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EXERCÍCIOS DE CIVIL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
FACULDADE DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL IV
6º PERÍODO – 2011/02
EXERCÍCIOS
> 1) Explicite os fatores da "crise" da concepção tradicional do contrato e quais foram as transformações decorrentes no âmbito da teoria contratual. 
> 
> 2) Explicite o significado dos principais princípios do direito contratual.
> 
> 3) Como se manifesta a boa-fé objetiva no âmbito das relações de consumo e no âmbito dos contratos não consumeristas?
> 
> 4) Diferencie objetivamente as espécies de invalidade dos negócios jurídicos.
> 
> 5) Diferencie objetivamente o dolo, o erro e a coação.
> 
> 6) Em que consiste e quais são os principais efeitos da fraude contra credor?
> 
> 7) Quais são as espécies de inadimplemento e suas principais consequências?
> 
> 8) Qual é a função dos juros de mora e da cláusula penal moratória?
> 
> 9) Qual é a função da cláusula penal compensatória?
> 
> 10) Diferencie objetivamente as modalidades de extinção dos contratos.
> 
> 11) Quais são os possíveis fatores de desequilíbrio econômico dos contratos e os remédios aplicáveis? Responda atentando para a distinção entre as relações de consumo e as não consumeristas.
> 
> 12) Diferencie a prescrição da decadência.
1- Quais foram os principais fatores da “crise” da concepção tradicional de contrato? 
A crise da concepção tradicional dos contratos se deu no final do século XIX, quando as demandas sociais e a incipiente industrialização tornaram inevitáveis a intervenção do Estado na Economia. Assim, com o Pós Guerra, surgem as grandes constituições democráticas, permeadas de valores sociais. Mitigados foram os antigos dogmas do Direito Civil. A propriedade não é mais vista como um direito ilimitado mas devendo respeitar a função social; os contratos devem respeitar um crescente numero de normas que procuram garantir a prevalência do interesse social sobre o interesse meramente privado.
O contrato era visto de forma objetiva, não se observava quesitos como a vontade livre e consciente, ou até mesmo limitação quanto ao objeto contratual, era mais um reflexo da sociedade individualista que permeava antes das grandes constituições democráticas, com a menor influência do Estado.
2- Qual o sentido dos principais princípios da teoria contratual? 
Os princípios da nova teoria contratual nada mais são do que princípios que vieram relativizar os antigos princípios contratuais. Nesse sentido, o principio da liberdade contratual, no qual as partes poderiam convencionar o que bem entendessem, houve uma relativização nesse principio no sentido de que se busca a efetiva liberdade, ou seja, liberdade material ou detrimento da liberdade formal. Esta foi relativizada com o princípio da boa-fé contratual (gerar deveres anexos e esclarecer pontos obscuros no contrato).
No que se refere à obrigatoriedade dos efeitos contratuais (pacta sunt servanda) é mitigado pela necessidade de se assegurar o equilíbrio entre prestação e contraprestação; 
Por fim, faz-se mister citar a função social que tem assumido o contrato, que não mais faz lei somente entre as partes, mas também se torna oponível erga omnes, gerando impactos no meio em que é celebrado.
Também podemos entender os princípios que regem atualmente o regime dos contratos como mais um dos efeitos do constitucionalismo contratual, em que os valores principais da sociedade ganham respaldo e efetividade, defendendo o equilíbrio entre as partes.
3- Diferencie, quanto às suas causas e consequências, os atos nulos dos atos anuláveis.
Os atos nulos não podem produzir efeito algum, ou seja, é como se nunca tivessem existido, ex tunc. O fundamento do ato nulo está em razão de ordem pública, de interesse de toda a coletividade. É a nulidade é de pleno direito. 
Cite-se o art. 166, CC em que ressalta que é um ato que não aceita convalidação, ou seja, não poder ser aproveitado.
Já os atos anuláveis, como aqueles regulados no art. 171, CC, podem ser convalidados e produzirão efeitos até que seja declarada a sua anulabilidade, ex nunc. O fundamento do ato anulável repousa mais na proteção de interesses individuais. Por isso, o ato, nesses casos, é sanável e só será declarado ineficaz por iniciativa daquele a quem prejudica, seja porque ele é um ato viciado ou irregular. Depende, portanto, de rescisão judicial. Ao contrário do ato nulo (art.145, CC), o ato anulável (art. 147, CC) poderá ser ratificado, isto é, poderá ser expungido do vício que o maculava, mediante a ratificação. Ratificar, ou confirmar, é dar validade a um ato jurídico que poderia ser desfeito por decisão judicial. A ratificação é o ato pelo qual se renuncia à ação de nulidade.
O ato nulo, na verdade são eficazes porque gera efeitos, não podemos falar em nulidades de pleno direito, é termo forte, que se refere a uma nulidade automática e isso não ocorre. Há situações em que não é possível restabelecer o status quo ante. São determinados aspectos que não mais são repensados. Por que um ato nulo não poderia ser convalidado? Qual é a real diferença entre umato nulo e um ato anulável? Análise de caso concreto? É uma discursão crescente. 
Tem que analisar o objeto, a forma e parte, dependo da situação teremos a nulidade. Já a anulabilidade fala em como esses parâmetros são feitos, como nos casos de defeitos jurídicos. 
O ato nulo não prescreve, apesar de ter doutrinadores que falam que isso não pode ser eternizado, como é a opinião de Caio Mário.
4- Quais são os defeitos dos negócios jurídicos. Explicite fazendo sumária diferenciação.
Estado de perigo tem o dano eminente, perigo real e concreto de um perigo que esta prestes a acontecer.
Os vícios tem prazo de quatro anos para arguição, a partir da data de convalidação do ato. Caso contrário o ato será convalidado. Fraude contra credores é o mais importante deles, estudar melhor. 
5- Quais são as principais causas de desequilíbrio da relação obrigacional? Explicite fazendo sumária diferenciação.
A ordem jurídica abriga a preocupação em dotar as partes de mecanismos voltados à recomposição do equilíbrio, quando substancialmente alteradas as circunstâncias do negócio jurídico. Se não há uma formulação expressa do princípio do equilíbrio contratual no Código Civil de 2002, não restam dúvidas sobre a sua positivação, seja com fundamento no princípio constitucional da igualdade, seja porque a lei condena tanto o desequilíbrio originário das prestações dos contratantes (ao vedar a lesão), como permite resolver ou rever o contrato em razão da excessiva onerosidade superveniente.
A lesão corresponde ao desequilíbrio originário – de acordo com o art. 157, caput, do Código Civil, “ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta” –, ao passo que, sob o nome de excessiva onerosidade superveniente condena-se o desequilíbrio surgido após a formação do vínculo. O § 1º do art. 157 permite claramente distinguir a lesão, como um defeito que contamina o negócio jurídico desde a origem, de outras vicissitudes, como as que acometem o negócio em momento posterior à celebração.
As cláusulas abusivas também são causas de desiquilíbrio contratual, concomitantes a formação do contrato e a lesão. A lesão não é tratada apenas como um vício do negócio jurídico. Numa relação que não é de consumo a cláusula é anulável.
O abuso de direito não era tratado como ilícito no Código anterior. 137 c/c 9
Falar alguma coisa sobre a teoria da imprevisão.
6- Diferencie a teoria revisionista adotada pelo Código Civil daquela adotada pelo Código de Defesa do Consumidor. 
Revisionismo é revisão dos contratos para garantir a tutela da confiança nos casos em que há desequilíbrio contratual buscando a preservação do contrato em detrimento do desfazimento do vínculo contratual. Há, portanto, uma limitação fundada nos que orientam a relação contratual tal como a boa-fé objetiva. A intensidade do controle judicial será distinta no CC e no CDC, porque nas relações de consumo a intervençãojudicial será maior do que nas relações tuteladas no CC. em se tratando de um contrato individual em que deve reinar maior grau de privatismo que de publicismo, ressalvando a autonomia das partes. Já nas relações de consumo (que abrangem também os contratos de adesão) essa intervenção será maior uma vez que há interesses mais gerais em jogo, devendo prevalecer o publicismo. CDC adota a Teoria da base do Negócio Jurídico- normas de ordem pública e interesse social alheia a vontade das partes. Essa teoria não exige que a alteração das circunstâncias seja imprevisível, nem que a excessiva onerosidade advinda para um contratante acarrete na mesma medida uma vantagem excessiva para o outro como acontece no CC, ela se foca na destruição da base do negócio jurídico e na necessidade de seu reestabelecimento.
7- Diferencie prescrição e decadência.
A prescrição se relaciona ao fim do prazo gerando a perda do direito de exigir a pretensão que lhe é devida. Dessa forma, diz-se que caduca do direito subjetivo de ação, já que apesar do direito existir só não mais caberá a movimentação do aparato jurisdicional para a defesa deste. Ademais, é um prazo flexível, cabendo tanto a suspensão como a interrupção.
Já a decadência se relaciona com o fim do prazo gerando perda do exercício de determinado direito dentro de uma relação processual. Desta forma, decai o exercício de um direito material já integrado no direito de ação. Diferentemente da prescrição não é um prazo que permite suspensão ou interrupção.
Ambos os casos tem fundamento na segurança jurídica.
Direito potestativo do outro lado tem uma sujeição. 
As relações jurídicas podem ser das mais diversas, direitos subjetivos ao qual corresponde um dever jurídico é o meio comum dos casos, em que um depende do outro para a satisfação desse direito, fala-se em prestação; d. potestativo não precisa de ninguém, a relação é unicamente de sujeição, não depende de prestação, não tem nada a exigir, não se fala em pretensão a coisa nenhuma, por isso que se fala que eles não são passíveis de prescrição já que não tem prestação, pode falar que ele caduca ou não, neles apenas cabem o prazo decadencial, não tem direito a um pretensão; interesses; poderes; ônus .
Art. 178, prazo de decadência, hipóteses de anulação dos negócios jurídicos.
Direito potestativo, garantia da existência.
O efeito da sentença quando você exercita um direito potestativo é constitutivo. No caso de direito subjetivos é uma sentença condenatória.
8- Quais são as espécies de inadimplemento e suas possíveis consequências?
O inadimplemento quer dizer inexecução da obrigação, podendo este ser absoluto ou relativo. 
. Inadimplemento Absoluto: Acontece quando a prestação não cumprida torna o recebimento inútil para o credor. Este tipo de inadimplemento gera a resolução do contrato e pode ainda ensejar além do pedido de extinção do vínculo contratual + perdas e danos cobrados na forma de cláusula penal compensatória ou multa (função compensatória e punitiva concomitantemente). Nesse caso não podemos falar em juros.
. Inadimplemento Relativo: Acontece quando a prestação ainda que cumprida tardiamente ainda é útil = MORA. Neste caso, o credor pode optar pela execução do contrato aceitando a prestação tardia ou pedindo a resolução do mesmo. No primeiro caso, este inadimplemento pode gerar a prestação + atualização da prestação + multa (função sancionatória) + juros moratórios (que englobam as perdas e danos).
9- Qual a função dos juros de mora?
Os juros de mora, por sua vez, atuam sempre como uma indenização pela falta do pagamento no prazo, em caso de inadimplemento relativo, é o correspondente a 1% ao mês. Os juros não têm caráter punitivo, ensejando apenas a remuneração do capital.
Os juros de mora são taxas percentuais que incidem sobre a importância da condenação já corrigida monetariamente sua FUNÇÃO é corrigir o valor devido de acordo com o decurso do tempo
10- Qual a função da cláusula penal?
No caso de inadimplemento absoluto, tem natureza compensatória, para fazer a resolução de um contrato tem a multa, neste caso tem uma função compensatória, também vista nesse caso com uma função punitiva. Quando aplicada em caso de contrato parcialmente cumprido, no adimplemento relativo é vista com uma função moratória. No atraso é função somente punitiva. 
Multa e cláusula penal são sinônimos. A multa moratória nas relações de comércio envolvem o limite de 2%. Quando não é prevista a cláusula penal aplica-se a multa que possui o limite já mencionado.
A cláusula penal – pena convencional ou stipulatio penae – é a previsão, sempre adjeta a um contrato, de natureza acessória, estabelecida como reforço ao pacto obrigacional, com o fito de fixar previamente a liquidação de eventuais perdas e danos devidas por quem descumpri-lo. É um pacto acessório, cuja finalidade é garantir, em benefício do credor, através do estabelecimento de uma pena, o fiel e exato cumprimento da obrigação principal.
A cláusula penal é um pacto acessório ao contrato por meio do qual se estipula uma pena em dinheiro ou em outra utilidade a ser cumprida pelo devedor ou por terceiro cuja FUNÇÃO é garantir o fiel cumprimento da obrigação principal constituindo, ordinariamente, na pré-avaliação das perdas e danos em punição do devedor inadimplente. 
COMPRA E VENDA
11- Explique a distinção entre contrato comutativo de venda de coisa futura e os contratos de compra e venda aleatórios, apresentando os efeitos decorrentes de cada uma das respectivas espécies. 
O contrato comutativo de coisa futura a prestação já é mensurada, pré-definida, equivalente pelas partes contratantes, não há álea, ou seja, não há risco. A coisa é definida só que só existirá no futuro. Isso é possível porque o contrato de compra e venda somente gera a obrigação e não a transferência da propriedade. Assim a coisa só precisa existir quando da execução do negócio. Se isto não acontecer a consequência será a resolução do contrato.
Já no contrato aleatório as prestações não são definidas, havendo álea, ou seja, uma das partes corre risco, falando neste caso de venda de esperança, quando o contratante assumir o risco sobre a existência da própria coisa, ou de venda de coisa esperada quando o contratante assume o risco sobre a quantidade ou até mesmo qualidade da coisa. 
12- Explique a problemática da venda a non domino, enfrentando as posições doutrinárias e jurisprudenciais a respeito.
A problemática da venda "a non domino" não reside apenas na dúvida de se estar de boa-fé ou não. Ela é gerada quando o devedor vende uma coisa que acha que é verdadeiramente de sua propriedade ou quando ele age de má-fé visando enriquecimento sem causa, já que vende uma coisa ciente de que aquilo não lhe pertence. São três as correntes que tutelam o assunto:
1. Parte da jurisprudência diz que não há venda nesses casos, inexistência, afinal se você não possui o bem não pode vendê-lo, transferir o domínio. 
2. Outra parte acredita ser o ato da venda nulo. O problema que mesmo sendo fajuta a compra e venda gera efeitos que podem convalescer no tempo a ponto do que adquiriu de forma fajuta ratificar a venda, e o fato nulo não admite convalescimento.
3. Já para outros ainda, seria o contrato anulável: gera efeitos jurídicos, nem que seja a simples a troca da posse, só não serve para transferir a propriedade, pois depende de um fato posterior para isso (ratificação).
13- Leia e responda as questões abaixo: José, casado pelo regime da separação absoluta de bens com Matilde, resolveu vender a seu filho, Caio, um terreno de sua propriedade situado em um loteamento no Morro do Imperador, na cidade de Juiz de Fora. Matilde e o outro filho de José, Tício, estavam viajando. Apressado para consumar logo a venda, pois estava precisando do valor, José então compareceu ao Cartório de Notas e providenciou a outorga da escritura de compra e venda para Caio, acreditando que Matilde e Tício estariam de acordo. A referida escritura foi levada ao registro imobiliário. Ao tomarem conhecimento davenda poucos dias depois, Matilde e Tício sentiram-se prejudicados, pois o referido imóvel representava mais da metade do patrimônio de José e o valor cobrado pela venda foi muito baixo. Ambos resolveram, por conseguinte, procurar um advogado. Pergunta-se:
13.1) No lugar do advogado, que medida você lhes sugeriria tomar, por quem, contra quem e em que prazo? 
Para responder a referida questão é necessário saber que a separação absoluta se divide em: voluntária (art 1647CC ) e obrigatória  (1641c/c 496 CC) . No entanto o enunciado da questão só fala em separação absoluta, por isso temos que explicar as duas possibilidades. Na separação obrigatória, de acordo com os artigos mencionados não precisa da autorização do cônjuge para a venda de bem a ascendente e descendente. Mas se tratando de separação voluntária o cônjuge precisa da autorização.
Em suma, quando o regime da separação total de bens for livremente escolhido pelos cônjuges (separação voluntária), o que pretender vender bem a descendente deverá obter o consentimento do outro. Somente estará dispensado dessa exigência nos casos em que o regime da separação é imposto pela lei (separação obrigatória ou legal), como nas hipóteses de casamento celebrado sem observância das causas suspensivas da celebração, por pessoas maiores de sessenta anos ou por pessoas que dependerem de suprimento judicial para casar (1641).
Enfim, concluímos que se Matilde e José são casados por separação absoluta obrigatória, não precisa do consentimento, e se forem casados pelo regime da separação absoluta voluntária é necessário o consentimento, caso este não venha ser feito tanto Matilde como o Tício poderá entrar com anulação da venda ,pois quem tem legitimidade para arguir a anulabilidade de venda são os demais descendentes e o cônjuge do vendedor. Tício poderá entrar com processo contra o pai, José e contra o irmão Caio, e Matilde contra o José e contra o filho Caio.
Como a lei não faz referência a um prazo para efetuar a anulação, remete-se ao art. 179 CC " quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se anulação, será de 2 (dois) anos , a contar da data da conclusão do ato".
13.2) Diferencie, sob o prisma da validade negocial, a compra e venda da doação de ascendente a descendente, bem como a compra e venda em geral da compra e venda entre ascendente e descendente, apresentando as orientações jurisprudenciais a respeito.
Pede-se para diferenciar sob o prisma da validade negocial a compra e venda da doação de ascendente a descendente, bem como a compra e venda em geral da compra e venda entre ascendente e descendente.
Na compra e venda de ascendente e descendente é necessário observar dois requesitos: o regime de casamento e o consentimento (do cônjuge e dos demais descendentes) , e o valor da compra não pode exceder a parte disponivel do patrimonio.
Na doação para estes dispensa o consentimento de acordo com o art 544, por se tratar de adiantamento de herança, mas o doador  só pode doar a metade da herança art 1789. Caso essa doação seja maior que 50 (cinquenta por cento) vai ser nula a parte que excede esse valor de acordo com o art 549.
Enquanto que na compra e venda em geral não tem uma limitação em relação a terceiro, uma vez que por ato oneroso pode  fazer o que quiser com o patrimonio enquanto vivo, lembrando de se observar os requesitos de compra e venda como o preço justo, para que não configure doação simulada, ou fraude, conforme o 167.
14- Caio celebrou com Tício um contrato de compra e venda tendo por objeto o mesmo imóvel, pelo preço de R$ 200,00 por metro quadrado, sendo as respectivas medidas e confrontações minuciosamente discriminadas no respectivo instrumento particular. Após ter pago o preço, Manoel constatou que o imóvel tinha medida significativamente menor do que a informada no contrato de compra e venda, o que o impediria de construir a casa já projetada por seu arquiteto. Pergunta-se: 
14.1) Diante dessa circunstância, poderia ele anular a venda? Responda indicando as soluções legais cabíveis.
Já que a compra leva em consideração o tamanho da propriedade devemos levar em consideração que Tício tem a possibilidade de reclamar ao vendedor a complementação da área (ação ex empto), sendo essa a primeira medida cabível. Caso não seja possível essa complementação, tem o comprador a faculdade de resolver o contrato, em que se pede a devolução do dinheiro e se devolve o bem, numa ação redibitória, ou pedir o abatimento do preço, numa ação estimatória. O prazo para que o comprador se valha dessas ações, quando há uma diferença entre a área real e a área estipulada em contrato é de 1 ano, conforme artigo 501 do CC.
Não pode, entretanto, anular a venda, uma vez que a anulabilidade só é possível quando há vícios do consentimento, o que não se verifica nesse caso concreto, pois não se pode verificar a culpa do vendedor quanto ao erro na metragem da área. Anular esta no plano da validade e não é o que se verifica no caso, não representa nenhuma das causas de anulação.
14.2) Tendo em vista que Caio ainda não havia outorgado a escritura definitiva, poderia Tício arrepender-se do contrato ou, para livrar-se do problema, vender o imóvel a terceiro? 
Os contratos de compra e venda podem ser contemplados com a cláusula de arrependimento, apesar de isso não ser uma prática comum. Como nada foi pactuado entre Caio e Manoel e por força da lei 6766/79, que afirma que imóveis urbanos loteados tem seus contratos irretratáveis, Tício não pode arrepender-se do contrato. Vale lembrar também, que o arrependimento só é possível antes de se começar a executar o contrato.
Além disso, por não ter ainda a escritura outorgada por Caio (vendedor), Tício ainda não possui a propriedade do imóvel e portanto não pode vender o bem a um terceiro para se livrar do problema – art. 481 do CC. O contrato gera apenas um efeito meramente obrigacional de transferir o domínio (propriedade) do objeto do contrato.
15- Leia e responda as questões abaixo: 
Manoel celebrou com Joaquim um “Compromisso de Compra e Venda” por força do qual o primeiro comprometeu-se a vender e o segundo a comprar um apartamento, mediante o pagamento em prestações. O referido contrato, inarrependível, foi registrado no Cartório de Registro de Imóveis. Após o pagamento da integralidade das prestações, Tício solicitou a Caio que lhe fosse outorgada a escritura de compra e venda definitiva do imóvel, o que Caio, injustificadamente, recusou-se a fazer. Posteriormente, Tício apurou que Caio havia se comprometido a vender o mesmo bem a Névio, sendo certo que este segundo compromisso não fora registrado. Pergunta-se: 
15.1) Que medida Tício poderia tomar e contra quem? Fundamente. 
Diante dessa circunstância, Tício, ao registrar o contrato de compra e venda no cartório de registro de imóveis adquiriu um direito real de aquisição de propriedade, decorrente da combinação dos arts. 1225,VII; 1227; e 1417, todos do Código Civil. Por si só tal direito já é oponível erga omnes.
A partir da quitação do valor devido Tício passa a poder exigir junto a seu promitente vendedor, Caio, a lavratura da escritura, comprovante definitivo da relação de compra e venda realizada entre ambos, para que ocorra a efetiva transferência do direito de propriedade sobre o bem em questão do segundo para o primeiro.   
A negativa de Caio em fazê-lo dá ensejo ao ingresso em juízo, por Tício, por meio de uma ação de adjudicação compulsória do imóvel, graças à dicção do art. 1418, CC/02. Através desta ação Tício obterá uma carta de adjudicação do juízo, que poderá ser registrada no respectivo cartório de registros de imóveis em lugar da escritura propriamente dita. E assim, o direito de propriedade efetivo alcançado por Tício com a quitação das parcelas da promessa de compra e venda se concretizará.
Haverá, portanto, completa transferência da propriedade do bem de Caio para Tício.
É válido ressaltar que na eventualidade de Névio estar morando no imóvel o pedido da adjudicação compulsória, opostocontra Tício, deverá ser cumulado com o de reintegração de posse contra Névio. Não havendo esta situação cabe apenas a adjudicação compulsória. 
15.2) Caso o compromisso de compra e venda celebrado entre Caio e Tício não tivesse sido levado ao registro imobiliário, que medida Tício poderia tomar se: 
a) o compromisso de compra e venda celebrado entre Caio e Névio tivesse sido registrado; Nesta específica situação Tício se encontra desprotegido, uma vez que, por definição do art. 1227, CC/02, " somente o registro no Cartório de Registro de bens Imóveis" que assegura o direito real do promitente comprador a que faz referência o art. 1225,VII, CC/02. No instrumento de Caio e Tício, neste caso, vale, portanto, o princípio da Relatividade dos Termos Contratuais, segundo o qual os termos de um contrato somente são oponíveis àqueles que dele participam.
Por seu turno, o registro do negócio realizado entre Névio e Caio realizado nos termos legais o torna oponível erga omnes, garantindo o direito real de aquisição do imóvel ao primeiro e afastando a possibilidade de Tício ingressar em juízo com uma ação de adjudicação compulsória contra Caio.
Portanto, somente restaria a Tício a resolução de seu instrumento de compra e venda em perdas e danos, contra Caio. Assim sendo, é obrigação de Caio indenizar Tício em função de sua venda sucessiva, que é irregular.
b) Caio não tivesse se comprometido a vender o bem a Névio posteriormente?
b) Na inexistência de terceiros envolvidos na relação, ou seja, não havendo conflitos para a tomada do direito de propriedade, exceto o já existente entre o promitente comprador e o promitente vendedor, a súmula 239 do STJ consolidou o entendimento de que ainda que não haja direito real de aquisição do imóvel nos termos combinados dos arts. 1225,VII; 1227; e 1417, todos do CC/02, aplica-se a noção constante do art. 1418, CC/02, que permite o ingresso com ação de adjudicação compulsória contra o vendedor.
 Nestes termos, ainda que não tenha o direito real de aquisição do imóvel, que é dado pelo registro do compromisso de compra e venda no CRI, Tício tem legitimidade para exigir em juízo a adjudicação do imóvel em questão, forçando-o, deste modo, a transferir a propriedade do bem para ele. 
16) Manoel firmou com Joaquim um “Compromisso de Compra e Venda” por força do qual o primeiro comprometeu-se a vender e o segundo a comprar um lote de terreno, mediante o pagamento em prestações. Apesar de inarrependível, o referido contrato, devido ao esquecimento de Joaquim, não foi registrado no Cartório Imobiliário. Após o pagamento de metade das prestações, Joaquim tornou-se inadimplente, deixando de quitar as parcelas vincendas. Preocupado com uma possível insolvência de Joaquim, Manoel houve por bem firmar novo compromisso de compra e venda com Maria, também irretratável, o qual foi levado a registro por esta última. Pergunta-se: 
16.1) Teria Manoel alguma medida a tomar contra Joaquim antes de firmar o segundo compromisso de compra e venda com Maria? Fundamente.
Em primeiro lugar, é preciso salientar que o compromisso de compra e venda é um exemplo de contrato preliminar, uma espécie de contrato que tem como objetivo a formação de um contrato definitivo.
 
Contudo, em nosso ordenamento, o compromisso é contrato propriamente dito, sendo o nome derivado da necessidade de um segundo ato para formalizá-lo, ou seja, o registro.
O caso em questão traz uma hipótese de inadimplemento relativo uma vez que metade das prestações já foram pagas e por se tratar de obrigação líquida e certa, como regra geral, se aplicaria a mora “ex re” (automática) descrita pelo “caput” do art. 397 C.C. 
Porém, nos contratos de compra e venda de bens imóveis, ainda que a obrigação atenda a esses requisitos, não se aplica a mora automática. Essa é uma exceção legal que tem como objetivo evitar o abuso de alguns vendedores que, diante de pequenos atrasos, aplicavam a cláusula resolutiva expressa.
Sendo assim, Manoel deveria ter interpelado Joaquim (procedimento típico da mora “ex persona”, na qual o devedor precisa ser constituído em mora), concedendo-lhe um prazo para sanar sua dívida. Esse prazo é de trinta dias para imóveis loteados (art. 32 da lei 6766), e de quinze dias para os imóveis não loteados (art. 1º do Decreto-Lei 745). Só depois de cumprido tal prazo é que Manoel poderia aplicar a cláusula resolutiva expressa, caso ela estivesse prevista no contrato, ou entrar com uma ação de rescisão contratual cumulada com cobrança, sob pena de a mesma ser extinta sem resolução do mérito.]
Segundo o art. 395, Joaquim responderá pelos eventuais prejuízos que sua mora der causa, mais juros, atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos e honorários do advogado.
Por último, é importante ressaltar que o fato do contrato não ter sido registrado não interfere na relação obrigacional entre Manoel e Joaquim e que mesmo se tratando de um contrato arrependível, o direito de arrependimento não poderia ser utilizado uma vez que a execução do contrato já havia sido iniciada.
16.2) Quem juridicamente tem direito a ficar com o imóvel? Explique e fundamente. 
5.2)
Maria tem o direito de ficar com o imóvel pois foi ela quem registrou o compromisso de compra e venda, dando-lhe publicidade, o que lhe garante um direito real de aquisição oponível à terceiros.
Sobre isso diz o art. 1417 C.C.: “ Mediante promessa de compra e venda, em que não se pactuou direito de arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.”
Nesses casos de dupla venda, em que um único imóvel é vendido a duas pessoas diferentes por seu atual proprietário, será considerado o novo proprietário aquele que primeiro registrar seu compromisso de compra e venda. Segundo entendimento do STJ, esse é prêmio que o ordenamento confere a quem é mais diligente.
Além disso, como Joaquim não registrou seu contrato, não havia como Maria saber da existência de um contrato anterior, caracterizando a figura do terceiro de boa-fé, mais um motivo que justifica sua proteção.
Diante da fragilidade de seu contrato devido a falta de publicidade, só resta a Joaquim requerer perdas e danos de Manoel, pois uma ação de adjudicação compulsória, segundo a súmula 239 do STJ, só seria possível se não houvesse um terceiro envolvido.
Depois de quitar seu débito, Maria pode exigir de Manoel a outorga da escritura definitiva de compra e venda e, havendo recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel (art. 1418 C.C).
17) Caio e Tício celebraram um compromisso de permuta por instrumento particular, por meio do qual o primeiro entregaria ao segundo seu automóvel Pagero importado e receberia em troca um apartamento quarto e sala situado em Juiz de Fora, de valor compatível com o do veículo. O automóvel encontrava-se no Rio de Janeiro, domicílio de Caio, razão pela qual Tício solicitou que o bem lhe fosse entregue em Juiz de Fora. Ficou ajustado que a escritura pública seria firmada tão-logo Tício recebesse o automóvel. Ocorre que, ao passar pela Serra de Petrópolis, o Pagero, então conduzido por motorista contratado por Caio, foi subitamente fechado por outro automóvel e roubado por um grupo de assaltantes armados. Após a notícia, Tício houve por bem recusar-se a firmar a escritura definitiva, apesar de o contrato de permuta nada estabelecer sobre a possibilidade de arrependimento. Pegunta-se: qual a solução jurídica cabível e em favor de quem? 
No caso da questão há um contrato preliminar entre Caio e Tício. De acordo com o art. 493, a tradição se dá no lugar onde a coisa se encontra. Poderia se dizer, então, que houve a tradição ficta, já que o antigo proprietário do Pajero contratou motorista para entregá-lo em JF a pedido de Tício. 
O roubo do Pajero foi um caso fortuito,fugindo da previsibilidade de ambos contratantes. De acordo com os dizeres do art 494, se a pedido do comprador a coisa for expedida para lugar diverso deonde ocorreu a tradição, fica com o comprador os riscos desse transporte, salvo se o transportador não seguir as instruções do contratante, o que não parece ser o caso.
sendo assim, Tício não poderia voltar atrás no seu compromisso pelo motivo do roubo, e diante do fato de não haver clausula de arrependimento. (mesmo assim esta só teria efeito antes do começo da execução do contrato)
Caio deve impetrar ação de adjudicação compulsória para obter o cumprimento forçado do contrato preliminar, fazendo com que Tício firme a escritura definitiva para a transferência da propriedade do imóvel.
33) Em que hipótese admite-se a ação renovatória de locação e quais são os seus pressupostos? 
34) Quais são os pressupostos e o fundamento principiológico da ação revisional de aluguel? 
-O aluguel é o preço que se paga pela locação, e sobre o qual incide uma taxa de reajuste anual.
-A fixação do preço do aluguel pode ocorrer a todo tempo por meio de acordo entre as partes.
- Porém quando não há acordo sobre o valor do aluguel, ou em caso de desequilíbrio econômico financeiro pode o locador ou o locatário, após três anos de vigência do contrato ajuizar ação revisional de aluguel, afim de ajustar o seu valor ao de mercado como dispõe o artigo 19 da lei 8245/91 e o §4º artigo 21 da lei 9069/95
-Normalmente o locador visa um aumento no valor do aluguel, enquanto que o locatário visa sua diminuição, mas nada impede que a situação se inverta, embora incomum.
-Importante lembrar que o ajuste do preço judicialmente só poderá ocorrer a cada três anos, logo somente a partir do terceiro ano de locação.
- Apenas a titulo de curiosidade: todas as particularidades referentes a ação revisional de aluguel estão contidas no capítulo IV da lei 8245/91 do artigo 68 a 70.
-A ação revisional de aluguel é regida pelo rito sumário, e deverá observar os requisitos contidos nos artigos 276 e 282 do código de processo civil, sendo importante destacar que se faz mister o cumprimento de certas condições probatórias acerca da defasagem do valor, além disso a petição inicial de verá indicar o valor do aluguel que se pretende fixar. (art. 68 da lei 8245/91).
-Existem vários princípios contratuais que fundamentam a aplicação da ação revisional de aluguel
- Primeiro eu queria destacar o papel da cláusula rebus sic stantibus, que trata da sujeição dos contratos de trato sucessivo às circunstancias supervenientes, permitindo assim tanto o aumento quanto a diminuição do preço do aluguel em razão de uma mudança nas condições que cercam o negócio.
- A aplicação dessa cláusula remonta ao antigo código de 16, onde era utilizada ainda que de forma indireta como fundamento das ações revisionais de aluguel
- A utilização dessa cláusula conjugada com a evolução da teoria contratual consolidou o efeito da excessiva onerosidade superveniente nos contratos em geral e de forma específica nos contratos de locação, principalmente nas situações em que se verifica uma flutuação nos preços dos imóveis e no valor da própria moeda, circunstâncias essas que independem da vontade dos contratantes mas que constituem importante elemento para a fixação do preço do aluguel.
- Podemos citar também os princípios da boa-fé objetiva e do equilíbrio econômico do contrato, ambos positivados no inciso III do artigo 4º do CDC.
-A boa-fé objetiva em seus vários desdobramentos prescreve os deveres que devem fazer parte de qualquer contrato como a lealdade, a honestidade, a transparência e consideração das expectativas geradas nos envolvidos.
-O princípio do equilíbrio econômico por sua vez se desdobra nos princípios da igualdade e da proporcionalidade, e impondo as partes a fixação de um preço de aluguel que seja justo e que se adéqüe as condições de cada contratante.
- Também é preciso mencionar o princípio da conservação do contrato em bases equilibradas, ou seja, que não impliquem no favorecimento excessivo de uma parte às custas da outra. 
- Finalmente é importante destacar o papel do princípio da função social do contrato, assim como do princípio da função social da propriedade, que estão previstos no artigo 2035 §único e refletem a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, ou seja o contrato deve ser pensado no contexto do ordenamento jurídico, dessa forma visa evitar que o contrato se torne elemento de manobra para um dos contratantes, que no contrato de locação pode ser verificado em situações em que o locador exige do locatário o pagamento de um aluguel maior sob risco de extinção da locação.
35) Claus, proprietário de uma loja no centro da cidade, resolveu locá-la a Clériston, pelo prazo de 3 anos, para a exploração do comércio de calçados. Claus e Clériston assinaram o contrato em 01/01/2001. Decorridos 3 anos da celebração da locação, Clériston houve por bem permanecer no imóvel, atuando no mesmo ramo, sem qualquer oposição por parte de Claus. No entanto, em janeiro de 2006, já com 5 anos de locação, Claus resolveu vender o imóvel para Crizóstomo. Surpreendido pelo pedido de desocupação do imóvel, que medida Clériston poderia tomar para continuar explorando o seu comércio no mesmo local?
Para início de análise, deve-se considerar que no caso apresentado o contrato foi prorrogado por prazo indeterminado, com base no art. 56, lei 8245. Visto isso, como a situação apresentada se trata de uma locação não residencial, tem-se que para esse tipo de locação há a possibilidade de uma ação renovatória, desde que preenchidos os requisito exigidos para a mesma (previstos no art. 51, lei 8245), entretanto na locação em questão não haverá a possibilidade de tal ação, uma vez que não atende ao requisito do prazo determinado. Também pelo fato de o contrato ser por prazo indeterminado (devido à prorrogação) não há como Clériston opor o contrato a Crizóstomo. Restando, portanto, a Clériston alegar que foi preterido em seu direito de preferência, pois é locatário, logo cabe a ele ajuizar uma ação de adjudicação compulsória (depositando o preço e as demais despesas de transferência) no prazo de 6 meses, desde que o contrato de locação seja registrado, não cumprindo com esses requisitos pode apenas pedir perdas e danos 
36) Gertrudes, inquilina de imóvel residencial de propriedade de Claudomiro, após 2 anos desde a celebração do contrato de locação, pleiteou ao locador a revisão do aluguel, por entender que o valor até então praticado estava muito acima do valor de mercado. Por mútuo acordo, Claudomiro houve por bem reduzir em 2% o aluguel. Após a assinatura do acordo, Gertrudes ainda pagou o aluguel revisto por mais 1 ano regularmente, chegando, entretanto, à conclusão de que o valor permanecia incongruente com os patamares de mercado, considerando as locações de imóveis similares na mesma região. Pergunta-se: Gertrudes poderia novamente pleitear a revisão do aluguel? Em caso positivo, como e quando?
A revisão contratual, primeiramente, deve ser feita de comum acordo. Não sendo possível tal via, recorre-se a via judicial, através da ação revisional, disposta no art 19 da Lei 8245/91 (" Não havendo acordo, o locador ou locatário, após 3 anos da vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado"), Verifica-se que, no enunciado acima, Gertrudes, inquilina de imóvel residencial de propriedade de Claudomiro, pleiteou uma revisão em nome do equilíbrio contratual. Com o objetivo de manter tal equilíbrio, Claudomiro reduziu em 2 % o valor do aluguel, de comum acordo, isso após 2 anos do início do contrato. Passado mais 1 ano, Gertrudes, alegando ainda o desequilíbrio contratual, pleiteia nova revisão contratual. Considerando que a primeira revisão contratual foi irrisória, insignificante, Gertrudes poderia sim fazer um novo pedido de revisão, já que a primeira revisão não alcançou seu objetivo primordial, que seria o equilíbrio do contrato aos valores de mercado. O prazo para pleitear tal revisão é de 3 anos, desde a feitura do contrato (e não da primeira revisão, já quefoi irrisória), através de ação revisional. Observando que já se passaram 3 anos, Gertrudes pode pleitear a ação revisional imediatamente.
37) José alugou a Maria, pelo prazo de 1 (um) ano e meio, mediante contrato escrito, um apartamento de sua propriedade, para fins residenciais. Chegado o termo final do contrato, diante do pedido de Maria para dar continuidade à locação, José concordou em prorrogá-la por mais 1 (um) ano, findo o qual Maria teria que entregar as chaves do imóvel. Ocorre que, decorrido o prazo máximo de prorrogação do contrato, Maria, adoentada, viu-se com sérias dificuldades para encontrar um outro imóvel onde pudesse morar e acabou permanecendo no mesmo. Não tendo interesse na continuidade da locação, em razão da defasagem do valor do aluguel, apesar de pontualmente pago, que medida José poderia tomar e em que prazo?
38) Tomásio, proprietário de uma loja de calçados no centro de cidade, houve por bem locá-la a Tício pelo prazo de 3 anos, transferindo-lhe, temporariamente, a exploração do fundo de comércio. Tomásio e Tício assinaram o contrato em 01/01/2000. Após 3 anos da celebração da locação, Tício houve por bem continuar explorando a atividade no local, sem qualquer oposição por parte de Tomásio. No entanto, em janeiro de 2005, contando já com 5 anos de locação, Tomásio resolveu retomar o imóvel, alegando que pretendia desempenhar ali o mesmo ramo comercial. Pergunta-se: o pedido de retomada formulado por Tomásio tem amparo legal? Fundamente sua resposta. 
A duração da locação chega a 5 anos. Três desses anos o contrato estava escrito, e, findo tal período, Tício continou a explorar a atividade no local, sem qualquer oposição por parte de Tomásio. Dessa forma, a locação subsite por determinação legal, conforme previsto no art. 56, parágrafo único, da Lei do inquilinato.
Art. 56. Nos demais casos de locação não residencial, o contrato por prazo determinado cessa, de pleno direito, findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso.
Parágrafo único. Findo o prazo estipulado, se o locatário permanecer no imóvel por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir - se - á prorrogada a locação nas condições ajustadas, mas sem prazo determinado.
Ainda que não houvesse determinação legal, entendo em tal caso, que se aplicaria a Teoria dos atos próprios, mais especificamente, a “supressio” do direito locador de exigir o bem locado de volta em virtude do termo
final da avença, não podendo alegar o fim do contrato já que aceitou tacitamente a continuidade da locação (ninguém pode se valer da própria torpeza – “venire contra factum proprium”)
A locação continua vigendo por não oposição do locador, ainda que não escrita. E como não escrita, já que os contratos de locações são consensuais e não formais, ela deve ser provada.
No caso em análise, se torna simples a prova, qual seja, a comprovação de que o locatário utiliza o local, cumprindo a função social da propriedade, e o locador recebe uma remuneração por ter cedido o direito de uso e gozo daquela propriedade. (ver o parágrafo única do art. 56, supra)
Poder-se-ia suscitar, então, o art. 51, L8245/91 (lei do inquilinato), para Tício permanecer com o bem, em detrimento de Tomásio, já que a duração da locação perfaz o prazo de 5 anos, enejando a ação renovatória. Não vejo tal perspectiva como possível. O próprio art. 51 requer que os requisitos sejam cumpridos cumulativamente, e, entendo eu, dois anos de locação não conter o requisito formal exigido para a renovação como um direito do locatário, qual seja, contratos escritos.
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente:
 I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado;
 II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos;
 III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos.
Ainda que ambos fossem escritos, não se trata mais de uma locação com prazo determinado, como exige o dispositivo analisado supra, e o art. 52, §1º, deixa clara a solução para o impasse: Tomásio não é obrigado a renovar
o contrato se ele o utilizar. A vedação ao exercício do mesmo ramo não se aplica aqui, em virtude da locação envolver fundo de comércio, com o que é abarcada pela ressalva do mesmo dispositivo.
Art. 52. O locador não estará obrigado a renovar o contrato se:
 II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente.
 § 1º Na hipótese do inciso II, o imóvel não poderá ser destinado ao uso do mesmo ramo do locatário, salvo se a locação também envolvia o fundo de comércio, com as instalações e pertences.
Na doutrina e jurisprudência, encontramos posicionamento no sentido de que só será permitida a retomada para exercício da mesma atividade desenvolvida pelo locatário se a coisa tiver destinação determinada, como nos casos de cinema, postos de gasolina e teatro, uma vez que é impossível ou muito oneroso mudar a estrutura do imóvel para dar-lhe destinação diversa.
Logo, há fundamento legal para o pedido de retomada formulado por Tomásio, qual seja, o art. 52, §1º, L8245/91
39) Joséria locou a Armília uma loja mediante contrato de locação firmado em 01 de fevereiro de 2002 pelo prazo determinado de 8 (oito) anos. Em agosto de 2009, já com 4 (quatro) anos de comércio de calçados no mesmo local, Armília foi surpreendida por uma notificação de uma terceira, Edila, que solicitava a desocupação imediata do imóvel na condição de nova proprietária do imóvel, por força de um contrato de doação celebrado por instrumento público e devidamente registrado no Cartório Imobiliário em 30 de junho de 2009. Buscando se informar sobre o ocorrido, Armília constatou que o referido contrato de doação havia sido celebrado com encargo em favor da doadora, Joséria, com prazo para cumprimento até 30 de julho de 2009, e que tal encargo não havia sido cumprido, tampouco a doadora havia tomado qualquer providência. Pergunta-se: Armília terá que entregar o imóvel tal como solicitado por Edila? 
40) Caio locou a Tício, para fins residenciais e pelo prazo de 2 anos, um apartamento de sua propriedade. Tal contrato de locação não foi registrado no cartório imobiliário. Após o decurso do prazo avençado, Tício permaneceu no imóvel, continuando a pagar pontualmente o aluguel. Contudo, tratando-se de apartamento situado no primeiro andar, com acesso direto e independente para a via pública, Tício houve por bem ali estabelecer um movimentado curso de inglês, sem o consentimento do locador, o qual sequer tomou conhecimento do fato, pois residia em outra cidade. Logo depois, Caio celebrou com um terceiro, Névio, um contrato de compra e venda por instrumento particular, cujo pagamento seria realizado em diversas prestações, razão pela qual a escritura definitiva não foi outorgada de imediato. Névio solicitou verbalmente a Tício a desocupação do imóvel, solicitação que não foi atendida. Decorridos mais de três meses após o registro do compromisso de compra e venda, o que resta a Névio fazer para obter a posse do imóvel?
41) João, que tem um imóvel locado a uma clínica médica há 8 anos, mediante contrato inicialmente celebrado pelo prazo determinado de 5 anos, ao receber uma proposta para a venda do imóvel em condições imperdíveis, resolve aliená-lo a Maria, rica empresária da cidade, que tem a intenção de realizar no respectivo terreno vultoso empreendimento imobiliário. Após pagar regularmente o preço e receber a escritura de compra e venda, Maria registra o bem em seu nome e, posteriormente, solicita a desocupação do imóvel, surpreendendo a diretora da clínica, que jamais teve ciência da venda. Indignada, a diretora da clínica procura o seu advogado e lhefaz as seguintes indagações: 
41.1) Que medida(s) poderá a clínica tomar, considerando que havia, e há, interesse na aquisição do imóvel? 
 De acordo com o art. 27, temos que: pretendendo o locador alienar a coisa locada, ofereça-a, primeiro, ao locatário, que terá preferencia para a aquisiçao, em igualdade de condiçoes com terceiros.. Percebemos, entao, pelo enuncidado da questao, que tal preferenca nao foi dada pelo locador.
 De acordo com o art.33, da lei 8.245, temos as consequencias do nao oferecimento da preferencia ao locatario. A tradiçao no direito brasileiro e que preferencia tenha natureza pessoal, resolvendo-se em perdas e danos, quando nao é respeitada. Conquanto, no campo da locaçao do imovel urbano atribui-se ao direito de preferencia um carater real, ao assegurar ao locatario a adjudicaçao compulsoria do imovel, na hipotese de desrespeito do seu direito.
 Assim, preterido em sua preferencia, sendo o imovel alienado a terceiros, podera o locatario reclamar do alienante as perdas e danos, que serao apuradas, diante do caso concreto, e, se necessario atraves de prova pericial.
 Pode, entretanto, preferir o locatario preterido haver para si o imovel, atacando a venda, o que confere ao direito de preferencia o carater real citadao anteriromente.
 Para exercer tais pretensoes existem alguns requisitos, sendo eles: o contrato de locaçao deve estar averbado pelo menos 30 dias antes da alienacao junto a matricula do imovel; que o locatario deposite o preço e demais despesas do ato de transferencia ( para nao deixar duvidas que o locatario possui condiçoes economicasa para realizar o negocio juridico).
 A terceira condicao é que a açao seja aparelhada no prazo de seis meses, a contar do registro do ato no Cartorio de Imoveis.
 Assim, na hipotese da nao observancia do direito de preferencia, temos uma acao de adjudicacao compulsoria, com o prazo de 6 meses a partir di contrato de alienacao.
 Caso nao haja registro ou perca o prazo de 6 meses, ensejara uma acao de perdas e danos, provando o eventual prejuizo que teve com aquilo
41.2) Caso a clínica não tenha interesse na aquisição do imóvel, mas tenha interesse na continuidade da locação, poderia propor ação renovatória? 
No caso narrado, observamos que o contrato de 5 anos da clinica, ja terminou, estando a mesma em vigencia sob prazo indeterminado, vez que, de acordo com o art. 55, paragrafo único, tendo o locatario permanecido no imovel por mais de 30 dias sem oposiçao do locador, presumi-se que a locaçao foi prorrogada por prazo indeterminado.
 Para que a clinica proponha açao renovatória, faz-se necessario que possua os requisitos, taxativos e cumulativos, acostados junto ao art. 51, da citada Lei.
 Sao eles: contrato celebrado por escrito e com prazo determinado; prazo minimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escrtitos seja de cinco anos; o locatario esteja explorando seu comercio, no mesmo ramo, pelo prazo minimo e ininterrupto de tres anos.
 Conquanto, apos os 5 anos determinados, o locatario permaneceu no local por mais 3 anos, sendo este prazo ndeeterminado. Assim, faz-se necessario que se observe o paragrafo 5 do art. 51, cujo conteudo explicita que o direito de renovaçao decai daquele que nao propuser a açao no interregno de um ano, no maximo, ate 6 meses, no minimo, anteriores da finalizacao do prazo do contrato em vigor.
 Assim, sendo tal prazo decandencial, a açao renovatoria teria que ter sido proposta um ano antes, ou no maximo, no penultimo semestre de vigencia do contrato.
 Frente ao exposto, nao cabe acao renovatoria nesse caso.
LEMBRAR QUE ESTA POR PRAZO INDETERMINADO!!!!!!!!
41.3) Supondo-se que Maria notificou a clínica somente 6 (seis) meses após o registro do ato da venda, poderia ela proceder à denúncia vazia, concedendo o prazo de 30 (trinta) dias para desocupação? 
11.3) Primeiramente, é de maxima importancia vermos o contexto no qual a clínica se insere. De acordo com Capanema, os consultorios medicos, ainda que sejam rotolados de clinica, caso nao oferecam internacao ou servico ambulatorial, nao irao compor, de fato, a clinica medica que o art. 53 se refere. Assim, serao consideradas locaçoes comuns, para efeito de retomada.
 Frente de tal questao, trabalharemos com as duas hipoteses:
CLÍNICA MÉDICA COM TRATAMENTO E INTERNACAO: aplicaria-se aqui o citado art. 53, observando que Maria estaria de acordo com aquilo estabelecido no inciso II. Assim, é possivel que Maria promova a retirada do locatario, somente por DENUNCIA CHEIA. aguardando o prazo de desocupação disposto no § 3°, do artigo 63, da Lei 8.245/91, ou seja, prazo de 1 ano.
CLINICA SEM TRATAMENTO: sera tratada como locacao nao residencial comum, havera, entao, possibilidade de denuncia vazia. APlica-se o art.57, com 30 dias para descocupacao.
Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.
Quando o prazo para o uso do bem não for estipulado convencionalmente, presume-se um prazo razoável para a utilização ou cumprimento de sua finalidade. Faculta-se, assim, ao comodante a possibilidade de reclamar a coisa a qualquer tempo, desde que seja dado ao comodatário o tempo suficiente para utilizar-se do bem, de acordo com a finalidade a ser cumprida pelo contrato. No caso em tela, José da Silva (comodante) cedeu em comodato um imóvel à Associação Amor ao Próximo (comodatário), por prazo indeterminado, a fim que esta pudesse estruturar suas atividades em fase inicial e alcançar condições financeiras para posteriormente comprar ou alugar uma sede. Decorridos 5 anos, a associação já contava com expressivo número de sócios, de doações e de subvenções periódicas. José da Silva, mesmo sem qualquer necessidade urgente e imprevista, requisitou a restituição da coisa. Com o afirmado pelo anunciado, pressupõe-se que após o período de 5 anos, seria este um tempo razoável para adequada utilização do bem, qual seja, a organização das atividades e uma estabilidade financeira da associação, que a tal tempo já tinha obtido recursos humanos e pecuniários para se manter. Assim, a simples notificação por parte do comodante seria suficiente para que seja estabelecida a obrigação de restituição do bem. Discordando das alegações do comodante, poderia a associação se negar a restituir o bem sob alegação de não ter sido o tempo concedido hábil para o uso do bem. Nesse caso, cabe ao comodante buscar a tutela jurisdicional para a solução deste impasse através de uma ação de reintegração de posse.
EXERCÍCIOS
COMODATO
42) A Associação Amor ao Próximo, recém criada para a prática de ações sociais voltadas a crianças carentes, obteve em comodato um imóvel de propriedade de José da Silva, por prazo indeterminado, a fim de que pudesse estruturar as suas atividades em fase inicial e alcançar condições financeiras para, posteriormente, comprar ou alugar uma sede. Decorridos cinco anos de comodato, a Associação já contava com expressivo número de associados, de doações e de subvenções periódicas. Lado outro, José da Silva, embora não tivesse qualquer necessidade urgente, tinha interesse em vender ou alugar o imóvel, a fim de dar ao mesmo uma destinação econômica. Pergunta-se: teria José da Silva alguma medida jurídica em seu favor? Responda fundamentadamente.
Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.
Quando o prazo para o uso do bem não for estipuladoconvencionalmente, presume-se um prazo razoável para a utilização ou cumprimento de sua finalidade. Faculta-se, assim, ao comodante a possibilidade de reclamar a coisa a qualquer tempo, desde que seja dado ao comodatário o tempo suficiente para utilizar-se do bem, de acordo com a finalidade a ser cumprida pelo contrato. No caso em tela, José da Silva (comodante) cedeu em comodato um imóvel à Associação Amor ao Próximo (comodatário), por prazo indeterminado, a fim que esta pudesse estruturar suas atividades em fase inicial e alcançar condições financeiras para posteriormente comprar ou alugar uma sede. Decorridos 5 anos, a associação já contava com expressivo número de sócios, de doações e de subvenções periódicas. José da Silva, mesmo sem qualquer necessidade urgente e imprevista, requisitou a restituição da coisa. Com o afirmado pelo anunciado, pressupõe-se que após o período de 5 anos, seria este um tempo razoável para adequada utilização do bem, qual seja, a organização das atividades e uma estabilidade financeira da associação, que a tal tempo já tinha obtido recursos humanos e pecuniários para se manter. Assim, a simples notificação por parte do comodante seria suficiente para que seja estabelecida a obrigação de restituição do bem. Discordando das alegações do comodante, poderia a associação se negar a restituir o bem sob alegação de não ter sido o tempo concedido hábil para o uso do bem. Nesse caso, cabe ao comodante buscar a tutela jurisdicional para a solução deste impasse através de uma ação de reintegração de posse.
MÚTUO 
43) Explique a dupla configuração do mútuo no ordenamento brasileiro.
O mútuo é o contrato por meio do qual uma pessoa (mutuante) transfere à outra (mutuário) a propriedade de bem fungível, sendo obrigação do mutuário a restituição de coisa do mesmo gênero, quantidade e qualidade.
O mútuo mais comum é aquele que tem como objeto dinheiro. Se discute a natureza do contrato de mútuo, real ou consensual, aí ja se faz uma primeira diferença entre os tipos de mútuo presentes no ordenamento pátrio. Maria Celina Bodin de Moraes ressalta que ha uma dupla configuração do mútuo no direito brasileiro, diversidade de função negocial que impõe distinto tratamento normativo, para o mútuo gratuito e o oneroso: “Enqunto no mútuo feneratício nada impede a configuração conensual, no mútuo dito gratuito, sem qualquer contraprestação correspectiva, somente a efetiva entrega do bem poderá indicar a vontade dirigida à contratação. A benevolência presente no mútuo sem correspectivo passa, através do mecanismo do contrato real, de simples motivo, irrelevante para o Direito, a fazer parte da zona da causa que justifica a normatividade do ato. Como resultado, decorrente de uma visão funcional dos institutos jurídicos, tem a realidade caráter essencial, mas somente nos casos de contratação de mútuo não correspectivo; mútuo feneratício (correspectivo em função do pagamento dos juros) responde a uma outra função, para a qual a estrutura consensual é suficiente.” 
A natureza do contrato de mútuo, como já foi dito, pode ser gratuita ou onerosa. Será gratuito quando não se estipularem juros, sendo um contrto benéfico de auxílio desinteressado. Ressalte-se que em caso de mora devem incidir sim os juros moratório, não perdendo aqui a caracteristica de gratuidade. Já o oneroso ocorre quando são cobrados juros, lembrando que como é caracteristica do mútuo ha a transferencia de propriedade.
Entende-se que o mútuo é contrato unilateral,. Uma parte da doutrina defende que mesmo incidindo-se juros não perde esta característica, pois a obrigação de paga-los recai sobre a mesma parte que deve restituir o bem mutuado. Já outros acreditam que o fato de o mútuo ser oneroso é contrato bilateral, é o que defende Pontes de Miranda.
Acaba podendo-se afirmar que o mútuo gratuito é contrato real e unilateral, enquanto o feneratício é consensual e bilateral.
Tanto o mútuo gratuito quanto o feneratício são informais. 
No mútuo oneroso que se destina a fins econômicos, os juros são presumidos. Os juros podem ser moratórios, caracterização de culpa, ou compensatórios. Os juros cobrados aqui devem ser devidos a Fazenda Nacional. Ha discussão quanto a qual taxa deve-se usar a SELIC ou a do art.161, §1o. O anatocismo e a usura sempre foram reprimidos. 
Gratuito e feneratício. Diferença dos dois.
44) Discorra sobre o limite dos juros remuneratórios nos contratos de mútuo feneratício.
Os juros remuneratórios são os juros devidos pelo empréstimo para o consumo, ou seja, uma espécie de aluguel do capital emprestado. O art. 591 do CC diz que serão equiparadas as taxas dos juros remuneratórios aos moratórios estipulados no art. 406. A equiparação observada aos juros da Fazenda Pública foi a externalização da vontade do legislador em comparar os efeitos nas relações publicas e privadas. Adotando o CTB (Código Tributário Brasileiro), observamos em seu art. 161 que os juros devem ser estipulados a 1% ao mês, ou seja, 12% ao ano. A corrente minoritário diz que devemos adotar a taxa SELIC, mas esta possui a desvantagem de ser hibrida e volátil, não atendendo a necessidade de rigidez que deve ser adotada na relação entre os civis em que se prima pelo equilíbrio entre as relações. Se for praticado juros acima de 1% ao mês o comodante estará praticando a agiotagem, sendo este um crime contra a economia popular, cabendo sanções da esfera cível e penal. 
406: juros remuneratórios x juros moratórios = estudar= prova.
DEPÓSITO
45) A prisão civil do depositário infiel é admitida no ordenamento brasileiro?
Recente decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal deixou assente que, desde a ratificação, pelo Brasil, do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e do Pacto de São José da Costa Rica (Convenção Americana sobre Direitos Humanos aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo n. 27, de 25-9-1992, e promulgada pelo Decreto n. 678, de 6-11-1992), não haveria mais base legal para a prisão civil do depositário infiel, prevista no art. 5º, LXVII, mas apenas para a prisão civil de dívida de alimentos. O entendimento firmado, desta forma, tem como pano de fundo a questão da validade da prisão civil do depositário infiel, expressamente proscrita pela Convenção Americana de Direitos Humanos, a qual assegura que: “Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar” (art. 7º), mas que é expressamente acolhida pela Carta Magna, a qual prescreve que: “Não haverá prisão civil por dívida, salvo do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e do depositário infiel”. O conflito entre tais diplomas legais conduziu ao questionamento da hierarquia assumida pelos tratados e convenções internacionais de proteção dos direitos humanos em nosso ordenamento jurídico, tendo por fundamento o art. 5º, § 2º, da CF. De qualquer modo, independentemente do status que assumiriam os tratados e convenções internacionais de direitos humanos, no ordenamento jurídico brasileiro, é possível concluir, segundo a decisão exarada no HC 87585/TO, que o Pacto de São José da Costa Rica, subscrito pelo Brasil, torna inaplicável a legislação com ele conflitante, não havendo mais base legal para a prisão civil do depositário infiel, sendo admitida apenas na hipótese de dívida alimentar. 
MANDATO
46) Os atos praticados ultra vires mandatis e os atos praticados por representante aparente podem gerar efeitos sobre a esfera jurídica do representado? No primeiro caso, o mandatário é responsável perante o terceiro? Fundamente as suas respostas. 
Se um ato for praticado sem permissão estaremos diante da pratica de um ato ultra vires mandatis, ou seja, pratica-se um ato fora da esfera da permissão. No mandato temos a particularidade de que o terceiro pode conferir o instrumento de mandato do outro, se a pessoa poderia ter se certificado e observado esse instrumento e não o fez não há nadao que se fazer contra o mandante ou contra o mandatário. Isso resulta de haver um poder dever do terceiro de pedir a vista do instrumento. O mandatário poderá ser responsabilizado no caso de promessa de fato de terceiro quando ele se compromete que a procuração seja ratificada pelo mandante. Mas há situações em que não é factível do terceiro exigir essa vistoria, como exemplo, observamos o manobrista na porta do restaurante, não sendo provável tomar essa diligencia, no caso da pessoa ter aparência factível de ser verdadeiro manobrista do restaurante, no qual o estabelecimento não informa que o serviço não é seu, mas se vale do mesmo para favorecer seu negocio, a jurisprudência reconhece a teoria da aparência e responsabiliza o aparente mandante. Os princípios que se observam são os da confiança e da boa-fé objetiva. 
Boa fé, fundada aparência de representação e ainda a culpa do aparente representado.
47) Não obstante expresse um direito potestativo do contratante, a resilição unilateral do mandato pode ensejar obrigação de indenizar perdas e danos? 
O mandato, por ser baseado na confiança, a qual pode deixar de existir, admite resilição unilateral. Se esta partir do mandante há revogação, se do mandatário há renuncia. O mandato é essencialmente revogável, cessada ou diminuída a confiança depositada no mandatário, pode o mandante, a qualquer tempo e sem necessidade de justificar a sua atitude, revogar ad nutum os poderes conferidos. Os efeitos da resilição são ex nunc. A renuncia, assim como a revogação, deve ser comunicada. Se o mandante se sentir prejudicado pela sua falta de tempo para providenciar a substituição do procurador, será indenizado pelo renunciante, salvo se este provar que não poderia continuar no mandato sem prejuízo considerável e não lhe foi dado poderes para substabelecer. É possível haver clausula valida de irrevogabilidade do mandato, uma vez que não há proibição expressa para isso. Entretanto, não é possível obrigar o mandatário a continuar cumprindo uma função da qual já não há mais interesse, dessa forma, descumprindo essa clausula contratual este deverá indenizar o mandante em perdas e danos conforme previsto no art. 683 do CC. 
48) É juridicamente possível o mandato sem representação ou a representação sem mandato? Em outras palavras, em que consiste a teoria da separação no âmbito do contrato de mandato? Fundamente a sua resposta.
A teoria da separação entende que o poder de representação nasce não do mandato, mas de um negocio jurídico unilateral, autônomo e abstrato, que a doutrina tem dado o nome de “procuração”. A representação e a procuração não se superpõem necessariamente. A representação é um elemento da natureza do mandato, quer dizer, algo que não lhe sendo essencial, se compreende pertencer-lhe, sem necessidade de uma declaração especial, que pode suprimir-lhe por meio de declaração em contrario. Ordinariamente ocorre que o mandatário é o procurador do mandante, porém pode não sê-lo, quando, por estipulação ou por sua única vontade, o mandatário atua em nome próprio. 
Normalmente o mandato vem atrelado a representaçao, convencionalmente. Só que em outros sistemas isso não é assim, há pessoas que falam em representação convencional, independente de mandato.
Essa seria o chamado mandado improprio, como atos de interposição, atua no interesse de alguém em seu próprio nome sem o nome do outro. 
Representação sem mandato 
49) Joaquim, interessado em vender um imóvel de sua propriedade, celebrou com Manoel contrato de mandato, outorgando-lhe, por instrumento particular, uma procuração com poderes para alienar, receber, dar quitação, assinar contrato de compra e venda por instrumento particular e a respectiva escritura pública. Joaquim combinou com Manoel que o valor da venda não poderia, de forma alguma, ser inferior a R$ 80.000,00, orientação esta, entretanto, que não constou da procuração, para não prejudicar as estratégias de negociação com terceiros. Após alguns dias, Manoel, ansioso para celebrar logo a venda, firmou com João Promessa de Compra e Venda tendo por objeto o imóvel de Joaquim, pelo valor de R$ 70.000,00, pois Manoel não teve de imediato nenhuma outra proposta por valor superior. Pergunta-se: 1) A compra e venda é oponível a Joaquim? 2) Poderá Manoel firmar a escritura pública de compra e venda?
Conforme consta na procuração, Manoel foi constituído de poderes para alienar bens do mandante. Assim o ato de realizar a promessa de compra e venda não ultrapassa os limites de seu poder e não configura abuso de poder. Entretanto Manoel ao realizar a promessa de compra e venda no valor de 70, 000, com João, contrariou as instruções do mandante Joaquim, que era no valor mínimo de 80,000. Com isso, em razão da inobservância das instruções recebidas, responderá o mandatário pelo inadimplemento, obrigando-se pelo ressarcimento das perdas e danos que resultarem para o mandante, situação decorrente da violação da relação interna. Segundo dispõe o art. 679 do C/C 2002, “Ainda que o mandatário contrarie as instruções do mandante, se não exceder os limites do mandato, ficará o mandante obrigado para com aqueles com quem o seu procurador contratou; mas terá contra este ação pelas perdas e danos resultantes da inobservância das instruções”, dessa forma prevê-se que, se o mandatário contrariar as instruções do mandante, mas sem extravasar os poderes que lhe foram outorgados, age vinculando-o, a despeito de se ressalvar a mesma postulação ressarcitória mencionada. Isso porquanto, a rigor, tende-se a preservar a situação do 3° de boa-fé que negocia com o mandatário, o qual, assim, possui amplo direito de exigir do mandante a obrigação que, em seu nome, tenha sido assumida pelo mandatário, sempre garantindo o regresso ressarcitório. Sendo assim, nota-se ser oponível a Joaquim, o mandante, a promessa de compra e venda. Como o Código Civil de 2002 a promessa do promitente da compra se tornou um Direito real, garantindo ao promitente comprador oponibilidade erga omnes, tendo a possibilidade de entrar com ação adjudicatória e obter a posse do bem. Como não há Direito de arrependimento estabelecido entre as partes a promessa é irretratável e por consequência compra e venda do imóvel é oponível, entretanto a escritura pública não é oponível a Joaquim tendo em vista que o mandato foi celebrado por instrumento particular. Conforme disposto no Art.657 do C/C 2002 “a outorga de mandato está sujeita a forma exigida por lei para o ato a ser praticado,” verifica-se a necessidade de simetria entre o mandato e o negócio principal, sendo o mandato celebrado por Joaquim e Manoel por instrumento particular não possui Manoel poderes para celebrar a escritura pública de compra e venda do imóvel. 
50) Joaquim, empresário, celebrou com Manoel, seu contador, contrato de mandato, outorgando-lhe poderes para administrar contas bancárias, bem como para efetuar e movimentar aplicações financeiras de titularidade do primeiro, durante o período em que estaria de férias. Joaquim combinou com Manoel que os valores que seriam recebidos em tal período não poderiam ser investidos em aplicações de alto risco, orientação esta, entretanto, que não constou da procuração. Após alguns dias, Manoel precisou se ausentar do trabalho para resolver problemas pessoais e substabeleceu os poderes que lhe foram outorgados a seu colega, Honório, também contador, apesar de a procuração nada dizer a respeito do poder de substabelecer. Passados alguns dias, na ausência de Joaquim e Manoel, Honório, não tendo conhecimento das instruções dadas pelo primeiro, houve por bem transferir valores constantes da conta poupança de Joaquim para um fundo de investimento que, embora fosse de alto risco, poderia render cinco vezes mais. Contudo, em razão da recente crise financeira, tal fundo de investimento foi drasticamente afetado, acarretando a Joaquim perdas de grande monta. Pergunta-se: Poderia Joaquim tomar alguma medida para se ressarcir dos prejuízos sofridos? Em caso positivo, contra quem? Responda fundamentadamente.Não houve proibição expressa do mandato, por esse motivo este é valido. Porém, observamos que no caso em tela é cabível indenização, pois de acordo com o parágrafo quarto do art. 667 o mandatário se responsabilizará se o substabelecido agir culposamente. Dessa forma, apesar de não ter sido avisado que o mandante não se interessava por fundos dos quais havia risco, o substabelecido agiu com culpa ao investi-lo em um fundo dessa espécie. O mandato não autorizou o substabelecimento, assim o mandatário responderá por culpa sua ou do substabelecido. A sua responsabilidade nesse caso é maior, pois só a ele foi cometido o encargo. É, portanto, o único responsável pelos prejuízos causados ao mandante em virtude do comportamento negligente do substabelecido, responde como se ele mesmo tivesse praticado os atos ou incorrido em falta, ou seja, por culpa sua ou do substabelecido, como proclama o caput do art. 667. 
Omissão no mandato com no poder de subestabelecer, todos respondem com culpa, os dois. Investimento em alto risco é imprudência, Honorio tinha que procurar saber do contrato. Extrapola o poder de movimentar a conta.
EMPREITADA
51) Explique as diferenças entre as duas espécies de empreitada, especialmente quanto às responsabilidades do empreiteiro. 
O contrato de empreitada possui duas espécies: a empreitada de lavor ou de mão-de-obra, onde o empreiteiro se compromete tão somente a prestar a mão-de-obra; e a empreitada mista ou de materiais, onde o empreiteiro deve prestar a mão-de-obra e também os materiais necessários. Se o contrato for omisso, presume-se que a empreitada será de lavor, e para que o empreiteiro possa fornecer os materiais é necessário que o contrato possua previsão expressa. 
A diferença essencial entre essas duas espécies é quanto à responsabilidade do empreiteiro. Na empreitada de lavor, os riscos incidentes sobre a obra são do dono da obra, e é ele quem deve suportar os prejuízos se ocorrer caso fortuito ou força maior. O empreiteiro só responderá se tiver culpa, no caso de erro de execução (art. 612 do Código Civil). E se a obra perecer por defeito dos materiais, sem culpa de nenhuma das partes, haverá a repartição dos prejuízos, onde o empreiteiro não fará jus à remuneração, pois pressupõe-se que ele tinha o dever de avisar o dono da obra diante de qualquer irregularidade nos materiais por este fornecidos. Dessa forma, o empreiteiro só terá direito à remuneração se ele demonstrar que avisou o dono da obra (art. 613, CC). Já na empreitada mista, como o empreiteiro tem o dever de fornecer os materiais, estes pertencem a ele até a entrega da obra. Por isso, pela regra "res perit domino", se os materiais perecem, os riscos são todos do empreiteiro, até a entrega da obra (art. 611, CC). Pelo art. 618, o empreiteiro, na empreitada mista, responderá objetivamente pelos vícios ocultos ligados à solidez e segurança da obra, num prazo de garantia legal de 5 anos, irrenunciável e irredutível, tendo em vista ser de ordem pública.
52) Bento, proprietário de um terreno, contratou como empreiteira a Construtora Brita Forte Ltda. para construir um edifício de apartamentos residenciais, a serem vendidos no mercado imobiliário. A “Brita Forte” comprometeu-se a prestar mão-de-obra e a fornecer o material necessário, vindo a entregar a obra no prazo ajustado, sendo certo que Bento, quando da entrega, não constatou qualquer defeito aparente. Após 3 anos da entrega da obra, quando os apartamentos já haviam sido vendidos a vários adquirentes, o prédio começou a apresentar instabilidade, vindo a desabar. Vários danos foram ocasionados aos adquirentes das unidades, bem como aos pedestres que passavam no local no momento do desabamento e aos vizinhos do edifício. Alegou a “Brita Forte” não ter culpa pelo acidente, uma vez que empregou toda a diligência e os melhores materiais na construção. Pergunta-se: Bento, os adquirentes das unidades, os transeuntes e os vizinhos poderiam tomar alguma medida em seu favor? Em caso positivo, contra quem e em que prazo? 
A relação entre a empreiteira e Bento não é de consumo, uma vez que este não foi destinatário final da construção daquela, e, portanto, essa relação será regida pelo Código Civil. Logo Bento poderá mover uma ação de reparação de danos contra a ‘Brita Forte’, visto que se trata de uma empreitada mista, e o vício apareceu após 3 anos da entrega da obra, devendo-se aplicar o art. 618 do CC/02, que responsabiliza o empreiteiro de material e execução (misto) pelo prazo irredutível de 5 anos, sendo essa responsabilidade objetiva, não cabendo à empreiteira alegar falta de culpa. Quanto ao prazo aplica-se o § único do art. 618, que prevê o prazo decadencial de 180 dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
Os adquirentes serão consumidores, pois foram destinatários finais da obra, assim incidirá o Código de Defesa do Consumidor art. 12 que prevê a responsabilidade objetiva pelo fato do produto (fato do produto é quando o vício existente se externaliza e afeta a pessoa do consumidor e não somente seu patrimônio). Dessa forma os adquirentes terão o direito de ingressar com uma ação de reparação de danos contra Bento e a empreiteira ‘Brita Forte’, pois a responsabilidade dos dois é solidária em relação aos consumidores, no prazo, segundo o art. 27, prescricional de 5 anos a partir do conhecimento do dano.
Os transeuntes e os vizinhos, por força do art.17 do CDC, terão os mesmos direitos dos adquirentes, visto que são equiparados aos mesmos.
53) É possível a revisão ou a resolução por excessiva onerosidade dos contratos de empreitada? Explique, levando em consideração as posições de ambos os contratantes envolvidos. 
 Os negócios jurídicos podem sofrer consequências e modificações posteriores às circunstâncias da época que foram contratados (Teoria da Imprevisão), ocasionando a quebra insuportável de sua equivalência. Essa constatação deu origem ao princípio da revisão dos contratos (Artigo 317 do C.C.) ou da resolução por onerosidade excessiva (Artigos 478 do C.C.). Mitiga o princípio da intangibilidade e permite aos contratantes recorrerem ao Judiciário, para obter alterações da convenção anteriormente feita. O Artigo 478 do Código Civil dispõe que o acontecimento deve ser extraordinário, imprevisível e excessivamente oneroso para uma das partes. O dispositivo insere mais um requisito: o da extrema vantagem para a outra, ou seja, se a onerosidade não redunda em benefício ou vantagem ao outro figurante, não há como reconhecer-se a Teoria da Imprevisão, limitando a abrangência da cláusula. Os pressupostos para onerosidade excessiva são:vigência de um contrato comutativo, de execução diferida ou de trato sucessivo;ocorrência do fato extraordinário e imprevisível;alteração da situação de fato existente no momento da execução, em confronto com o que existia por ocasião da celebração;nexo causal entre o evento superveniente e a consequente excessiva onerosidade.Exceção se faz através do artigo 399. Caso o contraente esteja em mora quando dos fatos extraordinários, não poderá invocar, em sua defesa, a onerosidade excessiva. Estando nessa situação, responderá pelos riscos supervenientes, ainda que decorrentes de caso fortuito ou força maior. Só aproveita esse princípio a parte diligente e empenhada no cumprimento da obrigação. Além disso, pelo princípio da conservação dos contratos, deve-se priorizar a sua revisão e não a sua extinção. O Artigo 479 dispõe que a parte contrária pode restabelecer o seu equilíbrio econômico, oferecendo se para modificar equitativamente suas condições. Apesar de no artigo estar descrito o réu, entende-se que pode ser qualquer parte interessada em evitar a resolução do contrato. O devedor atingido pela modificação superveniente deve avisar ao credor imediatamente, para garantir a possibilidade de propor a modificação das cláusulas do negócio sem estar constituído em mora (atraso).O Artigo 480 dispõe que se a obrigação couber apenas a uma das partes, esta poderá pleitear que sua prestação seja reduzida ou alterado o

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