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TECNOLOGIA E ECONOMIA DOS TRANSPORTES Organizadores: André Luís Abitante João Fortini Albano Shanna Lucchesi Tânia Batistela Torres Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 T255 Tecnologia e economia dos transportes / André Luís Abitante ... [et al.]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. xii, 170 p. il. color. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-042-9 1. Engenharia civil. 2. Transportes – Tecnologia. 3. Transportes – Economia. I. Abitante, André Luís. CDU 656:62 Livro_Tecnologia_Economia.indb IILivro_Tecnologia_Economia.indb II 20/01/2017 16:32:5920/01/2017 16:32:59 Transporte de massa: metrô, pré-metrô e trem urbano Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Compreender o processo de desenvolvimento dos sistemas sobre trilhos urbanos. Identifi car as características do transporte de alta capacidade sobre trilhos. Listar as aplicações dos sistemas estudados. Introdução Desde a Revolução Industrial, o transporte urbano sobre trilhos tem se desenvolvido junto com as cidades. O início do desenvolvimento desse modal ocorreu na Europa e na América do Norte, e, em seguida, tornou-se uma solução de mobilidade urbana em todo o mundo. Neste capítulo você vai estudar os fatores que propiciaram o desenvolvimento dos sistemas de transporte de massa, identificando suas características e compreendendo suas aplicações. Transporte urbano sobre trilhos O transporte coletivo é uma das demandas da sociedade urbana. Seu desen- volvimento se deu a partir do crescimento dos centros urbanos, impulsionado pela Revolução Industrial. Em meados de 1800, os veículos tracionados por cavalos começaram a aumentar em capacidade, confi gurando o transporte coletivo, sobre rodas ou trilhos, em Nova York, nos Estados Unidos. Na In- glaterra, o berço da Revolução Industrial, também surgiram invenções sobre trilhos, como a primeira ferrovia (1825), o primeiro trem suburbano (1838) e Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 161Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 161 20/01/2017 16:22:2320/01/2017 16:22:23 o primeiro metrô (1863). Quanto à propulsão, essas invenções eram movidas principalmente a cavalo e a vapor, podendo ainda ser de um tipo com bateria interna, mas com baixa autonomia. Por volta de 1870, por causa da epidemia de gripe equina, os cavalos foram substituídos por outras formas de propulsão. Assim, após 1880, começam a se espalhar os bondes elétricos (VUCHIC, 2007). Os bondes elétricos aumentaram em tamanho e, depois, em capacidade, marcando, então, o início do transporte urbano sobre trilhos. Você pode ver na Figura 1 um veículo de bonde urbano de 1900. Figura 1. Bonde urbano em Amsterdã, capital dos Países Baixos, em 1900. Fonte: Vuchic (2007, p. 19). Você sabia que Londres foi a primeira cidade do mundo a ter um metrô subterrâneo? Como o desenvolvimento industrial e populacional ocorreu ali antes do que em outros centros urbanos os congestionamentos gerados favoreceram os investimentos na construção da primeira linha com alta velocidade totalmente segregada - e subterrânea. A qualidade do serviço atraiu muitos passageiros, o que o consolidou (VUCHIC, 2007). Até hoje, o Underground é mundialmente reconhecido. Tecnologia e economia dos transportes162 Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 162Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 162 20/01/2017 16:22:2820/01/2017 16:22:28 No Brasil, os primeiros bondes começaram a circular no Rio de Janeiro a partir da presença da família real (em 1859). Com capacidade para 16 passa- geiros, os bondes foram tracionados por animais até 1862, quando foi imple- mentada a tração a vapor. Essa alternativa não se mostrou viável em termos econômicos, assim, os bondes voltaram a ter tração animal até a eletrificação, ocorrida em 1896 (LUCENA, 2015). Você pode ver na Figura 2 o sucesso dos bondes na vida urbana carioca da época. Figura 2. Bonde elétrico – Estação Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, em 1950. Fonte: Lucena (2015). Modais de alta capacidade sobre trilhos A classifi cação dos sistemas de transporte sobre trilhos segue três critérios principais (VUCHIC, 2007): 1. Direito de passagem: A – o veículo trafega em uma via completamente controlada; B – os trilhos são separados por barreira longitudinal, com interseções; e C – trafega em meio ao tráfego misto. 2. Tecnologia: mecanismo de funcionamento do veículo e da via. 163Transporte de massa: metrô, pré-metrô e trem urbano Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 163Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 163 20/01/2017 16:22:2820/01/2017 16:22:28 3. Tipo de serviço: associado à função do sistema em toda a rede de transportes. Assim, os modos de alta capacidade operam com a menor interferência possível do tráfego externo, com uma tecnologia que permita alta velocidade. Os fatores que, além da capacidade, influenciam a adoção de um sistema de transportes, são: custo de implantação características técnicas e de operação especificidades locais impacto ambiental. Neste contexto, a capacidade do sistema pretendido pode ser adotada como ponto de partida para a escolha da solução (MELLO, 1981 apud PETZHOLD, 2013). Dentre os sistemas sobre trilhos, os metrôs e os veículos leves sobre trilhos são dedicados à alta capacidade. Você vai saber mais sobre as especificidades que tornam esses modais de alta capacidade a partir de agora. Metrôs Também é denominado como heavy rail (ou trem pesado). A alta capacidade do sistema de metrôs resulta das linhas completamente segregadas, que acabam sendo o principal fator do seu custo de implantação (VUCHIC, 2007). Essas vias completamente segregadas podem ter trechos subterrâneos no mesmo nível das edifi cações e demais vias, ou em vias elevadas. Os metrôs operam em vias totalmente segregadas (A) e são de propulsão/ tração elétrica. Você vai ver agora as outras características desse sistema (VAZ et al., 2014; VUCHIC, 2007). Possui como velocidade média de operação entre 30 e 40 km/h, podendo chegar ao máximo de 80 km/h. As estações em geral são espaçadas entre 700 e 1500 metros. A capacidade de transporte varia muito entre os sistemas, entre 15.000 e 80.000 passageiros por hora por direção. Tecnologia e economia dos transportes164 Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 164Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 164 20/01/2017 16:22:2820/01/2017 16:22:28 O custo dos veículos (material rodante) é estimado entre 2 e 5 milhões de dólares. O custo de implementação varia conforme as soluções de engenharia necessárias para as condições locais, variando entre 40 e 350 milhões de dólares por quilômetro. A vida útil dos veículos (material rodante) é estimada entre 25 e 30 anos. Trens urbanos e de subúrbios Os trens urbanos e de subúrbios, como sua própria denominação indica, operam nas áreas urbanas e nas áreas metropolitanas. Assim como o metrô, esse sistema também opera em vias totalmente segregadas (A). Você vai ver a seguir outras características importantes dos trens urbanos e de subúrbios (VAZ et al., 2014; VUCHIC, 2007): Os veículos são de tração/propulsão elétrica nos vagões ou na locomotiva. A velocidade média de operação varia entre 40 e 60 km/h, podendo chegar a 120 km/h. As estações são espaçadas entre 1 e 5 quilômetros. Esses sistemas transportam entre 15.000 e 40.000 passageiros por hora por direção. O custo dos veículos varia entre 1 e 3 milhões de dólares. O custo de implementação varia entre 5 e 25 milhões de dólares por quilômetro. A vida útil dos veículos é entre 25 e 30 anos. Veículo leve sobre trilhos (VLT) Esse sistema de alta capacidade vem se destacando nos últimos anos. Sua adoção na revitalização urbana é interessante por causa da sua baixa intrusão visual. Você vai ver agora suas principais características (VAZ et al., 2014; VUCHIC, 2007): Os veículos são elétricos ou a diesel, podendo ser híbridos. Geralmente o VLT opera em vias mistas (B), comtrechos segregados, mas passando por cruzamentos sinalizados em nível, nos quais poderá 165Transporte de massa: metrô, pré-metrô e trem urbano Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 165Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 165 20/01/2017 16:22:2820/01/2017 16:22:28 ter a preferência, de acordo com o gerenciamento de tráfego local. Ele pode operar de forma completamente segregada (A) e, eventualmente, em tráfego misto (C). Você pode ver na Figura 3 a operação do VLT em direito de passagem B, com sinalização para conciliar os conflitos com veículos particulares. A distância típica entre paradas adotada é entre 300 e 1000 metros. Os veículos em geral são compostos por até 4 unidades (vagões). Transporta entre 2.000 e 25.000 passageiros por hora por direção. Opera com plataforma elevada e múltiplas portas, característica que contribui para a maior capacidade de transporte de passageiros. A velocidade de operação depende do grau de segregação da via, em geral entre 20 e 35 km/h e máxima de 80 km/h. O custo dos veículos varia entre 2 e 5 milhões de dólares. O custo de implementação varia entre 13 e 40 milhões de dólares por quilômetro. Vida útil do material rodante varia entre 25 e 30 anos. Figura 3. VLT da cidade de Nice, França. Fonte: bellena / Shutterstock.com. Tecnologia e economia dos transportes166 Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 166Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 166 20/01/2017 16:22:2820/01/2017 16:22:28 http://shutterstock.com/ Perspectivas dos sistemas urbanos sobre trilhos O transporte urbano sobre trilhos surgiu por causa da urbanização. Ainda hoje, é o aumento da urbanização, junto com o aumento do número de automóveis e a saturação das vias, que favorece a implementação de sistemas de metrôs, veículos leves sobre trilhos e trens urbanos. Na América Latina, Ásia e Rússia, esses sistemas atraem os usuários dos modos de transporte privados porque oferecem alta capacidade. Na Europa Ocidental, nos Estados Unidos e no Canadá, o destaque fi ca por conta da alta qualidade do serviço que oferecem. De forma global, esses sistemas favorecem o desenvolvimento das cidades. O Brasil transporta cerca de 9,9 milhões de passageiros por dia (ASSO- CIAÇÃO NACIONAL DOS TRANSPORTADORES DE PASSAGEIROS SOBRE TRILHOS, 2016). Ainda assim, por causa das dimensões continentais do nosso território, os sistemas de transporte urbano sobre trilhos necessitam de expansão. Em 2015, foram implementados 10,4 quilômetros de sistemas, entre metrôs, VLTs, trens urbanos e monotrilhos. O dinheiro para pagar os altos custos dos investimentos vem, principalmente, do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e de outros bancos públicos (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS TRANSPORTADORES DE PASSAGEIROS SOBRE TRILHOS, 2016). Os atrativos do sistema de transporte sobre trilhos têm sido aproveitados não somente no atendimento à demanda por transporte, mas também como uma ferramenta de requalificação urbana. Em 2016, foram inauguradas no Rio de Janeiro duas linhas de VLT abrangendo o centro histórico. Você pode ver na Figura 4 o sistema implementado em uma área revitalizada. Figura 4. Trecho de linha de VLT implementada para a revitalização do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. 167Transporte de massa: metrô, pré-metrô e trem urbano Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 167Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 167 20/01/2017 16:22:2920/01/2017 16:22:29 1. Os primeiros trens suburbanos surgiram na Inglaterra no ano de: a) 1838 b) 1844 c) 1869 d) 1881 e) 1930 2. Também chamado trem pesado (heavy rail), o metrô tem características que o diferenciam visualmente dos demais sistemas sobre trilhos. Entre as alternativas a seguir, marque a que corresponde ao sistema de metrô. a) Fonte: S-F / Shutterstock.com b) Fonte: Gerald Bernard / Shutterstock.com c) Fonte: Leonid Andronov / Shutterstock.com d) Fonte: Vereshchagin Dmitry / Shutterstock.com e) Fonte: Michael Rega / Shutterstock.com 3. Um importante fator que influencia na capacidade, no conforto e na atratividade para o usuário é a distância entre estações. Em geral as estações das linhas férreas necessitam de infraestrutura e Tecnologia e economia dos transportes168 Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 168Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 168 20/01/2017 16:22:2920/01/2017 16:22:29 http://shutterstock.com/ http://shutterstock.com/ http://shutterstock.com/ http://shutterstock.com/ http://shutterstock.com/ espaço para que o passageiro consiga embarcar e desembarcar com segurança. Assim, elas não costumam ser tão frequentes quanto as paradas em um sistema de transporte coletivo por ônibus. Considerando essas dificuldades de implantar estações de metrô, indique o espaçamento máximo entre estações desse sistema. a) 200m b) 500m c) 700m d) 1500m e) 5000m 4. Para qualquer sistema de transporte coletivo, o ponto crítico da operação está no momento do embarque e desembarque. Quanto maior for o tempo para o ingresso de passageiros no veículo, menor será a sua capacidade. Os sistemas sobre trilhos facilitam esse embarque porque alteram algumas características na plataforma de embarque e no veículo. Considerando o sistema VLT, indique as características listadas a seguir que buscam minimizar o tempo de embarque. a) Espaçamento das estações b) Pagamento de tarifa dentro do veículo c) Semáforos autuados pelo VLT d) Escadas para acesso ao veículo e) Plataforma elevada e múltiplas portas 5. Um dos critérios de classificação dos sistemas de transporte sobre trilhos é o direito de passagem. Sobre os sistemas e os respectivos direitos de passagem, é correto afirmar que: a) Os metrôs geralmente operam em direito de passagem A, mas, eventualmente, podem operar em B ou C. b) Os VLTs geralmente operam em direito de passagem B. c) Os metrôs geralmente operam em direito de passagem B. d) Os trens urbanos geralmente operam em direito de passagem B. e) Os VLTs geralmente operam em direito de passagem A. 169Transporte de massa: metrô, pré-metrô e trem urbano Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 169Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 169 20/01/2017 16:22:2920/01/2017 16:22:29 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS TRANSPORTADORES DE PASSAGEIROS SOBRE TRILHOS. Balanço do setor metroviário 2015/2016. [S.L.]: ANPTrilhos, 2016. Disponível em: <http:// anptrilhos.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Balanco-Setor-2015-2016.pdf> Acesso em: 13 dez. 2016. LUCENA, F. História dos bondes do Rio de Janeiro. Diário de Rio, 19 set. 2015. Disponível em: <http://diariodorio.com/historia-dos-bondes-do-rio-de-janeiro/>. Acesso em: Acesso em: 13 dez. 2016. PETZHOLD, G. S. Sistemas de transporte público urbano: análise comparativa entre modais de alta capacidade. 2013. 89 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013. VAZ, L. F. H. et al. Transporte sobre trilhos no Brasil: uma perspectiva do material rodante. BNDES Setorial, v. 40, p. 235-282, 2014. Disponível em: <https://web.bndes.gov.br/bib/ jspui/bitstream/1408/3021/1/Transporte%20sobre%20trilhos%20no%20Brasil.pdf>. Acesso em: 13 dez. 2016. VUCHIC, V. R. Urban transit: systems and technology. New Jersey: John Wiley & Sons, 2007. Leitura recomendada VASCONCELLOS, E. A. Transporte urbano nos países em desenvolvimento: reflexos e propostas. São Paulo: Annablume, 2002. Tecnologia e economia dos transportes170 Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 170Tecnologia_Economia_U4_C06.indd 170 20/01/2017 16:22:2920/01/2017 16:22:29 http://anptrilhos.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Balanco-Setor-2015-2016.pdf http://diariodorio.com/historia-dos-bondes-do-rio-de-janeiro/ https://web.bndes.gov.br/bib/ Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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