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Dermatozoonoses

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Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ª Ed. (2014) 
1 DERMATOZOONOSES 
Gizelle Felinto 
ESCABIOSE 
INTRODUÇÃO 
➢ É determinada por uma infestação por artrópodes (ácaros) 
➢ DEFINIÇÃO: 
• Sinônimos → “Escabíase” ou Sarna 
• É produzida pelo ácaro Sarcoptes scabiei var. hominis 
• Transmissão → por contato pessoal! 
▪ Não há preferência por idade, sexo ou raça 
▪ Há possibilidade de transmissão por roupas, mas não é 
tão comum 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
➢ Prurido → é o principal sintoma 
• Geralmente é intenso e durante a noite 
➢ 3 elementos a se considerar na semiótica da escabiose: 
• SULCO: 
 
 
 
 
▪ É o sulco escavado pelo parasita 
▪ Trata-se de uma pequena saliência linear, com < 1cm, 
apresentando, em uma das extremidades, uma 
vesicopápula, perlácea, do tamanho da cabeça de um 
alfinete, onde se encontra a fêmea do ácaro, que deve 
ser pesquisada 
• DISTRIBUIÇÃO: 
▪ Principalmente em: 
✓ Espaços interdigitais das mãos 
✓ Axilas 
✓ Cintura 
✓ Nádegas 
✓ Mamas 
✓ Pênis 
✓ Face 
✓ Pés 
▪ Em crianças também se vê lesões em: 
 
✓ Palmas 
✓ Plantas 
✓ Couro cabeludo 
✓ Pescoço 
• LESÕES SECUNDÁRIAS: 
▪ Escoriações + Piodermites (como Impetigo, Foliculite, 
furúnculo e ectima) 
▪ Em crianças: 
✓ Urticas e áreas de eczematização 
▪ Em idosos: 
✓ Lesões são pouco visíveis e o quadro clínico 
caracteriza-se pelo prurido, eventualmente 
intenso, e por escoriações 
DIAGNÓSTICO 
➢ É sugerido principalmente pelo prurido! 
➢ Praticamente confirma-se o diagnóstico quando vários familiares 
ou pessoas da mesma residência também apresentam prurido 
➢ O exame objetivo, pelo encontro dos sulcos ou pela distribuição, 
confirma o diagnóstico 
➢ A escabiose, frequentemente, deixa de ser diagnosticada pela 
falta de suspeita no exame clínico e torna-se atípica em várias 
situações 
➢ Apresentações atípicas da escabiose: 
• Higiene excessiva → em pessoas que tomam vários banhos 
por dia 
▪ É a “sarna em gente limpa” 
▪ Lesões são mínimas e passam despercebidas 
• Crianças: 
▪ Mascaram o quadro → presença de lesões urticadas 
ou eczematosas, principalmente em lactentes 
▪ Para o diagnóstico, o importante é a existência de 
lesões nas palmas, nas plantas e no couro cabeludo 
• Idosos: 
▪ Na pele senil, a lesão é mínima e somente com um 
exame muito atento podem ser vistos raros sulcos 
▪ Aspectos de devem chamar mais atenção: 
✓ Prurido noturno, geralmente intenso 
✓ Escoriações 
▪ Peculiaridade → em idosos ocorrem lesões no dorso 
▪ Muitas vezes, esse quadro é classificado como prurido 
senil e tratado como essa diagnose por meses 
• Iatrogenia: 
 
Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ª Ed. (2014) 
2 DERMATOZOONOSES 
Gizelle Felinto 
▪ Às vezes a parasitose é tratada, erroneamente, com 
corticoides tópicos, sistêmicos e anti-histamínicos. 
Assim, o quadro se alastra, com localizações atípicas e 
com aspecto aritêmato-urticado-eczematoso 
• Contaminação de familiares: 
▪ É comum as pessoas da mesma casa serem atingidas 
pela parasitose → por isso que é sempre necessário 
interrogar e, quando possível, examinar os familiares 
▪ Entretanto, excepcionalmente, na “sarna de gente 
limpa” ou na doença em idosos, pode não haver 
nenhuma queixa do companheiro ou companheira da 
pessoa infectada (pois as lesões são mínimas) 
• Escabiose (sarna) nodular: 
 
▪ Lesões papulonodulares e pruriginosas 
▪ Localização → regiões genital, inguinal e axilar 
▪ Em homens → no escroto e no pênis 
▪ Permanecem após o tratamento e constituem uma 
reação de sensibilidade a produtos de degradação 
parasitária 
• Hiperinfestação: 
▪ Caracteriza-se pela extensão e pela diversidade das 
lesões, com: 
✓ Escoriações 
✓ Crostas 
✓ Áreas de liquenificação 
✓ Áreas impetiginizadas 
▪ Ocorre em: 
✓ Imunodeprimidos → particularmente HIV 
positivos 
✓ Desnutridos 
✓ Pessoas de higiene precária 
• Sarna Crostosa: 
▪ É uma forma de hiperinfestação parasitária também 
encontrada em imunodeprimidos, desnutridos ou 
pessoas de higiene 
precária 
▪ Caracteriza-se 
pela formação de crostas, 
particularmente em áreas 
mais comuns de ocorrer a 
parasitose, as quais podem 
alcançar vários milímetros 
de espessura 
▪ O quadro não 
diagnosticado pode 
desencadear surtos de escabiose em asilos, hospitais 
e casas de repouso 
DIAGNÓSTICO 
➢ Se dá por: 
• Pesquisa de ácaros/ovos 
• Clínica 
• Dermatoscopia → “lesão em asa delta” 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
➢ Pesquisa dos ácaros, ovos ou cíbalos (bonicos) do ácaro 
• Deve ser feita rotineiramente, principalmente nos casos 
atípicos 
• Como é: 
▪ Escarifica-se o sulco ou a pápula suspeita com lâmina 
de bisturi ou cureta molhada em óleo mineral e coloca-
se o material em uma lâmina com óleo 
▪ Devem ser escarificadas várias lesões, podendo 
ocorrer sangramento mínimo 
▪ Deve-se examinar o material com pequeno aumento 
• Exame negativo → não afasta o diagnóstico! 
• Exame positivo → é importante para esclarecer o 
diagnóstico em crianças ou em doentes problemáticos 
PROVA TERAPÊUTICA 
➢ Indicações: 
• Quadro atípico 
• Pesquisa laboratorial negativa 
TRATAMENTO 
 PERMETRINA creme ou loção a 5%→ é o tratamento eletivo 
• É um piretroide sintético, atóxico e eficaz 
• Não é irritante como o piretroide natural (Deltametrina) e é 
mais efetiva do que o Lindano 
• Pode ser usada em: 
▪ Adultos 
▪ Crianças 
▪ Gestantes 
▪ Mulheres em aleitamento 
• Indicações eletivas em: 
▪ Gestantes 
▪ Mulheres em aleitamento 
▪ Doentes com superfície escoriada 
• Como fazer uso: 
▪ Deve-se passar a permetrina em todo o corpo (do 
pescoço aos pés), sem banho prévio, deixando-o por 10 
a 12h. Após essas horas, o paciente deve tomar banho 
e repetir outra aplicação após 24h 
▪ Deve ser usada por duas vezes, em duas aplicações, 
com uma semana de intervalo 
▪ Evitar contato com mucosas e ingestão do 
medicamento 
▪ Após 2 aplicações, se houver prurido → usar cremes 
de corticoides e anti-histamínicos 
▪ Após 1 semana, se o prurido aumentar, deve-se repetir 
a aplicação da permetrina 
▪ Após cada aplicação, toda a roupa de uso pessoal ou de 
cama deve ser lavada, porém não é necessário ser 
fervida 
 
Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ª Ed. (2014) 
3 DERMATOZOONOSES 
Gizelle Felinto 
• Deve-se evitar o supertratamento! 
• Efeitos adversos: 
▪ O uso repetido do medicamento ou de sabonete pode 
causar dermatite de contato por irritante primário 
 IVERMECTINA → é a opção eletiva para terapia sistêmica da 
escabiose 
• É a lactona macrocíclica semissintética 
• Dose e administração: 
▪ 200 µg/kg para adultos e crianças > 5 anos 
▪ Via oral, em dose única → pode ser repetida após 1 
semana novamente 
▪ É comercializada em comprimidos de 6mg → 1 
comprimido de 6mg a cada 30kg 
▪ Imunocomprometidos → são necessárias 2 doses 
➢ UTILIZA-SE O TRATAMENTO TÓPICO (PERMETRINA) + SISTÊMICO 
(IVERMECTINA) EM: 
• Imunocomprometidos 
• Em formas resistentes 
TERAPIAS ALTERNATIVAS 
 LINDANO em loção a 1% (Hexaclorogamabenzeno) → segunda 
escolha para o tratamento tópico 
• É efetivo, mas possui contraindicações 
• Contraindicações: 
▪ Crianças < 1 ano 
▪ Gestantes 
▪ Mulheres amamentando 
▪ Doentes com numerosas escoriações 
• Reações tóxicas, particularmente neurológicas, têm sido 
descritas em lactentes ou por ingestão acidental 
• O uso é similar ao uso da Permetrina 
 ENXOFRE PRECIPITADO → segunda escolha para tratamento de 
crianças 
• Empregado a 5 - 10% em vaselina ou pasta d’água, por 3 dias 
• É eficiente e pouco irritante 
• Indicações: 
▪ Gestantes 
▪ Recém-nascidos 
▪ Amamentação 
 MONOSSULFIRAM: 
• Utiliza-se esse monossulfeto de tetraetiltiuram diluído em 
água, 2 vezes para adultos e 3 vezes para crianças 
• Evitar o uso de bebidas alcoólicas durante o tratamento, 
devido ao efeito antabuse → háo acúmulo de acetaldeído 
no organismo, provocando reações desagradáveis como 
palpitação, sudorese, cefaleia, náusea e vômitos 
 BENZOATO DE BENZILA loção a 5%: 
• Deve ser usado em todo o corpo, deixando por 24 horas, por 
3 dias 
• É efetivo, mas, frequentemente, causa dermatite irritativa 
• Atualmente se encontra em desuso 
 
 
 
PROFILAXIA 
➢ É necessário tratar simultaneamente todas as pessoas atingidas 
pela parasitose para evitar o “efeito pingue-pongue” 
PRURIDO APÓS O TRATAMENTO 
➢ Nos casos em que a escabiose durou por longo período sem o 
diagnóstico, o prurido pode permanecer por semanas, por 
memória do prurido ou sensibilidade a antígenos parasitários 
➢ Nesses casos, os seguintes medicamentos são indicados até o 
desaparecimento do prurido (que é um desaparecimento 
gradual): 
 CORTICOIDES TÓPICOS E/OU SISTÊMICOS 
 ANTI-HISTAMÍNICOS 
➢ Deve-se evitar o tratamento repetido, pois ele é responsável por 
dermatites irritativas. Assim, tem-se como exemplo o uso da 
permetrina, que deve ser usada por duas vezes, em duas 
aplicações, com uma semana de intervalo 
➢ Sabonetes escabicidas → são inúteis para a CURA da escabiose, 
mas são responsáveis por dermatites eczematosas por irritação 
primária ou sensibilização 
OUTROS CASOS 
➢ NÓDULOS DA ESCABIOSE NODULAR: 
• Os nódulos persistem por meses, com prurido variável 
• Tratamento: 
 CORTICOIDE OCLUSIVO OU INFILTRAÇÃO DE 
TRIANCINOLONA 3 a 4mg por mL 
 TALIDOMIDA 100mg/dia → em formas resistentes 
➢ HIPERINFESTAÇÃO E SARNA CROSTOSA: 
• Tratamento com: 
 IVERMECTINA + PERMETRINA 
• Eventualmente, quando necessários, usar medicamentos 
para controle da infecção ou das lesões crostosas 
➢ ESCABIOSE POR ÁCAROS DE ANIMAIS E VEGETAIS: 
• A escabiose ou sarna de animais (cachorro, gato, porco, 
cavalo e outros) pode, eventualmente, atingir o homem, não 
constituindo problema significativo, já que a afecção se 
limita ao indivíduo infestado 
• Causada por variedades de Sarcoptes scabiei: 
▪ S. canis (cachorro) 
▪ S. suis (porco) 
▪ S. caprae (caprinos)... 
• Lesões: 
▪ Pápulas ou vesículas com halo urticado 
▪ Localização → áreas de contato com o animal 
infestado 
• Evolução → se dá por surtos 
• Diagnóstico → Quadro clínico + História de contato com o 
animal infestado 
• A erupção tende a desaparecer espontaneamente 
• Tratamento: 
 PERMETRINA em loção ou sabonete 
 CREME DE CORTICOIDE → se necessário 
 
Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ª Ed. (2014) 
4 DERMATOZOONOSES 
Gizelle Felinto 
▪ Deve-se excluir a fonte responsável (o contato com o 
animal infestado) 
PEDICULOSE 
INTRODUÇÃO 
➢ É uma dermatose por insetos (anopluros ou piolhos) 
➢ Os anopluros (Anaplura), comumente denominados piolhos, são 
ectoparasitas pequenos, que parasitam o couro cabeludo e o 
corpo, responsáveis pelas pediculoses 
➢ Não são de espécies diferentes, mas sim de raças biológicas 
diferentes: 
• Pediculus humanus capitis → piolho da cabeça 
• Pediculus humanus corporis → piolho do corpo 
• Gênero Phthirus → região pubiana 
 
 
 
 
 
PEDICULOSE DO COURO CABELUDO 
➢ DIAGNÓSTICO: 
• É sugerido pela queixa de prurido no couro cabeludo 
• Confirmação do diagnóstico → ao exame físico, pela 
presença de: 
▪ Ovos (lêndeas), que são ovoides, esbranquiçadas e 
aderentes à haste do cabelo 
✓ A diferença para as escamas da ptiriase capitis é 
a forma ovoide e a firma aderência das lêndeas ao 
cabelo 
▪ O encontro do parasita é mais difícil, pois necessita de 
um exame mais demorado 
➢ Prurido: 
• É essencial para o diagnóstico 
• A coçadura pode causar escoriações e infecção secundária 
• Em toda queixa de prurido no couro cabeludo, 
particularmente em crianças, deve ser feita a exclusão de 
pediculose 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEDICULOSE DO CORPO 
➢ Caracteriza-se por prurido com intensidade variável e urticas, 
que podem ter pontos purpúricos centrais 
➢ Podem ocorrer áreas de hiperpigmentação e eczematização 
➢ Áreas mais afetadas: 
• Interescapular 
• Ombro 
• Face posterior das axilas 
• Nádegas 
➢ Diagnóstico → achado do parasita nas pregas de roupas 
PEDICULOSE PUBIANA (FTIRÍASE) 
➢ Phthirus púbis → possui corpo achatado, com tórax mais largo 
que o abdome, sendo, devido a essa característica, denominado 
popularmente de “chato” 
➢ Localização: 
• Quase exclusivamente em pelos pubianos e perianais 
• Pode atingir os pelos: 
▪ Axilares 
▪ Do tronco 
▪ Das coxas 
▪ Das sobrancelhas 
▪ Dos cílios 
➢ Diagnóstico: 
• A presença é suspeitada pelo prurido 
• O diagnóstico se dá pelo achado do parasita na pele, 
frequentemente com a cabeça parcialmente induzida em 
folículo piloso, e pelo encontro das lêndeas aderentes às 
hastes pilosas 
 
 
 
 
 
 
 
 
➢ A Ftiríase pode, eventualmente, determinar, pelo prurido, 
escoriações e eczematizações. Antigamente, essas lesões eram 
descritas como “manchas azulado-acinzentadas” denominadas 
mácula cerulae 
TRATAMENTO 
➢ PEDICULOSE DE COURO CABELUDO: 
• 1ª opção: 
 XAMPU DE PERMETRINA (1%) → se deixa o produto por 
5 a 10 minutos e depois enxagua-se o cabelo, repetindo-
se o uso após uma semana 
• Alternativas (aplicados de maneira similar ao xampu de 
permetrina): 
 
Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ª Ed. (2014) 
5 DERMATOZOONOSES 
Gizelle Felinto 
 XAMPU DE LINDANO (1%) 
 XAMPU DE DELTAMETRINA (0,02%) 
• Lêndeas → devem ser removidas com pente fino, após 
passar vinagre diluído em 50% com água morna 
• É efetivo no adulto: 
 SULFAMETOXAZOL-TRIMETOPRIMA (400mg a 80mg): 
✓ Via oral 
✓ 3 vezes ao dia por 3 dias 
✓ Repetir o esquema após 10 dias 
✓ Atua somente contra os parasitas, sendo 
necessário eliminar as lêndeas 
• Em alguns casos pode ser indicado o tratamento sistêmico 
associado ao tópico 
➢ PEDICULOSE DO CORPO: 
• A higiene e a lavagem da roupa são suficientes para a cura 
➢ PEDICULOSE PUBIANA (FTIRÍASE): 
• 1ª opção: 
 LOÇÃO DE PERMETRINA (5%) 
• Alternativas: 
 LOÇÃO DE LINDANO (1%) 
 LOÇÃO DE DELTAMETRINA (0,02%) 
• Aplica-se uma dessas loções por 2 ou 3 vezes ao dia 
• Retirar as lêndeas 
• Ftiríase localizada nos cílios → deve-se usar vaselina 2 
vezes por dia, por 8 dias, com remoção manual das lêndeas 
➢ Em todos os casos de pediculose, é imprescindível examinar e 
tratar os contactantes 
 
TUNGÍASE 
INTRODUÇÃO 
➢ É uma dermatose por Siphonaptera (pulgas) 
➢ Causada pela Tunga penetrans: 
• É uma pulga que habita lugares secos e arenosos 
• É largamente encontrada nas zonas rurais, em chiqueiros e 
currais 
• Hospedeiros habituais → homem e suínos 
• São hematófagos 
• Macho → após se alimentar, abandona o hospedeiro 
• Fêmea → quando é fecundada, penetra na pele, introduzindo 
a cabeça e o tórax na epiderme, deixando fora o estigma 
respiratório e o segmento anal para a postura dos ovos. 
Alimentando-se do sangue do hospedeiro, desenvolve os 
ovos, condição em que seu abdome dilata-se enormemente, 
podendo alcançar a dimensão de uma ervilha. Expelidos os 
ovos, o parasita completa seu ciclo vital 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
➢ Na fase inicial tem-se um discreto prurido, com posterior 
aparecimento de sensação dolorosa 
➢ Lesão elementar: 
• Pápula amarelada com ponto escuro central 
• O ponto escuro é o segmento posterior contendo os ovos 
➢ Localização das lesões: 
• Ao redor das unhas 
• Dedos dos pés (artelhos/pododáctilos) 
• Pregas entre os dedos dos pés (pregar interartelhos) 
• Plantas dos pés 
➢ Eventualmente, podem ocorrer infecções secundárias, como 
piodermite ou celulite 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRATAMENTO 
➢ Enucleação da pulga com agulha estéril e desinfecção com tintura 
de iodo 
➢ É possível destruir as pulgas com eletrocautério ou eletrocirurgia 
após anestesia local 
➢ Em casos de: 
• Infestações intensas: 
 IVERMECTINA (em dose única) 
 ou 
 TIABENDAZOL (25mg/kg depeso, via oral, 2 vezes por 
dia, por 3 a 5 dias) 
• Infecções secundárias: 
 ANTIBIÓTICO POR VIA ORAL 
PROFILAXIA 
➢ Uso de calçado em áreas suspeitas 
➢ Eliminação das fontes de infestação com DDT (Dicloro-Difenil-
Tricloroetano), BHC ou fogo 
 
MIÍASE 
INTRODUÇÃO 
➢ É uma dermatose por dípteros (moscas/dípteros superiores) 
➢ São afecções causadas por larvas de moscas 
➢ Tem-se 2 formas de miíase: 
• Miíase primária → a larva da mosca invade o tecido sadio e 
nele se desenvolve, sendo, assim, um parasita obrigatório 
nessa fase 
 
Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ª Ed. (2014) 
6 DERMATOZOONOSES 
Gizelle Felinto 
• Miíase secundária → a mosca coloca seus ovos em 
ulcerações da pele ou mucosas e as larvas se desenvolvem 
nos produtos da necrose tecidual 
MIÍASES PRIMÁRIAS 
➢ Compreendem as MIÍASES FURUNCULOIDES, que são bastante 
frequentes 
➢ MIÍASE FURUNCULOIDE (berne): 
• Agente causador: 
▪ É causada pela larva de Dermatobia hominis, atingindo 
homens e animais 
▪ A mosca deposita os ovos em outras moscas ou 
mosquitos (ou seja, não deposita diretamente no 
hospedeiro). Assim, quando o inseto veiculador pousa 
no homem ou no animal de sangue quente, a larva da D. 
hominis projeta-se para fora e abandona o ovo. Ao 
penetrar na pele do hospedeiro, essa larva se 
desenvolverá por um período de 30 a 70 dias, quando 
abandona o hospedeiro, cai no solo e transforma-se em 
pupa. Em 60 a 80 dias, forma-se o inseto alado 
• Manifestações clínicas: 
 
▪ Em geral, a penetração da larva passa despercebida 
▪ Com o desenvolvimento da larva, forma-se um nódulo 
furunculóide: 
✓ Difere do furúnculo por ser menos inflamatório e 
por apresentar, em sua parte central, um orifício 
que deixa sair, pela expressão leve, uma 
serosidade 
▪ Dor → é variável e de acordo com a localização do 
nódulo furunculóide 
✓ Frequentemente, os pacientes relatam uma 
sensação dolorosa referida como ferroada 
▪ Ao atingir a maturidade, a larva move-se ativamente no 
interior do nódulo, dilata a abertura e sai. Após isso, há 
a cicatrização 
▪ Eventualmente, pode ocorrer infecção secundária, 
como abscesso e celulite 
▪ O berne é muito comum em certas áreas e atinge 
qualquer região do corpo, inclusive o couro cabeludo, 
em número variável 
▪ Pode ocorrer penetração de mais de uma larva no 
mesmo local 
• Tratamento: 
▪ Consiste na espremedura da lesão, puxando-se a larva 
suavemente com uma pinça. Além disso, uma pequena 
incisão no orifício da penetração facilita esse 
procedimento 
▪ Procedimentos leigos: 
✓ Colocar uma porção de toucinho orifício do 
nódulo, deixando-o assim por algumas horas. A 
larva, necessitando respirar, penetra no toucinho 
✓ Colocar uma tira de esparadrapo sobre a lesão, 
que é retirada após algumas horas. A larva surge 
no orifício e pode ser retirada ou sair pela 
expressão 
▪ Após a eliminação da larva, a lesão melhora 
rapidamente 
MIÍASE SECUNDÁRIA 
➢ 3 FORMAS, DE ACORDO COM A LOCALIZAÇÃO: 
• Cutânea 
• Cavitária 
• Intestinal 
➢ MIÍASE CUTÂNEA: 
• Ocorre pelo depósito de ovos de mosca em ulcerações da 
pele com o desenvolvimento de larvas 
• Vulgarmente chamada de “Bicheira” 
• Agentes causadores: 
▪ Cochliomyia macellaria (mosca varejeira) 
▪ Outras espécies de mosca, especialmente as dos 
gêneros Lucilia e família Sarcophagidae 
• Ocorre principalmente por falta de cuidados adequados em 
ulcerações cutâneas, sendo que as larvas se limitam a 
devorar os tecidos necrosados, sem provocar hemorragias 
• Diagnóstico: 
▪ É fácil, pois as larvas são vistas de movimentando 
ativamente na ulceração cutânea 
• Tratamento: 
▪ Retirar as larvas após mata-las com: 
 Éter ou borrifos de Nitrogênio líquido 
▪ Há referências favoráveis ao uso de: 
 CREME DE IVERMECTINA a 1% → deve ser aplicado 
na lesão e retirado com solução salina após 2 
horas 
➢ MIÍASE CAVITÁRIA: 
 
 
Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ª Ed. (2014) 
7 DERMATOZOONOSES 
Gizelle Felinto 
• Encontra-se na cavidade: 
▪ Nasal → principalmente em doentes com 
Leishmaniose nasal 
▪ Da orelha 
▪ Da órbita ocular 
• Gravidade → depende da localização e do grau de 
destruição 
▪ Os quadros mais graves são causados pela Cochliomyia 
hominivorax 
• Tratamento: 
▪ Consiste em matar as larvas com éter, nitrogênio 
líquido ou solução anestésica e retirar as larvas 
 
➢ MIÍASE INTESTINAL: 
• É causada pela ingestão de larvas em bebidas ou alimentos 
contaminados 
• Sintomatologia → depende da espécie e do número de 
larvas e da imunidade individual 
RESUMINDO, O TRATAMENTO DA MIÍASE CONSISTE EM 
➢ Borrifar éter ou nitrogênio líquido no local para matar as larvas 
➢ Creme de ivermectina 1% → por 2 horas 
➢ Retirar as larvas após mata-las com um dos procedimentos 
acima 
LARVA MIGRANS 
INTRODUÇÃO 
➢ É uma dermatose causada por um Nematelminto 
➢ É uma afecção frequente 
➢ Sinônimos: 
• Dermatite linear serpeante 
• Bicho geográfico 
• Bicho de praia 
➢ Agentes causadores: 
• Larvas de Ancylostoma braziliensis → é um parasita normal 
do cão e do gato, sendo o mais comum 
• Ancylostoma caninum 
➢ Como acontece: 
▪ Os ovos desses parasitas são eliminados nas fezes de 
cães/gatos, desenvolvendo-se muito bem na areia ou 
no terreno arenoso e, em condições favoráveis (calor 
e umidade), em 1 semana tornam-se larvas infestantes. 
Quando o indivíduo entra em contato com esse local 
contaminado, há a penetração da larva na sua derme. 
Essa larva na pele desloca-se em um trajeto linear e 
sinuoso, causando erupção ligeiramente saliente que 
apresenta, na porção terminal, uma pápula onde está 
localizada a larva 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
➢ Lesão elementar → erupção ligeiramente saliente + Pápula na 
porção terminal 
 
 
➢ Prurido → é moderado a intenso, particularmente quando ocorre 
uma infestação numerosa 
➢ Complicações (principalmente em casos de infestação maciça): 
• Infecção 
• Eczematizaçaõ 
DIAGNÓSTICO → se dá pelos seguintes elementos 
➢ História clínica: 
• A presença de complicações dificulta o diagnóstico, assim 
reconhecer lesões características e associar a dados da 
história do paciente é essencial 
• Exposição em praia ou terreno arenoso 
➢ Exame físico → identificar as características da lesão 
TRATAMENTO 
➢ TRATAMENTO ELETIVO: 
 ALBENDAZOL 400mg → via oral e em dose única 
▪ Em infestação resistente ou intensa → repetir 
ALBENDAZOL após 24 e 48h 
➢ Também pode ser efetiva: 
 IVERMECTINA 200µg/kg → via oral e em dose única 
▪ Se necessário, repete-se após 1 semana 
➢ Infestação mínima (uma ou duas larvas) e prurido tolerável → 
tratamento tópico é eficaz: 
 
Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti – 1ª Ed. (2014) 
8 DERMATOZOONOSES 
Gizelle Felinto 
 POMADA DE TIABENDAZOL 5% → é necessária até 2 semanas 
de uso para a cura 
➢ Gelo no local → para diminuir o prurido 
➢ Outro procedimento efetivo → congelamento da larva (que está 
ao final do trajeto, na pápula) com: 
• Neve carbônica 
• Nitrogênio líquido 
• Gás carbônico 
PROFILAXIA 
➢ É de suma importância 
➢ Deveria ser proibida a permanência, nas praias, de cães e gatos. 
Porém, como isso praticamente não ocorre, deve-se evitar áreas 
arenosas sombreadas e úmidas, onde as larvas se desenvolvem 
➢ Em tanques de areia de parques e escolas deve-se ter proteção 
contra dejetos de cães e gatos

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