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Aula 01 Crimes Contra a Fé Pública Da Falsidade de Títulos e Outros Papeis Públicos

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Direito Penal 
Aula 01 – Crimes Contra a Fé Pública – Da Falsidade de Títulos e Outros Papeis Públicos 
Código Penal – Título X 
Dos Crimes Contra a Fé Pública 
Capítulo II – Da falsidade de títulos e outros papéis públicos falsificação de papéis públicos.
	Trata-se de um crime que requer especial atenção em prova, pois as bancas examinadoras tendem a tentar confundir o candidato misturando informações que são do crime do art. 297 do Código Penal (CP), que é a falsificação de documentos públicos.
	Nesse sentido, o art. 293 do CP é específico em relação à falsificação dos documentos citados no próprio tipo penal.
	Assim, é verdade que a falsificação de um papel de crédito público, por exemplo, poderia configurar o crime de falsificação de documento público. Entretanto, em razão do princípio da especialidade, trata-se do crime de falsificação de papéis públicos.
Art. 293. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: 
Obs.: É importante destacar que o termo “fabricando-os” se refere a “criar”, já o termo “alterando-os” se refere a “modificar”.
 		Assim, tanto a criação original um papel público original quanto modificação de um papel público verdadeiro em um papel público falso configuram o crime do art. 293.
I – Selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo;
Obs.: As bancas examinadoras podem tentar confundir os candidatos quanto a esse inciso I em relação à conduta do art. 296 do CP, que é a falsificação de selo ou sinal público.
		Assim, para sanar essa dúvida, se o selo for destinado a controle tributário, o crime será o do art. 293 e não o do art. 296 do CP.
II – Papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; (títulos da dívida pública)
III – vale postal;
Obs.: O vale postal não configura mais o crime do art. 293 do CP, pois foi revogado pela Lei n. 6.538/1976, que dispõe sobre os crimes relacionados às condutas postais.
IV – Cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público; 
V – Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável;
Obs.: As condutas dos incisos II a V são de baixa incidência em provas de concursos públicos. Nesse sentido, as hipóteses dos incisos I e VI são as mais cobradas.
VI – Bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município: 
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
§ 1º Incorre na mesma pena quem: 
I – Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo;
Obs.: As condutas de falsificar e usar são distintas. No entanto, é muito comum que a pessoa falsifique e, também, use. Quando isso acontece, o sujeito responde apenas pela falsificação, pois, nesses casos, o uso é mero exaurimento da conduta de falsificar.
II – Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário;
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria:
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; 
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação.
Obs.: Vale lembrar que, uma vez que a lei não prevê uma modalidade culposa, essas condutas somente podem ser punidas por dolo. Assim, se uma pessoa adquirir um produto com selo de controle tributário falsificado, mas não sabe disso, não pode ser punida por esse crime.
O § 5º desse Art. 293 é uma norma penal explicativa, que traz a definição do que é essa atividade comercial: 
Art. 293. § 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências.
Obs.: Nesse sentido, para fins de aplicação do art. 293 do CP, o comércio pode ser exercido em diversos locais, inclusive na residência do sujeito ativo.
Continua o CP:
Art. 293. § 2º Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: 
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior.
Obs.: Vale lembrar que nos crimes contra a fé pública será punida a falsificação e o uso do documento falsificado.
§ 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora recebido de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Obs.: O § 4º pune a conduta do sujeito que recebe o papel falsificado ou alterado de boa-fé, mas, com o intuito de não ficar no prejuízo, faz o uso ou restitui esse papel à circulação de maneira dolosa. Trata-se do crime de falsificação de papel público na figura privilegiada, que é um crime de menor potencial ofensivo.
Petrechos de Falsificação 
Art. 294. Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
O crime do art. 294 do CP é considerado um crime-obstáculo, isso porque é uma conduta que pune, de forma isolada, atos preparatórios.
No entanto, se o agente consegue efetivamente falsificar o papel público, o crime do art. 294 restará absorvido pelo crime do art. 293 em virtude do princípio da consunção.
Assim, o agente só responderá pelo crime do art. 294 se não alcançar a falsificação dos papéis públicos previstos o art. 293 do CP.
Art. 295. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta- -se a pena de sexta parte.
Obs.: O Art. 295 traz um crime próprio do funcionário público.

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