) ou for instituída, para ele, uma contraprestação pela via contratual, ter-se-á um contrato de depósito oneroso, que, na prática corresponde à grande maioria. Ex: Armazéns gerais, estacionamentos, hotéis (no que diz respeito às bagagens dos hóspedes, etc. 
	É um contrato unilateral se gratuito, vez que comporta deveres somente por parte do depositário, e bilateral se oneroso, caso em que comporta deveres para ambas as partes. 
	É um contrato comutativo, vez que as prestações são bem definidas e há um equilíbrio, ainda que subjetivo, entre elas. 
	Trata-se de um contrato intuito persone, devido ao elevado grau de confiança depositada no depositário que deverá velar pela boa manutenção do bem. 
	Trata-se de um contrato típico, pois definido e regulado pela legislação civil vigente. 
	Trata-se de um contrato temporário. 
	Trata-se de um contrato real, assim como o mútuo e o comodato, dependendo, desta forma, da entrega do bem para sua efetivação. 
Depósito de bens imóveis
- Apesar do depósito judicial ser admitido quanto a bens imóveis, a doutrina e a jurisprudência são pacíficas no entendimento de que tal depósito não corresponde àquele contrato regulado pelo Código Civil e que, por sua vez, somente se admite quanto a bens móveis. 
Formalidade do contrato de depósito
- Alguns doutrinadores atestam ser o contrato de depósito formal, vez que, conforme determinação expressa do artigo 646 do CC, este somente será provado por escrito. Outra corrente doutrinária, todavia, acredita que tal determinação nada tem a ver com a formação do contrato, sendo necessário o documento que o materialize com finalidade restritamente ad probationem. 
	Esta segunda corrente ainda se baseia na escala ponteana (de Pontes de Miranda) que determina que: 
1º - Para existência do contrato: 
a) Sujeitos; 
b) Objeto; 
c) Forma quando exigível; 
2º - Para a validade do contrato: 
a) Sujeito capaz e legitimado; 
b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
3º - Eficácia: 
a) Ausência de onerosidade excessiva; 
b) Etc. 
	
	Desta forma, esta corrente acredita estar o instrumento escrito, previsto no artigo 646, no plano da eficácia do contrato, ficando claro que sem ele o contrato existe e é válido. 
Classificação do depósito
- Trata-se esta de uma classificação quanto à manifestação de vontade, podendo, desta forma ser: 
a) Voluntário ou convencional: É aquele formado, contratualmente, pelo acordo de duas ou mais vontades; 
	Neste, o depositário não pode usar do bem depositado sem expressa autorização do depositário. Assim sendo, acaso o bem seja entregue lacrado, assim deverá ser devolvido, apesar de tal determinação ter sido relativizada, tamanho o grau de periculosidade dos dias atuais. 
	Quando há dois ou mais depositantes de bens divisíveis, estes deverão ser entregues, a cada um dos depositantes, em suas respectivas proporções, a não ser que o contrato tenha instituído a solidariedade ativa (do credor). 
	Por ser um contrato celebrado com base na confiança (intuito persone), o bem depositado deverá ser entregue ao depositante quando este o reclamar, ainda que haja prazo diverso pré-estabelecido. Todavia, conforme disposto no artigo 633, o depositário não ficará obrigado à devolução do bem se: 
I – Tiver direito de retenção, nos termos do artigo 644. 
- Tal hipótese terá lugar quando de um depósito oneroso o depositante não arcar com a sua contraprestação ou, em um depósito gratuito, houverem sido necessários gastos indispensáveis à conservação do bem e aquele não quiser reembolsar o depositário quanto a estes. 
II – Se houver ordem judicial no sentido de que aquele bem está sob arresto, penhorado, seqüestrado ou embargado (bloqueado, restrito). Neste caso o depositário será notificado pelo Poder Judiciário. 
III – Se o depositário suspeitar, fundamentadamente, de que aquele bem foi adquirido dolosamente. Ex: José deixa veículo, sob depósito, no estacionamento de Matias que escuta no rádio notícia sobre veículo roubado com características idênticas àquele sob sua guarda. Neste caso, poderá reter a posse e notificar às autoridades. 
b) Necessário: É aquele que não emana diretamente da vontade das partes, subdividindo em: 
1º - Legal: Aquele advindo da lei; Ex: bens achados, bens de menores, bens penhorados, etc. 
2º - Miserável: Aquele decorrente de calamidades onde a vítima tem de deixar seus bens à guarda de outrem. Este depósito será sempre oneroso. 
3º - Hoteleiro: Trata-se daquele procedido pelos hotéis, pensões e outras instituições afins com relação às possessões de seus clientes. Tem-se que este depósito equipara-se ao legal (art. 649). 
	Pontes de Miranda, ao tratar sobre o depósito necessário hoteleiro, indicou que estarão sujeitos a esta natureza de depósito todos os estabelecimentos e serviços que se assemelharem ao hotel, tal qual o internato, o ônibus, a estalagem, o albergue, a escola, etc. 
Questão do artigo 636
- Institui o artigo 636: “O depositário, que por força maior houver perdido a coisa depositada e recebido outra em seu lugar, é obrigado a entregar a segunda ao depositante, e ceder-lhe as ações que no caso tiver contra o terceiro responsável pela restituição da primeira”. 
	Parece-me que o artigo trata dos casos em que o depositário possui seguro para as coisas que lhe são rotineiramente entregues em depósito (estacionamentos), sendo que, neste caso, acaso a coisa venha a se perder e seja restituída pelo seguro, a segunda coisa deve ser devolvida ao depositante, ainda que a primeira tenha se perdido por força maior, cumprindo ao depositário ceder-lhe, de igual forma, qualquer ação de que tenha direito contra terceiro que tenha ocasionado a perda da coisa. Ex: lucros cessantes. 
Morte do depositário
- Por ser este contrato celebrado no intuito persone, tem-se que com a morte do depositário, extingue-se o contrato de depósito. 
Incapacidade do depositário
- Tem-se que neste caso cumprirá ao curador legal velar pelo bom cumprimento do contrato de depósito. 
Responsabilidade civil do depositário
- Institui o artigo 642: “O depositário não responde pelos casos de força maior; mas, para que valha a escusa, terá de prová-los”. 
	Quanto a esta disposição legal, cumpre-nos recordar que quanto a esta matéria, o código não mais divide entre caso fortuito e força maior, mas sim: 
a) Fortuito interno: É a força maior que acontece no âmbito da atividade da pessoa. Neste caso, pela teoria do risco-atividade, tem-se que a responsabilidade civil, aqui, será objetiva (art. 932, IV), independendo da prova da culpa. 
b) Fortuito externo: É a força maior ocorrida fora do âmbito da atividade do agente. Tem-se, portanto, que para fim de aplicação do dispositivo, somente o fortuitoexterno sentará o depositário pela responsabilidade. 
Cofres de banco
- Por haver casos em que o depositário (banco) desconhece o conteúdo do cofre locado, a doutrina surgiu com o seguinte questionamento: Trata-se este de um contrato de locação do cofre ou de um contrato de depósito? 
	A jurisprudência, in casu, tem entendido que poder-se-á provar o conteúdo do cofre por todos os meios permitidos por lei, auferindo-se, deste entendimento, que se trata este de um contrato de depósito.
Corretagem
- Segundo Dr. Thalles, este contrato tem muitas semelhanças com o mandato, contudo os dois não se confundem, já que o mandato compõe representação pessoal e efetiva, enquanto a corretagem, apesar de possuir um aspecto representativo, como contrato aleatório que é, gera obrigação de resultado, devendo o corretor atingir uma finalidade específica esperada pelo comitente, pouco importando, na falha na consecução de tais objetivos, se ele agiu com diligência. 
	Destarte, seria mais adequado que se caracterizasse o corretor como sendo um intermediador entre o comitente (aquele que contrata o seus serviços e o remunerará geralmente através de um porcentual pré-estabelecido sobre o valor da venda) e o terceiro. 
Espécies de corretagem	
Trata-se de um contrato típico no novel código, vez que sob o regime do código de 16, a única legislação que abordava o assunto era a constante do Código Comercial, que ainda assim somente trata da corretagem oficial. Desta forma, distingue-se desde logo duas modalidades distintas de corretagem, quais sejam: 
a) Corretagem oficial: Os corretores oficiais exercem uma função relativa a uma atividade publicamente autorizada e reconhecida, tais como os corretores de seguro, de valores mobiliários, mercadorias, etc. Tal natureza de corretagem é regulada, conforme acima aludido, pelo Código Comercial. 
b) Corretagem simples: É aquela de que trata o Código Civil, exercida pelos corretores livres. Chega-se a esta espécie de corretagem por exclusão, ou seja, todas aquelas que não se enquadrem na categoria de corretagem oficial fatalmente se enquadrarão aqui. Ex: Corretores de imóveis, automóveis, animais, etc. 
Características do contrato de corretagem
- Trata-se de um contrato aleatório, vez que o corretor somente fará jus a uma contraprestação acaso consiga efetivar o negócio para o qual foi contatado; Intuito persone, em regra, pois há casos em que o comitente sequer conhece o corretor, lhe concedendo a opção pelo seu bom nome na praça, etc.; De execução continuada; Bilateral; Oneroso; Preparatório, pois, no entender do Dr. Thalles, ele tem por finalidade precípua proporcionar um outro contrato a ser celebrado entre o comitente e terceiro. 
	Há de se levar em conta ainda que o contrato de corretagem, assim como ocorre na prestação de serviços e até mais do que nela (vez se tratar de um contrato aleatório), não produz qualquer vínculo entre o corretor ou o comitente no que concerne a sua atividade, procedendo o corretor ao que lhe compete da maneira como bem entender e achar conveniente, respeitados, obviamente, os limites da boa-fé, da moral, dos costumes e da legalidade. 
Opção e corretagem
- É comum, quando de um contrato de corretagem, que as partes contratem, de igual maneira, a opção, seja de maneira escrita ou de maneira verbal, tratando-se este de um pacto, unilateral até a aceitação do corretor, em que a ele é garantido o direito de preferência sobre a venda do imóvel por um determinado prazo, dentro das condições pré-estabelecidas. Após a aceitação, tem-se que tal opção comporá um contrato. 
Deveres do corretor
- Institui o artigo 723 que “o corretor é obrigado a executar a mediação com a diligência e prudência que o negócio requer, prestando ao cliente, espontaneamente, todas as informações sobre o andamento dos negócios; Deve, ainda, sob pena de responder por perdas e danos, prestar ao cliente todos os esclarecimentos que estiverem ao seu alcance, acerca da segurança ou risco do negócio, das alterações de valores o do mais que possa influir nos resultados da incumbência”. 
Onerosidade do contrato de corretagem
- Conforme já mencionado, trata-se este de um contrato eminentemente oneroso, já que, na eventualidade do corretor atuar em um negócio sem almejar qualquer contraprestação por tal, ter-se-á uma “prestação de serviços gratuitos”, devendo tal ser expressamente pactuado, pois, como bem se viu no contrato de prestação de serviços, a gratuidade, nestes casos, não se presume, mas a onerosidade sim. 
Direito do corretor ao pagamento
- Fica-nos claro que se o corretor proporcionou o negócio, ainda que o comitente se arrependa deste em exercício de direito de arrependimento (arras penitenciais), terá de pagar a corretagem, não possuindo tal direito de arrependimento efeitos contra o corretor. 
	Deve ser analisado ainda que, acaso ele tenha aproximado as partes contratantes mas o comitente celebre, em má-fé presumida, o contrato autonomamente, deverá ainda assim pagar a prestação a que faz jus o corretor. 
	Institui ainda o artigo 726 que “Iniciada e concluído o negócio diretamente entre as partes, nenhuma remuneração será devida ao corretor; Mas se, por escrito, for ajustada a corretagem com exclusividade, terá o corretor direito à remuneração integral, ainda que realizado o negócio sem sua mediação, salvo se comprovada sua inércia ou ociosidade”. 
	Tem-se anda que acaso o corretor seja despedido, ou seja, o contrato de corretagem seja rescindido, ainda assim, se o negócio é celebrado posteriormente por intermédio de sua anterior atuação, ele terá direito a receber. 
	Deve-se levar em conta ainda que acaso existam mais de um corretor, presumir-se-á que a corretagem será repartida entre eles se diverso não foi pactuado, ainda que um tenha agido mais ativamente do que outro.
Contrato de transporte
- Em princípio cumpre-nos observar que tal espécie de contrato não foi regulada pelo Código Civil de 16. Assim sendo, até a entrada em vigor do novel estatuto civil, vigorou, no que diz respeito a esta área das relações contratuais, o Decreto 2681/12, que tratava das estradas de ferro, sendo sua aplicação estendida, à época, aos contratos de transporte como um todo. 
	Tal aplicação deixou de se dar com o implemento do novo Código Civil, que discriminou sobre o contrato de transporte em três capítulos distintos, cumprindo ao primeiro regular quanto à parte geral dos contratos de transporte; ao segundo regular o contrato de transporte de pessoas; e o terceiro regular o contrato de transporte de coisas., 
Função pública delegada
- Tem-se que o transporte é um dever da União, compondo a sua prestação por companhias privadas uma delegação de tal função estatal. Assim sendo, no que concerne à responsabilidade civil, assim como todas as demais pessoas (físicas ou jurídicas) que exerçam função pública delegada, os transportadores serão equiparados às pessoas de direito público. 
Transporte aéreo
- No que diz respeito ao transporte aéreo, tem-se que as normas aplicáveis serão as dispostas no Código Brasileiro de Aeronáutica, que regula os transportes aéreos no território nacional, sendo que, no que diz respeito ao transporte aéreo internacional, aplicar-se-á a convenção de Varsóvia de 1929, com suas conseqüentes alterações. 
Cláusula de incolumidade
- Tem-se como decorrente da natureza destes contratos, que abrangem uma obrigação de resultado (transportar a pessoa ou coisa em respeito ao estado em que estava), a cláusula de incolumidade, devendo o transportador velar pela integridade física da coisa ou da pessoa transportada. 
Classificação
- Tal contrato pode ser classificado como: a) Bilateral; b) Sinalagmático (impõe direitos e obrigações recíprocas); c) Oneroso (sempre); d) Comutativo; e) Consensual; f) Típico; g) De execução continuada; h) Informal. 
Conceito (artigo 730 do CC)
- Dispõe o artigo 730 quanto ao conceito de transporte que “Pelo contrato de transporte alguém se obriga, mediante retribuição (onerosidade como característicaessencial), a transportar, de um lugar para outro, pessoas ou coisas”. 
Legislação aplicável
- Institui o artigo 731 que o “transporte exercido em virtude de autorização, permissão ou concessão” será regido pelas normas que lhe são próprias, sem prejuízo do que estiver disposto no Código. 
	O artigo 732 por sua vez determina que somente se aplicação aos contratos de transporte a legislação especial e os tratados e convenções quando estes não contrariarem o disposto no Código. 
	Tal determinação tem suscitado diversos questionamentos doutrinários, alegando uma corrente de juristas que tal artigo se explicaria pelo fato de que, no que concerne a este tipo específico de contrato, o Código Civil comporia a legislação “especial”, por ser específico. Todavia, tem-se que na pratica, na eventualidade de um conflito de normas, deverá o aplicador do direito se valor do “diálogo das fontes”, buscando aplicar a legislação que melhor se adéqüe ao caso concreto. 
Transporte cumulativo
- Tem-se o transporte cumulativo quando mais de uma pessoa se obrigam, nos termos do artigo 733, a transportar a mesma coisa por determinado percurso. Ex: Indivíduo compra uma passagem só de avião para Salvador. Todavia, pega um avião de uma companhia em Franca que o leva até São Paulo, onde ele pega outro avião de outra companhia para completar o trajeto. 
	Tem-se, neste caso, que cada transportador se responsabiliza pelo percurso que lhe coube. Institui ainda o §1º que o dano ocasionado pelo atraso ou interrupção da viagem terá sua responsabilidade auferida com base no percurso como um todo, instituindo o §2º que na eventualidade de um transportador ser substituído por outro, a responsabilidade solidária se estenderá a este substituto. 
Classificação do contrato de transporte
- Dr. Thalles se equivocou achando que tinha dado mas não chagou a abordar esta matéria diretamente. 
Transporte de pessoas
- Em princípio, institui o artigo 734, como peça basilar da responsabilidade civil do transportador, que ele se responsabilizará pelos danos ocasionados às pessoas e a suas bagagens, salvo motivo de força maior (que compreenderia o fortuito externo, ou seja, aquele que não está diretamente ligado com a atividade do transportador), não se prestando validade para qualquer cláusula que busque elidir tal responsabilidade. 
	Tem-se ainda, conforme dispõe o parágrafo único deste mesmo dispositivo que é permitido ao transportador exigir declaração do valor da bagagem a fim de fixar um limite para indenizações. Segundo Dr. Thalles, acaso haja recusa pela parte do transportado em conceder tal declaração, poderá o transportador: a) Se recusar a transportar as bagagens; b) Abri-las; c) Requerer que a indenização seja fixada com base nos pertences que costumeiramente se leva em viagens. 
	Quanto à força maior, tem-se que o artigo 393 do CC dispõe que “o devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver responsabilizado por eles”. Determina ainda o parágrafo único: “O caso fortuito ou a força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir”.
Responsabilidade do transportador
- A responsabilidade do transportador será objetiva, independente de culpa dos seus empregados e prepostos, possuindo ele uma tríplice responsabilidade: 
1ª – Responsabilidade para com os empregador: Trata-se de uma responsabilidade contratual trabalhista, não decorrente, portanto, do contrato de transporte. 
	É importante observar que a responsabilidade, neste caso, não será objetiva, dependendo, desta forma, da prova da culpa do transportador (empregador), sendo que acaso seja um acidente típico de trabalho (sem culpa do empregador) cumprirá somente ao INSS (Instituto nacional da seguridade social) arcar com indenizações que lhe são de direito. Todavia, acaso o empregador incorra em culpa, de acordo com a própria Constituição (Art. 7º, XXVIII) tanto o patrão quanto o INSS responderão pela indenização. 
	Para estes fins, tem-se que haverá culpa do empregador no não fornecimento dos equipamentos necessários; no não oferecimento das condições ideais de trabalho, etc. sendo que a interpretação será, nos moldes da CLT, a favor do empregado, não havendo necessidade de culpa grave, mas leve ou levíssima. 
2ª – Para com os passageiros (no transporte de pessoas) ou com os expedidores de mercadorias (no transporte de coisas), sendo esta, de igual maneira, uma responsabilidade contratual, todavia, decorrente do próprio contrato de transporte. 
3ª – Para com os terceiros a quem causar dano, compondo esta uma responsabilidade aquiliana ou extracontratual. É importante ainda ressalvar que se o transporte em questão compor relação de consumo, o terceiro será considerado, nos termos do artigo 17 do CDC, consumidor por equiparação, tendo os mesmos direitos que o consumidor teria em eventuais acidentes de consumo ou danos ocasionados.
Responsabilidade do transportador e atos de terceiro
- O Artigo 735 é claro ao dispor que “A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva”. Dr. Thalles, todavia, é categórico ao afirmar, com base nos escritos de Sérgio Cavallieri, que não são todos os atos de terceiros que suscitam a obrigação do transportador indenizar, mas somente aqueles que estão ligados com a sua atividade, fazendo parte do chamado fortuito interno. 
	Eu, todavia, acredito que a intenção do legislador em não permitir a existência de óbice à responsabilidade do transportador, no que diz respeito ao “caso fortuito” foi clara. Tanto assim o é que no artigo 734 ele somente aludiu à força maior como causa excludente do nexo causal nestes casos. Tal se deve, na minha concepção, ao fato de que o ato de transportar em si impõe muitos riscos às pessoas e seus patrimônios, compondo atividade de perigo para toda a sociedade. Assim sendo, por óbvio que a legislação deveria ser mais rígida, não servindo de estímulo à exploração econômica da atividade, mas sim como um sustentáculo da segurança jurídica que deve contrabalancear os riscos inerentes a ela. 
Questão do DPVAT (Danos pessoais causados por veículos automotores)
- Tem-se, como bem se sabe, a obrigatoriedade de todos aqueles que possuem veículo automotor pagar anualmente uma quantia correspondente a um seguro obrigatório (Lei 6194/74). Tal seguro tem por finalidade arcar com indenizações referentes a morte e a invalidez ocorridas em acidentes de trânsito, pouco importando se o agente agiu ou não com culpa. 
Transporte gratuito
- Institui o artigo 736 que não se subordinarão às normas atinentes ao transporte o transporte feito como mero ato de liberalidade ou favor, não se considerando, para estes fins, o transporte que, apesar de não remunerado, resulta em vantagem para o transportador (transporte aparentemente gratuito). Ex: Empregador que transporta funcionários. 
	O STJ, quanto a este assunto, emitiu a súmula 145, dispondo que o transportador, no transporte gratuito, só responderia a título de culpa grave ou dolo. Todavia, a doutrina e a jurisprudência vêm caminhando no sentido de que basta a culpa simples para que surja a obrigação de indenizar. 
Sujeição às normas do transportador
- É importante ressalvar que o passageiro deverá se sujeitar às normas impostas pelo transportador, desde que enquadradas na razoabilidade, caso em que se não o fizerem e vierem a sofrer danos, a responsabilidade do transportador restará elidida ou a indenização será equitativamente reduzida. 
Resilição unilateral
- Ao passageiro é facultado desistir do transporte antes ou depois de iniciada, atentando-se para o fato de que: 
a) Se antes da viagem, a comunicação ao transportador deve ser dada em tempo hábil à renegociação da passagem; 
b) Se depois de iniciada a viagem, desde que outra pessoa tenha seguido em seu lugar, o transportado terá direito aos valores relativos ao trecho não viajado. 
c) Se não embarcar,somente terá direito à restituição dos valores se provar que outra pessoa viajou em seu lugar. 
d) Em todos os casos o transportador poderá reter a importância correspondente a 5% do valor do transporte a título de multa compensatória. 
Recusa de passageiros
- A recusa de passageiros não será permitida ao transportador, a não ser que esteja prevista nos regulamentos ou por questão de higiene ou saúde. 
Interrupção da viagem
- Segundo Dr. Thalles, o texto do artigo 741 institui a teoria do risco integral, vez que não exime o transportador de sua responsabilidade de concluir a viagem nem em hipóteses de força maior ou fortuito externo. 
Direito de retenção
- Institui o artigo 742 a possibilidade do transportador reter as bagagens até que lhe seja pago as importâncias a que tem direito. 
Contrato de seguro
Origem
- Diz-se que o contrato de seguro tem origem antiga, sendo que no direito romano, tal não estava presente, correspondendo o seu advento propriamente dito às navegações características da Idade Média, especulando-se que o 1º contrato de seguro surgiu em Portugal, por volta do ano 1.300. 
	Em 1666, dá-se um grande incêndio em Londres, o que motiva a criação do contato de seguro contra incêndios. 
	Em 1808, com a vinda da família real ao Brasil em fuga das tropas de Napoleão, cria-se a primeira companhia de seguros brasileira. 
Características
- Em primeiro, cumpre alertar que as seguradoras serão sempre S/As, autorizadas pelo Ministério do desenvolvimento a exercer a atividade. Assim sendo, cumpre o CNSP regular tal exercício e ao SUSEP fiscalizá-lo. 
	Quanto à legislação aplicável, tem-se: 
a) O DL 73/66 – Que trata da estrutura do seguro; 
b) A Lei 6194/74 – Que trata do seguro obrigatório; 
c) A lei 9656/98 – Que trata dos planos de saúde; 
d) O Código Civil, que trata dos contratos de seguro em geral e cujas normas serão aplicadas subsidiariamente aos casos acima previstos. 
Finalidade
- O seguro visa garantir um bem de um risco pré-determinado e constante da apólice, mediante o pagamento de um prêmio à seguradora pelo segurado (proprietário do bem que se pretende segurar). 
Espécies de seguro quanto ao meio
a) Seguro aquático; 
b) Seguro terrestre; 
c) Seguro aéreo; 
Base econômica do seguro
- Dá-se que o seguro opera sobre duas bases econômicas ou diretrizes distintas, sendo elas: 
a) Cálculos de probabilidades estatísticas: A estatística é elemento auxiliar da seguradora, vez que é com base nela que se estabelece uma média de quantos sinistros ocorrem e ocorrerão, qual natureza de sinistro pode se esperar e, conseqüentemente, o valor dos prêmios a serem pagos com base nestas informações. 
b) As seguradoras pagam as indenizações valendo-se dos prêmios pagos pelos segurados (compondo tal o chamado “mutualismo dos segurados”) que, obviamente, compõem valor superior ao daquilo que deverá ser desembolsado. Assim sendo, é legalmente exigido que as seguradoras façam reservas de capital. 
Natureza jurídica do contrato de seguro
a) Bilateral perfeito ou sinalagmático; 
b) Consensual: se perfaz unicamente com a manifestação de vontade das partes; 
c) Formal: Exige, ad probationem, o documento, qual seja a apólice onde estão reduzidas as informações essenciais do seguro. 
d) Típico; 
e) De execução continuada; 
f) Aleatório: Parte da doutrina discorda desta classificação, indicando não ser o contrato de seguro um contrato aleatório, com base no fato de que a seguradora, na realidade, não corre riscos, vez que se vale das estatísticas para celebrar os contratos e dos valores dados em caráter de prêmio para arcar com suas indenizações. 
g) De adesão; 
h) De consumo; 
Multiplicidade de seguros
- É importante analisar que, diferentemente do que ocorre com o seguro de vida no qual vários podem ser celebrados quanto a uma mesma pessoa, no que diz respeito ao seguro de bens, somente um seguro total poderá ser celebrado, ou, no máximo vários seguros cada um dizendo respeito a uma parte do valor do bem. Tal se deve ao fato de que este último seguro tem finalidade substitutiva, ou seja, de reembolso. 
Celebração do contrato de seguro
- Celebra-se o contrato de seguro por meio de uma proposta expedida pelo futuro segurado, ensejando, mediante a aceitação da seguradora, a criação por parte desta da apólice, que será, conjuntamente com o comprovante e pagamento do prêmio e dos registros do segurado na seguradora, a prova do contrato. 
Apólice
- Conforme supramencionado, a apólice representa o contrato de seguro, discriminando o conteúdo da proposta acaso esta seja aprovada. 
	Tem-se que a apólice será classificada em: 
1º - Quanto à circulação: 
a) Nominativa: É aquela na qual o segurado é identificado, podendo, todavia, ser transferida. 
b) À ordem: Se transfere por meio do endosso em preto. 
c) Ao portador: Se transfere pela tradição. 
2º - Quanto à extensão: 
a) Específica: É aquela que abrange somente o risco previamente definido em contrato. 
b) Plúrima: Trata de vários riscos, sendo que todos eles são definidos em contrato. 
c) Abertas: São aquelas usadas nos contratos de transporte, estabelecendo um prêmio a ser pago e um capital para indenização, não se mencionando os bens garantidos pelo contrato. Assim sendo, quando um transporte vai ser realizado, a seguradora é comunicada sobre o que está sendo transportado, sendo tal informação averbada à apólice. 
d) Simples: É aquela que trata de um objeto único (e não um risco único como na específica); 
e) Flutuante: É aquela na qual os objetos garantidos podem variar. 
Co-seguro e re-seguro e seguro cumulativo
- São objetos de legislação especial. 
A) Co-seguro: Ocorre quando há uma reunião de seguradoras para garantir uma mesma apólice, ocorrendo, em regra, nos seguros de maior vulto, possuindo a finalidade de “pulverizar” (distribuir) o risco. 
	Tem-se que neste contrato haverá uma seguradora principal (líder) com a qual o segurado irá se entender (administradora ou gestora). As seguradoras se quotizam em partes iguais ou diferentes, sendo que cada uma assume responsabilidade de acordo com a parcela do prêmio que recebem. 
B) Cumulativo: Ocorre quando o segurado contrata o seu seguro com várias seguradoras que tem obrigação solidária
C) Re-seguro: É feito através do IRB (Institutos de re-seguros do Brasil) sendo esta uma empresa de capital misto. 
	Nos seguros de auto valor, toda seguradora é obrigada a transferi-lo, total ou parcialmente, a título de re-seguro, para o IRB, que pode, por sua vez, repassá-lo para outras seguradoras. A tal procedimento dá-se o nome de “pool”. 
Seguro e ato doloso
- Dispõe o artigo 762 que “será nulo o contrato para garantia de risco proveniente de ato doloso do segurado, do beneficiário, ou de representante de um ou de outro”. 
Adimplemento substancial (763 c/c 772) 
- A jurisprudência tem entendido que ainda que o segurado esteja em mora no pagamento do prêmio, acaso se tenha dado o adimplemento substancial (pagamento da quase totalidade do valor), a seguradora é obrigada a indenizar, subsistindo-lhe, todavia, o direito de cobrar em juízo a quantia faltante. 
	Ainda quanto a isto tem-se que a seguradora, no entendimento jurisprudencial dominante, antes de cancelar o contrato de seguro, tem de notificar o segurado com fim de colocá-lo em mora. oa
Boa fé nos contratos de seguro (Art. 765 e 766)
- Assim como nos demais contratos, ambas as partes contratantes deverão guardar a boa-fé objetiva, tanto no momento em que o celebram como no curso de sua execução. 
	No contrato de seguro, todavia, a má-fé do segurado que faz declarações inexatas ou “omite circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio”, enseja a perda do direito à garantia instituída pelo seguro, embora subsista para o segurado a obrigação de arcar com o prêmio vencido. 
	Quanto a este mesmo assunto, institui o parágrafo único do artigo 766 que na eventualidade da omissão ou discrepância nas declarações não resultar de má-fédo segurado, o segurador poderá resolver o contrato ou a cobrar, mesmo após a ocorrência de um sinistro, a diferença no prêmio. 
Agravamento do risco (art. 768) 
- O artigo em análise trata do agravamento doloso do risco abrangido pelo seguro, perdendo o segurado o direito à garantia se assim proceder. Ex: Bate o carro intencionalmente porque não consegue vendê-lo. 
	Quanto ao agravamento do risco ainda, tem-se que todo este que se der sem a intervenção do segurado, ainda assim, deverá ser notificado a seguradora, sob pena de o segurado perder a garantia contratada em decorrência da má-fé na omissão. Uma vez notificada, a seguradora deverá se manifestar em um prazo de 15 dias, dentro dos quais deverá se manifestar quanto a seu interesse de resilir ou não o contrato e seguro. 
	É importante analisar quanto a isto que, nesta hipótese, a seguradora deverá notificar ao segurado sobre a resilição, que somente terá efeitos dentro de 30 dias pós tal notificação, devendo ser restituído ao segurado eventual diferença existente quanto ao prêmio pago. 
Redução do risco (art. 770)
- O artigo 770 determina que salvo disposição em contrário (que nunca vai haver, pois o contrato de seguro em regra é de adesão e por isso tem as cláusulas pré-fixadas pela seguradora), a redução do risco não importa a redução do prêmio. Tal regra, todavia, não se aplicará quando a redução do risco for considerável, caso em que o segurado poderá pleitear a revisão do prêmio ou a resilição do contrato. 
Dever de informar quanto ao sinistro (art. 771) 
- O segurado tem o dever de informar à seguradora, quão logo fique sabendo, da ocorrência do sinistro sob pena de ficar sem receber a indenização, devendo, ainda, tomar o cuidado de procurar minorar as suas conseqüências desastrosas. 
	As despesas de salvamento, até o limite do valor do contrato, correrão por conta do segurador, conforme disposto no parágrafo único. 
Mora do segurador em pagar a indenização (art. 772) 
- No caso de mora do segurador, o artigo não fala em perdas e danos, mas tão somente em atualização monetária e juros moratórios. 
Má-fé da seguradora (Art. 773)
- Acaso a seguradora conheça do fato de que, no momento da celebração do contrato, o risco do qual o segurado queira se proteger está passando e não lhe comunica tal fato, ficará obrigada a pagar o dobro do prêmio pactuado. 
Pagamento da indenização (art. 776 e 778)
- A não ser que tenha sido pactuada a reposição da coisa, a indenização referente ao sinistro deverá ser paga pela seguradora em dinheiro. 
	É importante ainda atentar para o fato de que no seguro de danos o valor não pode ultrapassar o interesse do segurado no momento da conclusão do contrato, sob pena de perda do direito à garantia sem óbice à obrigação de pagar o prêmio vencido e sem prejuízo da ação penal cabível. 
	Tem-se tal determinação pois no seguro de dano o interesse reside unicamente na reposição daquilo que se perdeu com o sinistro. 
	Tem-se, todavia, conforme o disposto no artigo 782, a possibilidade da feitura de mais de um seguro quanto ao mesmo bem e quanto aos mesmos riscos, desde que cada seguro cubra uma parcela distinta do valor total do bem, contrato este que se faz comum quanto aos objetos de valor considerável. Disposição diversa se dá quanto ao seguro de pessoas, onde não há um limite de seguros a serem feitos, independentemente de valor, vez que aqui não se busca a reposição do que se perdeu. 
Pagamento no caso de perda total (art. 781)
- O pagamento não pode ultrapassar o interesse do segurado (valor daquilo que se perdeu) no momento do sinistro e, em hipótese alguma, o valor definido na apólice, a não ser que haja mora do segurador. 
	Quando não há perda total, fala-se em franquia, compondo esta quantia à qual não estará obrigado o segurador pagar (ex: 700 reais) e em bonus, compondo este um desconto obtido a cada renovação do contrato de seguro quando não há ocorrência de sinistros. 
Sub-rogação do segurados nos direitos do segurado (art. 786)
- Tem-se, conforme determina o disposto no artigo 786 do CC, que nos casos em que o sinistro foi ocasionado por culpa de terceiros que não o segurado, a seguradora, em pagando a indenização a este, se sub-rogará em seus direitos, podendo cobrar o que despendeu daquele que ocasionou o dano. 
Denunciação à lide no contrato de seguro
- O CDC trata de forma inadequada, em seu artigo 101, como sendo chamamento ao processo o que na realidade compõe denunciação à lide. Tem-se, destarte, que esta será perfeitamente possível quando o segurado for demandado pelos danos causados pelo sinistro, denunrciando a seguradora. Todavia, em se tratando de re-seguro, tal denunciação não será possível. 
Seguro de responsabilidade civil (art. 787)
- É possível que se celebre seguro de responsabilidade civil, resguardando-se o segurado de qualquer indenização que possa ser pleiteada por terceiros prejudicados pelo sinistro. Quanto a este caso tem-se determinações específicas constantes dos parágrafos do artigo, sendo estas: 
a) O segurado tem de comunicar ao segurador tão logo conheça do fato danoso; 
b) Não poderá o segurado confessar a ação, reconhecer a sua responsabilidade, transigir com o prejudicado ou lhe indenizá-lo diretamente sem a anuência expressa do segurador; 
c) Se o segurado for demandado, deverá dar ciência da lide ao segurador; 
d) Se o segurador for insolvente, subsistirá a responsabilidade do segurado perante os terceiros; 
Proximidade com a teoria do risco integral 
- Tem-se que a seguradora não se exime de arcar com a indenização ainda que o dano seja decorrente do caso fortuito ou da força maior, dizendo-se, por isso, que sua responsabilidade tem base semelhante a que se apresenta no risco integral. 
Seguro obrigatório (art. 788)
- Tem-se que nos seguros obrigatórios (ex: DPVAT), a indenização será paga, pela seguradora, diretamente ao prejudicado. Se for demandado diretamente pela vítima, o segurador não poderá opor a exceção do contrato não cumprido sem antes chamar o segurado a integrar à lide. 
Possibilidade de demandar diretamente à seguradora
- Quanto a este assunto tem-se controvérsia doutrinária, sendo as duas correntes majoritárias: 
1ª – Não se pode demandar diretamente à seguradora pois não há um contrato entre esta e o lesado, mas sim entre ela e o lesador. Assim sendo, deve-se demandar o segurado que, por sua vez, denunciará à lide a seguradora resguardando o seu direito de regresso. 
2ª – A vítima seria considerada um consumidor por equiparação (art 17 do CDC, vez se tratar o seguro de um contrato de consumo) e por isso seria possível tal cobrança direta. 
Seguro de vida de terceiros
- Seguro de vida de terceiros é aquele cujo sinistro reside na morte do segurado, que não se confunde como beneficiário que celebra o contrato. 
	Neste caso, tem-se que a prova do interesse na manutenção da vida do segurado se fará necessária, a não ser que se trata de ascendente, descendente ou cônjuge, casos em que tal interesse será presumido. 
Seguro de vida e suicídio do segurado
- O artigo 798 institui que “O beneficiário não tem direito ao capital estipulado quando o segurado se suicida nos primeiros 02 anos de vigência inicial do contrato, ou de sua recondução depois de suspenso, observado o disposto no parágrafo único do artigo antecedente”. Não obstante a tal situação, tem-se que não foram revogadas pelos respectivos Tribunais as súmulas 61 do STJ e 105 do STF que instituem a obrigatoriedade da seguradora pagar a indenização pactuada, ainda quando o suicídio se dê no referido prazo de dois anos, se tal não foi premeditado. Entretanto, tem-se que tais sumular foram editadas na vigência do Código de 16, sendo que, atualmente, tem-se duas correntes doutrinarias distintas quanto ao assunto, sendo elas: 
1ª – Esta primeira corrente se baseia em entendimento proferido pelo Conselho da Justiça Federal, determinando que quando o suicídio se der no prazo de 02 anos contados da celebração ou recondução do contrato,a indenização será devida, todavia, o ônus da prova de que tal suicídio não foi premeditado será dos beneficiários do seguro. 
2ª – Segundo esta corrente, subsistiria quanto à seguradora a obrigação de indenizar e, ainda, se determinaria quanto a ela o ônus da prova de que o suicídio foi premeditado para a obtenção da exoneração. 
Substituição dos segurados (art. 791 do CC)
- Institui o artigo 791 que a substituição dos segurados, que poderá se dar tanto por ato inter vivos como por determinação de última vontade, somente não será possível em duas hipóteses distintas, a saber: 
a) O segurado renunciou no contrato de seguro que celebra, a esta faculdade; 
b) O seguro tem por causa declarada a garantia de uma obrigação (seguro fiança ou seguro de responsabilidade civil no qual se amolda o seguro contra terceiros geralmente contratado com as seguradoras de veículos automotores); 
	É importante ressaltar, todavia, que conforme indica o parágrafo único do dispositivo em análise, é indispensável que o segurador seja comunicado de tal substituição, caso em que se ele não o for, a seguradora se exonerará no pagamento realizado ao beneficiário primitivo. Assim sendo, em conclusão obtida com análise neste parágrafo, tem-se que tal substituição poderá se dar por instrumento particular a parte, desde que a seguradora seja notificada. 
Não identificação do beneficiário no seguro de vida (art. 792) 
- Dispõe o referido artigo que, na eventualidade de não se ter sido identificado no contrato de seguro o beneficiário ou, tendo o sido tal indicação não possa prevalecer (morte do beneficiário?) o capital será pago em metade para o cônjuge sobrevivente e a outra metade aos herdeiros, obedecida a ordem vocacional definida no artigo 1829 do CC, qual seja: Descendentes, ascendentes e colaterais. 
	Quanto a este mesmo assunto, o parágrafo único do artigo 792 institui que na falta de cônjuge ou outro herdeiro necessário, legitimar-se-á a receber a quantia instituída pelo contrato de seguro qualquer pessoa que provar que a morte do segurado o privou dos meios necessários à subsistência. 
Indenização x herança (art. 794) 
- Conforme dispõe o artigo em questão, a quantia a ser recebida pelos beneficiários em decorrência à morte do segurado não poderá ser subtraída para fins de pagamento de dívidas deste último, não sendo considerada, de igual maneira, como herança para todas os efeitos de direito, não se falando, destarte, em incluir tal quantia na colação. 
Proibição de transação entre seguradora e beneficiário (art. 795)
- Institui este dispositivo, como norma de ordem pública que é (não podendo ser afastada por convenção das partes), que será nula qualquer transação entre a seguradora e o beneficiário para redução do capital a ser pago, pactuado entre aquela e o segurado. 
Formas de cobrança do prêmio (art. 796) 
- Prêmio, como bem se sabe, é o valor a ser pago pelo segurado que o legitima, ou aos seus beneficiários, a receber quantia a quantia relativa ao contrato e seguro. Tem-se, em conformidade com o disposto no artigo em estudo, que o pagamento do prêmio poderá, no seguro de vida, ser pactuado por prazo limitado (ex: o pagamento de certo valor por 20 anos torna perfeito o contrato de seguro e garantida a indenização a ser paga aos beneficiários em caso de morte do segurado, independentemente de quando se dê tal evento) ou por toda a vida do segurado. 
	Tem-se ainda, conforme disposto no parágrafo único, que em se tratando de seguro de vida individual, não terá a seguradora ação para cobrar ao segurado o prêmio atrasado, podendo tal situação ensejar duas outras distintas, quais sejam: 
a) Devolução da reserva técnica (parcela do prêmio reservada para o pagamento da indenização ao segurador) em decorrência à resolução contratual pelo inadimplemento; 
b) Pagamento da indenização (se houver o evento morte) em proporcionalidade ao prêmio efetivamente pago. 
Prazo de carência (art. 797)
- É lícito que a seguradora institua, no contrato que celebra, um prazo de carência dentro do qual não responderá pela morte do segurado (no seguro de vida). Todavia, tem-se que na eventualidade de tal falecimento se dar neste referido prazo, a seguradora ficará obrigada à restituição da reserva técnica já formada. 
Clausulas inexistentes (art. 799)
- Tem-se que acaso o contrato de seguro de vida contenha cláusula que busque eximir o segurador que arcar com a indenização no caso da morte ser decorrente de utilização de meio de transporte mais arriscado, da prestação de serviço militar, da prática de esporte, ou de atos de humanidade em auxílio de outrem, tais cláusulas serão tidas como não escritas. 
Sub-rogação da seguradora (art. 800)
- Tendo-se em vista que o seguro de vida não vida à restituição, não há que se falar na sub-rogação da seguradora nos direitos do segurado ou do beneficiário de ações contra terceiros causadores do dano. 
Seguro coletivo (art. 801)
- O artigo 801 institui a possibilidade de que a pessoa natural ou jurídica proceda a um seguro coletivo, que aproveita a um grupo de pessoas que a ela se vincule. Trata-se do caso, por exemplo, em que uma empresa contrata com a seguradora na condição de mandatária (Dr. Thalles disse isso, mas o §1º do artigo é expresso em dizer que somente o estipulante se obriga frente à seguradora) de seus subordinados. Neste caso, haverá uma única apólice, cumprindo à empresa descontar o valor dos prêmios da folha de pagamento dos segurados. 
	Dr. Thalles diz que esta apólice é “flutuante” em relação a tais subordinados que, desta forma, são substituíveis. 
	É importante analisar ainda que qualquer alteração na apólice dependerá da anuência de número de pessoas que componham no mínimo ¾ do grupo. 
Seguro mútuo
- Havia no Código Civil de 16 deposição expressa quanto ao seguro de mútuo, omitindo-se o novo Código quanto a ele, não compondo tal fato, na visão do Dr. Thalles, óbice a sua celebração nos tempos hodiernos. 
	Tem-se que nesta natureza de seguro não haverá uma seguradora, mas sim um grupo (entidade) que promove um seguro entre seus membros para cobrir pequenos gastos (Ex: maçonaria faz um seguro de mútuo para cobrir possíveis gastos com a morte de seus membros)

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