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Augusto Rafael Filipe Bem Vindo Rodrigues Serafim Benigno Tiago João Leonildo Ramiro Tambo Cunhete TURISMO E INTERAÇÃO LOCAL Licenciatura em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário Universidade Púngué Tete 2021 Augusto Rafael Filipe Bem Vindo Rodrigues Serafim Benigno Tiago João Leonildo Ramiro Tambo Cunhete TURISMO E INTERAÇÃO LOCAL Licenciatura em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário Universidade Púngué Tete 2021 Índice 1.0. Introdução ............................................................................................................................ 4 2.0. Objetivos .............................................................................................................................. 4 2.1. Geral ................................................................................................................................. 4 2.2. Específicos ....................................................................................................................... 4 3.0. Metodologias ....................................................................................................................... 4 4.0. Turismo – Conceito ............................................................................................................. 5 5.0. O Turismo, seus impactos e as comunidades locais ............................................................ 5 6.0. Tipologias de interação turística .......................................................................................... 6 7.0. o turismo no espaço sócio cultural ...................................................................................... 7 8.0. Turismo como instrumento para o desenvolvimento social ................................................ 8 9.0. Turismo e interação local .................................................................................................... 8 10. Conclusão ........................................................................................................................... 10 11. Referências bibliográficas .................................................................................................. 11 4 1.0. Introdução O fenômeno turístico tem gerado análises, estudos e pesquisas sobre as relações que produz em consequência das viagens e dos efeitos negativos ou positivos produzidos nas populações receptoras. Os residentes locais ao valorizarem os turistas passam a ter uma maior percepção dos efeitos positivos do turismo ao nível, também, de maiores oportunidades de socialização e recreação. E Entende-se que o turismo tem um importante papel no campo econômico, cultural e na troca social. Por este motivo é de fundamental importância conhecer as percepções e atitudes dos residentes em localidades turísticas acerca dos impactos gerados pelo turismo em seus lugares de residência. 2.0. Objetivos 2.1. Geral Estudar o Turismo e as interações locais. 2.2. Específicos Descrever a ocorrência do turismo, seus impactos e as comunidades locais; Identificar as tipologias de interação turística; Abordar sobre o turismo e a sua interação local. 3.0. Metodologias Este trabalho classifica-se quanto aos meios de investigação em pesquisa bibliográfica e documental e segundo cervo (2007) a pesquisa bibliográfica busca explicar um problema a partir de referências teóricas já publicadas em artigos, livros. No desenvolvimento deste trabalho consistiu em retirar informações pertinentes que serviram com base para o desenvolvimento deste presente trabalho. 5 4.0. Turismo – Conceito Para Óscar de la Torre (1994), citado por Dias (2003, p. 29), O turismo é um fenómeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, se deslocam de seu lugar de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma actividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas relações de importância, económica, social e cultural. OMT (1994), citado por Dias (2008), define o turismo como: As actividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadias em lugares diferentes ao de seu ambiente habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano, com a finalidade de lazer, por negócios e outros motivos, não relacionados com o exercício de uma actividade remunerada no lugar visitado. 5.0. O Turismo, seus impactos e as comunidades locais Segundo Lickorish (2000) até meados da década de 1970, grande parte dos estudos estava concentrado nos benefícios econômicos do turismo e pouca atenção era dada a interação entre turistas e a comunidade local. “A partir da metade da década de 1970, mais estudiosos e profissionais do turismo passaram a dar mais atenção ao relacionamento entre turistas e a população local, principalmente aos efeitos não econômicos induzidos por este relacionamento” (LICKORISH, 2000, p.101). Para o autor, em termos positivos, o impacto econômico do turismo pode gerar muitos benefícios como emprego, receita e melhorias na infra-estrutura. Em termos sociais, a atividade turística em regiões menos desenvolvidas pode oferecer meios para manter um nível de actividade econômica suficiente, evitando a migração de pessoas para áreas mais desenvolvidas de um país. Em termos negativos, o autor destaca que quando os turistas chegam a um país, trazem um tipo diferente de comportamento, podendo transformar profundamente os hábitos sociais locais através da remoção e da perturbação das normas já estabelecidas pela população local, que não apenas tem que aceitar os efeitos da superlotação, mas também precisa modificar seu modo de vida, além de ter que viver em contato com um tipo diferente de população, levando a xenofobia e tensão social, onde a população por motivos psicológicos, culturais ou sociais, não está pronta par ser submetida a uma “invasão de turistas” (LICKORISH, 2000, p.107). 6 Brunt e Courtney (1999, p.225-235) em um estudo realizado na localidade de Dawlish (Reino Unido), identificaram alguns impactos positivos do turismo, tais como a melhoria em áreas de recreação, maior conservação das áreas centrais e favorecimento das artes e do artesanato. Por outro lado, alguns aspectos negativos como a superlotação no transito e o aumento nos preços de determinados produtos foram uma das fontes de ressentimento e tensão percebidas pelos residentes. 6.0. Tipologias de interação turística As tipologias de interação turística são formas de classificação taxonómica que tentam ajudar a compreender a complexa realidade do campo turístico. Elas são orientadoras, guiões ou esquemas que interpretam uma realidade sempre mutável e variável. Podem destacar-se algumas tipologias de turistas na sua relação com tipologias de recetores. Uma dessas tipologias é a de Erik Cohen (1972) que, de acordo com o grau de institucionalização e a forma de organização da viagem turística, diferenciou entre: 1. Viajantes não institucionalizados: auto-organizam a sua viagem a) Drifters, (errantes, turismo de mochila), que planificam a sua própria viagem na procura de contornos exóticos e estranhos na periferia dos destinos turísticos em massa. É uma forma de anti-férias que para algumas pessoas se tem convertido num estilo de vida. Fogem das agências de viagens, e imergem-se na economia informal. Também chamado turismo alternativo ou hippie, transformam-se, por vezes, num turismo em massa. Procuram o desconforto e os riscos, evitando outros turistas. Tentam beneficiar as empresas locais e não as grandes companhias. b) Exploradores: Planificam a sua viagem mas procuram fugir do turismo em massa. Embora se integremna cultura nativa nunca o fazem totalmente, pois procuram um certo conforto e distanciamento. Vão onde ninguém costuma ir. 2.Viajantes institucionalizados: Procuram os seus destinos por meio de agências de viagens e o seu envolvimento com os locais é menor. a) Turismo de massa individual: Os destinos são sempre de reconhecido prestígio, ou seja, conhecidos a nível popular. A agência prepara a viagem e o turista só escolhe o itinerário e o tempo. Os seus impactos económicos e culturais são grandes. 7 b) Turismo de massa organizado: Os itinerários são fixos, as paragens são planificadas e guiadas. Todas as decisões de alguma importância são deixadas ao organizador. Os turistas viajam num ambiente bolha que lhes garante uma segurança familiar. Para eles cria-se o tipismo (ex.: uma aldeia, uma arte, um bairro, etc.), isto é, uma representação artificial do que se pretende seja tradicional. O seu consumo é caraterizado por pacotes fechados e completos. A novidade é inexistente ou altamente controlada. 7.0. O turismo no espaço sócio cultural Segundo CHARON (2001), os seres humanos são seres sociais influenciados por interação, padrões sociais e socialização. E o turismo é a atividade que proporciona à sociedade essa interação na forma de novas oportunidades de trabalho, formas diferentes de interpretar os fatos devido à troca de ideias, curiosidades e trabalhos em equipa. Para LANQUAR (1985) e AULICINO (2001), o fenômeno turístico deve ser analisado como um fator de mudança social, definida, por sua vez, como um fenômeno coletivo que afeta as condições e os modos de vida ou o universo mental dos envolvidos e que pode modificar o aspecto global da sociedade. De certa forma essa citação de Lanquar afirma o poder que esta atividade tem de gerar mudanças. Porém não é o turismo por si só que influencia uma comunidade, mas os próprios interesses individuais é que muda o sentido da atividade turística e o pensamento da sociedade como um todo. Cabendo então, à sociedade direcionar estas mudanças de forma positiva, fazendo com que o maior número de pessoas possíveis sejam beneficiadas, principalmente sem a descaracterização da cultura local. A inserção da atividade turística é muito importante para uma determinada localidade. Porém a atenção é extremamente pouca em relação as eventuais repercussões negativas, sendo quase ou totalmente voltada apenas para o lucro. E quando o turismo chega invadindo a localidade, usufruindo de todos os bens existentes sem se preocupar com a sustentabilidade e com o cotidiano dos moradores locais, depois que já houver saturado toda a região, a euforia e planos iniciais darão lugar ao vazio e à desilusão. Desta forma, faz-se importante um planeamento viável e adequando para que o Turismo não contribua de forma negativa. Se tornando sério valorizar não só a parte financeira do trabalho, mas também os valores sócio culturais. 8 8.0. Turismo como instrumento para o desenvolvimento social Hall (2000) refere que a contribuição social do turismo contempla a maneira pela qual o turismo e os efeitos nas viagens produzem mudanças na pessoa, na população residente, nos comportamentos, na organização da comunidade, nos estilos de vida e consequentemente na sua qualidade. Para Morrison (2006), o turismo mistura movimento e convivência entre pessoas em diferentes aéreas geográficas. Estabelecem-se conexões sociais entre pessoas que nunca se viram, com diferentes culturas, religiões, valores, língua entre outros. A conduta dos residentes no contacto com turistas e a maneira como interagem influência as relações sociais que se estabelecem entre ambos. Segundo Gartner (1996) a melhoria das infraestruturas sejam elas estradas, pontes, hotéis, restaurantes, postos de turismo, segurança, saúde e no turismo em geral tem benefícios para o turista, mas ainda mais para a comunidade local. Ou seja, as atividades e atrações que por via do turismo ficaram disponíveis para o desenvolvimento local são uma mais- valia para a população residente. Em suma, na perspetiva do mesmo autor, aperfeiçoando os serviços envolventes ao turismo, contribuir-se-á também para o melhoramento dos serviços básicos da comunidade local e consequentemente é uma forma de melhorar a qualidade de vida dos residentes. Para Morrison (2006) o turismo aparece como mediador nas mudanças sociais entre os residentes e os turistas, ou seja, o convívio entre ambos oferece oportunidades para cada um aprender mais sobre outro permitindo a compreensão e o entendimento entre ambos. Por outro lado, há autores que defendem que existe falta de um método sólido na mensuração da importância social do turismo, isto é, um instrumento que realmente avalie sem enviesamentos a relevância do turismo na comunidade local (Lankford e Howard 1994 cit. em Hall 2003). 9.0. Turismo e interação local Um dos primeiros teóricos a mencionar as situações de contacto entre turistas e hospedeiros foi Emmanuel De Kadt (1991) em 1979, que definiu três contextos de contacto: a) Comprar um bem ou serviço. b) Encontros numa atracção turística (ex.: praia). c) Intercâmbio de informação e ideias. As duas primeiras situações são mais comuns, mas também mais transitórias e mais comerciais. Rachid Amirou (2007: 18), por seu turno, fala do turismo como um contexto de relações consegue, com os outros e com o espaço envolvente. Neste sentido, Sharon Roseman 9 (2008) alarga o conceito de encontro turístico, chamando a atenção sobre a existência de cinco tipos de encontros no campo do turismo: a) Entre as pessoas e a natureza. b) Entre umas pessoas com outras. c) Os turistas com o lazer. d) Os turistas e o trabalho. e) Os turistas e eles próprios (reflexividade). Esta tipologia da conta da complexidade dos contatos e encontros que se produzem no turismo. E, como diz Jafari (1989), no turismo e nos seus contatos intervêm três tipos de culturas: a cultura local, a cultura do turista e a cultura do contato entre ambos, que não é bem nem uma nem outra. Por outro lado, também temos de considerar que as categorias socioculturais de turista, visitante ou local são construídas, mutáveis e negociáveis. O local já não pode ser pensado como uma localidade limitada espacialmente, mas como um espaço habitado por gente que tem um particular sentido do lugar, um nicho ecológico, um modo de vida, um ethos e uma visão do mundo. 10 10. Conclusão Sob forma conclusiva podemos dizer de que a presença de visitantes nas comunidades, também é um fenômeno generalizado e afecta os padrões de vida das pessoas, em especial nas localidades turísticas. As formas como os visitantes se comportam e seus relacionamentos pessoais com cidadãos da comunidade anfitriã costumam ter um efeito sobre o modo de vida e atitudes dos moradores locais. Para que o desenvolvimento turístico ocorra de maneira adequada, sua abordagem precisa ser multidisciplinar, com profissionais de áreas distintas trabalhando em conjunto, tanto na avaliação dos seus impactos, como no encaminhamento de soluções para o mesmo. Sob este enfoque, a população quando integrada no planejamento turístico de sua localidade, pode contribuir avaliando as insatisfações que esse desencadeia, assim como avaliar suas potencialidades. turismo tem a capacidade de contribuir para o bem- estar da sociedade incentivando-a a ter um maior interesse para o próprio enriquecimento cultural e educacional, como também tem a capacidade de impactar negativamente, principalmente a população vivente no espaço em que se instala. 11 11. Referências bibliográficas COHEN, Erik . “Towards a Sociology of International Tourism”. Social Research, vol. 39, nº 1, 1972p. 164-182. DE KADT, Emanuel : Turismo: ¿Pasaporte al desarrollo? Madrid: Edymion. 1991, LICKORISH, LeonardJ. Introdução o turismo. Tradução de Fabíola de Carvalho . Vasconcellos. Rio de Janeiro: Campus, 2000. CHARON, Joel M. Sociologia. 50 ed. SãoPaulo: ed. Saraiva, 2001.
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