Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Distúrbios da cavidade oral É por meio da anamnese que o profissional detecta algo que o indivíduo possa apresentar na cavidade oral, incluindo seus hábitos alimentares, hábitos de higiene oral e com relação ao seu estado oral. Exemplos de alguns distúrbios: - Doença periodontal - Perda dental e próteses dentárias - Manifestações orais de doenças - Carência nutricional MUCOSITE ORAL É uma inflamação da mucosa oral caracterizada pela presença de eritema (vermelhidão inflamatória da mucosa) e/ou ulceração. • Perda da integridade da mucosa: infecções secundárias (Cândida) Terapia nutricional Baseado no estado nutricional prévio e do tratamento previsto. Prefere-se a via oral para alimentação, com modificações dietéticas de acordo com as queixas e limitações detectadas. Nutrição enteral (por sonda) • Sendo utilizado em casos de desnutrição. • Utilizada também quando os efeitos colaterais do tratamento impedem ingestão alimentar satisfatória Orientação nutricional • Evitar alimentos ácidos e crus • Evitar alimentos muito quentes ou muito frios • Preferir alimentos pastoso, leves e macios (livre de temperos) • Encaminhar para o estomatologista • Consistência da dieta, de acordo com o grau de mucosite • Encaminhar para o nutricionista: é comum risco nutricional/perda de peso/desnutrição e ingestão alimentar insuficiente CANDIDÍASE ORAL É uma infecção fúngica oral, sendo observada em doenças crônicas, como o câncer oral. Além disso, é comum observarmos esse distúrbio em lactantes. Terapia nutricional Deve ser baseada em uma dieta branda ou individualizada, aquela em proteínas, vitaminas etc. • Aumentar o consumo de alimentos ricos em vitaminas e demais nutrientes • Diminuir o consumo de alimentos ácidos e quentes, condimento e sal, carboidratos refinados, alimentos secos e duros. XEROSTOMIA OU APTIALISMO OU BOCA SECA Pode ser observado em várias doenças, como diabetes méritos mal controlado, doenças autoimunes e ainda pode surgir em consequência de radioterapia e certos medicamentos. Efeitos • Ausência de saliva, comprometendo a mastigação • Sensação de paladar (disgeusia – alteração paladar) • Causa dor • Aumenta o risco de cáries dentárias e infecções Terapia nutricional • Estimular a produção de saliva (usando goma de mascar, pastilhas - sem limão) • Se a saliva estiver grossa, enxaguar a boca com água ou soro fisiológico após a ingestão dos alimentos • Ingerir alimentos ricos em água. Alimentos mastigáveis, secos, esfarelados e pegajosos podem ser pouco tolerados • Ingerir líquidos nas refeições e nos seus intervalos • Evitar alimentos açucarados devido a diminuição da salivação PTIALISMO É a existência de grande produção de saliva (sialorreia), resultando na hipersecreção salivar. Pode ser observado em adultos com doenças neurodegenerativas, e comum em crianças com paralisia cerebral. Terapia nutricional • Evitar dietas líquidas (para prevenir engasgos) • Evitar sólidos para não estimular ainda mais a produção de saliva • Uso de dieta branda é mais bem sucedida Orientação nutricional para minimizar a disgeusia • Enxaguar a boca antes das refeições • Chupar balas azedas ou amargas (sem açúcar) ou gotas de limão • Evitar alimentos desagradáveis ao paladar • Usar temperos mais fortes para intensificar o sabor dos alimentos como: manjericão, orégano, hortelã e salsinha • Aumentar o consumo de alimentos com alto teor de zinco (carnes bovina, de frango e peixe, fígado, cereais, legumes) DEFICIÊNCIA DE ZINCO PODE CAUSAR: DISGEUSIA/AGEUSIA E ANOREXIA. DISFAGIAS É a dificuldade para deglutir. Tipos de disfagias 1. Disfagia alta ou orofaríngea – dificuldade de transferir o alimento da boca até a faringe e o esôfago. O paciente com esse tipo de disfagia apresenta dificuldade em deglutir líquidos, podendo gerar aspiração. Causa tosse e engasgos durante as refeições. ▪ Dietas modificadas para disfagias orofaríngeas ➢ Dieta pastosa – alimentos na consistência de pudim (disfagia moderada à grave) – quando o paciente pode comer via oral. ➢ Dieta semi-sólida – transição da textura pasto para a mais sólida (disfagia leve a moderada). ➢ Dieta branda – transição para a dieta normal, quando esta for possível (disfagia leve). 2. Disfagia baixa ou esofagiana - pode apresentar dificuldade de deglutir sólido, mas também pode ter dificuldade em deglutir líquidos. O paciente se queixa pelo alimento não passar direito ou sente uma pressão no peito direito que se assemelha a angina. Consequências da disfagia • Desnutrição • Desidratação (na disfagia orofaríngea, devido a dificuldade de deglutir líquidos) • Aspiração e pneumonia • Aspectos psicossocial QUEM AVALIA O QUE O PACIENTE PODE COMER OU BEBER É O FONOAUDIÓLOGO E O NUTRICIONISTA. Sintomas • Anorexia (falta de apetite) • Perda de peso • "Alimento acumulado na garganta" • Desconforto ao deglutir • Engasgar-se com comida, bebida ou saliva • Ardor de estômago ou refluxo ácido Orientações • Evitar alimentos secos e duros • Preferir alimentos umedecidos • Aumentar o aporte calórico e proteico das refeições • Ofertar suplemento oral conforme individualidade do paciente • Manter cabeceira elevada para alimentar-se Distúrbios do esôfago O esôfago tem como principal função o transporte do alimento da boca ao estômago. • Causam disfagia • Dentre eles, destacam-se: Acalasia e Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) no adulto ACALASIA (DISSINERGIA ESOFAGICA) É uma doença motora (funcional) do esôfago, caracterizada por relaxamento parcial ou ausente do esfíncter Esofágico Inferior (EEI) e contrações não- peristálticas no corpo esofágico – defeito de inervação do músculo liso no corpo do esôfago e no EEI. • Ocorre um impedimento a passagem do alimento no esfíncter esofágico inferior causando uma obstrução funcional, onde o esfíncter esfinge relaxa apropriadamente em resposta a deglutição. • Associada a pressão elevada do EEI Sintomas • Disfagia - mais provável para alimentos sólidos (mais frequente) • Regurgitação do volume acumulado no esôfago • Pirose (azia) • Dor torácica • Perda de peso Consequências • Megaesôfago – onde a maioria dos pacientes é eutrófico, sendo um paciente desnutrido Terapia nutricional • Dieta hipercalórica e hiperprotéica (para os desnutridos) • Dieta por via oral líquida • Dieta por sonda • Dieta fracionada em 6 a 7 vezes por dia • Fornecer liquido a cada refeição, a menos que a disfagia impeça a deglutição apropriada de líquidos • Evitar sucos e frutas ácidas e temperaturas elevadas DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) NO ADULTO É uma doença do trato digestivo, caracterizada por um refluxo ácido crônico, que ocorre quando o conteúdo do estômago retorna para o esôfago. Fatores predisponentes do Refluxo Gastroesofágico - Obesidade e gravides, pois há o aumento da pressão intra-abdominal, forçando os conteúdos ácidos do estômago para cima do esôfago IMC ACIMA DE 25KG/M² CONSTITUI FATOR DE RISCO PARA DRGE EROSIVA. - Hérnia de hiato: deslocamento de uma porção do estômago acima do músculo diafragma. Objetivos da terapia nutricional • Aumentar a motilidade do TGI • Diminuir a produção de secreção gástrica • Reduzir os sintomas nos pacientes com refluxo ou esofagite • Corrigir e manter o peso ideal Terapia nutricional • Calorias – suficiente para manter o peso ideal (se necessário, programar a perda de peso) • Lipídios – hipolipídica; evitar alimentos e preparações gordurosas. • Proteínas – rica em proteínas (evitar exageros de carnes) • Consistência da dieta – fase “aguda”: liquida ou semilíquida (com melhora de disfagia) • Fracionamento – 6 a 8 pequenas refeições de pequenos volumes para evitar o refluxo • Líquidos – preferencialmente entre as refeições (evitarnas refeições principais para diminuir o volume ingerido) • Evitar alimentos que diminua a pressão do esfíncter esofágico inferior: café comum descafeinado, mate, chá reto, bebidas alcoólicas, chocolate, cebola, alho • Evitar alimentos que irritam a mucosa inflamada: sucos e frutas ácidas, tomate • Evitar alimentos que estimulam a secreção ácida: com alto teor de purinas, café, refrigerantes, bebidas alcoólicas Recomendações gerais - Controlar o peso corpóreo - Redução drástica ou cessação do tabagismo - Usar roupas razoavelmente folgadas - Não comer antes de dormir (espaço de 2 a 3h) - Realizar refeições menores em horários regulares - Ingerir líquidos 1h antes ou depois, não durante as refeições - Manter a cabeceira da cama elevada Distúrbios gástricos DISPEPSIA É uma condição no qual o paciente apresenta problemas relacionados à má digestão e alterações na sensibilidade da mucosa do estômago. Causas Ingestão rápida de alimentos, excesso de alimentos, mastigação insuficiente ou inadequada. Sintomas • Saciedade precoce • Desconforto pós-prandial (restringir alimentos ricos em gordura) • Dor ou queimação epigástrica • Inchaço (sensação de distensão) • Náuseas e vômitos • Regurgitação (refluxo) • Eructação (arrotos) Possíveis consequências nutricionais - Dieta alterada - Possível ingestão geral diminuída - Intolerâncias alimentares aumentadas Tipos de dispepsia 1. Funcional (DF) – condição de sintomas persistentes e repetidos de indigestão. Seu diagnóstico é dado por saciedade precoce, dor epigástrica, queimação epigástrica. Conduta dietoterápica • Enfatizar mastigação lenta • Dieta fracionada e menos volume • Diminui a ingestão de bebidas gaseificadas, alimentos ricos em gorduras, frituras e álcool • Evitar líquidos junto com as refeições maiores • Verificar os alimentos que pioram os sintomas Alimentos que podem interferir nos sintomas da DF Alimentos: ricos em gordura, ácidos, com cafeína, condimentados. Distúrbios intestinais DIARRÉIA AGUDA Presença de 3 ou mais evacuações aquosas em um período de 24h ou mais. Causado por diferentes microrganismos infecciosos (bactérias, vírus e outros parasitas) • Sintomas intestinais e sistêmicos na intolerância à lactose • Conduta nutricional - Dieta constipante/diminuída em resíduos e antifermantativa - Restrita em lactose - Diminuída em gorduras e sacarose DIARRÉIA CRÔNICA É aquela em que o aumento da quantidade de evacuações por dia e amolecimento das fezes dura por um período maior ou igual a 4 semanas. - Síndrome do Intestino Irritável - Síndrome do Intestino Curto - Disbioses Disbiose intestinal É uma condição clínica que acontece quando a microbiota intestinal está sofrendo algum desequilíbrio de bactérias. Suas principais causas são: - Má alimentação - Idade - Estresse - Sedentarismo - Antibióticos - Genética - Bebida alcoólica - Consumo de agrotóxicos Classificação da Diarreia crônica • Primária (funcional) – sem alterações estruturais ou metabólicas que as justifiquem. É influenciada por fatores culturais, psicológicos, dietéticos e hábitos de vida. • Secundária (orgânica) Critérios para o diagnóstico de diarreia funcional sugeridos pelo Consenso de Roma IV - >25% das evacuações anormais: - Fezes moles ou aquosas - Tipo 6 (fezes pastosas ou semi-líquidas) ou 7 (fezes líquidas) na escola de Britsol - Ausência de dor abdominal - Sintomas há, no mínimo, 6 meses Conduta nutricional - Alimentação com baixo teor de oligossacarídeos (trigo, cebola e alho), dissacarídeos (lactose), monossacarídeos fermentáveis e polióis (açúcares do tipo álcool) CONSTIPAÇÃO INTESTINAL Alteração no funcionamento do intestino com duração mínima de 3 meses em que o paciente poderá ter uma frequência evacuatória menor que 3 evacuações por semana com alteração no ato de evacuar e na qualidade das fezes, ou seja, fezes ressecadas com muita dificuldade para expelir. Fatores de risco • Sexo feminino • Populações de baixa renda • Envelhecimento • Inatividade física • Baixa ingestão de fibras e líquidos • Uso de medicamentos Conduta nutricional - Dieta laxante (rica em fibras dietéticas) - Aumentar o consumo de água Fibras dietéticas INSOLÚVEIS São “não” viscosas. Possuem alta capacidade de retenção de água, aumentando o peso/volume/massa das fezes. Além disso, aumentam a motilidade e o número de evacuações. Exemplo: leguminosas, cereais integrais, talos, verduras, mamão, cenoura, ameixa. SOLÚVEIS Em sua maioria viscosas (capacidade de formar géis), aumentando a viscosidade do meio intestinal. Pode alterar o peso das fezes. Exemplo: beterraba, maçã, frutas cítricas, linhaça, abacate.
Compartilhar