Questão 1/10 - Antropologia Leia o trecho a seguir: “O site oficial da Funai classifica uma terra indígena como “porção do território nacional, de propriedade da União” e monitorada por órgãos federais, “habitada por um ou mais povos indígenas” e “por ele(s) utilizada para suas atividades produtivas”. É considerada “necessária à reprodução física e cultural” dos indígenas, “segundo seus usos, costumes e tradições”. A Funai ainda diz que ela é “imprescindível à preservação dos recursos ambientais necessários” ao bem-estar desses povos — uma referência à conservação das florestas. O reconhecimento e regularização das terras indígenas no Brasil são feitos pelo Executivo federal. Até 2018, a Funai era o órgão responsável por identificar e realizar a demarcação de novas terras indígenas — que eram então homologadas, por decreto, pela Presidência da República. No atual governo, a demarcação ficará sob o Ministério da Agricultura.” Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/01/11/O-que-s%C3%A3o-terras-ind%C3%ADgenas.-E-qual-a-autonomia-de-seus-ocupantes Tendo como base a contextualização acima e os conteúdos da disciplina de Antropologia, assinale a alternativa que expõe, corretamente, os elementos que devem ser pautados para o reconhecimento de povos indígenas no Brasil: Nota: 10.0 A Laços de pertencimento, ligações econômica e de amizade. B Laços de pertencimento, parentesco, ligação sócio-econômica. C Produção agropecuária, extrativista e que configure dependência econômica do solo. D Vinculação com o território, laços de pertencimento entre os membros do grupo, ligação sócio-histórica, presença de elementos de vinculação cultural. Você acertou! A Constituição reconheceu o direito de posse dos povos originários aos territórios tradicionalmente ocupados, criando instrumentos legais para a política de demarcação de terras. Vale destacar que, apesar de caber ao antropólogo o laudo final, reconhecendo a etnicidade indígena, o critério principal para tanto é o de autodeterminação, o qual consiste na construção de uma identidade coletiva que apresenta elementos de diferenciação em relação à sociedade nacional. Tal construção deve ser pautada em elementos como: • laços de pertencimento entre os membros do grupo, fortemente associados às relações de parentesco e vizinhança, as quais envolvem a consanguinidade, mas também se referem às relações de aliança, estabelecidas entre grupos baseados no casamento; • aspectos que permitam estabelecer uma ligação sócio-histórica com o território pleiteado, o qual não precisa ser necessariamente aquele ocupado desde o período pré-colombiano, pois são considerados as migrações e os aldeamentos consequentes da colonização; • o fato de que a vinculação do território ainda requer a presença de elementos de vinculação cultural, ou seja, determinados lugares são dotados de significados simbólicos, rituais que dão sentido à organização do grupo. Referência: RIBEIRO, Alessandra Stremel Pesce. Teoria e Prática em Antropologia. Curitiba: Intersaberes, 2016, Capítulo 6. E Vinculação com as cidades, cultura e modos de reprodução social urbanos, consanguinidade com pessoas advindas ne outros países, vinculação cultural exterior. Questão 2/10 - Antropologia Considere o trecho a seguir: “A construção da nação brasileira está estruturada, entre outras coisas, a partir do mito da democracia racial. Uma parcela expressiva da sociedade brasileira compartilha a crença de ter construído uma nação, diferentemente dos Estados Unidos e da África do Sul, por exemplo, não caracterizada por conflitos raciais abertos. Além disso, imagina-se que em nosso país as ascensões sociais do negro nunca estiveram bloqueadas por princípios legais tais como os conhecidos Jim Crow e o Apartheid dos referidos países. Para os que imaginam e advogam a singularidade paradisíaca brasileira, isto significa dizer que o critério racial jamais foi relevante para definir as chances de qualquer pessoa no Brasil. Em outras palavras, ainda é fortemente difundida no Brasil a crença de que a cultura brasileira antecipa a possibilidade de um mundo sem raças.” Fonte: BERNARDINO, Joaze. Ação afirmativa e a rediscussão do mito da democracia racial no Brasil. Estudos Afro-Asiáticos, 2002, vol.24, n.2, pp.247-273. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-546X2002000200002&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1678-4650. https://doi.org/10.1590/S0101-546X2002000200002. Levando em conta os conteúdos discutidos na disciplina de Antropologia e a contextualização acima, analise as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta sobre o significado do mito das três raças. I. A ideia de que o povo brasileiro seria visto como acolhedor. II. A noção de que as três raças (brancos, negros e indígenas) viveram de forma pacífica em toda a história. III. A ideia de que o povo brasileiro é, de fato, um povo acolhedor, e que nunca houve, segundo Roberto DaMatta, processos desiguais na sociedade. IV. A ideia de integração e miscigenação que passa a impressão de que esses povos se encontraram de forma natural e o resultado dessa conjunção foi benéfica a todos, o que seria um mito. Nota: 10.0 A Apenas a afirmação I está correta. B Apenas a afirmação II está correta. C Apenas a afirmação IV está correta. D As afirmações I, II e IV estão corretas. Você acertou! Em um passado não tão distante, imperava a ideia de que o racismo não era uma marca brasileira e que o convívio das três raças formadoras do Brasil era harmonioso. Havia a ideia de que o povo brasileiro seria visto como acolhedor, capaz de receber todos os grupos e etnias que aqui convivem em plena integração. Já vimos, neste capítulo, que a noção de povo brasileiro foi pautada na ideia de três raças fundadoras do Brasil (brancos, negros e indígenas), considerando-se elementos de ordem biológica e, posteriormente, cultural. Da maneira como é tratada, essa ideia transmite a impressão de que esses povos se encontraram de forma “natural” e que o resultado dessa conjunção foi benéfica a todos. Como apontou DaMatta (1984), o mito esconde os processos desiguais que resultaram na subordinação de outros povos em uma estrutura colonial hierarquizada e desigual. O sistema colonial era constituído por uma hierarquia, na qual brancos, negros e índios tinham seu lugar na ordem social. No entanto, toda hierarquia, como bem observou DaMatta (1984), é sustentada por polos opostos, embora entre eles haja uma infinidade de gradações intermediárias que podem ocupar posições diferentes de acordo com a situação. Por exemplo, no caso do regime de apartheid15, brancos e negros tinham posições bem definidas, sendo impossível transitar entre elas: havia lugares/espaços específicos para ambos. Já em um sistema hierárquico, existem outras interpretações para definir se um sujeito é negro ou branco, o que depende de alguns atributos, que podem ser físicos (como a cor da pele ou as características do cabelo), sociais (grau de instrução, parentesco ou compadrio) ou, ainda, econômicos (situação financeira). É o que chamamos de posição relacional, não fixa em uma ordem rígida. Referência: RIBEIRO, Alessandra Stremel Pesce. Teoria e Prática em Antropologia. Curitiba: Intersaberes, 2016, Capítulo 4. E Apenas as afirmações II e III estão corretas. Questão 3/10 - Antropologia “O ‘brasil’ com o b minúsculo é apenas um objeto sem vida, autoconsciência ou pulsação interior[...] o Brasil com B maiúsculo é algo muito mais complexo. É país, cultura, local geográfico, fronteira e território [...], e também casa, pedaço de chão calçado com o calor de nossos corpos, lar, memória e consciência de um lugar com o qual se tem uma ligação especial, única, totalmente sagrada. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: DaMatta, Roberto. “O que faz do brasil, Brasil?” Rio de Janeiro: Rocco, 1986, p. 8. Considerando o livro-base Teoria e Prática em Antropologia, sobre as características que definem