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artigo SOBRE GESTAO ESTOQUES UNIVERSIDADE

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MELHORIA DE PROCESSOS E 
CONTROLE DE ESTOQUES NUM 
DEPARTAMENTO DE UMA 
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR 
PÚBLICA 
 
Heraclito Lopes Jaguaribe Pontes (UFC ) 
hjaguaribe@ufc.br 
Manuelle Soares Rodrigues (UFC ) 
manuellesr@gmail.com 
Larissa Queiroz Lima Verde (UFC ) 
larissaqlv1@gmail.com 
Paloma Lucena Costa (UFC ) 
pah.costa@hotmail.com 
 
 
 
Tendo em vista que as organizações estão inseridas em um cenário de 
grande competição, onde é fundamental buscar soluções para integrar, 
estruturar e melhorar os processos, criando maior flexibilidade, 
agilidade e qualidade. Este trabalho tteve por objetivo implantar 
melhorias nos processos relacionados à gestão dos estoques num 
Departamento pertencente a uma Instituição de Ensino Superior 
Pública no estado do Ceará, utilizando conceitos de gerenciamento de 
processos de negócios (BPM) e controle de estoques. Para atender a 
este objetivo, foram levantadas informações sobre estrutura, processos, 
estoques e controle de informações existentes no departamento. O 
projeto foi estruturado em quatro fases: coleta e análise de dados, 
mapeamento de processos, identificação das oportunidades de 
melhoria e implantação da proposta de reestruturação. Dentre os 
resultados obtidos, cita-se o maior controle, por parte dos 
colaboradores de entradas e saídas de materiais, análise dos tipos de 
materiais mais utilizados, maior conhecimento da demanda, economia 
em gastos extras com reposição de materiais fora de época. Além 
disso, foi realizada uma pesquisa de satisfação que resultou na nota 
4,8 (em escala de 1 a 5), quando da avaliação do desenvolvimento do 
projeto, da equipe de execução, dos materiais apresentados e do 
serviço geral prestado. O projeto atingiu o objetivo proposto, 
demonstrando que, apesar da resistência à mudança por parte de 
alguns colaboradores e clientes, a modelagem de processos e o 
controle de estoques impactam consideravelmente na melhoria das 
rotinas de trabalho, trazendo ganhos como a padronização dos 
processos e redução de gastos. 
 
Palavras-chave: Modelagem de Processos, Controle de Estoques, 
Instituição de Ensino Superior Pública 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
 
 
 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
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1. Introdução 
No panorama atual, as organizações estão inseridas em um cenário de grande competição e, 
para atender as demandas, buscar soluções para integrar, estruturar e melhorar os processos, 
criando maior flexibilidade, agilidade e qualidade nas operações se tornaram medidas 
necessárias. Dessa forma, segundo Catelli e Santos (2004), na Administração Pública, os 
novos sistemas e a demanda da sociedade por maior transparência e qualidade na prestação 
dos serviços, geram uma crescente preocupação com a melhoria dos seus processos. 
Contudo, muitas organizações encontram problemas na estruturação de seus processos. De 
acordo com Rosemann (2006), as maiores dificuldades enfrentadas, são: a não utilização de 
métodos, a falta de padronização, a falta de alinhamento da iniciativa com a estratégia, a 
resistência à mudança, a falta de comprometimento, as ferramentas inadequadas. Então, o 
Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM – Business Process Management) surgiu 
como forma de atender estas demandas organizacionais. 
Atrelado a isso, a criação e controle de estoques também são vitais para qualquer organização, 
seja no ramo industrial ou no setor de serviços público ou privado. Segundo Carretoni (2000), 
o alto valor investido, a necessidade de dimensionar estoques adequados, as prevenções para 
evitar faltas ou estoques excedentes e a garantia da qualidade e da integridade dos materiais 
tornaram-se fatores essenciais para as instituições no panorama da gestão de estoques. Para 
Dias (1993), o objetivo maior do gerenciamento de estoques é reduzir o investimento nestes, 
proporcionando o uso eficiente dos meios internos da empresa. 
Com isso, o presente trabalho tem a finalidade de implantar melhorias nos processos 
relacionados à gestão dos estoques em um Departamento pertencente a uma Instituição de 
Ensino Superior (IES) Pública localizada no estado do Ceará. 
Para isso, após a introdução, será apresentada a revisão bibliográfica a respeito da gestão por 
processos e gestão de estoque. Em seguida, serão apresentados a situação da gestão dos 
estoques quando do início do projeto, o plano de ação geral, o mapeamento do processo do 
almoxarifado, a identificação de melhorias e por fim a implantação da proposta de 
reestruturação das atividades. Na seção final, serão discutidos os resultados alcançados neste 
estudo. 
 
 
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2. Fundamentação teórica 
2.1. Gestão por processos 
Nas últimas décadas, uma tendência crescente das organizações é ter uma visão mais 
ampliada de seus serviços e ser administrada por conjunto de processos interligados, 
distanciando-se da visão de haver departamentos independentes (MAXIMINIANO, 2011, p. 
211). Ainda segundo o autor, para entender melhor esse conceito, deve-se antes saber o que 
são processos: “processos organizacionais são sequências de atividades que transformam 
insumos em produtos ou resultados”. 
A gestão por processos, de acordo com Gonçalves (2000), requer uma orientação diferente da 
forma de trabalhar, ela requer uma visão mais ampliada da organização, valorizando o 
trabalho em grupo, a cooperação de seus colaboradores e a compreensão da instituição como 
um todo, logo haverá um melhor aproveitamento da experiência e do conhecimento adquirido 
por seus funcionários em todas as áreas. 
2.2. Mapeamento de processos 
A análise dos processos nas empresas, segundo Gonçalves (2000, p. 10), necessita da 
identificação das funções que os compõem: “fluxo (volume por unidade de tempo), sequência 
das atividades, esperas e duração do ciclo, dados e informações, pessoas envolvidas, relações 
e dependências das partes comprometidas no funcionamento do processo”. 
De acordo com Rotondaro (2005), a identificação dos diversos componentes de um fluxo, 
pode ser auxiliada pela técnica de Fornecedores, Entradas, Processos, Saídas e Clientes 
(FEPSC), a qual formaliza a seguinte sequência lógica para dar início à coleta de informações 
para o mapeamento: 
 Determinar o propósito: Por que existe o processo? Qual seu propósito e resultado? 
 Analisar as saídas do processo: Qual o produto do processo? Quais são as saídas e qual 
seu ponto final? 
 Obter dados dos clientes: Quem são os clientes do processo? 
 Analisar as entradas e das saídas das atividades: De onde vêm as informações de cada 
atividade? Quem são seus fornecedores? O que eles fornecem? Onde afetam o fluxo 
do processo? 
 
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 Determinar os passos do processo: O que ocorre com cada input? Que atividades de 
conversão acontecem? 
De posse destas informações, dá-se prosseguimento aos mapeamentos dos processos, o qual, 
segundo Costa e Politano (2008), é um registro dos fluxos de informações, de materiais e de 
trabalho, de maneira que as pessoas envolvidas com estes processos possam compreender seu 
significado, e ter uma visão global com o intuito de identificar, documentar, analisara 
organização. 
2.3. Gestão de processos de negócio: BPM 
Iniciado no século XX, com as ideias Tayloristas, o Business Process Management (BPM) 
passou a ser uma tecnologia importante aplicada em sistemas gerenciais com a finalidade de 
realizar a execução e controle do mapeamento dos processos das organizações. 
BPM é o enfoque disciplinado para identificar, desenhar, executar, 
documentos, medir, monitorar, controlar e melhorar processos, 
automatizados ou não, para alcançar resultados consistentes e 
alinhadas com os objetivos estratégicos da organização, esta 
tecnologia pode ser aplicada a qualquer área (MOHR, 
POLACINSKI e MOLIN, 2011, p. 3). 
Como principais benefícios às organizações, o BPM traz, segundo Rummler e Brache (1994), 
uma maior confiabilidade nos processos, com menores Lead Times e menores custos, além de 
uma redução da burocracia e uma melhoria na gestão de informações e conhecimentos. 
Para documentar as atividades do processo, softwares específicos são utilizados, como o 
Bizagi Process Modeler, que utiliza o BPMN. Segundo Fisher (2012), permite gerenciar o 
ciclo de vida completo do processo, sem quaisquer outras ferramentas adicionais, além de ser 
flexível e permitir o gerenciamento de diversos processos ao mesmo tempo. 
Figura 1 – Exemplo de mapeamento de processo utilizando BPMN 
 
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 Fonte: Tolfo, Medeiros e Mombach (2013) 
O BPMN é uma notação gráfica utilizada para padronizar a linguagem simbólica para mapear 
todos os processos de negócios de uma organização (SGANDERLA, 2012). É considerada 
hoje uma ferramenta de extrema importância para o início do BPM. 
2.4. Gestão de estoques 
A gestão de estoques refere-se a decisões sobre quando e quanto ressuprir, seja comprando ou 
produzindo o item, à medida que ele vai sendo consumido pela demanda, ou seja, é preciso 
que sejam definidos os momentos de ressuprimento e a quantidade a ser solicitada para que o 
estoque possa atender às necessidades da demanda (ALMEIDA e LUCENA, 2006). 
De acordo com Bowersox e Closs (2007, p.254), “o gerenciamento de estoques é o processo 
integrado pelo qual são obedecidas as políticas da empresa e da cadeia de valor com relação 
aos estoques”. Martins e Alt (2009) afirmam que a gestão de estoques é composta por ações 
que permitem ao administrador analisar se os estoques estão sendo bem utilizados, 
localizados, manuseados e controlados. 
2.5. Importância da gestão de estoques 
Para Carretoni (2000), a gestão de estoques torna-se necessária por diversos fatores, dentre 
eles o alto valor investido, a necessidade de dimensionar estoques adequados, a prevenção 
para evitar faltas ou estoques excedentes e a garantia da qualidade e da integridade dos 
materiais. 
 
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Dias (1993) explica que o objetivo maior do gerenciamento de estoques é reduzir o 
investimento em estoques, proporcionando o uso eficiente dos meios internos da empresa, 
minimizando as necessidades de investimento de capital. 
Para Martins e Alt (2009), manter altos níveis de estoque pode ser sinônimo de custos 
desnecessários, seja pelo custo de seu manuseio, produção ou administração. Por isso é 
importante que o administrador tenha um controle de gestão dos estoques eficaz para que 
possa verificar a correta utilização dos estoques, se são bem manuseados e controlados. 
3. Metodologia 
3.1. Classificação da pesquisa 
A presente pesquisa se caracteriza como descritiva, pois foram realizados à identificação, 
registro e análise das características, fatores que se relacionam com um processo de negócio. 
Definindo-se a sua problemática o fato do almoxarifado ou estoque de um departamento de 
uma instituição de ensino superior pública não possuir seus processos bem definidos e nem 
controle de seus estoques, ocasionando problemas com a falta e o excesso de materiais. Além 
disso, a pesquisa pode ser classificada, segundo Gil (2007), como um de estudo de caso, o 
qual consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou mais objetos, de maneira que permita 
seu amplo e detalhado conhecimento. 
3.2. Ambiente da pesquisa 
O Departamento alvo deste estudo de caso está localizado no Ceará, pertencente a uma 
Instituição de Ensino Superior (IES) pública. Desenvolve as atividades necessárias para o 
funcionamento dos cursos da área da saúde, compondo vários processos administrativos, que 
atendem aos setores da instituição subordinados ao departamento. Como órgão central, o 
departamento é responsável pelo armazenamento de estoques de materiais utilizados pelo 
próprio e também por sete laboratórios adjacentes. No prédio, além das salas administrativas, 
de reuniões e de professores, há também uma sala de material gráfico, um almoxarifado e dois 
armários onde estão localizados os estoques. 
3.3. Etapas de implantação 
Em outubro de 2015, quando da realização das primeiras visitas para elaboração do projeto a 
ser executado, foram levantadas informações sobre estrutura, processos, gerenciamento dos 
estoques e controle de dados existentes no departamento. Desta forma, foi possível entender 
 
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as necessidades do cliente do projeto e traçar as ações e resultados esperados. Para isto, foram 
definidas etapas de execução, apresentadas na figura 2. 
Figura 2 – Etapas da proposta de projeto 
 
Fonte: autores (2015) 
4. Apresentação e análise dos resultados 
4.1. Coleta e análise de dados 
O Departamento alvo deste estudo concentra as atividades de recebimento, armazenagem e 
distribuição de materiais aos setores internos e aos laboratórios externos dos cursos da área de 
saúde da instituição de ensino a qual pertence. Ao serem realizadas as primeiras visitas ao 
local, os colaboradores da Secretária do Departamento, responsáveis pelos processos 
relacionados ao estoque, foram entrevistados para que a equipe de projeto pudesse obter 
compreensão e entendimento acerca dos processos existentes e, assim, fosse possível a 
identificação das melhorias. 
O detalhamento do processo obtido com as entrevistas foi: Os materiais são solicitados pela 
Secretaria do Departamento ao almoxarifado central da IES via um sistema integrado de 
patrimônio, administração e contratos, que contém todos os itens que podem estar disponíveis 
para entrega. Esta solicitação ocorre pelo preenchimento de uma requisição online, onde deve 
ser escolhida a denominação (ou seja, o nome do material desejado) junto ao código do 
produto e a quantidade solicitada. Os itens são pedidos de acordo com o que o colaborador 
julga adequado, em denominação e quantidade, sem planejamento ou consulta prévia ao que 
já se encontra como estoque. No caso da indisponibilidade de itens, o material é solicitado em 
uma nova requisição. Todas as solicitações podem ser realizadas a partir do primeiro dia útil 
de cada mês e devem ser preenchidas e enviadas via sistema até o vigésimo dia. A requisição 
é impressa pelo colaborador que a executou. Quando o material chega ao almoxarifado do 
Departamento, vem anexado a ele um comprovante de solicitação dos materiais, o qual é 
 
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conferido apenas emrelação às quantidades indicadas no comprovante, que é assinado e 
armazenado pelo colaborador que receber a mercadoria. Este armazenamento se dá de forma 
distribuída, sem divisão clara, entre dois armários e um almoxarifado. 
Os materiais do estoque do almoxarifado/estoque são diversos e envolvem desde materiais de 
escritório (como canetas, pincéis, grampeadores, CDs etc.) passando por reagentes, luvas, dos 
laboratórios até os materiais de limpeza (água sanitária, papel higiênico, vassouras etc.). Uma 
vez disponíveis no departamento, os laboratórios e outros setores preenchem um formulário, 
indicando os itens no pedido e o entrega na secretária, onde o material é separado de imediato 
e entregue ao solicitante. O formulário de pedido é arquivado em uma pasta. 
Percebeu-se, então, que a requisição de material é feita de forma bastante aleatória e a 
conferência de materiais não fornece a confiabilidade necessária. Também se observou a falta 
de comunicação entre os colaboradores no momento da requisição, ocasionando pedidos 
excessivos de um mesmo item. Também se viu que não existem processos definidos de 
entrada e saída de materiais, nem de solicitação para o departamento por parte de outros 
setores e laboratórios. As responsabilidades e as atividades não são claras, bem como existe 
uma má utilização do espaço físico disponível. Além disso, não existem ferramentas que 
facilitem o controle dos estoques. 
Desta forma, a partir da coleta e análise das informações, foi desenvolvido um plano de ação 
do projeto, apresentado na figura 3, a seguir. 
Figura 3 – Plano de ação geral (5W1H) 
 
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 Fonte: autores (2015) 
 
 
4.2. Mapeamento dos processos 
A partir da análise das informações levantadas e com o auxílio da sequência lógica fornecida 
pela técnica FEPSC (Figura 4) pode-se construir o mapeamento da situação atual. 
Figura 4 – FEPSC de gestão de estoque do departamento da IES 
 
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 Fonte: autores (2015) 
A modelagem dos processos utilizou o software Bizagi Process Modeler, o qual é gratuito e 
utiliza a notação BPMN. O resultado do mapeamento é apresentado nas figuras 5 e 6. Foram 
definidos dois processos macro a serem mapeados para a gestão dos estoques: a solicitação 
interna de materiais, a qual aponta como fornecedor, o Departamento e como o cliente, seus 
demais setores e os laboratórios, onde estes realizam os pedidos informais de materiais a 
serem entregues por aquele. 
Figura 5 – Mapeamento dos processos de solicitação interna de materiais (situação atual) 
 
 Fonte: autores (2015) 
O segundo macroprocesso é o da solicitação externa de materiais, a qual abrange o 
almoxarifado central da IES como fornecedor externo e o Departamento como cliente, onde 
este requisita os mais diversos materiais necessários para aquele mês. 
Figura 6 – Mapeamento dos processos de solicitação externa de materiais (situação atual) 
 
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 Fonte: autores (2015) 
4.3. Identificação das oportunidades de melhoria 
Nesta etapa, foram listadas as oportunidades de melhoria decorrentes das sugestões dos 
colaboradores e das análises realizadas pela equipe do projeto. Diante disto, foi identificado 
que, de forma geral, a equipe de projeto deveria: 
 Definir visivelmente as falhas nos processos; 
 Delimitar os responsáveis pelas atividades; 
 Estimar os recursos necessários; 
 Tornar claros os processos e as atividades inerentes a estes; 
 Inventariar o estoque de materiais; 
 Definir procedimentos padrão operacionais para melhor controle e gestão; 
 Definir as atividades que necessitam de registros para criação de formulários padrões. 
A partir das discussões do processo de solicitação interna de materiais, viu-se a oportunidade 
de melhorar a organização da rotina dos colaboradores da própria secretária, definindo-se 
procedimentos para solicitação, entrega e controle dos materiais e tornando o processo mais 
informatizado e menos informal. Também foi observada a necessidade de haver uma análise 
dos pedidos solicitados, já que algumas vezes os materiais eram pedidos sem limitações pelos 
setores internos e laboratórios. Desta forma, deveria haver uma ação de feedback do 
atendimento ou não do pedido, permitindo maior controle pela Secretaria da IES. O controle 
da saída de materiais foi uma melhoria percebida como fundamental a ser inclusa, 
formalizando também a entrega de materiais, registrados eletronicamente. 
 
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Já para o processo de solicitação externa de materiais, percebeu-se a importância de fornecer 
ao departamento, meios de compreender e identificar facilmente a demanda para requisição de 
novos materiais, além de estabelecer uma rotina de pedidos de menor quantidade, porém de 
melhor qualidade. Também se viu a necessidade de se estabelecer procedimentos de 
conferência de materiais, além do controle eletrônico da entrada e da saída de materiais. Outra 
oportunidade de melhoria foi quanto à padronização do procedimento relacionado aos erros 
de pedidos, seja por itens não solicitados, por avarias ou outros problemas identificados. 
4.4. Implantação da proposta de reestruturação 
A proposta de reestruturação incluiu a redesenho dos processos, consolidado em um novo 
mapeamento. De acordo com as oportunidades de melhoria identificadas, a solicitação de 
pedidos internamente ao departamento passa a ser realizado por formulário eletrônico, via e-
mail de acordo com a figura 7. Desta forma, os colaboradores do departamento podem 
consultar pedidos anteriores e dar continuidade ou não ao processo de solicitação de material. 
Os pedidos passam a ser realizados apenas entre os dias 25º mês vigente e o 5º dia do mês 
seguinte, prazo onde é possível realizar um levantamento das necessidades de material a 
serem solicitados externamente. Os pedidos que seguirem, passam a ser separados e entregues 
em datas e horários acordados via e-mail ou telefone e, quando da saída de materiais, são 
registrados na Saída de Materiais da planilha de Gestão dos Estoques Físicos (Figura 11), a 
qual contabiliza, automaticamente no Controle de Estoques, a redução no saldo dos estoques. 
Figura 7 – Mapeamento do processo de solicitação de interna de materiais (proposta de melhoria) 
 
 Fonte: autores (2015) 
 
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No caso do processo de solicitação externa, apresentado na figura 8, o levantamento das 
solicitações realizadas internamente, bem como o status indicado para cada item no Controle 
de Estoques, conforme figura 9, fornecem as informações de necessidade das quantidades a 
serem repostas. Os materiais, quando chegam à Secretária do departamento, são conferidos 
com o comprovante fornecido pelo almoxarifado central, mas também pela requisição de 
materiais gerada no início do processo, de forma que será possível verificar itens que foram 
pedidos, mas que não foram entregues.Figura 8 – Mapeamento do processo de solicitação de externa de materiais (proposta de melhoria) 
 
 Fonte: autores (2015) 
Figura 9 – Planilha para gestão de estoques físicos (controle de estoques) 
 
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 Fonte: autores (2015) 
Antes de serem armazenados, os materiais são registrados na planilha de Gestão dos Estoques 
Físicos, na Entrada de Materiais, conforme figura 10, e são contabilizados automaticamente 
no Controle de Estoques, gerando o saldo disponível do item. Este é comparado ao estoque 
mínimo, indicando o status do item (vermelho indicando a falta; laranja, a atenção às 
quantidades disponíveis em verde, a disponibilidade aceitável). 
Figura 10 – Planilha para gestão de estoques físicos (entrada de materiais) 
 
 Fonte: autores (2015) 
Figura 11 – Planilha para gestão de estoques físicos (saída de materiais) 
 
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 Fonte: autores (2015) 
Para o caso de serem entregues itens não-conformes ou itens não solicitados, deve-se separar 
os itens e elaborar um ofício ao almoxarifado central para o processo de devolução. Este 
processo deve ser executado, preferencialmente, no momento dos erros identificados ou até a 
próxima entrega pelo almoxarifado central no departamento. Os estoques de materiais 
passaram a ser distribuídos da seguinte maneira: produtos de higiene e limpeza passam a ser 
armazenados no almoxarifado; materiais de escritório de menor valor, no armário da sala de 
reuniões e materiais de maior valor, no armário da secretaria. 
4.5 Resultados 
4.5.1 Resultados Obtidos 
A final de três meses de projeto, o Departamento conseguiu atingir resultados bastante 
satisfatórios ao que foi proposto, tanto no âmbito organizacional interno, quanto na melhoria 
dos serviços oferecidos aos clientes. 
Dentre os resultados atingidos, podem ser destacados: 
 100% das atividades definidas no plano de ação foram desenvolvidas: coleta, 
mapeamento e aplicação do controle de estoque; 
 Como o controle de estoque foi realizado por meio de uma planilha no Microsoft 
Excel, os funcionários obtiveram maior domínio e exatidão de sua demanda e de todos 
os produtos que entram e saem do almoxarifado. 
 Com as melhorias no estoque, a economia nos gastos extras do departamento foi 
estimada em 50%; 
 
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 Inserção de feedback/retorno no processo de solicitação interna de materiais; 
 Com a padronização da rotina dos processos do almoxarifado, aumentou o nível de 
serviço aos laboratórios clientes; 
 Houve redução de tempo da solicitação de material interna devido a possibilidade dos 
laboratórios efetuarem a requisição materiais por email e, após, receber do 
departamento um novo email com o retorno do pedido; 
 Inclusão da atividade de análise do material recebido no processo de solicitação de 
material externo, reduzindo assim as duplicidades no estoque do almoxarifado do 
departamento; 
 Melhoria do uso do espaço físico: organização dos materiais de maior demanda, 
facilitando a visibilidade. 
 Obtenção de uma melhor organização no momento de reposição de produtos: a 
atenção para não haver perda de materiais com prazo de validade vencido e um 
aumento de materiais com baixo giro de estoque. 
4.5.2 Pesquisa de Satisfação 
Ao fim da implantação deste projeto, foi aplicada uma pesquisa de satisfação com os 
colaboradores. A pesquisa avaliou aspectos da qualidade do projeto geral (clareza no serviço e 
no cronograma; efetividade das melhorias propostas; mudança nos processos; prazo; 
planejamento do serviço), do desempenho da equipe de projeto (pontualidade; 
profissionalismo; conhecimento sobre o serviço; disponibilidade em atender às dúvidas; 
proatividade; disponibilidade em ouvir novas sugestões; comunicação e flexibilidade com as 
mudanças e dificuldades), da qualidade dos relatórios apresentados (objetividade; 
confiabilidade nos dados; utilidade dos dados e clareza de ideias), além de uma avaliação 
geral do serviço prestado pela equipe de projeto. Para cada item foi dada uma nota de 1 
(Muito insatisfeito) a 5 (Muito satisfeito) e foram compiladas as respostas dos colaboradores. 
Obteve-se como avaliação final a nota média de 4,8 (entre parcialmente satisfeito e muito 
satisfeito). No último item, de avaliação geral do serviço, todas as notas individuais 
corresponderam a 5. 
5. Conclusão 
O projeto atingiu os objetivos propostos de implantar a gestão por processos no controle de 
estoque do Departamento em questão. Além do conseguir-se manter um melhor controle de 
 
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estoque, foi possível estabelecer rotinas de trabalho padronizadas, na qual os funcionários 
estabeleceram prazos com dias certos para realizar pedidos ou entregar o material requisitado 
a seus clientes e atividades de cada um, como: alimentação das planilhas, realização dos 
pedidos no sistema e reposição e organização do almoxarifado. 
Durante o projeto, um obstáculo encontrado para a implementação foi a dificuldade de 
aceitação da mudança da rotina por parte de alguns colaboradores do Departamento, o que se 
conseguiu superar com o diálogo e com a apresentação dos resultados que poderiam ser 
alcançados baseados em outros projetos. Outra dificuldade foi a resistência de alguns clientes 
com relação aos prazos estipulados pelo Departamento, uma vez que alegavam que 
precisavam do material requerido com prontidão, contudo, no decorrer do projeto, estes 
conseguiram adequar-se as novas medidas adotadas e reconheceram a importância da nova 
gestão implantada. 
Por fim, o projeto contribuiu não somente com o controle do estoque do almoxarifado, mas 
também com a conscientização dos colaboradores responsáveis por executá-los e da 
importância da gestão dos processos no Departamento. Diante isto, durante todo o projeto, 
ficou claro que a participação de todos os envolvidos foi de fundamental importância e, 
consequentemente, o comprometimento contínuo com as mudanças alcançadas. Assim, uma 
nova proposta seria dar continuidade ao projeto com a sua expansão para os demais processos 
da organização. 
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