Buscar

Livro Texto - Unidade II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

36
Unidade II
Unidade II
3 LICITAÇÃO
O Poder Público, como qualquer pessoa jurídica de direito privado ou pessoa física, realiza negócios 
perante a sociedade. Mas, ao contrário da versatilidade e prontidão típicas de negócios corriqueiros, 
ao lidarmos com questões de ordem pública, oficialidade e interesse coletivo, faz-se pertinente haver 
maiores controles e meios de fiscalização. Para tanto, é demandado um processo e rigor acerca da 
destinação do dinheiro público, seja para construir uma escola, uma rodovia, ou habilitar concessionárias 
que realizem a fiscalização e a manutenção da rodovia: trata-se do certame conhecido como licitação.
Dessa forma, empresas buscam editais e se adéquam às condições dispostas nesse documento para 
competir sobre o objeto da licitação. No final, a licitante vencedora é qualificada e estabelece o contrato 
administrativo para, finalmente, dar início à prestação do serviço ou à realização de obra pública. Em 
situações específicas, a licitação propriamente poderá ser dispensada ou não exigida; são as chamadas 
contratações diretas.
As disposições principais acerca do assunto licitação estão nos arts. 22, XXVII, e 37, XXI, da Carta 
República de 1988, e na recente Lei n. 14.133/2021, que veio para substituir a Lei Geral de Licitações (Lei 
n. 8.666/1993).
Embora a recente lei tenha vindo para substituir a Lei n. 8.666/1993, a nova Lei de Licitação e 
Contratos Administrativos estipulou ainda um período para a produção de efeitos para aquela, pois ela 
será revogada após decorridos 2 (dois) anos a partir da publicação da Lei n. 14.133/2021. Esta medida 
serve para que a Administração Pública possa se adaptar gradualmente com as mudanças, que serão 
estudadas nesta unidade.
 Lembrete
Por força do art. 193, II da Lei n. 14.133/2021, a antiga Lei de Licitação 
(Lei n. 8.666/1993) permanecerá em vigor por 2 (dois) anos.
Antes da recente norma, houve outros regimes licitatórios, como a Lei n. 10.520/2002, referente à 
modalidade pregão, e o regime diferenciado de contratações, conforme a Lei n. 12.462/2011, criado para 
atender às obras e serviços de grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014. Há ainda disposições 
sobre a licitação em outras normas, como alguns tópicos acerca do assunto em relação às empresas 
enquadradas no Simples Nacional, pela Lei Complementar n. 123/2006, e regimes específicos de licitação, 
como o da Lei n. 12.598/2012, referente ao sistema de defesa nacional.
37
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A Lei n. 13.303/2016 (Estatuto das Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista) também 
traz disposições para esses entes administrativos no que tange ao certame licitatório, com as 
peculiaridades típicas, afinal, essas pessoas jurídicas competem com a iniciativa privada em patamar 
de igualdade, mas, por outro lado, submetem-se a regramentos jurídicos de direito público – licitação 
para atividades-meio, como contratação de serviço de limpeza. 
Vale salientar que muitas estatais federais já possuíam um regulamento – norma infralegal, inclusive – 
próprio para licitar, criando possibilidades de debates doutrinários e consolidação de entendimentos 
jurisprudenciais acerca da convalidação ou revogação desses regulamentos.
A competência legislativa sobre o tema licitação é incumbência da União:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, 
para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no 
art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, 
nos termos do art. 173, § 1°, III (BRASIL, 1988).
Conforme salientado em epígrafe, os estados, o Distrito Federal e os municípios poderão criar normas 
próprias acerca da licitação para adequar-se às suas necessidades, desde que estejam em harmonia com 
a lei federal.
Outra norma constitucional que enseja a criação de leis sobre a licitação é o art. 37, inciso XXI 
in verbis:
Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos 
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência 
e, também, ao seguinte:
[…]
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, 
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação 
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, 
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as 
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá 
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia 
do cumprimento das obrigações (BRASIL, 1993).
Conceitualmente, para uma clara definição de licitação, podemos nos atear às palavras da douta 
Odete Medauar:
38
Unidade II
Licitação, no ordenamento brasileiro, é o processo administrativo em que 
a sucessão de fases e atos leva à indicação de quem vai celebrar contrato 
com a Administração. Visa, portanto, a selecionar quem vai contratar com a 
Administração, por oferecer proposta mais vantajosa ao interesse público. 
A decisão final do processo licitatório aponta o futuro contratado (MEDAUAR, 
2018, p. 175). 
A licitação é, portanto, o conjunto de atos encadeados, objetivando consolidar a contratação com a 
Administração Pública. Resumidamente, consiste num certame em que agentes econômicos se inteiram 
do conteúdo do edital e enviam propostas para a Administração licitante. A partir de critérios estabelecidos 
na lei e consequentemente no edital, o Poder Público decidirá o licitante apto para finalmente celebrar 
o contrato e dar início à produção ou prestação do bem ou serviço. Em seu proceder, há prazos para 
obediência, períodos para oferecer impugnações, tal qual um processo judicial ou administrativo.
Porém, devemos prestar atenção no uso de termos como processo ou procedimento. Faz-se 
necessário distinguir o emprego de tais palavras no processo civil: 
• Processo: pode-se entender pela acepção genérica de uma demanda entre duas partes opostas 
levada ao juízo. 
• Procedimento: é o roteiro ou encadeamento da prática dos atos processuais. 
No campo administrativo, procedimento pode estar relacionado muitas vezes a atos e práticas de 
um processo, e ambos os termos podem, até mesmo, ser entendidos como sinônimos. 
O parágrafo único do art. 4º da lei antiga definia licitação ou procedimento licitatório como ato 
administrativo formal. A partir da Lei n. 14.133/2021, o intuito dela foi consolidar as disposições do 
regime diferenciado, do pregão com a própria norma de licitação. Nesse sentido, ela se furta em destacar 
uma definição sobre o tema. O seu art. 6º elenca uma série de definições empregadas na lei, e vemos que 
o emprego do termo procedimento é indiscriminado, conforme mencionado anteriormente. Por fim, 
o art. 11 também destaca que a licitação poderá ser chamada de processo licitatório, que não deve ser 
confundido com o processo judicial.
Em seus primeiros artigos, podemos encontrar a quais bens e serviços ela se destina e quais pessoas 
jurídicas deverão se submeter à norma. Assim, estarão sujeitos ao regime normativo de licitação as 
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, dos estados, do Distrito Federal e 
dos municípios. 
O escopo é amplo, abrangendo órgãos dos Poderes Legislativos e Judiciários da União, dos estados 
e do Distrito Federal, e os órgãos do Poder Legislativo dos municípios, quando exercerem função 
administrativa, por exemplo, a gestão da própria estrutura, a contratação de profissionais e a compra 
de materiais de trabalho.
A lei salienta também que os fundos especiais e as entidades controladas, de maneira direta ou 
indireta, pela Administração Pública também deverão observar o regime licitatório da Lei n. 14.133/2021.
39
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ficam de fora de sua aplicação,portanto, as empresas públicas e sociedades de economia mista, e 
suas respectivas subsidiárias, que estão regradas pelo Estatuto da Empresa Pública (Lei n. 13.303/2016).
 Lembrete
Algumas entidades estatais federais já possuem um regulamento 
próprio – infralegal – para licitar.
O art. 2º da Lei de Licitação e Contratos menciona para quais formas de serviços será exigido o 
certame. A licitação aplica-se sobre alienação e concessão de direito real de uso de bens; para compras, 
até mesmo encomendadas; para locação; para concessão e permissão de uso de bens públicos; para 
prestação de serviços, inclusive serviços técnico-profissionais especializados; para obras e serviços de 
arquitetura e engenharia; e para contratação de tecnologia de informação e de comunicação.
A Lei de Licitação e Contratos Administrativos é uma norma geral de licitações. Deve-se manter em 
equilíbrio com as leis distintas acerca do mesmo tema elencadas anteriormente: a Lei n. 14.133/2021 
trata de normas gerais, e cada lei em vigor sobre a temática licitatória refere-se a especificidades. Então, 
a lei específica prevalece e se completa com as disposições da lei geral, naquilo que lhe for necessário, 
mas deve obediência a preceitos e fundamentos estabelecidos na lei genérica, em razão do tema.
Os objetivos da licitação constam no art. 11. São eles:
• assegurar a seleção da proposta mais apta a gerar o resultado de contratação mais vantajosa para 
o Poder Público;
• garantir tratamento isonômico e justa competição entre os licitantes;
• evitar contratações com sobrepreço ou preços inexequíveis e superfaturamento na etapa 
contratual; e
• incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sustentável.
3.1 Princípios
O art. 5º da Lei n. 14.133/2021 estabelece os princípios pertinentes, alguns já elencados em sede 
constitucional e outros mais específicos:
Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios da legalidade, 
da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência, do interesse 
público, da probidade administrativa, da igualdade, do planejamento, da 
transparência, da eficácia, da segregação de funções, da motivação, da vinculação 
ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, 
da competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economicidade 
40
Unidade II
e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as disposições do 
Decreto-Lei n. 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas 
do Direito Brasileiro) (BRASIL, 2021). 
Encontramos mudanças em relação à lei anterior de licitação, a qual esculpia alguns princípios 
que explicitamente desenhavam o caráter solene do procedimento licitatório. O art. 3º da antiga lei 
discriminava alguns princípios de matriz constitucional e outros típicos da licitação. Daqueles, 
tínhamos a isonomia (igualdade, em sentido maior), a seleção da proposta mais vantajosa para a 
Administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável.
Agora, a partir da Lei de Licitação e Contratos Administrativos, temos um escopo mais amplo de 
princípios, alguns deles também sendo aqueles princípios constitucionais explícitos.
Nesse sentido, observemos o seguinte quadro demonstrando um comparativo entre os princípios 
trazidos por ambas as leis:
Quadro 1 – Princípios da licitação
Lei de Licitação e Contratos Administrativos 
(Lei n. 14.133/2021)
Lei antiga 
(Lei n. 8.666/1993)
Legalidade Legalidade
Impessoalidade Impessoalidade
Moralidade Moralidade
Publicidade Publicidade
Eficiência
Interesse público Proposta mais vantajosa
Probidade administrativa Probidade administrativa
Igualdade Igualdade e isonomia
Planejamento
Transparência
Eficácia
Segregação de funções
Motivação
Vinculação ao edital Vinculação ao instrumento convocatório
Julgamento objetivo Julgamento objetivo
Segurança jurídica
Razoabilidade
Competitividade
Proporcionalidade
Celeridade
Economicidade
Desenvolvimento nacional sustentável Promoção do desenvolvimento nacional sustentável
41
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Conforme já mencionado, os cinco primeiros valores mencionados correspondem àqueles 
mencionados pelo caput do art. 37 da Constituição Federal, definidos como princípios da 
Administração Pública. Alguns outros podem ser um desdobramento de princípios maiores e 
consubstanciam mais de um axioma em seu significado.
Assim, eficiência, eficácia, planejamento e transparência acabam por atender à prevalência do 
interesse público, como também podem significar a busca pela proposta mais vantajosa para a 
Administração Pública, que deixou de ser um princípio explícito para licitações, mas ainda fazendo 
parte do certame (art. 61).
Os princípios também descrevem finalidades e objetivos e ainda servem de adequação ao regime 
jurídico de direito público. Nesse sentido, podemos considerar os mais importantes:
• Princípio da igualdade: a isonomia significa a igualdade, aplicando-se aos participantes do 
certame licitatório, não admitindo que haja diferenciação de tratamento ou concessão de 
vantagens, como regra. A isonomia admite exceção, que consiste em tratar os desiguais na medida 
de suas desigualdades. Por exemplo, um dos critérios de desempate consiste em dar preferência 
pela contratação de microempresas e empresas de pequeno porte (art. 60, §2º combinado com 
art. 45 da Lei Complementar n. 123/2006).
• Proposta mais vantajosa para a Administração Pública: não significa necessariamente a que 
for mais barata, e sim a que se adéqua aos critérios do edital, em especial valorando a relação 
custo-benefício. Pagar barato por algum produto ou serviço de baixa qualidade significa muitas 
vezes pagar caro – custos de manutenção, e nesta seara estamos lidando com bens e valores 
públicos.
• Desenvolvimento nacional sustentável: é uma exceção a critérios igualitários per se, em que a 
lei permite haver priorização de propostas que repercutam no desenvolvimento de tecnologias e 
produtos nacionais.
A título de ilustração, a aplicação simultânea desses princípios pode ser visualizada pelo art. 60 da 
Lei de Licitações, estabelecendo como critérios para desempates sobre duas ou mais propostas apresentadas:
• disputa final, quando os licitantes empatados poderão apresentar uma nova proposta;
• avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes;
• se o licitante tem ações que buscam a equidade entre homens e mulheres no ambiente de 
trabalho, nos termos de regulamento próprio; 
• desenvolvimento de um programa de integridade (compliance).
Caso esses critérios não sejam suficientes para o desempate, o ente público poderá dar preferência 
aos bens e serviços produzidos ou prestados por:
42
Unidade II
• empresas estabelecidas no território do estado ou do Distrito Federal do órgão ou entidade 
licitante; e no caso de o licitante ser municipal, empresas localizadas no respectivo estado;
• empresas brasileiras;
• empresas que investem na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias no país; 
• empresas que realizem o processo de mitigação, nos termos da Política Nacional sobre Mudanças 
Climáticas (PNMC).
Esses quatro últimos critérios de desempate devem ser considerados na ordem sucessiva, conforme 
aqui elencado.
Também podemos observar outra prioridade dada para bens e serviços com tecnologia 
desenvolvida no Brasil, desde que tenha seu processo produtivo em harmonia com os planos 
traçados pela Lei n. 10.176/2001. Nesta situação, trata-se de uma restrição sobre a licitação, de modo a 
atender programas e políticas de fomento ao desenvolvimento de tecnologias em território nacional.
 Observação
Poder-se-ia questionar se há violação ao princípio da igualdade por 
causa dos critérios ou prioridades para desempate. 
Entende-se que é uma exceção estabelecida em lei que prioriza um fim 
ideológico e estrategicamente proposto, como desenvolver o mercado e o 
potencial nacionais ou garantir equidade de tratamento entre empresas de 
portes distintos.
Quanto ao princípio da vinculaçãoao edital, dispõe haver uma determinação tanto para a 
Administração Pública quanto para os licitantes acerca do conteúdo do edital. A validade do processo e 
do contrato atenderá ao conteúdo transcrito no edital.
Por analogia com o Direito Civil pátrio, “contrato faz lei entre as partes” é um axioma que traduz 
adequadamente o sentido do princípio na esfera do Direito Público, já que o edital formará o contrato 
administrativo futuramente, e até lá, todas as prescrições, como regras e garantias aos licitantes, estarão 
dispostas no edital. 
Observemos, então, o conteúdo do edital, conforme o art. 25 da Lei de Licitações:
Art. 25. O edital deverá conter o objeto da licitação e as regras relativas 
à convocação, ao julgamento, à habilitação, aos recursos e às penalidades 
da licitação, à fiscalização e à gestão do contrato, à entrega do objeto e às 
condições de pagamento (BRASIL, 2021).
43
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Evidentemente, a matéria descrita por esse artigo não esgota todo o conteúdo que pode haver no 
edital. Por exemplo, tratando-se de licitação internacional, o edital dedicará espaço para diretrizes de 
política monetária e de comércio exterior (art. 52).
Ademais, é condição exigida para o contrato administrativo a vinculação ao edital da licitação, 
bem como à proposta do licitante vencedor (art. 92, II). Todavia, o edital não tem caráter absoluto e, 
portanto, inquestionável. Há medidas que podem ser ajuizadas para conter irregularidades ou para 
esclarecer seus termos.
O art. 164 destina até 3 (três) dias úteis antes da data da abertura do certame para a protocolização 
do pedido de impugnação de irregularidades ou para a solicitação de esclarecimentos. É possível 
observarmos que a impugnação é uma prerrogativa a ser exercida não apenas por licitantes ou 
participantes, mas por qualquer pessoa (art. 164). 
Outrora destacado em dispositivo próprio, o princípio do julgamento objetivo, com a nova lei, está 
espalhado por diversos dispositivos legais e serve de fundamento harmonizado com princípios de sede 
constitucional, como o da impessoalidade, plasmado no art. 37, caput, da Carta Magna. Ele destaca que 
o julgamento das propostas ou da habilitação deverá afastar ou evitar contaminações de cunho pessoal.
A Lei de Licitações e Contratos Administrativos não possui mais o elenco a ser seguido para alcançar 
o julgamento objetivo, como constava o art. 45 da antiga lei, mas destaca pormenorizando como será a 
avaliação de cada um dos critérios ou parâmetros da licitação.
Os critérios trazidos pelo art. 33 são: menor preço; maior desconto; melhor técnica ou conteúdo 
artístico; técnica e preço; maior lance, em relação ao leilão; e maior retorno econômico. São novidades 
o critério de maior desconto e o de maior retorno econômico.
A seguir, a lei destina os arts. 34 ao 39 para cada um desses critérios de julgamentos. De início, o 
julgamento por menor preço, por maior desconto e, quando couber, preço e técnica considerarão o 
menor gasto para a Administração, desde que atendidos todos os requisitos mínimos de qualidades que 
estiverem definidos pelo edital. Esta disposição se destina especialmente para a contratação de projetos 
e trabalhos de natureza técnica, científica ou artística (art. 35, parágrafo único).
Especificadamente, para o julgamento com base no maior desconto, a lei comanda a referência ser o 
preço global fixado no edital, possibilitando que os descontos sejam estendidos para os termos aditivos. 
Quanto ao julgamento por técnica e preço, adotará a maior pontuação a partir das notas atribuídas 
sobre aspectos de técnica e sobre o preço da proposta (art. 36, caput). Primeiramente, são analisadas as 
propostas técnicas e, posteriormente, as propostas de preço são apresentadas, com proporção máxima 
de 70% (setenta por cento) da valoração da proposta técnica.
Os incisos do §1º do art. 36 mencionam alguns dos serviços que adotarão esse critério, como 
atividades de natureza predominantemente intelectual e obras e serviços de tecnologia da informação 
e de comunicação, além das obras e serviços especiais de engenharia.
44
Unidade II
Para o julgamento com base no maior retorno econômico, terá como objetivo a celebração de 
contrato de eficiência, e considerará a maior economia para o Poder Público, sendo que a remuneração 
será fixada em percentual incidente proporcionalmente sobre a economia efetivamente obtida na 
execução contratual (art. 39, caput).
Dentre as novidades trazidas pela recente Lei de Licitações, há o princípio da segregação de 
funções, consistindo em medidas que coíbam a corrupção e o superfaturamento das contratações.
Trata-se da imposição de que os agentes públicos envolvidos na execução do certame licitatório 
possuam funções específicas, impedindo a sujeição de um agente determinado a etapas ou decisões 
que envolvam risco. Objetiva, sobretudo, a diminuir a ocultação de erros ou irregularidades, bem como 
a ocorrência de fraudes e ilícitos (art. 7º, §1º). Este princípio também se estende para órgãos e agentes 
de assessoramento jurídico e de controladoria interna da Administração Pública envolvida no certame.
É certo que alguma medida nesse nível era crucial para a recuperação de ativos e da reputação 
de entidades privadas da sociedade civil, principalmente diante dos últimos escândalos de desvio de 
dinheiro público ou superfaturamento, culminando em operações judiciais de grande repercussão.
Pertinentemente, devemos comparar a Lei de Licitação e Contratos Administrativos com a lei 
revogada – Lei n. 8.666/1993. O art. 3º desta elencava alguns princípios e, ao final, mantinha a expressão 
“e dos que lhe são correlatos”, permitindo inferir que haveria outros princípios implícitos ao direito 
administrativo e à licitação que estariam sendo aplicados ou conferidos por meio da prática licitatória.
A doutrina nomearia os princípios correlatos como “princípios implícitos”, por não constarem 
expressamente na lei. Nas disposições também doutrinárias e de Teoria Geral do Direito, encontramos 
respaldo para classificar o grupo de princípios mencionados como rol exemplificativo (numerus apertus), 
que estipula uma lista de princípios e abre margem para reconhecimento e aplicação de outros princípios. 
Do contrário, tratar-se-ia de um rol taxativo (numerus clausus), em que o dispositivo legal reconhece 
aqueles princípios, somente.
A lei atual modificou essa permissão literal aos princípios implícitos, permitindo, no entanto, 
contemplar a aplicação subsidiária dos valores contidos no Decreto-Lei n. 4.657/1942, a denominada 
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Lindb).
A Lindb é uma norma peculiar, pois ela é também conhecida como uma “lei sobre leis”, disciplinando 
regras de Direito, como o período de vigência de uma nova lei introduzida ao ordenamento jurídico e 
quais instrumentos o juiz deverá aplicar caso tenha que decidir sobre um caso que não possua previsão 
legal ainda.
Nesse sentido, não houve supressão de princípios implícitos, mas a priorização de alguns constantes 
desta norma. A Lindb prevê a aplicação de princípios gerais de direito para sanar a lacuna da lei (art. 4º).
Embora seja um comando destinado ao Poder Judiciário, convém o cumprimento e a adequação aos 
princípios para evitar demandas judiciais, inclusive porque alguns princípios, como os já mencionados 
sobre a licitação, servem de instrumentalização da própria licitação ou para cumprimento de suas etapas.
45
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
 Observação
O ordenamento jurídico é uno, sofrendo divisões unicamente em razão 
do didatismo sobre alguns temas (crimes, relações de direito privado etc.).
Nesse aspecto, é esperado que uma lei preveja a complementação da 
sua interpretação por parte de outras leis.
Como princípio implícito relevante, há o denominado adjudicação compulsória, didaticamente 
transcrito no seguinte dispositivo da antiga Lei de Licitações:
Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contrato com preteriçãoda ordem de classificação das propostas ou com terceiros estranhos ao 
procedimento licitatório, sob pena de nulidade (BRASIL, 1993).
Todavia, embora não contemplado na atual norma, a partir da interpretação de algum artigo, 
podemos constatar que sua dinâmica ainda está prevista no decorrer do texto legal.
Nesse sentido, a Lei de Licitações e Contratos Administrativos traz o seguinte sistema sobre a 
adjudicação compulsória, por meio do art. 61:
Art. 61. Definido o resultado do julgamento, a Administração poderá 
negociar condições mais vantajosas com o primeiro colocado.
§ 1º A negociação poderá ser feita com os demais licitantes, segundo 
a ordem de classificação inicialmente estabelecida, quando o primeiro 
colocado, mesmo após a negociação, for desclassificado em razão de sua 
proposta permanecer acima do preço máximo definido pela Administração 
[...] (BRASIL, 2021).
De antemão, observa-se que a Administração Pública possui o exercício da prerrogativa de sugerir 
negociações mais vantajosas para o interesse público.
O §1º do art. 61 traz a possibilidade de o primeiro classificado estar sujeito à desclassificação em face 
do oferecimento de proposta acima dos valores precificados pelo poder público. Na seara contratual, o 
primeiro classificado tem o dever de celebrar o contrato ou retirar instrumento equivalente, de acordo 
com prazo e nas condições estabelecidas no edital, sob pena de sujeição às sanções trazidas pela norma 
(art. 90).
Em seguida, dentre as sanções elencadas pela Lei n. 14.133/2021, temos a disciplina do inciso VI 
do art. 155. Esse rol de condutas do art. 155 define as infrações a que se sujeitam o licitante ou o 
contratado.
46
Unidade II
Dentre elas, haverá responsabilização do licitante ou contratado caso não celebre o contrato ou 
não entregue a documentação exigida para contratação, quando convocado, no prazo de validade de 
sua proposta.
Outras medidas relevantes, e não disposta no rol de princípios explícitos sobre licitação, são o 
contraditório e a ampla defesa. Embora muitas vezes descritos como se fossem apenas um único 
princípio, pode ser entendido que são dois mecanismos jurídicos entrelaçados, um necessitando do 
outro para que haja uma defesa contundente.
Sua matriz é constitucional, com fulcro no art. 5º, inciso LV do texto político, cujo comando assegura 
aos litigantes, no processo judicial ou administrativo, o contraditório e a ampla defesa, com os meios e 
recursos a ela inerentes.
Contraditório significa poder manifestar-se a respeito de qualquer ato ou conjunto de atos 
constituídos no processo judicial ou administrativo que possa interferir no seu direito ou dever. A ampla 
defesa significa poder utilizar todos os meios de produção de provas admitidas em direito, isto é, as 
provas lícitas, inclusive em via recursal.
Em relação ao processo licitatório e as garantias do licitante, temos que será assegurado ao licitante 
ou contratado poder contradizer e defender-se contra as hipóteses de extinção de contratos, que, como 
regra, são decididas pela Administração licitante, até mesmo de forma unilateral. Nesse sentido, os 
arts. 164 ao 168 preveem mecanismos de impugnação e recursos, além do pedido de reconsideração. 
A impugnação refere-se a aferir ou esclarecer irregularidades e termos constantes do edital.
O recurso e o pedido de reconsideração afetam diretamente a condição do cidadão, pois são 
destinados às decisões que aplicam sanções ou acarretam alguma forma de prejuízo.
O recurso administrativo é cabível contra atos administrativos que indefiram pedido de pré-qualificação 
de interessado ou de inscrição em registro cadastral, além de suas alterações ou cancelamento; 
julgamento das propostas; ato de habilitação ou inabilitação de licitante; anulação ou revogação da 
licitação; e extinção do contrato, quando determinada unilateralmente pelo poder público.
Caso o ato não caiba recurso hierárquico, em que a decisão será prolatada pela autoridade pública 
superior àquela responsável pelo ato recorrido, além da declaração de idoneidade para licitar ou 
contratar, caberá o pedido de reconsideração.
Como instrumento garantista, o §5º do art. 165 clama que o licitante terá vista dos elementos 
indispensáveis para o exercício de sua defesa. Além disso, algumas sanções admitem a instauração do 
processo administrativo de responsabilização, expediente administrativo próprio que teve como marco 
legal a Lei de Responsabilização Empresarial (Lei n. 12.846/2013), também responsável pela exigência de 
compliance nas contratações e vínculos mantidos com a Administração Pública.
Acerca da aferição de irregularidades, a Lei de Licitações prevê o instituto da desconsideração 
da personalidade da pessoa jurídica, um instituto jurídico que alcança o patrimônio pessoal dos 
47
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
administradores ou gestores responsáveis por ilícitos – abuso de direitos para dissimular a prática de 
atos ilícitos ou na ocorrência de confusão patrimonial – realizados de modo a ludibriar as autoridades 
com o uso da pessoa jurídica. Diante do incidente acerca da desconsideração deverão também ser 
assegurados o contraditório e a ampla defesa (art. 160).
3.2 Modalidades de licitação
As modalidades de licitação são o conteúdo mais mencionado nos estudos de licitação em direito 
administrativo. Elas são o enredo do encadeamento de atos do processo licitatório, como elas se 
desenvolvem ou se formalizam.
A Lei de Licitações antiga estabelecia cinco modalidades principais, dispostas em seu art. 22, a 
saber: concorrência, tomada de preços, convite, leilão e concurso, o qual não deve ser confundido 
com concursos públicos de provas e títulos para contratação ou reposição de agentes públicos em 
seus quadros. 
Com a nova Lei de Licitação, o art. 28 elenca agora cinco modalidades distintas: pregão, 
concorrência, concurso, leilão e diálogo competitivo. Cada uma deve ser considerada em si, estando 
proibidas a criação de novas modalidades ou a combinação destas (art. 28, §2º), admitindo-se, porém, 
os procedimentos auxiliares de licitação e contratação dispostos pelo art. 78.
A inovação legislativa suprimiu as modalidades tomada de preço e convite, e trouxe o pregão, que 
era uma espécie de licitação disciplinada pela Lei n. 10.520/2002, a qual agora está revogada. Além disso, 
inovou com a criação de um novo modelo, chamado diálogo competitivo.
Os incisos do art. 6º destinam-se também a conceituar essas modalidades, conforme seguem:
• Pregão: modalidade licitatória obrigatória para aquisição de bens e serviços comuns, cujo 
critério de julgamento poderá ser o de menor preço ou o de maior desconto.
• Concorrência: modalidade de licitação para contratação de bens e serviços especiais e de 
obra e serviços comuns e especiais de engenharia, tendo como critérios de julgamento 
os incisos I ao IV e VI do art. 33 (menor preço, maior desconto, melhor técnica ou conteúdo 
artístico, técnica e preço, e maior retorno econômico).
• Concurso: modalidade de licitação para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, 
cujo critério de julgamento será o de melhor técnica ou conteúdo artístico, e para concessão 
de prêmio ou remuneração ao vencedor.
• Leilão: modalidade de licitação para alienação de bens imóveis inservíveis ou legalmente 
apreendidos a quem oferecer o maior lance.
• Diálogo competitivo: modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras 
em que a Administração Pública realiza diálogos com licitantes previamente selecionados 
48
Unidade II
mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes 
de atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o 
encerramento dos diálogos.
Embora o §2º do art. 28 vede expressamente a criação de novas modalidades de licitação ou a 
combinação das referidas no artigo, não há impeditivo para a criação de uma nova modalidade em lei 
distinta, desde que sejam observadas regras de competência.Por exemplo, a Lei Federal n. 9.472/1997 
(Lei Geral de Telecomunicações), que dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Telecomunicações 
(Anatel), autarquia em regime especial e agência reguladora, criou uma modalidade específica de 
licitação, denominada consulta: 
Art. 54. A contratação de obras e serviços de engenharia civil está sujeita ao 
procedimento das licitações previsto em lei geral para a Administração Pública.
Parágrafo único. Para os casos não previstos no caput, a Agência poderá 
utilizar procedimentos próprios de contratação, nas modalidades de 
consulta e pregão (BRASIL, 1997) (grifo nosso).
Sem uma definição muito precisa, o art. 58 diz que “a licitação na modalidade de consulta tem por 
objeto o fornecimento de bens e serviços não compreendidos nos arts. 56 e 57”, os quais referem-se ao 
pregão.
Aprofundando essas disposições e instrumentalizando sua prática, a Anatel publicou a norma 
Resolução n. 05/1998, definindo o que seria a consulta e o seu proceder:
Art. 15. Consulta é a modalidade de licitação em que ao menos cinco pessoas, 
físicas ou jurídicas, de elevada qualificação, serão chamadas a apresentar 
propostas para fornecimento de bens ou serviços não comuns.
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços não comuns aqueles com 
diferenças de desempenho e qualidade, insuscetíveis de comparação direta, 
ou que tenham características individualizadoras relevantes ao objeto 
da contratação, em casos como o dos trabalhos predominantemente 
intelectuais, da elaboração de projetos, da consultoria, da auditoria e da 
elaboração de pareceres técnicos, bem assim da aquisição de equipamentos 
sob encomenda e de acordo com especificações particulares da Agência ou 
de outros bens infungíveis.
Porém, a própria agência reguladora revogou esta resolução em 2019 (Resolução n. 708/2019), haja 
vista o advento da modalidade pregão, quando estava disciplinada por lei própria (Lei n. 10.520/2002).
No mesmo sentido, a Lei n. 9.986/2000, que dispõe sobre a gestão de recursos humanos das agências 
reguladoras, reconheceu a consulta como modalidade licitatória típica dessas autarquias:
49
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 37. A aquisição de bens e a contratação de serviços pelas Agências 
Reguladoras poderá se dar nas modalidades de consulta e pregão, observado 
o disposto nos arts. 55 a 58 da Lei no 9.472, de 1997, e nos termos de 
regulamento próprio (BRASIL, 2000b).
Com a criação do pregão e, agora, pela nova Lei Geral de Licitação (Lei n. 14.133/2021), a tendência é 
que a consulta caia em desuso, devido à praticidade das novas modalidades consolidadas na recente lei.
Conclui-se, portanto, que, para os fins da Lei n. 14.133/2021 unicamente, não se admite criação ou 
combinação daquelas cinco modalidades de licitação. A consulta possui uma finalidade importante e 
distinta, e está disciplinada em outra lei.
 Observação
Em sede jurisprudencial, o ministro Nelson Jobim proferiu didaticamente 
a afirmação de que ao instituir a Lei de Licitações, especificadamente a Lei n. 
8.666/1993, a União estabeleceu normas gerais de licitação, não esgotando 
todo o conteúdo do tema.
As principais normas constantes da Lei n. 14.133/2021 sobre as modalidades de licitação estão 
no capítulo II – Da Fase Preparatória, Seção II – Das modalidades de Licitação, contemplando os 
arts. 28 ao 32.
Dentre as cinco modalidades, o pregão e a concorrência merecem ter analisadas suas distinções.
Na vigência da Lei n. 8.666/1993, as modalidades convite, tomada de preço e concorrência se 
diferenciavam essencialmente pelo porte da obra e serviço, ou seu preço. Nesse sentido, as obras ou 
serviços de baixo valor estariam contempladas sob a modalidade convite, enquanto as obras de maior 
complexidade e valoração econômica demandariam a realização de concorrência.
Paralelamente, a modalidade pregão, definida em lei própria, era destinada para aquisição de bens 
e serviços comuns à Administração Pública.
Agora, com a Lei n. 14.133/2021, a distinção de pregão e concorrência se define pela natureza dos 
serviços ou bens a serem adquiridos:
Quadro 2
Modalidade Bens e serviços
Pregão Bens e serviços comuns
Concorrência
Bens e serviços especiais
Obras e serviços comuns de engenharia
Obras e serviços especiais de engenharia
50
Unidade II
Posto isso, em relação à concorrência, não há mais estratificação com base em valores para 
serviços e obras de engenharia e outros, como constava no art. 23, I e II da antiga Lei de Licitações.
Quanto à distinção entre bens e serviços comuns e especiais, os incisos XIII e XIV do art. 6º 
define como comuns os bens e serviços cujos padrões de desempenho e qualidade podem ser 
objetivamente definidos no edital, utilizando especificações usuais de mercado. No sentido 
contrário, os bens e serviços especiais, pela sua heterogeneidade ou complexidade, não podem ser 
descritos unicamente no edital, determinando a justificativa prévia do contratante.
Anteriormente, com a Lei n. 8.666/1993, a alienação de bens imóveis estaria sujeita à modalidade 
concorrência em algumas situações, como dação em pagamento, permuta e doação exclusiva a 
outro órgão ou entidade pública. Com a nova lei, essas situações especiais também estarão sujeitas 
ao leilão, ora elencadas pelo art. 76.
O parágrafo único do art. 29 salienta que não poderá ser aplicada a modalidade pregão para 
contratação de serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual e de 
obras e serviços de engenharia, com exceção dos serviços comuns de engenharia, definidos pelo 
art. 6º, XXI, “a”.
Seguindo com as modalidades de licitação, o art. 30 define as condições para a realização de 
concurso, também condicionado a um edital, que indicará a qualificação exigida dos participantes, 
as diretrizes e formas de apresentação do trabalho e as condições de realização e o prêmio ou 
remuneração a ser concedida ao vencedor.
 Lembrete
Não se deve confundir a modalidade de licitações “concurso” com 
concursos públicos de provas e títulos para contratação de servidores públicos.
Tratando-se de elaboração de projeto, o vencedor da modalidade concurso deverá ceder os direitos 
patrimoniais relativos ao projeto e autorizar sua execução de acordo com o juízo de conveniência e 
oportunidade das autoridades públicas (art. 30, parágrafo único).
 Observação
Concurso público de provas e título é um processo de avaliação para 
contratar funcionários e preencher cargos públicos. Em razão dos princípios 
da igualdade e da impessoalidade, não deixa margem para aspectos 
subjetivos influenciarem diretamente na contratação de alguém.
O leilão continua sendo a modalidade de licitação destinada para a venda de bens da Administração 
Pública ou para bens apreendidos.
51
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Pelas novas regras, o leilão poderá ser realizado por leiloeiro oficial ou servidor designado pela 
autoridade competente licitante (art. 31, caput). Os procedimentos operacionais pertinentes deverão 
constar em regulamento próprio.
Na hipótese de leiloeiro oficial, este iniciará sua atuação por meio do credenciamento (art. 78, I) ou 
pregão, e critério de julgamento será o de maior desconto para as comissões a serem cobradas. Para o 
leilão, não é exigido registro cadastral prévio, nem haverá fase de habilitação (art. 31, §4º).
A alienação de bens móveis ou imóveis pertencentes à Administração licitante também será 
procedida por meio de leilão, dentre outras condições, conforme segue:
Art. 76. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à 
existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de 
avaliação e obedecerá às seguintes normas:
I - tratando-se de bens imóveis, inclusive os pertencentes às autarquias e 
às fundações, exigirá autorização legislativa e dependerá de licitação na 
modalidade leilão, dispensada a realização de licitação nos casos de:
a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da 
AdministraçãoPública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto 
nas alíneas “f”, “g” e “h” deste inciso;
c) permuta por outros imóveis que atendam aos requisitos relacionados 
às finalidades precípuas da Administração, desde que a diferença apurada 
não ultrapasse a metade do valor do imóvel que será ofertado pela União, 
segundo avaliação prévia, e ocorra a torna de valores, sempre que for o caso;
d) investidura;
e) venda a outro órgão ou entidade da Administração Pública de qualquer 
esfera de governo;
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de 
uso, locação e permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, 
destinados ou efetivamente usados em programas de habitação ou de 
regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgão ou 
entidade da Administração Pública;
g) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real 
de uso, locação e permissão de uso de bens imóveis comerciais de âmbito 
local, com área de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) 
52
Unidade II
e destinados a programas de regularização fundiária de interesse social 
desenvolvidos por órgão ou entidade da Administração Pública;
h) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras 
públicas rurais da União e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma 
Agrária (Incra) onde incidam ocupações até o limite de que trata o § 1º do 
art. 6º da Lei n. 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins de regularização 
fundiária, atendidos os requisitos legais;
i) legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei n. 6.383, de 7 de dezembro 
de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração 
Pública competentes;
j) legitimação fundiária e legitimação de posse de que trata a Lei n. 13.465, 
de 11 de julho de 2017;
II - tratando-se de bens móveis, dependerá de licitação na modalidade leilão, 
dispensada a realização de licitação nos casos de:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após 
avaliação de oportunidade e conveniência socioeconômica em relação à 
escolha de outra forma de alienação;
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da 
Administração Pública;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a 
legislação específica;
d) venda de títulos, observada a legislação pertinente;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por entidades da 
Administração Pública, em virtude de suas finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos sem utilização previsível por quem 
deles dispõe para outros órgãos ou entidades da Administração Pública.
Por fim, o diálogo competitivo será utilizado para contratações nos termos do art. 32, dentre elas a 
contratação de objeto que tenha inovação tecnológica ou técnica; impossibilidade de o órgão ou entidade 
ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e impossibilidade 
de as especificações técnicas serem definidas com precisão suficiente pela Administração. Além disso, 
caberá diálogo competitivo para que a Administração possa definir e identificar meios e alternativas 
para satisfazer suas necessidades, com base na solução técnica mais adequada, nos requisitos técnicos 
aptos a concretizar a solução já definida ou com base na estrutura jurídica ou financeira do contrato. 
Trata-se de uma rodada de debates para atendimento das necessidades do órgão ou entidade licitante.
53
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Sua condução será encabeçada por comissão de contratação composta por, no mínimo, 3 (três) 
servidores efetivos ou empregados públicos permanentes pertencentes ao quadro da Administração 
licitante, podendo ser contratados profissionais para assessoria técnica (art. 32, §1º, XI).
Os diálogos competitivos não inovam apenas em relação à Lei Geral de Licitação. Foi introduzida 
alteração legislativa também na Lei n. 11.079/2004, que trata das normas gerais de licitação e contratação 
por meio de parceria público-privada (PPP). A PPP consiste em contrato administrativo de concessão, 
nas modalidades denominadas como patrocinada ou administrativa.
Segundo o art. 2º, a concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas, 
disciplinada pela Lei n. 8.987/1995, quando envolver adicionalmente à tarefa cobrada dos usuários 
contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. Já a concessão administrativa 
ocorrerá quando a Administração pública for usuária direta ou indireta do contrato de prestação de 
serviços, mesmo que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.
Nesse sentido, o art. 10 prevê agora que a contratação por parceria público-privada será precedida 
de licitação na modalidade concorrência ou diálogo competitivo, além de outros requisitos.
 Observação
Por menção expressa de um dispositivo em lei, uma modalidade 
de licitação pode ser também aplicada em relação a outro regime de 
contratação ou parceria, como no caso da parceria público-privada.
 Saiba mais
Contextualizando o entendimento sobre as novas modalidades de 
licitação, em especial sobre a concorrência, convém a leitura dos art. 22 
e 23 da Lei n. 8.666/1993, especialmente sobre as antigas modalidades 
tomada de preços e convite:
BRASIL. Presidência da República. Lei n. 8.666, de 21 de junho de 
1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui 
normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras 
providências. Brasília, 1993. Disponível em: https://cutt.ly/KIwlfYy. Acesso 
em: 23 abr. 2021.
54
Unidade II
3.3 Fases do procedimento licitatório
Na redação original da Lei n. 8.666/1993, a norma não dispunha de fases dos procedimentos 
licitatórios expressamente, cabendo a doutrinadores estipular ou esquematizar as etapas de uma licitação. 
Todavia, a atual lei elenca quais são as fases e sua ordem, tornando mais didática imaginar o trâmite 
do certame.
O art. 17 da Lei n. 14.133/2021 dispõe sobre sete etapas ou fases, podendo ser mais bem compreendidas 
pelo gráfico a seguir:
Quadro 3 Fases do processo de licitação
Preparatória 
Divulgação do edital de licitação 
Apresentação de propostas e lances, quando for o caso
Julgamento
Habilitação
Recursal
Homologação
O §2º do art. 17 menciona que será dada preferência à forma digital de realização da licitação, 
deixando a forma presencial como exceção, necessitando de motivação para a realização.
A sequência de fases não é absoluta ou imutável, havendo disposição expressa da lei sobre 
a possibilidade de a etapa de habilitação anteceder as etapas de apresentação de propostas ou 
lances e de julgamento. Todavia, far-se-á necessário mencionar expressamente no edital quando 
da realização desse expediente, além de condicionada a um ato motivado emanado pelo poder 
público licitante.
Originalmente, na vigência da Lei n. 8.666/1993, a etapa de habilitação antecedia dessa forma 
as etapas das propostas e julgamento, mostrando-se essencialmente mais morosa do que outros 
procedimentos licitatórios modernos, como o regime de diferenciado de contratações (RDC), sob 
égide da Lei n. 12.462/2011, criado outrora para atender obras e serviços de grande porte e para 
grandes eventos.
Agora, com a etapa habilitação antecedendo à etapa de julgamento, demandará ato motivado 
explicitando as vantagens daí decorrentes (art. 17, §1º).
A fase preparatória compreende os arts. 18 ao 27, e sua definição, nos termos do caput do 
art. 18, a caracteriza pelo planejamento da licitação, compatibilizado com o plano de contratações 
anuais, que objetiva racionalizar as contrações com órgãos e entidades públicos (art. 12, VII), 
quando elaborado, e com as lei orçamentárias. Deverá atender aos incisos do art. 18, delimitando 
a instrução do processo licitatório:
55
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 18 
I - a descrição da necessidade da contratação fundamentada em estudo 
técnico preliminar que caracterize o interessepúblico envolvido;
II - a definição do objeto para o atendimento da necessidade, por meio 
de termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto executivo, 
conforme o caso;
III - a definição das condições de execução e pagamento, das garantias 
exigidas e ofertadas e das condições de recebimento;
IV - o orçamento estimado, com as composições dos preços utilizados para 
sua formação;
V - a elaboração do edital de licitação;
VI - a elaboração de minuta de contrato, quando necessária, que constará 
obrigatoriamente como anexo do edital de licitação;
VII - o regime de fornecimento de bens, de prestação de serviços ou de 
execução de obras e serviços de engenharia, observados os potenciais 
de economia de escala;
VIII - a modalidade de licitação, o critério de julgamento, o modo de disputa 
e a adequação e eficiência da forma de combinação desses parâmetros, para 
os fins de seleção da proposta apta a gerar o resultado de contratação mais 
vantajoso para a Administração Pública, considerado todo o ciclo de vida 
do objeto;
IX - a motivação circunstanciada das condições do edital, tais como 
justificativa de exigências de qualificação técnica, mediante indicação das 
parcelas de maior relevância técnica ou valor significativo do objeto, e de 
qualificação econômico-financeira, justificativa dos critérios de pontuação 
e julgamento das propostas técnicas, nas licitações com julgamento por 
melhor técnica ou técnica e preço, e justificativa das regras pertinentes à 
participação de empresas em consórcio;
X - a análise dos riscos que possam comprometer o sucesso da licitação e a 
boa execução contratual;
XI - a motivação sobre o momento da divulgação do orçamento da licitação, 
observado o art. 24 desta Lei.
56
Unidade II
A Administração licitante poderá convocar audiência pública, presencial ou a distância, na forma 
eletrônica, acerca da licitação, facultando aos interessados o direito de manifestarem-se sobre o 
assunto (art. 21, caput).
O art. 25 traz a exigência dos conteúdos que devem estar prescritos pelo edital de licitação, como 
o objeto do certame e as regras acerca da convocação, do julgamento, da habilitação, dos recursos e as 
penalidades cabíveis, além das disposições sobre a fiscalização e gestão do contrato, entrega do objeto 
e condições de pagamento. 
Portanto, as regras sobre as demais etapas da licitação deverão constar do próprio edital. Caso o 
objeto da licitação permitir, poderão ser adotadas minutas padronizadas de edital e de contrato com 
cláusulas uniformes (art. 25, §1º).
O §3º do art. 25 menciona que o conteúdo do edital também deverá ser divulgado em sitio eletrônico 
oficial na mesma data de divulgação do edital, sem necessidade de registro ou identificação prévia para 
acesso. Não se trata de cortesia direcionada à Administração contratante, mas, sim, um dever imposto.
 Saiba mais
No âmbito federal, é mantido o Portal de Compras do Governo Federal:
https://cutt.ly/zIwcgVU
Ao fim da fase preparatória, conforme salienta o art. 53, o órgão de assessoramento jurídico 
da entidade licitante realizará o controle prévio de legalidade e a análise jurídica da contratação, 
mediante parecer.
Finalizada a instrução técnica e jurídica, a autoridade determinará a divulgação do edital de 
licitação, nos termos do art. 54. O artigo trata da publicação e divulgação dos atos de licitação no 
denominado Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), facultada também a publicação do edital 
e de anexos em sítio eletrônico oficial do ente federativo ou órgão e entidade responsável pela licitação. 
Exigido pela lei, o PNCP ainda não foi inaugurado, permanecendo o dispositivo em voga com seus 
efeitos prejudicados, ou, conforme salientado pelo art. 193, II, ainda não é exigido em razão da vigência 
final da Lei n. 8.666/1993. Posto isto, não fica anulada a praticidade licitatória, haja vista ainda existirem, 
e estarem funcionais, os portais respectivos de cada ente federativo acerca de licitações e compras, além 
do Portal da Transparência.
Em seguida, são abertos os prazos para apresentação de propostas, seguindo o roteiro do art. 55, 
dispondo sobre o prazo mínimo para propostas e lances, contados a partir da data de divulgação do 
edital. Os prazos são agora definidos com base no critério de julgamento adotado e conforme a natureza 
do objeto da contratação.
57
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Assim, para aquisição de bens, serão estratificados dois prazos: 8 (oito) dias úteis, tendo como 
critério de julgamento o menor preço ou o maior desconto (pregão); e 15 (quinze) dias úteis, nos demais 
critérios de julgamento (concorrência).
Em relação aos serviços e obras, haverá mais prazos: 10 (dez) dias, para serviços comuns e de obras 
e serviços comuns de engenharia que adotem os critérios de menor preço ou o de maior desconto; 
25 (vinte e cinco) dias úteis, para serviços especiais e obras e serviços especiais de engenharia, cujos 
critérios de julgamento forem menor preço e maior desconto; 60 (sessenta) dias para o regime de 
execução de contratação integrada; e 35 (trinta e cinco) dias, em relação ao regime de execução 
de contratação semi-integrada, nas situações não abrangidas anteriormente.
Os regimes de execução de contratação para obras e serviços de engenharia são a integrada e 
semi-integrada, as quais têm definição constante nos incisos XXXII e XXXIII do art. 6º:
• Contratação integrada: regime de contratação de obras e serviços de engenharia em que o 
contratado é responsável por elaborar e desenvolver os projetos básico e executivo, executar 
obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e realizar montagem, 
teste, pré-operação e as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto.
• Contratação semi-integrada: regime de contratação de obras e serviços de engenharia em 
que o contratado é responsável por elaborar e desenvolver o projeto executivo, executar obras e 
serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, 
pré-operação e as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto.
Em relação ao leilão, o prazo para apresentação do maior lance será 15 (quinze) dias úteis. Por fim, 
para as demais licitações que adotem como critério técnica e preço ou melhor técnica ou conteúdo 
artístico (concorrência e concurso), 35 (trinta e cinco) dias úteis. Todos os prazos elencados poderão 
ser reduzidos até a metade em licitações orquestradas pelo Ministério da Saúde, em relação ao Sistema 
Único de Saúde (SUS) (art. 55, §2º).
Na etapa seguinte, a apresentação de propostas (art. 17, III) obedecerá à peculiaridade específica 
da modalidade de licitação, enquanto no leilão serão dados os lances. O julgamento é realizado em 
seguida, com obediência das regras dos arts. 59 ao 61.
O primeiro filtro compete ao art. 59, quanto às características que irão desclassificar a proposta:
• proposta com vícios insanáveis;
• desobediência às especificações técnicas pormenorizadas pelo edital;
• preços inexequíveis apresentados ou acima do orçamento estimado para contratação;
• ausência de demonstração de exequibilidade, quando for requisitada pela Administração;
• desconformidades insanáveis perante outras exigências do edital.
58
Unidade II
Ocorrendo empate entre duas ou mais propostas, a Administração licitante adotará as seguintes 
medidas, em ordem:
1) disputa final, hipótese em que os licitantes empatados poderão apresentar nova proposta em 
ato contínuo à classificação;
2) avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, para a qual deverão 
preferencialmente ser utilizados registros cadastrais para efeito de atesto de cumprimento de obrigações 
previstos nesta Lei;
3) desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade entre homens e mulheres no ambiente 
de trabalho, conforme regulamento;
4) desenvolvimento pelo licitante de programa de integridade, conforme orientações dos órgãos 
de controle.Posto isto, adquirem vantagem também as entidades que já tenham participado de outras licitações, 
participando do registro cadastral prévio, além da necessidade do programa de integridade, também 
conhecido como compliance, que vem sendo uma necessidade de adequação da sociedade civil desde 
ao advento da Lei n. 12.846/2013, sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas 
pela prática de atos contra a Administração Pública. Caso não ocorra o desempate, haverá as regras de 
preferência, em que, sucessivamente, serão priorizados bens e serviços produzidos ou prestados por:
• empresas estabelecidas no território do Estado ou do Distrito Federal do órgão ou entidade 
da Administração Pública estadual ou distrital licitante ou, no caso de licitação realizada por 
órgão ou entidade de município, no território do estado em que este se localize;
• empresas brasileiras;
• empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no país;
• empresas que comprovem a prática de mitigação, nos termos da Política Nacional sobre 
Mudança do Clima – PNMC (Lei n. 12.187/2009).
Não obstante o resultado do julgamento, a entidade ou órgão licitante poderá novamente renegociar 
condições vantajosas com o primeiro colocado.
O primeiro colocado, em seguida, será sujeito ao trâmite da habilitação, que, segundo o art. 62, é a 
“fase da licitação em que se verifica o conjunto de informações e documentos necessários e suficientes 
para demonstrar a capacidade de realizar o objeto da licitação”.
A habilitação é dividida em habilitação jurídica; técnica; fiscal, social e trabalhista; e 
econômico-financeira. As condições precisarão estar definidas no edital, permitindo sua realização 
ser feita por processo eletrônico (art. 65). Nesta etapa pode ser exigida apresentação de documentos 
59
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ou declarações de regularidade por parte do licitante, admitida apresentação de novos documentos 
excepcionalmente para complementação de informações apresentadas previamente ou atualização de 
outras informações que tenham sua validade expirada.
Os requisitos sobre a habilitação técnica constam no art. 67, mencionando ser esta qualificação de 
natureza técnico-profissional e técnico-operacional restrita à:
• apresentação de profissional, devidamente registrado no conselho profissional competente, 
quando for o caso, detentor de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou 
serviço de características semelhantes, para fins de contratação;
• certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo conselho profissional competente, quando for 
o caso, que demonstrem capacidade operacional na execução de serviços similares de complexidade 
tecnológica e operacional equivalente ou superior, bem como documentos comprobatórios 
emitidos na forma do § 3º do art. 88 desta Lei;
• indicação do pessoal técnico, das instalações e do aparelhamento adequados e disponíveis para 
a realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada membro da equipe técnica 
que se responsabilizará pelos trabalhos;
• prova do atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso;
• registro ou inscrição na entidade profissional competente, quando for o caso;
• declaração de que o licitante tomou conhecimento de todas as informações e das condições 
locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação.
Quanto à habilitação jurídica, tem como objetivo atestar a capacidade de o licitante exercer direitos 
e assumir obrigações, por meio da comprovação da existência jurídica da pessoa e de autorização para 
o exercício da atividade a ser contratada (art. 66). 
Já para a qualificação fiscal, social e trabalhista, precisará atender aos requisitos do art. 68:
• inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ);
• inscrição no cadastro de contribuintes estadual e/ou municipal, se houver, relativo ao domicílio 
ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual;
• regularidade perante a Fazenda federal, estadual e/ou municipal do domicílio ou sede do 
licitante, ou outra equivalente, na forma da lei;
• regularidade relativa à Seguridade Social e ao FGTS, que demonstre cumprimento dos encargos 
sociais instituídos por lei;
60
Unidade II
• regularidade perante a Justiça do Trabalho;
• cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal (proibição de 
trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores 
de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos).
Por fim, a capacitação econômico-financeira demonstrará a aptidão econômica do licitante em 
cumprir as obrigações decorrentes do futuro contrato, comprovada por vias objetivas e por coeficientes 
e índices econômicos determinados pelo edital, além da apresentação de balanço patrimonial, 
demonstração do resultado do exercício e demais demonstrações contábeis dos últimos dois exercícios 
sociais, e certidão negativa de falência expedida pelo distribuidor da sede do licitante.
Encerrada a fase de habilitação, considerando ainda, os pedidos de impugnação, esclarecimentos e 
recursos, corolários do exercício do contraditório e ampla defesa, a autoridade superior da Administração 
Pública licitante poderá determinar o saneamento de irregularidades; revogar a licitação por motivo de 
conveniência ou oportunidade; anular a licitação, quando constatada ilegalidade insanável; e adjudicar 
o objeto da licitação e homologá-la.
O papel seguinte e fundamental consiste no exercício da adjudicação do objeto de licitação e 
homologação do certame, que consiste em atestar a regularidade de todo procedimento e encerramento 
de todas as etapas. 
A partir deste momento, dar-se-á início à celebração do contrato administrativo.
3.4 Contratação direta
A regra é que a Administração Pública realize a licitação para contratar a produção e a aquisição 
de bens e serviços. Neste tópico, serão vistas as hipóteses em que não será necessária a ocorrência do 
certame ou quando não for possível realizá-lo, como ocorre na falta de concorrentes, em que há apenas 
um único prestador ou fornecedor do serviço ou bem disponível no mercado. Neste contexto, elas são 
consideradas contratações diretas.
Devido à sistemática e circunstância constantes da lei, há duas classificações para haver a contratação 
direta:
• a licitação dispensável é feita em circunstâncias previstas, que tornam conveniente não licitar; 
• a licitação inexigível é feita quando inexistem competidores no mercado para determinada 
finalidade ou possuidores de determinada qualificação.
A licitação dispensável está disposta em rol exaustivo. Relembrando: apenas se admitem as 
hipóteses elencadas na lei. Com relação às hipóteses de inexigibilidade da licitação, está descrita em 
rol exemplificativo (a lei discrimina algumas hipóteses como exemplo, deixando margem para outras 
circunstâncias similares).
61
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O art. 72 menciona quais documentos irão instruir a contratação direta, sendo eles:
• documento de formalização de demanda e, se for o caso, estudo técnico preliminar, análise de 
riscos, termo de referência, projeto básico ou projeto executivo;
• estimativa de despesa, que deverá ser calculada na forma estabelecida no art. 23 desta Lei;
• parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o caso, que demonstrem o atendimento dos 
requisitos exigidos;
• demonstração da compatibilidade da previsão de recursos orçamentários com o compromisso 
a ser assumido;
• comprovação de que o contratado preenche os requisitos de habilitação e qualificação 
mínima necessária;
• razão da escolha do contratado;
• justificativa de preço;
• autorização da autoridade competente.
O parágrafo único do art. 72 dispõe que o ato autorizativo da contratação direta ou o extrato 
decorrente do contrato deverá ser divulgado e mantido à disposiçãodo público em sítio eletrônico oficial.
Na ordem disposta pela lei, a inexigibilidade de licitação ocorrerá quando houver inviabilidade de 
competição – falta de participantes licitantes. A norma menciona cinco casos específicos, sem prejuízo 
de outras situações:
• Aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou contratação de serviços que só possam 
ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivos.
• Contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou por meio de empresário exclusivo, 
desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
• Contratação dos seguintes serviços técnicos especializados de natureza predominantemente 
intelectual com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade 
para serviços de publicidade e divulgação:
— estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos executivos;
— pareceres, perícias e avaliações em geral;
— assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
62
Unidade II
— fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
— patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
— treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
— restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
— controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de campo e laboratoriais, 
instrumentação e monitoramento de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e 
demais serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso.
• Objetos que devam ou possam ser contratados por meio de credenciamento.
• Aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de localização tornem 
necessária sua escolha.
Para o primeiro exemplo, a Administração licitante precisará demonstrar a inviabilidade de 
competição, mediante o atestado de exclusividade, ou por meio de declaração do fabricante ou 
documento idôneo capaz de comprovar a exclusividade do objeto fornecido ou prestado. A lei especifica 
também que não pode haver preferência por marca específica.
Em relação à contratação de profissional artístico, conforme o §2º do art. 74, a contratação dar-se-á 
por intermédio de um empresário exclusivo, conceituado como 
a pessoa física ou jurídica que possua contrato, declaração, carta ou 
outro documento que ateste a exclusividade permanente e contínua de 
representação, no país ou em estado específico, do profissional do setor 
artístico, afastada a possibilidade de contratação direta por inexigibilidade 
por meio de empresário com representação restrita a evento ou local 
específico (BRASIL, 2021).
O terceiro item destaca a notória especialização, que é entendida como a essencialidade e plena 
adequação para o objeto da contratação, atestada por desempenho anterior, estudos, experiências, 
publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica ou outros requisitos relativos à sua atividade.
Quanto ao credenciamento, trata-se de uma instrumento auxiliar, facilitador, da realização 
de licitação e contratação, definido pelo inciso XLIII do art. 6º como um processo administrativo de 
chamamento público, realizado pela Administração, por meio de uma convocação de interessados em 
prestar serviços ou fornecer bens, que, ao preencher requisitos, tornam-se credenciados no órgão ou 
entidade licitante.
Para o último item, é necessário preencher os requisitos dos três incisos do §5º do art. 74; assim, 
para a aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalação ou de localização tornem 
63
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
sua escolha essencial, serão necessárias a avaliação prévia do bem (estado de conservação, custos de 
adaptação e prazo de amortização dos investimentos), certificação de inexistência de imóveis públicos 
vagos e disponíveis que atenderiam o objeto da licitação, e justificativa sobre a singularidade daquele 
imóvel e sobre evidência de vantagem para a Administração licitante.
Diferentemente da inexigibilidade, as dispensas de licitação são situações especificadas pela lei, que 
justificam a não realização do procedimento licitatório. Neste cenário, a lei menciona um rol exaustivo 
de situações, não havendo que falar em licitação dispensável para situações alheias ao rol do art. 75.
Destacam-se contratações de obras e serviços de engenharia ou de outros tipos de serviços desde 
que em valores inferiores aos constantes dos incisos I e II ou para aquisição de material de uso das 
Forças Armada. Posto isto, é dispensável a licitação para as seguintes situações:
I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00 (cem 
mil reais), no caso de obras e serviços de engenharia ou de serviços de 
manutenção de veículos automotores;
II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00 (cinquenta 
mil reais), no caso de outros serviços e compras;
III - para contratação que mantenha todas as condições definidas em edital 
de licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando se verificar que 
naquela licitação:
a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas propostas 
válidas;
b) as propostas apresentadas consignaram preços manifestamente superiores 
aos praticados no mercado ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos 
oficiais competentes;
IV - para contratação que tenha por objeto:
a) bens, componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira necessários 
à manutenção de equipamentos, a serem adquiridos do fornecedor original 
desses equipamentos durante o período de garantia técnica, quando essa 
condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia;
b) bens, serviços, alienações ou obras, nos termos de acordo internacional 
específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas 
forem manifestamente vantajosas para a Administração;
c) produtos para pesquisa e desenvolvimento, limitada a contratação, no 
caso de obras e serviços de engenharia, ao valor de R$ 300.000,00 (trezentos 
mil reais);
64
Unidade II
d) transferência de tecnologia ou licenciamento de direito de uso ou de 
exploração de criação protegida, nas contratações realizadas por instituição 
científica, tecnológica e de inovação (ICT) pública ou por agência de fomento, 
desde que demonstrada vantagem para a Administração;
e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no período necessário 
para a realização dos processos licitatórios correspondentes, hipótese em 
que a contratação será realizada diretamente com base no preço do dia;
f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País que envolvam, 
cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional;
g) materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de materiais de 
uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a 
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios 
navais, aéreos e terrestres, mediante autorização por ato do comandante 
da força militar;
h) bens e serviços para atendimento dos contingentes militares das forças 
singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, hipótese 
em que a contratação deverá ser justificada quanto ao preço e à escolha do 
fornecedor ou executante e ratificada pelo comandante da força militar;
i) abastecimento ou suprimento de efetivos militares em estada eventual de 
curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, 
por motivo de movimentação operacional ou de adestramento;
j) coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos 
recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de 
lixo, realizados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente 
de pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como 
catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis 
com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública;
k) aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de 
autenticidade certificada,desde que inerente às finalidades do órgão ou 
com elas compatível;
l) serviços especializados ou aquisição ou locação de equipamentos 
destinados ao rastreamento e à obtenção de provas previstas nos incisos II e 
V do caput do art. 3º da Lei n. 12.850, de 2 de agosto de 2013, quando houver 
necessidade justificada de manutenção de sigilo sobre a investigação;
m) aquisição de medicamentos destinados exclusivamente ao tratamento 
de doenças raras definidas pelo Ministério da Saúde;
65
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
V - para contratação com vistas ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 
3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei n. 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os 
princípios gerais de contratação constantes da referida Lei;
VI - para contratação que possa acarretar comprometimento da segurança 
nacional, nos casos estabelecidos pelo Ministro de Estado da Defesa, mediante 
demanda dos comandos das Forças Armadas ou dos demais ministérios;
VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio, intervenção 
federal ou de grave perturbação da ordem;
VIII - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando 
caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar 
prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços públicos ou a 
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, 
públicos ou particulares, e somente para aquisição dos bens necessários ao 
atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de 
obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, 
contado da data de ocorrência da emergência ou da calamidade, vedadas 
a prorrogação dos respectivos contratos e a recontratação de empresa já 
contratada com base no disposto neste inciso;
IX - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens 
produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integrem a 
Administração Pública e que tenham sido criados para esse fim específico, 
desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;
X - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular 
preços ou normalizar o abastecimento; 
XI - para celebração de contrato de programa com ente federativo ou com 
entidade de sua Administração Pública indireta que envolva prestação de 
serviços públicos de forma associada nos termos autorizados em contrato 
de consórcio público ou em convênio de cooperação;
XII - para contratação em que houver transferência de tecnologia de 
produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), conforme 
elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da 
aquisição desses produtos durante as etapas de absorção tecnológica, e em 
valores compatíveis com aqueles definidos no instrumento firmado para a 
transferência de tecnologia;
XIII - para contratação de profissionais para compor a comissão de avaliação 
de critérios de técnica, quando se tratar de profissional técnico de notória 
especialização;
66
Unidade II
XIV - para contratação de associação de pessoas com deficiência, sem fins 
lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgão ou entidade da Administração 
Pública, para a prestação de serviços, desde que o preço contratado seja 
compatível com o praticado no mercado e os serviços contratados sejam 
prestados exclusivamente por pessoas com deficiência;
XV - para contratação de instituição brasileira que tenha por finalidade 
estatutária apoiar, captar e executar atividades de ensino, pesquisa, 
extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo 
à inovação, inclusive para gerir administrativa e financeiramente essas 
atividades, ou para contratação de instituição dedicada à recuperação social 
da pessoa presa, desde que o contratado tenha inquestionável reputação 
ética e profissional e não tenha fins lucrativos;
XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de 
insumos estratégicos para a saúde produzidos por fundação que, regimental 
ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da Administração 
Pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, 
extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e de 
estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira 
necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam 
transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o SUS, nos termos 
do inciso XII do caput deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim 
específico em data anterior à entrada em vigor desta Lei, desde que o preço 
contratado seja compatível com o praticado no mercado (BRASIL, 2021).
Em relação à Lei n. 8.666/1993, o rol da atual lei é mais enxuto. Pela antiga lei, o art. 24 possuía 35 
incisos, muitos deles sendo acrescentados posteriormente, por meio de mudanças legislativas. 
 Observação
Nota-se que o conteúdo dos incisos expõe circunstâncias que 
demandam emergência ou danos quanto à demora do processo de 
licitação, e ainda atos de fomentos a determinados setores da economia. 
Encontramos hipóteses relacionadas à compra de gêneros alimentícios, 
que possuem prazo de validade, demandando celeridade na aquisição; 
compra de materiais para Forças Armadas; reformas para estabelecimentos 
prisionais; e aquisição de materiais destinados para pesquisas científicas 
ou para entidades atuantes no SUS (Sistema Único de Saúde). 
Ainda na vigência desta lei, havia a distinção entre licitação dispensada e dispensável, não existindo 
mais a primeira modalidade, que servia também para a alienação de bens pertencentes à Administração. 
Na constância da atual lei, essas alienações são realizadas exclusivamente por leilão.
67
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
 Observação
A dispensa de licitação não é uma exigência direta da lei, competindo 
ao poder público analisar a conveniência e oportunidade da adoção da 
contratação direta, quando presentes as circunstâncias do art. 75.
3.5 Instrumentos auxiliares
A Lei n. 14.133/2021 criou procedimentos auxiliares para realização de licitação ou contratação, sendo 
eles elencados pelo art. 78 como: credenciamento, pré-qualificação, procedimento de manifestação de 
interesse, sistema de registro de preços e registro cadastral. São procedimentos que facilitam a realização 
de etapas do certame, especialmente no que diz respeito à organização de potenciais participantes. 
Todas devem atender a critérios claros e objetivos definidos em regulamento (art. 78, §1º).
Alguns desses instrumentos estão definidos pelo art. 6º, por meio de seus incisos XLIII, XLIV e XLV:
Credenciamento
Processo administrativo de chamamento público em que a Administração Pública convoca 
interessados em prestar serviços ou fornecer bens para que, preenchidos os requisitos necessários, se 
credenciem no órgão ou na entidade para executar o objeto quando convocados;
O credenciamento poderá ser utilizado em três situações de contratação, explicadas pelos incisos I a III 
do art. 79: paralela e não excludente, sendo estas contratações simultâneas e padronizadas viáveis e 
vantajosas para a Administração Pública; com seleção a critério de terceiros, a cargo do beneficiário 
direto da contratação; e em mercado fluidos, situação em que a flutuação constante do valor das 
prestações e das condições inviabilizem a seleção de participantes por meio de licitação.
Este instrumento será disciplinado por regulamento próprio. A Administração manterá o edital de 
chamamento em sítio eletrônico oficial, para cadastramento de novos interessados permanentemente. 
Pré-qualificação
Procedimento seletivo prévio à licitação, convocado por meio de edital, destinado à análise das 
condições de habilitação, total ou parcial, dos interessados ou do objeto. A lei prevê também que a 
pré-qualificação ficará permanentemente aberta para a inscrição de interessados.
Já o art. 80 menciona ser um procedimento técnico-administrativo, destinado para licitantes que 
reúnem condições de habilitação

Continue navegando

Outros materiais