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PRÉ-NATAL E MODIFICAÇÕES GERAIS DO ORGANISMO MATERNO AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - Objetivos da assistência pré-natal · Preparar a mulher para a maternidade · Orientar sobre hábitos de vida e higiene pré-natal · Orientar sobre a importância da manutenção de um estado nutricional adequado · Orientar quanto as medicações ou medidas que possam prejudicar o feto · Tratar as manifestações físicas próprias da gravidez · Ações educativas sobre o parto e cuidado com o RN · Prevenir, diagnosticar precocemente e tratar as doenças que interferem no bom andamento da gravidez · Orientar a paciente com relação a: · Dieta · Higiene · Sexo · Hábitos intestinais · Exercícios · Vestuário · Recreação · Sexualidade · Hábitos de fumo, álcool e drogas · Outras instruções que forem necessárias - Orientação pré-concepcional · Conjunto de medidas médicas, sociais e psíquicas que visa analisar e determinar o momento ideal para que a gestação ocorra · Não interromper o método contraceptivo até que seja avaliado a condição física da mulher · Determinar os fatores de risco gestacional · Idade materna – ideal é entre 19-35 anos · Genética · Tabaco, álcool, outras drogas e radiografias · Peso · Atividade física e profissional · Emocional/ambiental · Doenças: · Distúrbios endócrinos · Pesquisa de infecções · Afecções ginecológicas · Animais domésticos · Vacinação · Consulta: · História clínica completa · Exame físico geral · Exame físico ginecológico · Exames complementares: hemograma, tipagem sanguínea do casal, glicemia de jejum, sorologia, parasitológico de fezes, colpocitologia oncótica, perfil hormonal, USG (se nec) e exames específicos do parceiro. Acompanhamento pré-natal - Começa quando o B-hCG é positivo - Calendário e número de consulta · Mulheres com risco habitual – 6 ou mais consultas (OMS/PHPN): · 1 no primeiro trimestre · 2 no segundo trimestre · 3 no terceiro trimestre · Ideal (pelo MS, 2012): · Até 28 semanas – consultas mensais · De 28-36 semanas – consultas quinzenais · De 36-41 semanas – consultas semanais Exames do pré-natal - Hemograma na 1ª consulta e no 3º trimestre - Tipagem sanguínea e fator Rh - Coombs indireto (28, 32, 36 e 40 semanas) para pacientes Rh negativo - Glicemia de jejum na 1ª consulta e no 3º trimestre - TOTG 75g entre 24 e 28 semanas - Urocultura e urina tipo I na 1ª consulta e no 3ª trimestre - Teste rápido sífilis e/ou VDRL/RPR na 1ª consulta, e VDRL no 3º trimestre. - Teste rápido diagnóstico anti-HIV na 1ª consulta - Anti-HIV na 1ª consulta e no 3º trimestre - Sorologia para toxoplasmose IgM e IgG a cada 2-3 meses em pacientes suscetíveis. - HBsAg na 1ª consulta e no 3º trimestre - Exames adicionais · Colpocitologia oncótica · Exame parasitológico de fezes – anemia importante · Rastreio de colonização pelo Streptococcus do grupo B (o MS não recomenda como rastreio) · Ultrassonografia (o MS não obriga) - O que não pedir? (de rotina para pacientes assintomáticas) · Sorologia para rubéola · Sorologia para citomegalovírus Primeira consulta - Anamnese · Identificação correta do nome x forma preferencial · Idade · Atividade laboral · Situação conjugal · Escolaridade · Naturalidade e procedência · Religião/crença - História atual das queixas e duração · Diagnóstico diferencial entre as manifestações próprias da gravidez e as alterações indicativas de doença materna - Interrogatório sintomatológico · Azia, refluxo e constipação; · Poliúria, nictúria; · Dor lombar e câimbras; · Cefaleia e distúrbios do sono; · Perdas vaginais e cólicas. - Antecedentes pessoais e hábitos · Condições de nascimento e doenças da infância · Desenvolvimento puberal · Alergias · Cirurgias prévias · Transfusões de sangue · Tratamentos prévios e durante a gravidez · Uso crônico de medicações - Antecedentes de violência · Sinais comportamentais e físicos - Antecedentes familiares – HAS, DM na família ou pré-eclâmpsia - Antecedentes ginecológicos e obstétricos · Características do ciclo menstrual/DUM · Uso de métodos anticoncepcionais · Parceiros sexuais · Cirurgias prévias · Perdas gestacionais · Insuficiência cervical · Trabalho de parto prematuro · Número de gestações anteriores e intervalos · Evolução do pré-natal · Via de parto · Evolução do puerpério - Cálculo da IG e Data provável do parto (DPP). · Regra de Naegeles: · IG – Soma-se o número de dias decorridos entre a DUM e a datal atual, divide por 7. · DPP – soma-se 7 ao dia da DM e subtrai 3 ao mês. · Janeiro, fevereiro, março – soma 9 ao mês, soma 7 ao dia · O resto – soma 7 ao dia, subtrai 3 ao mês, soma 1 ao ano. - Exame geral · Avaliação nutricional – peso, altura e IMC · FC, PA e presença de edema - Exame especial · Sistema tegumentar · Mucosa ocular · Varizes de MMII · Ausculta cardíaca e pulmonar · Palpação de tireoide · Sistema musculoesquelético · Sistema digestório - Exame físico gineco-obstétrico · Exames pélvicos · Anatomia genital · Alterações de coloração · Lesões vegetantes · Ulcerações · Exame especular – colpocitologia oncótica e toque vaginal (não é obrigatório se rotina, se ela não tem queixa). · Exame obstétrico · Mensuração da Altura Uterina · Palpa borda superior da sínfise púbica e desliza a fita entre os dedos até a borda inferior do fundo uterino. · Altura de fundo uterino – é fundamental e obrigatório · Até 12 semanas – o útero está na sínfise púbica (intrapélvico), ou seja, não palpa útero ainda. · 16-18 semanas – útero no meio do caminho entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical · 20 semanas – útero chega na cicatriz umbilical, na maioria das vezes, o útero é palpável na cicatriz umbilical, depois disso ele cresce 1cm/semana. · Macrossomia (para mais) ou Restrição do crescimento (para menos) · Ausculta do BCF · Feita pelo sonar (ausculta a partir da 12ª semana) ou pelo pinar (a partir da 20ª semana) · Manobra de Leopold · 1ª manobra – palpa o fundo uterino da mãe para determinar qual parte fetal se encontra naquela região. · Palpo algo amolecido – “bumbum” – posição cefálica · Palpo algo endurecido e pouco depressível – “cabeça” · 2ª manobra – mão desliza pela lateral do abdome materno, e palpo qual região está mais regular e constante (dorso fetal, à direita ou à esquerda) · Determina a posição fetal · 3ª manobra – manobras de latero-laterização utilizando dois dedos, avaliar qual o grau de insinuação e determinar qual é a apresentação se encontra insinuando naquele estreito, se é o polo cefálico ou o “bumbum”. · 4ª manobra – de costas para a paciente, palpo a penetração com a ponta dos dedos até a escavação na pelve materna. · Avaliar o grau de escavação a apresentação na pelve materna · Muito pouco usada na prática clínica - Exames complementares · Baixo risco · 1ª Consulta ou 1º trimestre · Hemograma, Tipagem sanguínea e fator Rh (Coombs indireto se Rh-), Glicemia de jejum, Teste rápido p/ sífilis e/ou VDLR/RPR, Teste rápido anti-HIV, IgM e IgG para toxoplasmose, Sorologia para Hepatite B (HbsAg), Urocultura + urina tipo I (Sumário de Urina), USG obstétrica, citopatológico de colo de útero, exame da secreção vaginal, parasitológico de fezes. · 2º trimestre · Teste de tolerância para glicose c/ 75g (se glicemia>85 ou se tiver fator de risco) – entre a 24ª e 28ª semana · Coombs indireto (se Rh negativo) · 3º trimestre – repito todos os exames do 1º trimestre · Hemograma, glicemia de jejum, Combs indireto (se Rh-) · VDRL · Anti-HIV · Sorologia para hepatite B (HbsAg) · Se IgG não for reagente para toxoplasmose, repetir exame de toxoplasmose · Urocultura + urina tipo I (sumario de urina) · Bacterioscopia de secreção vaginal – a partir de 37 semanas de gestação (colonização de GBS). · E o Ultrassom Obstétrico? · Se a mulher for de baixo risco, a gestante só precisa fazer um ultrassom obstétrica, entre 20-24 semanas. · Ministério da Saúde – aula do professor – pode fazer até 3 ultrassons (não são obrigatórios, mas pode-se fazer em gestações de baixo risco) · US do 1º trimestre – avaliar a quantidade de embriões, e se a gestação é tópica e/ou viável, e já é possível fazer o cálculo de risco de cromossomopatias · US do 2º trimestre– de 20-24 semanas · US do 3º trimestre – por volta da 36ª semana – avaliar líquido, algumas malformações que o bebê possa apresentar e tranquilizar a paciente. Orientações à paciente · Sinais de alerta · Perda de líquido · Sangramentos · Redução dos movimentos fetais · Cuidados para evitar/reduzir o risco de estrias · Evitar ganho de peso excessivo · Manter hidratação sistêmica adequada · Hidratação da pele com creme ou óleos · Massagens em regiões mais acometidas · Cuidados para evitar/reduzir o risco de cloasma · Proteção solar · Evitar o aparecimento de varizes · Uso de meias de média compressão · Repouso com pernas elevadas durante longos períodos de vigília · Hábitos higiénicos e vestimentas · Banho diário (2x ao dia, com lavagem da vulva, mas não internamente) · Higiene perineal anteroposterior · Roupa íntima de algodão · Roupas confortáveis · Sutiã com bom suporte mamário · Evitar duchas vaginais · Preparo das mamas para amamentação · Exposição solar diária das mamas (a partir do 3º trimestre, em especial) · Evitar uso de pomadas, óleos e cremes na região aréola-mamilar · Orientações sobre pega e posicionamento adequado (orientação sobre boa pega) · Trabalho de parto · Uso de drogas ilícitas e lícitas – evitada na gestação · Atividade laboral · Alimentação e ganho de peso · Baixo peso (IMC abaixo de 18,5) · Ganho de peso recomendado – 12,5-18kg (total), 0,5kg (semanal médio no 2-3º trimestre) · Peso adequado (IMC entre 18,5-24,9) · Ganho de peso recomendado – 11,5-16kg (total), 0,4kg (semanal médio no 2-3º trimestre) · Sobrepeso (IMC entre 25-29,9) · Ganho de peso recomendado – 7-11,5kg (total), 0,3kg (semanal médio no 2-3º trimestre) · Obesidade (IMC maior ou igual a 30) · Ganho de peso recomendado – 5-9kg (total), 0,2kg (semanal médio no 2-3º trimestre) · Suplementação · Ácido fólico – recomendado 3 meses antes de engravidar · OMS – recomenda durante toda a gestação 400mcg · Ferro – 30-60 mg de Ferro Elementar · Inicia sulfatoferroso a partir da 20º semana, com o ácido fólico descontinuado na 12º semana (muito feito, mas não há evidência que sustente essa prática). · Vacinação · Recomendadas – Hepatite B, Influenza, Hepatite A, dT, DTPa (para o feto a partir da 20ª semana), Meningocócica (MPVS4) e Raiva +COVID. · Tétano (dT) – complementar esquema, reforço quando>5anos. · Influenza/H1N1 – vacina sazonal (qualquer momento da gestação). · Hepatite B – prevenção da transmissão vertical (a qualquer momento, embora algumas literaturas sugerem após o 1º trimestre). · Coqueluche (dTpa) – é evitar e reduzir a doença nos recém-nascidos · A partir da 20ª semana e no puerpério caso não tenha sido vacinada. · Administrada a cada gestação · dT completo, duas doses ou reforço – uma dose de dTpa. · Uma dose de dT – uma doesse de dT, uma dose de dTpa. · Gestantes não vacinadas para dT – duas doses de dT, uma dose de dTpa. · COVID associado à prematuridade e aborto – evento pró-trombogênico. · Vacinas permitidas – Raiva, meningite e Hepatite A. · Vacinas não permitidas (vírus e bactérias atenuadas) – Sarampo, caxumba, rubéola, varicela, febre amarela*, BCG e Sabin. · *Se viajar/vive em áreas endêmicas – Febre amarela. · Tintura de cabelo, depilação e drenagem linfática · Após o 1º trimestre, liberado o uso de tinturas sem chumbo ou amônia. · Viagens · Pode viajar, sem contraindicação, e de avião precisa de um termo médico até certo momento da gestação. E após esse período, somente acompanhada de um médico. · Atividade física e prática de esportes – não está contraindicada, com todas recomendações possíveis · Atividade sexual – não é contraindicada, deve ser estimulada durante toda a gestação. MODIFICAÇÕES GERAIS DO ORGANISMO MATERNO - São as adaptações maternas à gravidez - Alterações osteoarticulares · Lordose lombar – lordose compensatória · Marcha anserina – “de pato”, base alarga e joga a coluna para trás – modifica o centro de gravidade. - Alterações respiratórias · Elevação do diafragma – redução da capacidade residual funcional (CRF) e volume residual (VR). · Aumento do Volume Corrente (VC) · Inspira e expira por mais tempo · Aumenta o tempo de troca · A FR não muda, é fixa. · Aumento do pO2 arterial · Diminuição do pCO2 arterial · Aumento do consumo de O2 · Diminuição do bicarbonato sérico – expolia CO2, e não há necessidade de bicarbonato compensando. · Alcalose respiratória compensada (fisiológico) · Dispneia fisiológica – pCO2 diminuído e progesterona agindo no hipotálamo. - Alterações cardiovasculares · Aumento · DC – de 40 a 50% · Retirada da placenta causa um aumento abrupto da pós-carga que eleva substancialmente o DC no parto. · Algumas pacientes podem descompensar no parto. · FC – de 10 a 15 bpm · Diminuição · Resistência Vascular Periférica – Shunt da Placenta · PA – de 10 a 15 mmHg · Paciente hipertensa que engravida, pode-se retirar o anti-hipertensivo? · No 3º trimestre volta aos valores pré-gravídicos · PA tem uma curva com aspecto em J · Retorno venoso – compressão das veias ilíaca e cava · Edema e varizes de membro inferior, além de hemorroidas · São comuns no 3º trimestre. · Pressão capilar coloidosmótica · Síndrome hipercinética · Síndrome da hipotensão supina · Útero comprime a cava, o que diminui a pré-carga · Sopros cardíacos · Por causa da síndrome hipercinética, sopros sistólicos (fisiológicos) · Sopros diastólicos devem ser sempre investigados · Risco de congestão pulmonar – aumento do volume plasmático em paciente com EM. - Alterações hematológicas · Aumento do volume plasmático em 40-50% acima do aumento do volume eritrocitário de 20-30% - anemia fisiológica da gestação (dilucional) · Queda · Da viscosidade sanguínea · Do hematócrito · Da quimiotaxia – predisposição a infecções urinária · Como objetivo para reduzir a atividade contra o feto · Necessária para manter a gestação. · Do sistema fibrinolítico · Leucocitose na gravidez · Aumento do fibrinogênio e dos fatores de coagulação VII, VIII, IV e vW. · Elevação fisiológica do D-Dímero, por isso não vale o D-dímero para pesquisa de trombose na gravidez. · Elevam para conter o sangramento da gestante – principalmente no momento do parto. · Resumo · Anemia dilucional. · Aumento de infecções. · Melhora de algumas doenças autoimunes. · Aumento do risco de eventos trombóticos. - Alterações metabólicas · Estado diabetogênico na gravidez · Hormônios contrainsulínicos (hPL e cortisol) – a fim de não usar a glicose pela mãe, e utilizar para o feto. · Lipólise, e aumento dos ácidos graxos livres · Diminuição da resposta insulínica, uso periférico de glicose · Hiperinsulinismo compensatório - Gastrointestinais · Diminuição – lentidão por ação da progesterona · Peristaltismo · Tônus do esfíncter gastroesofágico · Esvaziamento gástrico · Contração da vesícula biliar · Aumento · Fosfatase alcalina · Saturação de colesterol · Vascularização gengival – sangramento aos pequenos traumas · Alterações · Pirose · Constipação intestinal · Aumento de litíase biliar · Varizes hemorroidárias · Sangramento gengival - Alterações renais · Aumento da TFG (50% em até 6 semanas) · Diminuição da ureia e creatinina circulante – normal Cr até 1 · Aumento da reabsorção de sódio · Diminuição da reabsorção tubular de glicose – glicosúria fisiológica da gravidez · Diminuição da reabsorção de proteína – proteinúria fisiológica da gravidez · Aumento do diâmetro do ureter e da pelve renal – útero crescendo · Hidronefrose à direta fisiológica a gravidez · Diminuição do tônus vesical · Alterações · Glicosúria fisiológica · Hidronefrose · Aumento de ITU · Incontinência
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