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Patologias Intestinais


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Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Patologia 27/05/2022 
Patologias Intestinais 
Doença de Hirschsprung 
 Também chamada de Megacólon congênito 
 Ocorre muito em neonatos (não elimina mecônio ou elimina muito pouco, o que 
distende o abdômen) 
 Resulta de um defeito congênito na inervação do cólon, podendo ocorrer 
isoladamente ou combinada a outras anormalidades do desenvolvimento 
 Ocorre quando a migração normal de células da crista neural do ceco ao reto é 
interrompida, o que produz um segmento distal do intestino com ausência dos 
plexos de Meissner (na submucosa) e Auerbach (células ganglionares) e falha no 
desenvolvimento de contrações peristálticas coordenadas. 
 Espessamento do sigmoide e reto 
 Ocorre a dilatação e hipertrofia da musculatura lisa a montante 
 As principais ameaças à vida são enterocolite, distúrbios hidroeletrolíticos, 
perfuração e peritonite 
 O diagnóstico se faz pela clínica, biópsias do sigmoide e reto 
 
 
 
Obstruções Intestinais 
 Pode ocorrer em qualquer nível, mas o intestino delgado é mais frequentemente envolvido por 
causa de seu lúmen relativamente estreito. 
 Pode levar o intestino a necrose ou não 
 As manifestações clínicas da obstrução intestinal incluem dor e 
distensão abdominal, vômitos e obstipação 
 Geralmente são causadas por 
 Aderências/sínfises entre uma alça e outra 
 São consequentes a peritonite que faz uma apendicite, ou 
cirurgias prévias 
 Vai ocasionar em fibrose 
 Pode provocar obstrução intestinal 
 O tratamento é debridamento ou retirada das aderências 
 
 Intussuscepção/Invaginação intestinal – quase sempre leva ao 
infarto ou necrose intestinal 
 Ocorre quando um segmento do intestino anterior, 
comprimido por uma onda de peristaltismo, penetra e se 
encaixa no lúmen do segmento posterior imediatamente distal 
 A intussuscepção não tratada pode progredir para obstrução intestinal, compressão de 
vasos mesentéricos e infarto. 
 
Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Patologia 27/05/2022 
 É a causa mais comum de obstrução intestinal em crianças com menos de 2 anos de idade 
(geralmente, não há defeito anatômico subjacente e a criança é saudável) 
 Outros casos estão associados a infecções virais e vacinas contra rotavírus, e podem estar 
relacionados com a hiperplasia reativa das placas de Peyer, que podem atuar como o 
desencadeador da intussuscepção 
 
 Hérnias 
 Qualquer fragilidade ou defeito na parede da cavidade peritoneal pode possibilitar 
protrusão de uma bolsa com revestimento seroso do peritônio chamado saco herniário 
 Constituem motivo de preocupação por causa da protrusão visceral (hérnia externa). 
 A pressão no pescoço do saco pode prejudicar a drenagem venosa, levando a estase e 
edema 
 Essas alterações aumentam o volume da alça herniada, levando ao aprisionamento 
permanente, ou encarceramento, e com o tempo, comprometimento arterial e venoso, ou 
estrangulamento, que pode resultar em infarto. 
 Pode ocorrer por meio de buracos reais ou artificiais 
 
 Volvo/Vólvulo – torção do intestino sobre seu próprio eixo (ocorre necrose) 
 Se dá nas alças que estão redundantes (delgado e ceco) dentro da cavidade abdominal 
 
Doença Celíaca/Spru Não Tropical 
 É uma enteropatia imunomediada desencadeada pela ingestão de cereais que contêm glúten, como 
trigo, centeio ou cevada, em pessoas geneticamente predispostas. 
 O paciente desenvolve uma intolerância ao glúten – gliadina 
 O glúten é digerido por enzimas luminais e da borda em escova, em aminoácidos (AAs) e 
peptídeos, incluindo um peptídeo chamado gliadina, que é resistente à degradação por 
proteases gástricas, pancreáticas e do intestino delgado 
 A gliadina é deaminada por transglutaminases teciduais e torna-se capaz de interagir com 
receptores das células apresentadoras de antígenos e ser apresentada às células TCD4+ 
 Essas células T na lâmina própria produzem citocinas que provavelmente contribuem para o 
dano tecidual e a histopatologia característica da mucosa. 
 A partir dessa sensibilização, ocorre a produção de anticorpos antitransglutaminase tecidual, 
antigliadina deaminada e, talvez como resultado de epítopos de reatividade cruzada, anticorpos 
antiendomísio, que são úteis para o diagnóstico, porém, se esses anticorpos contribuem para a 
patogenia da doença celíaca ou são apenas marcadores permanece controverso. 
 Além das células CD4 +, há um acúmulo de células CD8+ que não são específicas para gliadina, 
mas também podem contribuir para o desenvolvimento do dano tecidual. 
 Acredita-se que os peptídeos gliadina deaminados induzam as células epiteliais a produzir a 
citocina IL-I5, que por sua vez desencadeia a ativação e a proliferação de linfócitos 
intraepiteliais CD8+ que podem se tornar citotóxicos e matar enterócitos 
 Os danos causados por esses mecanismos imunes podem aumentar o 
movimento de peptídeos gliadina através do epitélio, que são então 
deamidados pela transglutaminase tecidual, perpetuando assim o ciclo 
de doença 
 
 O tratamento primário para doença celíaca é uma dieta livre de glúten, que 
resulta na melhora sintomática da maioria dos pacientes 
 Faz-se uma biopsia do duodeno e na microscopia, como a imagem ao 
lado, pode-se notar a imagem à esquerda um padrão normal e na direita 
uma atrofia com vilosidades achatadas (clássico de doença celíaca) 
 
Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Patologia 27/05/2022 
 Nos adultos, a doença celíaca manifesta-se mais comumente entre as idades de 30 e 60 anos, já em 
crianças ocorre, geralmente, entre 6 a 24 meses de idade 
 A doença celíaca sintomática do adulto frequentemente está associada à anemia (devido à 
deficiência de ferro e, menos comumente, deficiência de B12 e folato), diarreia, distensão abdominal 
e fadiga 
 Pacientes com doença celíaca apresentam taxas superiores ao normal de desenvolver doenças 
malignas. O câncer mais comum associado à doença celíaca é o linfoma de célula T associado à 
enteropatia, um tumor agressivo de linfócitos T intraepiteliais 
 O adenocarcinoma do intestino delgado também é mais frequente em pessoas com doença 
celíaca 
 
Enterocolite Pseudomembranosa 
 Geralmente causada por Clostridium difficile, também é conhecida como colite associada a 
antibióticos ou diarreia associada a antibióticos, uma vez que ela é causada pelo uso excessivo de 
antibióticos, pois ele destrói a flora comum do intestino e permite o supercrescimento do C. difficile 
 As toxinas liberadas pelo C. difficile causam ribosilação de GTPases pequenas, como Rho, e levam ao 
rompimento do citoesqueleto epitelial, à perda da barreira da junção tipo tight, à liberação de 
citocinas, e à apoptose 
 O cólon é revestido por pseudomembranas castanhas 
compostas por neutrófilos, células epiteliais mortas e debris 
inflamatórios 
 Na histologia, observa-se o padrão típico de neutrófilos 
saindo de uma cripta, que é reminiscente a uma erupção 
vulcânica 
 Além da exposição aos antibióticos, fatores de risco para 
colite associada ao C. difficile incluem idade avançada, 
hospitalização e imunossupressão 
 Os pacientes apresentam diarreia aquosa, cólicas 
abdominais; desidratação e febre 
 A leucocitose pode ser observada em casos mais graves 
 
Doença Intestinal Inflamatória (DII) 
 É uma condição crônica resultante da complexa interação entre a microbiota intestinal e a resposta 
imune do hospedeiro em indivíduos geneticamente predispostos, que leva à ativação imune 
inadequada da mucosa 
 Se divide em 2 doenças 
 Retocolite Ulcerativa Idiopática/Colite Ulcerativa 
 Inicia-se no reto e ascende ao intestino continuamente, quase sempre 
envolvendo o cólon transverso (envolvimento continuo do reto até a flexura 
hepática) 
 Há lesões superficiais – afeta apenas a mucosa e submucosa 
 Forma pseudo pólipos - tem um padrão miscroscópico de infiltrados 
neutrofílicos formando abcessos 
 Pode ocorrer predominantementeno reto (proctite ulcerativa), mas também 
pode ocorrer no sigmoide (sigmoide proctite ulcerativa) ou parte do 
intestino quase todo (pancolite ulcerativa) 
 Sintomas: Diarreia sanguinolenta e com muco que pode alternar com 
períodos de constipação; Cólicas abdominais aliviadas com a defecação; Desidratação, perda 
de eletrólitos, desnutrição. 
 
Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Patologia 27/05/2022 
 Observar o aspecto geográfico macroscópico – as áreas de mucosa que formam os pseudo 
pólipos se assemelham a montanhas (grosseiramente) e as áreas ulceradas (irregulares, 
extensas e sem sentido definido) à vales 
 Cólon ascendente sem lesões 
 Microscopia: Infiltrado inflamatório crônico em mucosa 
e submucosa superficial; Infiltrado neutrofílico em 
direção a camada epitelial (atividade); Abscessos de 
cripta; Metaplasias epiteliais (pseudopilórica/ células de 
Paneth) 
 Risco de sofrer displasia que pode evoluir para neoplasia 
 
 Doença de Crohn 
 Envolve qualquer parte do TGI , mas por ser mais frequente no íleo terminal, pode ser 
chamada de ileíte/enterite regional ou ileíte/enterite 
segmentar 
 Lesões segmentares – lesões granulomatosas que promovem 
um espessamento da parede, estenosando-a 
 Ela é uma doença de acometimento transmural (pega toda a 
espessura da parede intestinal) que causa uma fibrose e, 
consequentemente, uma estenose (estreitamento da parede) 
o Como é uma inflamação transmural que também dá 
uma serosite (peritonite localizada), ela vai induzir o 
tecido gorduroso a hiperplasiar (proliferar), então isso é chamado de ileíte rastejante, 
como se o tecido gorduroso estivesse rastejando em torno do intestino 
 
 As ulcerações geradas, normalmente, seguem o eixo do intestino (longitudinais) – diferente 
da tuberculose intestinal (ocorre na região do íleo) que são transversais 
 Pode ocorrer em ambos os sexos aos 40 anos, porém, também pode acontecer em qualquer 
idade 
 Sintomas: Períodos sintomáticos intercalados com períodos assintomáticos; 
o Ocorre diarreia leve, febre, dor abdominal (o comprometimento seroso lesa as 
terminações nervosas, o que leva a dor, espasmos, fibrose e estenose), lesões 
perianais, sangue nas fezes e abdômen agudo 
 
 Uma complicação da doença é a formação de fístulas transmurais (formadas a partir da 
mucosa), que podem romper o peritônio dando um quadro de peritonite 
 Microscopia: Infiltrado inflamatório crônico, infiltrado neutrofílico em direção a camada 
epitelial (atividade), abscessos de cripta que evolui para destruição da mesma 
 Alteração arquitetural: Ramificação e tortuosidade de criptas e atrofia mucosa; 
 Metaplasias epiteliais: Pseudopilórica (glândulas antrais), células de Paneth (células 
duodenais); 
 Granulomas não caseosos (sem necrose caseosa, diferente da tuberculose), malformados 
(35%) 
 
 
 
Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Patologia 27/05/2022 
Doença Diverticular/Diverticulose/Divertículo de Pulsão 
 Refere-se a evaginações pseudodiverticulares (divertículo de pulsão) adquiridas da mucosa e 
submucosa do cólon 
 Promove um aumento da pressão intra-luminal 
 Ocorre um enfraquecimento da túnica muscular 
 São mais comuns no cólon sigmoide, mas outras regiões do cólon podem ser afetadas. 
 Os divertículos são formados por mucosa achatada/atrófica, submucosa comprimida e serosa, não 
possuem túnica muscular e geralmente são múltiplos 
 A obstrução dos divertículos, com estase do conteúdo, leva a alterações inflamatórias, produzindo 
diverticulite e peridiverticulite 
 Como a parede do divertículo é suportada apenas pela muscular da mucosa e uma fina camada de 
tecido adiposo subseroso, a inflamação e aumento da pressão dentro de um divertículo obstruído 
podem levar à perfuração 
 
 
 
Pólipos Intestinais 
 Os pólipos são mais comuns no cólon, mas podem ocorrer no esôfago, 
estômago ou intestino delgado 
 Hiperplásicos 
 São proliferações epiteliais comuns 
 Acredita-se que a formação dessas lesões seja devido a redução da 
renovação das células epiteliais e ao atraso na eliminação de células 
epiteliais superficiais, levando a um “amontoado” de células 
caliciformes 
 São mais comumente encontrados no cólon esquerdo e, 
normalmente, apresentam menos de 5 mm de diâmetro 
 Eles são protrusões nodulares lisas da mucosa, frequentemente sobre as cristas das pregas da 
mucosa. 
 Podem ocorrer isoladamente, porém são mais frequentemente múltiplos, em particular no cólon 
sigmoide e reto 
 Histologicamente, são compostos por células caliciformes e absortivas maduras. 
 
 Inflamatórios 
 A síndrome da úlcera retal solitária está associada unicamente ao pólipo inflamatório 
 Os pacientes apresentam a tríade clínica de sangramento retal, secreção de muco e lesão 
inflamatória da parede retal anterior 
 A causa subjacente é o comprometimento do relaxamento do esfíncter anorretal, criando um 
ângulo agudo na parede anterior do reto, o que leva a abrasão recorrente e ulceração da mucosa 
retal sobrejacente 
 
Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Patologia 27/05/2022 
 Os ciclos crônicos de lesão e cicatrização produzem uma massa polipoide composta por tecido 
inflamado e reativo da mucosa 
 
 Hamartomatosos 
 Os hamartomas são crescimentos desorganizados, semelhantes a tumores, compostos por tipos 
celulares maduros normalmente presentes no local em que o pólipo se desenvolve 
 Ocorrem esporadicamente e como componentes de várias síndromes geneticamente 
determinadas ou adquiridas 
 
 Neoplásicos (adenomas) – os que tem potencial de se transformarem em câncer, por isso são os 
mais preocupantes e caracterizados pela presença de displasia epitelial. 
 Endoscopicamente são classificados em: 
 Yamada I – Ligeiramente elevados 
 Yamada II – Sésseis (base larga) 
 Yamada III – Semipediculados 
 Yamada IV – Pediculados 
 Essa classificação é importante, pois, tem que se classificar 
esse adenoma em alto grau (acompanha o paciente e o 
patologista tem que examinar a base do pólipo para ver se 
está infiltrando ou não) ou baixo grau (acompanha o 
paciente, retira o pólipo e fica tudo normal) 
 
 Além da classificação endoscópica, podem ser classificados como: 
 Tubulares – tendem a ser pólipos pequenos, pedunculados, compostos por pequenas 
glândulas arredondadas ou tubulares 
 Túbulo-vilosos – apresentam uma mistura de elementos tubulares e vilosos. 
 Vilosos – são recobertos por vilosidades delgadas e apresentam maior risco de se 
transformar em câncer 
 
 Polipose adenomatosa familiar (PAF) 
 Distúrbio autossômico dominante marcado pelo surgimento, na adolescência, de 
numerosos adenomas colorretais 
 É causada por mutações no gene da polipose adenomatosa do cólon (APC), que é um gene 
recessivo 
 Uma contagem de pelo menos 100 pólipos é necessária para o diagnóstico de PAF clássica, 
e vários milhares podem estar presente 
 A conduta terapêutica é colectomia total (preventivo) 
 O adenocarcinoma colorretal se desenvolve em 100% dos pacientes com PAF não tratada 
 Mutações específicas de APC também estão associadas ao desenvolvimento de outras 
manifestações de PAF e explicam variantes como a síndrome de Gardner e a síndrome de 
Turcot 
o Além dos pólipos intestinais, as características clínicas da síndrome de Gardner, 
podem incluir osteomas na mandíbula, crânio e 
ossos longos; cistos epidérmicos; tumores 
desmoides e da tireoide; e anormalidades dentárias, 
como dentes não erupcionados e supranumerários 
o A síndrome de Turcot é mais rara e caracterizada 
por adenomas intestinais e tumores do sistema 
nervoso central, sendo dois terços dos pacientes 
essa síndrome apresentam mutações no gene APC e 
desenvolvem meduloblastomas