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DOENÇAS BACTERIANAS DOS SISTEMAS CIRCULATÓRIO E LINFÁTICO SEPSE E CHOQUE SÉPTICO • E mesmo que o sangue normalmente seja estéril, números moderados de microrganismos podem entrar na corrente sanguínea sem causar danos. • Além disso, o sangue tem pouco ferro disponível, que é necessário para o crescimento bacteriano. • O sangue e a linfa contêm várias células fagocíticas de defesa. • Mas, se as defesas dos sistemas circulatório e linfático falham, os micróbios podem proliferar no sangue. • A sepse é definida como uma síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) causada por um foco de infecção que libera mediadores da inflamação dentro da corrente sanguínea. • O local de infecção em si não é necessariamente a corrente sanguínea, e em cerca de metade dos casos nenhum micróbio é encontrado no sangue. • A sepse e a septicemia são frequentemente acompanhados do aparecimento de uma linfangite, vasos linfáticos inflamados visíveis, como estrias vermelhas sob a pele, percorrendo o braço ou a perna a partir do sítio da infecção • Se as defesas do corpo não controlarem rapidamente a infecção, e a síndrome da resposta inflamatória sistêmica resultante, os resultados são progressivos e frequentemente fatais. • Os sinais e os sintomas mais óbvios são febre, calafrios e batimentos cardíacos e respiração acelerados. • Quando a sepse resulta em uma queda da pressão arterial (choque) e na disfunção de pelo menos um órgão, ela é considerada uma sepse severa. • Uma vez que os órgãos comecem a falhar, a taxa de mortalidade torna-se alta. • Um estágio final, quando a baixa pressão sanguínea não pode mais ser controlada pela adição de fluidos, é o chamado de choque séptico. Highlight SEPSE GRAM-NEGATIVA • O choque séptico é mais provavelmente causado por bactérias gram-negativas. • A paredes celulares de muitas bactérias gram-negativas (lipopolissacarídeos tóxicos [LPS]) contêm endotoxinas que são liberadas após a lise da célula. o Essas endotoxinas podem causar uma queda brusca na pressão sanguínea com seus sinais e sintomas associados. • Cerca de 750 mil casos de choque séptico ocorrem a cada ano nos Estados Unidos; pelo menos 225 mil são fatais. • Os sintomas iniciais da sepse não são muito específicos ou particularmente alarmantes. o Portanto, os tratamentos com antibióticos, que muitas vezes podem interrompê-la, não são administrados. • A progressão para os estágios letais é rápida e geralmente impossível de ser tratada de modo eficaz. o A administração de antibióticos pode até mesmo agravar a condição ao causar a lise de grandes quantidades de bactérias, que, então, liberam mais endotoxinas o Além dos antibióticos, o tratamento do choque séptico envolve tentativas de neutralizar os componentes do lipopolissacarídeo tóxico e as citocinas que causam a inflamação. o As tentativas de desenvolvimento de um fármaco efetivo, capaz de realizar essa neutralização, não têm sido bem-sucedidas até o momento. SEPSE GRAM-POSITIVA • Hoje, as bactérias gram-positivas são as causas mais comuns de sepse. • Tanto os estafilococos quanto os estreptococos produzem exotoxinas potentes que causam a síndrome do choque tóxico • O uso frequente de procedimentos invasivos nos hospitais permite que as bactérias gram-positivas entrem na corrente sanguínea. o Essas infecções associadas aos cuidados da saúde (IACSs) representam um risco em particular para os pacientes que são submetidos a procedimentos regulares de diálise para disfunção renal. • Os componentes bacterianos que levam ao choque séptico na sepse gram-positiva não são conhecidos com certeza. o Possíveis fontes são os vários fragmentos da parede celular de bactérias gram-positivas ou até mesmo o DNA bacteriano. • Um grupo especialmente importante de bactérias gram-positivas são os enterococos, os que são responsáveis por muitas infecções associadas aos cuidados da saúde. • Os enterococos são habitantes do colo humano e frequentemente contaminam a pele. • Duas espécies específicas, Enterococcus faecium e Enterococcus faecalis, são atualmente reconhecidas como as principais causas de infecções associadas aos cuidados da saúde de ferimentos e do trato urinário. • Os enterococos têm uma resistência natural à penicilina e têm adquirido rapidamente resistência a outros antibióticos. o O que os tornou uma emergência médica é o aparecimento de linhagens resistentes à vancomicina. o A vancomicina costumava ser o único antibiótico ao qual essas bactérias, em particular o E. faecium, ainda eram sensíveis. • E tem uma preocupação cada vez mais crescente em relação aos estreptococos do grupo B (GBS). • Streptococcus agalactiae é o único streptococos do grupo B, sendo este a causa mais comum de sepse neonatal, que representa um risco à vida. • É recomendam que mulheres grávidas sejam testadas para a presença de streptococos do grupo B vaginal, e que as mulheres positivas recebam antibióticos durante o parto. SEPSE PUERPERAL • A sepse puerperal, também chamada de febre puerperal e febre do parto, é uma infecção associada aos cuidados da saúde. • Ela começa como uma infecção do útero resultante de parto ou aborto. • Streptococcus pyogenes, um estreptococo β-hemolítico do grupo A, é a causa mais frequente, mas outros organismos possam causar infecções desse tipo. • A sepse puerperal progride de uma infecção do útero para uma infecção da cavidade abdominal (peritonite) e, em muitos casos, para sepse. • Essa doença é transmissível pelas mãos e pelos instrumentos das parteiras ou dos médicos, e que a antissepsia das mãos e a desinfecção dos instrumentos poderia impedir essa transmissão. • Os antibióticos, sobretudo a penicilina, e as práticas modernas de higiene hoje têm feito da sepse puerperal por Streptococcus pyogenes uma complicação incomum nos partos. TERAPIA PARA A SEPSE • Uma terapia efetiva para a sepse é uma prioridade médica e provavelmente exigirá abordagens inteiramente novas. • Mas como os sintomas da sepse são, em grande parte, causados pela resposta do corpo à infecção, resposta que tem sido descrita como “desnecessariamente exuberante”. o Qualquer agente capaz de suprimir essa resposta o faria independentemente da origem da infecção. o Mesmo na ausência dessas terapias, o atendimento conferido aos pacientes com sepse tem melhorado, e a taxa de mortalidade nos últimos anos diminuiu bastante, mas ainda gira em torno de 20 a 25%. O diagnóstico é primariamente clínico, combinado com resultados de cultura que demostram infecção; reconhecimento e tratamento precoces são cruciais. O tratamento é feito com reanimação agressiva com líquidos, antibióticos, excisão cirúrgica de tecidos infectados ou necróticos e drenagem de pus, e cuidados de suporte. Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight ENDOCARDITE- INFECÇÕES BACTERIANAS DO CORAÇÃO • A endocardite é uma inflamação do endocárdio (reveste o músculo cardíaco em si e recobre as valvas) • Um tipo de endocardite bacteriana, a endocardite bacteriana subaguda (desenvolver lentamente), é caracterizada por febre, fraqueza generalizada e um sopro no coração. o Em geral, é causada por estreptococos α-hemolíticos (com mais frequência, Streptococcus viridans), que são comuns na cavidade oral, mas enterococos e estafilococos também podem estar envolvidos. o A condição provavelmente surge a partir de um foco de infecção em qualquer parte do corpo, como nos dentes ou nas tonsilas. o Os microrganismos são liberados por extrações de dentes ou tonsilectomias, entram na corrente sanguínea e encontram o seu caminho para o coração. o Normalmente, essas bactérias seriam rapidamente eliminadas do sanguepelos mecanismos de defesa do corpo. ▪ Mas, em indivíduos em que as valvas cardíacas são anormais, devido a defeitos cardíacos congênitos ou doenças, como a febre reumática e a sífilis, as bactérias alojam-se nas lesões preexistentes. ▪ Dentro das lesões, as bactérias multiplicam-se e ficam retidas nos coágulos sanguíneos, que as protegem da fagocitose e dos anticorpos. ▪ À medida que a multiplicação progride e que os coágulos aumentam de tamanho, fragmentos do coágulo rompem-se e podem bloquear os vasos sanguíneos ou se alojar nos rins. ▪ Com o tempo, a função das valvas do coração é prejudicada. ▪ Se não tratada com antibióticos apropriados, a endocardite bacteriana subaguda é fatal em poucos meses • Um tipo progressivo mais rápido de endocardite bacteriana é a endocardite bacteriana aguda, que geralmente é causada pelo Staphylococcus aureus. o Inicialmente, a endocardite bacteriana aguda se apresenta com sintomas inespecíficos, semelhantes aos de uma gripe, sua condição se deteriora rapidamente, incluindo distúrbios do débito cardíaco e evidência de embolização séptica. ▪ Mesmo que os sintomas iniciais podem ser brandos, mas febre, calafrios e dor pleurítica causada por embolia pulmonar geralmente estão presentes. o Os organismos encontram o seu caminho do local inicial da infecção para as valvas normais ou anormais; a destruição rápida das valvas do coração muitas vezes é fatal em alguns dias ou semanas, se não tratada. o Os estreptococos também podem causar pericardite, inflamação do saco que circunda o coração (o pericárdio). o Taxa de mortalidade de aproximadamente 50% Highlight • Endocardite causada por Pseudomonas é incomum, mas é principalmente observada em usuários de drogas intravenosas. o Esses pacientes contraem a infecção com o uso da parafernália de drogas contaminadas com os organismos da água. o A válvula tricúspide é frequentemente envolvida, e está associada com infecção de curso crônico, mas com prognóstico mais favorável do que nos pacientes que apresentam infecções da aorta ou da válvula mitral. O diagnóstico da endocardite bacteriana baseia-se no exame físico, no levantamento da história clínica e na avaliação dos sintomas que o doente apresenta. A hemocultura é um exame de sangue que tem se mostrado indispensável para identificar o tipo de bactéria responsável pela infecção e orientar o tratamento. Outro exame importante é o ecocardiograma. Por meio de ondas sonoras, ele permite construir imagens do coração, reproduzindo as condições em que se encontram as válvulas cardíacas e reconhecendo a presença de coágulos, se houver Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight FEBRE REUMÁTICA • As infecções estreptocócicas, como aquelas causadas pelo Streptococcus pyogenesm (beta-hemoliticos do grupo A) muitas vezes levam à febre reumática, geralmente considerada uma complicação autoimune. • Ela ocorre principalmente em pessoas com idades entre 4 a 18 anos e, com frequência, desenvolve-se após um episódio de dor de garganta estreptocócica, sendo então uma complicação não supurativa da faringite por Streptococcus pyogenes, ocorrendo, principalmente, durante os meses de outono ou inverno o Além disso, a febre reumática está associada à faringite estreptocócica, mas não a infecções cutâneas estreptocócicas • Em geral, a doença manifesta-se como um curto período de artrite e febre. o Nódulos subcutâneos nas articulações frequentemente acompanham esse estágio o As manifestações em articulações podem variar de artralgias a artrite clara, com envolvimento de múltiplas articulações em um padrão migratório • Em cerca da metade das pessoas afetadas, uma inflamação do coração, provavelmente resultante de uma reação imune mal direcionada contra a proteína M estreptocócica, danifica as valvas. o O dano às valvas cardíacas pode ser grave o suficiente para resultar em insuficiência e morte. • As pessoas que já apresentaram um episódio de febre reumática estão em risco de novo dano imunológico, devido à estimulação do sistema imune, ao adquirirem repetidas infecções de garganta por estreptococos. • Cerca de 10% das pessoas com febre reumática desenvolvem coreia de Sydenham, complicação incomum. • Vários meses após um episódio de febre reumática, o paciente (muito provavelmente do sexo feminino) apresenta movimentos involuntários, sem propósito, durante as horas de vigília. o As vezes sedação é necessária para impedir que o paciente se lesione pela agitação dos braços e das pernas. o A condição desaparece depois de alguns meses. • As bactérias permaneceram sensíveis à penicilina, e os pacientes com um risco em particular, como esses, geralmente recebem uma injeção preventiva mensal de penicilina G benzatina de ação prolongada. • Não é transmissível • Como nenhum teste específico pode identificar pacientes com febre reumática, o diagnóstico é feito com base nos achados clínicos e em evidências documentadas de uma infecção recente por Streptococcus pyogenes, tais como o (1) cultura de orofaringe positiva ou teste específico baseado em ácidos nucleicos; o (2) detecção do antígeno de grupo A em swab de orofaringe; ou o (3) uma elevação dos anticorpos anti-ASO, anti-DNase B, ou antihialuronidase. ▪ Títulos de anticorpos elevados ou em ascensão seria uma forte evidência de febre reumática. ANTRAZ • O Bacillus anthracis, é a bactéria que causa o antraz em animais. • O bacilo formador de endósporo é um microrganismo gram-positivo, aeróbio, aparentemente capaz de crescer lentamente em determinados tipos de solo que apresentam condições de umidade específicas. • Os endósporos já sobreviveram em testes de solo por mais de 60 anos. • A doença atinge principalmente mamíferos com hábitos de pastejo, como bovinos e ovinos. • Os endósporos do Bacillus anthracis são ingeridos juntamente com as gramíneas, causando sepse fulminante. • Pessoas em risco são aquelas que trabalham com animais, peles, lã e outros produtos animais de certos países estrangeiros. • As infecções por Bacillus anthracis são iniciadas por endósporos. o Uma vez introduzidos no corpo, eles são capturados pelos macrófagos, onde germinam em células vegetativas. o Eles não são destruídos, mas, ao contrário, multiplicam-se, finalmente destruindo o macrófago. o As bactérias liberadas, então, entram na corrente sanguínea, replicam-se rapidamente e secretam toxinas. • Os principais fatores de virulência de Bacillus anthracis são duas exotoxinas. o Ambas as toxinas compartilham um terceiro componente tóxico, uma proteína de ligação ao receptor celular, chamada de antígeno protetor, que liga as toxinas às células-alvo e permite a sua entrada. o Uma toxina, a toxina de edema, causa edema local (inchaço) e interfere com a fagocitose pelos macrófagos. o A outra toxina, a toxina letal, destrói macrófagos, seu alvo específico, o que desabilita uma defesa essencial do hospedeiro. • Além disso, a cápsula de Bacillus anthracis é bastante incomum. o Ela não é um polissacarídeo, mas é constituída de resíduos de aminoácidos, que não estimulam uma resposta protetora pelo sistema imune. o Então uma vez que as bactérias antraz entram na corrente sanguínea, elas proliferam sem qualquer inibição eficaz até que haja dezenas de milhões por mililitro. o Essas populações imensas de bactérias secretoras de toxinas, por fim, destroem o hospedeiro. • O antraz afeta os seres humanos de três formas: antraz cutâneo, antraz gastrintestinal e antraz inalatório (pulmonar). • O antraz cutâneo resulta do contato com material contendo endósporos de antraz. o Mais de 90% dos casos de ocorrência natural em seres humanos são cutâneos; o endósporo entra em alguma lesãopequena na pele. Highlight o Surge uma pápula e, por fim, vesículas, que se rompem e formam uma área ulcerada, em depressão, coberta por uma escara (crosta) negra o Na maioria dos casos, o patógeno não entra na corrente sanguínea, e outros sintomas são limitados a uma febre baixa e indisposição. o Mas em caso a bactéria entre na corrente sanguínea, a mortalidade sem tratamento antibiótico pode chegar a 20%; com a antibioticoterapia, a taxa de mortalidade geralmente é inferior a 1%. • Uma forma relativamente rara de antraz é o antraz gastrintestinal, causada pela ingestão de alimentos cozidos inadequadamente contendo endósporos de antraz. o Os sintomas são náusea, dor abdominal e diarreia sanguinolenta. o Lesões ulcerativas ocorrem no trato gastrintestinal, desde a boca e a garganta até, principalmente, os intestinos. o A mortalidade geralmente é de mais de 50%. • A forma mais perigosa do antraz em seres humanos é o antraz inalatório (pulmonar). o Os endósporos inalados para os pulmões têm alta probabilidade de entrar na corrente sanguínea. o Os sintomas dos primeiros dias da infecção não são muito alarmantes: febre branda, tosse e alguma dor no peito. o Os antibióticos podem conter a doença neste estágio, mas a menos que a suspeita de antraz seja alta, é improvável que eles sejam administrados. o Quando a bactéria entra na corrente sanguínea e prolifera, a doença progride em 2 a 3 dias para um choque séptico, que, em geral, mata o paciente dentro de 24 a 36 horas. o A taxa de mortalidade é bem alta de aproximando-se dos 100%. • A vacinação do gado contra o antraz é um procedimento padrão em áreas endêmicas. o Uma única dose de uma vacina viva atenuada efetiva é usada. o Mas, essa vacina não é considerada segura para o uso em seres humanos. ▪ A única vacina atualmente aprovada para uso em seres humanos contém uma forma inativada da toxina antigênica protetora e foi criada para impedir a entrada das outras duas toxinas nas células do hospedeiro. ▪ A vacina requer uma série de seis injeções durante um período de 18 meses, seguido de reforços anuais. • O diagnóstico de antraz geralmente consiste no isolamento e na identificação do Bacillus anthracis a partir de espécimes clínicos – procedimento muito lento para a detecção de surtos por bioterrorismo. o Um teste sanguíneo pode detectar tanto os casos de antraz inalatório quanto cutâneo no período de uma hora. ▪ Além disso, algumas instalações de triagem de correspondências são equipadas com sensores eletrônicos automatizados, que podem imediatamente detectar os esporos de antraz. • Os antibióticos são eficazes no tratamento do antraz se forem administrados a tempo. • Os antimicrobianos recomendados atualmente são a ciprofloxacina ou a doxiciclina mais um ou dois agentes que sejam reconhecidamente ativos contra o patógeno. • O tratamento do antraz inalatório sintomático consiste no uso do raxibacumab, que inibe a formação da toxina →se mostrou efetivo em estudos com animais. • Como precaução, as pessoas que foram expostas aos endósporos do antraz podem receber doses preventivas dos antibióticos por um tempo. o Esse período geralmente é muito longo, uma vez que a experiência tem mostrado que até 60 dias podem transcorrer antes que os endósporos inalados germinem e iniciem a doença ativa. GANGRENA • A gangrena é quando tem a morte do tecido mole resultante da perda de suprimento sanguíneo • Essas condições também podem ocorrer como complicação do diabetes. • Substâncias liberadas de células mortas ou em processo de morte oferecem nutrientes para muitas bactérias. • Várias espécies do gênero Clostridium, que são anaeróbias gram-positivas formadoras de endósporo, amplamente encontradas no solo e no trato intestinal dos seres humanos e dos animais domésticos, crescem rapidamente nessas condições. • Clostridium perfringens é a espécie mais comumente envolvida na gangrena, contudo outros clostrídios e diversas outras bactérias também podem crescer nesses ferimentos. (com esporos raramente observados) o As colônias de Clostridium perfringens também são distintas, com crescimento rápido, espalhado e produção de beta-hemólise em meios com sangue. o Os isolados de Clostridium perfringens são subdivididos em cinco tipos (A até E), de acordo com a produção de uma ou mais toxinas “letais” (toxinas alfa, beta, épsilon e iota). • Uma vez que a isquemia e a necrose subsequente, causadas pela interrupção do suprimento sanguíneo, tenham se estabelecido, a gangrena gasosa pode se desenvolver, principalmente no tecido muscular. o À medida que os microrganismos Clostridium perfringens crescem, eles fermentam carboidratos no tecido e produzem gases (dióxido de carbono e hidrogênio) que incham o tecido. o As bactérias produzem toxinas, que se movem ao longo dos feixes das fibras musculares, destruindo as células e produzindo tecido necrótico, que é favorável a mais crescimento bacteriano. o Por fim, essas toxinas e as bactérias entram na corrente sanguínea, causando doença sistêmica. o As enzimas produzidas pelas bactérias degradam o colágeno e o tecido proteináceo, facilitando a disseminação da doença. o Sem tratamento, a condição é fatal. • A gangrena gasosa também pode resultar de procedimentos de aborto realizados inadequadamente. • Clostridium perfringens, residente do trato genital de cerca de 5% de todas as mulheres, pode infectar a parede uterina e levar à gangrena gasosa, resultando em uma infecção da corrente sanguínea que oferece risco à vida. • Transmissão: costuma ocorrer após feridas por faca ou arma de foco ou acidentes por veículos, ou desenvolvimento como complicação de cirurgia ou de carcinoma gastrointestinal • A remoção cirúrgica do tecido e a amputação são os tratamentos médicos mais comuns para a gangrena gasosa. o Quando a gangrena gasosa se desenvolve em regiões como a cavidade abdominal ou o trato reprodutivo, o paciente pode ser tratado em uma câmara hiperbárica, que contém atmosfera pressurizada rica em oxigênio. ▪ O oxigênio satura os tecidos infectados e, assim, impede o crescimento do clostrídio anaeróbio obrigatório. ▪ Pequenas câmaras estão disponíveis para acomodar um membro com gangrena. ▪ A higienização imediata de ferimentos graves e o tratamento profilático com penicilina são os procedimentos mais efetivos na prevenção da gangrena gasosa • Diagnostico: o Exames histológicos da lesão: mionecrose sem leucócitos polimorfonucleares o Coloração de gram: demonstra bacilos gram positivos abundantes e nenhuma célula inflamatória o Exame do músculo: supuração fétida, bolhas características e crepitações • Toxina alfa, a toxina mais importante e a única produzida por todos os cinco tipos de Clostridium perfringens, é uma lecitinase (fosfolipase C) que lisa eritrócito, plaquetas, leucócitos e células endoteliais. o Essa toxina provoca hemólise massiva, aumento da permeabilidade vascular e hemorragia (agravada pela destruição de plaquetas), destruição tecidual (como a encontrada na mionecrose), toxicidade hepática e disfunção miocárdica (bradicardia, hipotensão). • A toxina beta é responsável por estase intestinal, perda de mucosa com formação de lesões necróticas e progressão de enterite necrosante (enterite necrotizante, doença de pig-bel). o A toxina épsilon é uma pró-toxina ativada pela tripsina e aumenta a permeabilidade vascular da parede gastrointestinal. o Toxina iota, a quarta toxina mais letal, é produzida por Clostridium perfringens tipo E. ▪ Esta toxina tem atividade necrótica e aumenta a permeabilidade vascular. • A enterotoxina é produzida principalmente por Clostridium perfringens do tipo A. o Essa toxina termolábil é suscetível à pronase. ▪ A exposição à tripsina aumenta três vezes suatoxicidade. o A enterotoxina é produzida durante a fase de transição das células vegetativas para esporos e é liberada juntamente com os esporos maduros no estágio final da formação dos esporos (esporulação). As condições alcalinas do intestino delgado estimulam a esporulação. o A enterotoxina liberada liga-se aos receptores nas microvilosidases da membrana das células epiteliais do intestino delgado, íleo (principalmente) e jejuno, mas não no duodeno. ▪ A inserção da toxina na célula acarreta alteração da permeabilidade e perda de fluidos e íons. o A enterotoxina também atua como um superantígeno, simulando atividade de linfócitos T. o Anticorpos contra enterotoxina, indicando exposição prévia, são comumente encontrados em adultos, mas não são protetores.