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Thaís Ribeiro Garcia – “Tutoria 5ºp, M1 – DOENÇAS CAUSADAS POR PARASITAS” 1 CONFERÊNCIA 1 M1- ECTOPARASITOES ESCABIOSE (sarna) Também conhecida como sarna, é uma ectoparasitose contagiosa benigna que causa desconforto pelo surgimento de prurido. Agente etiológico: Sarcoptes scabiei rar. hominis, que é um artrópode. Ordem: acarina. Família: Sarcoptidae. Gênero: Sarcoptes. Espécie: scabiei. Escabiose tem incidência e natureza cíclica de 30 anos (15 de epidemias e 15 de intervalo entre epidemias). Isso é conhecido com imunidade herdada, que é uma imunidade adquirida à escabiose nos períodos de epidemia por indivíduos de 16 a 30 anos. Transmissão: ocorre pelo contato íntimo entre uma pessoa infestada e uma sã, onde a fêmea fertilizada é o principal estágio responsável pela infestação (embora larvas também são infestantes). Epidemiologia: infesta qualquer idade, ambos os sexos, embora crianças sejam mais comum, entre 15 e 40 anos (sexualmente ativos). Hábitos como compartilhar mesma cama e outros objetos são causas de transmissão familiar. Portanto, essa doença é considerada uma doença sexualmente transmissível facultativa. Patogênese: são ovalados, achatados e de cor branca transparente. A cabeça conjuga com o corpo formando um cefalotórax, a boca protrusa confunde com a cabeça, tem 4 pares de patas e as traseiras terminam em cerdas e as dianteiras em ventosas. O macho é menor que a fêmea. A fêmea é ovípara por toda vida e faz um túnel na pele formando o “túnel acariano” onde deposita os ovos. Após 3 dias nasce uma larva ninfa com 4 pares de patas. O ciclo completo desde o ovo até a fase adulta, demora 8 a 10 dias e a fêmea vive 1 mês. O período de incubação dos ovos é longo nos que são infestados pela primeira vez (4 a 6 semanas) e curto nos infestados previamente (24 horas). Clínica: muito prurido principalmente de noite quando o paciente está no leito e coberto, já que a fêmea aumenta sua atividade com o calor. O túnel acariano é patognomônico, é uma lesão linear sinuosa um pouco elevada da cor da pele ou acinzentada. Pode medir de 0,5 a 1 cm. Mais comum de ver essas lesões nas mãos, interdígitos, punhos, cotovelos, prega axilar anterior, cintura, polos inferiores dos glúteos, mamilos nas mulheres e genitália externa dos homens. Podem surgir bolhas, pápulas e feridas pelo ato da coçadura. Formas clínicas: escabiose do indivíduo asseado, escabiose incógnita, escabiose nodular, escabiose do idoso, escabiose crostosa ou norueguesa, escabiose do indivíduo portador de HIV. a) Escabiose do indivíduo asseado: ocorre em pessoas com bons hábitos de higiene. Diagnostico difícil por prurido ser desproporcional ao número de lesões, os túneis são escassos e as leões raras. b) Escabiose incógnita: tem a aparência alterada pelo uso de corticosteroides tópico ou sistêmico. c) Escabiose nodular: aparecimento de nódulos vermelho acastanhados, pruriginosos nas áreas cobertas do corpo como genitália masculina e regiões inguinais, axilas e cotovelos. Raro ter o parasita presente na lesão. d) Escabiose transmitida por animais: cachorro é o principal transmissor. É autolimitada pela diferença das exigências nutricionais e enzimáticas, aí os Thaís Ribeiro Garcia – “Tutoria 5ºp, M1 – DOENÇAS CAUSADAS POR PARASITAS” 2 ácaros não conseguem sobreviver na pele humana. A transmissão é mais rápida que a escabiose humana e o tempo de incubação é menor, ausência de túneis. e) Escabiose do idoso: responsa imune do idoso está diminuída e aí acontece a escabiose, acomete mais região glútea e dorso por serem mais acamados, pode ser confundida com pele seca, ansiedade. f) Sarna crostosa ou norueguesa: muito frequente em imunocomprometidos. Mesmo acaro, só que muda a clínica por características do hospedeiro. Muito contagiosa por ter muitos parasitas. Os indivíduos que apresentam essa forma quase sempre têm uma doença sistêmica importante, com alteração do sistema imune, como diabetes, leucemia, transplante com imunossupressão. Prurido não é muito comum. Presença de escamas e crostas brancas acinzentadas, queratose palmoplantar. g) Escabiose dos portadores de HIV: acomete 2 a 4% desses indivíduos. A forma papulosa e crostosa ocorrem naqueles com baixo CD4. Pode ser confundida com dermatite seborreica, psoríase e erupção por drogas. Complicações: infecções secundárias: piodermite, abcesso, celulite, erisipela, pneumonia, abcesso visceral. Glomerulonefrite difusa aguda: quando cepas habitam lesões de escabiose. Eczematização: advinda da coçadura. Prurido pós-escabiose: hipersensibilidade ao ácaro e seus ovos e fezes. Acarofobia. Diagnóstico: critérios na anamnese: prurido intenso noturno, história de contato com pessoas infestadas, distribuição típica das lesões, presença de túnel acariano. Exame dermatológico. O diagnóstico de certeza é feito com encontro de ácaro ou seus produtos nas lesões, usa a raspagem da pele para procurar. Diagnostico diferencial de qualquer pruridermias, como dermatite atópica, estrófulo, reação à picada de inseto, dermatite herpetiforme de Duhring-Brocq, dentre outras. Tratamento: escabicida aplicado em toda superfície corporal (exceto na face e couro cabeludo). Unhas aparadas. Tratar todos os contatos íntimos e o parceiro sexual. Lavar a roupa de cama e de uso pessoal (água quente ou deixar secar no sol bem quente). Não automedicar. Submeter familiares e outros de contato íntimo ao tratamento. Lembrar que mesmo eliminando o parasita o prurido se mantém. a) Tratamento específico: para uso tópico: piretroides, gamabenzeno- hexaclorado/lindiano, benzoato de benzila, malation, monossulfiram, enxofre (precipitado), crotamiton, ivermectina a 0,8%, aletrina. Escolha: efetividade, potencial de toxicidade, risco de eczema e idade do doente, e gravidez. b) Tratamento sistêmico: ivermectina: é um anti-helmíntico também usado contra filariose e estrongiloidíase. Trata formas especiais mais complicadas da escabiose. O tratamento das formas especiais é: Escabiose nodular: regride espontaneamente, corticoide tópico e/ou intralesional, exérese cirúrgica, talidomida. Escabiose animal: autolimitada, escabicida para acelerar a cura em seres humanos. Sarna crostosa: queratolíticos e escabicidas. HIV-positivos: escabicida local e ivermectina oral. Profilaxia: a prevenção em vacina e soroproteção ainda não existe. A prevenção primária inespecífica seria a educação sanitária e melhoria das condições de vida da população. Da prevenção secundária, da qual o tratamento específico faz parte, é muito importante o diagnóstico precoce da doença, isolando o indivíduo e mantendo boa higiene. Thaís Ribeiro Garcia – “Tutoria 5ºp, M1 – DOENÇAS CAUSADAS POR PARASITAS” 3 PEDICULOSE (piolho) Também chamada de anopluridose, é causada por inseto sem asa hexápode de ordem Anoplura, que é o piolho, que suga o sangue do seu hospedeiro ideal que é o homem. As duas espécies que parasitam o homem são: Pediculus humanus e Phthirus púbis. Pediculus human tem duas variedades, o capitis (piolho da cabeça) e corporis (piolho do corpo). Embora seja uma doença benigna ela é vetor para outras doenças como o tifo endêmico, febre das trincheiras e febre recorrente. Epidemiologia: pediculose de couro cabeludo acomete qualquer idade e sexo, porém, mulheres e crianças são mais afetadas. A pediculose do corpo, também chamada de pediculose dos vagabundos, acomete pessoas de baixo poder econômico ou aqueles com deficit físico e mental. É muito comum em tropas militares e refugiados de guerra. Mais comum nos EUA e rara na África. Na faixa entre 15 a 19 anos é mais comum em mulheres, e após os 20 anos mais comum nos homens. Transmissão: se dá por contato direto pessoa a pessoa, ou por meio de materiais compartilhados. Na ftiríase a transmissão é por contato sexual, partilhar leito, roupas e toalhas contaminadas. Epidemia nas escolas. Tempo de incubação: de 5 dias a várias semanas, e alguns indivíduos podem manter assintomáticos por tempo prolongado. Tamanho: Pediculus humanus corporis, macho maior que a fêmea, 2,5 a 3,5 mm. Phthirus púbis, macho: 1 mm e fêmea: 2 mm. A ftiríase quase sempre está acompanhada de IST, particularmente entre jovens solteiros. Patogênese: onde o inseto alimenta de sengue e libera saliva com propriedades antigênicas, o que leva ao prurido. A fêmea vive cerca de 1 mês e ovipõe de 7 a 10 ovos/dia. Os ovos são chamados de lêndeas, que grudam na haste do cabelo. Manifestações clínicas: prurido nas regiões laterais e posterior do couro cabeludo; Infecção secundária bacteriana) + linfadenopatia. Tratamento: é dividido em medicamentoso e não medicamentoso NÃO MEDICAMENTOSO: penteação com pente fino; catação dos piolhos; lavagem da roupa de cama, de uso pessoal e artigos para uso na cabeça; imersão das escovas e pentes em álcool/formol (1h). MEDICAMENTOSO: - LOCAL: (1) Deltametrina (xampu) – baixa toxicidade; piretróide natural; (2) Permetrina (xampu) – piretroide sintético; (3) Monossulfiram (sabonete e loção liquida) - SISTÊMICO: (1) Ivermectina oral – repetir após 10 dias Quando se tem uma infestação muito grande, infecção secundária e linfadenomegalias!!! Thaís Ribeiro Garcia – “Tutoria 5ºp, M1 – DOENÇAS CAUSADAS POR PARASITAS” 4 MIÍASE (berne) Conceito: Infestação ou invasão dos tecidos de qqr região do corpo de vertebrados vivos, por larvas de moscas. Míase furunculóide: local da penetração = pápula eritematosa, que evolui para nódulo com orifício no centro. Qdo a larva atinge a maturidade, move-se ativamente no interior do nódulo (período em que o pcte sente dor e coceira), dilata a abertura, sai (para se transformar em mosca), e a lesão cicatriza. Míase secundária cutânea: presença de pequenas larvas, incontáveis, que se movem ativamente, sobre úlceras pré-existentes, com má higiene local. Tratamento: FURUNCULÓIDE (berne/primária): Sufocar as larvas, cobrindo os orifícios com vaselina + gaze Remover no dia seguinte. SECUNDÁRIA CUTÂNEA: pulverizar a lesão ulcerada com solução anestésica (éter) e retirar as larvas com uma pinça (uma a uma) manualmente. TUNGUÍASE (bicho de pé) Conceito: doença causada pela penetração na pele pela pula Tunga penetrans. Tunga: inseto hematófago; predileção por solos arenosos, quentes e secos; abundantes em currais e chiqueiros. Reservatórios importantes: animais domésticos e ratos. Local acometido: pés (interdígitos; planta e regiões periungueais). Manifestação clínica: Pápula amarelada, com ponto negro no centro (que é a pulga). As lesões podem infectar e progredir para úlceras extensas e dolorosas. Quando há várias pulgas forma-se uma placa. Tratamento: Remover a pulga com agulha estéril, bisturi ou cureta, procurando retirar o inseto por inteiro. Infestações maciças: Tiabendazol ou Albendazol, VO (Diferentemente do piolho e da sarna, que o principal antiparasitário é a ivermectina). Estudar pelo Tratado de Clínica Médica, Antônio Lopes.