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AULA 2 COMPREENSÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS Prof. Phelipe de Lima Cerdeira 2 CONVERSA INICIAL Olá! Sejam bem-vindos à nossa segunda aula da disciplina Compreensão e Produção de Textos! Depois de seguir o nosso planejamento e dedicar especial atenção à reflexão dos conceitos iniciais de texto, discurso e enunciado, finalizamos o nosso último encontro discorrendo sobre os gêneros textuais, isto é, as múltiplas possibilidades de manifestações culturais e cognitivas que a linguagem encontra para se organizar e construir significados. Juntos, entendemos que um texto pode ser um conto, um romance e um bilhete, mas também uma fotografia, uma imagem projetada em um prédio histórico em um espetáculo, a receita de bolo da nossa avó, o grafite que leva a voz para as ruas, uma música, a fala do vizinho curioso sobre o que poderia ter acontecido na padaria... Além disso, também promovemos uma reflexão teórica a respeito do que está atrelado às instâncias do discurso e do enunciado. Nesta aula, vamos dar foco pontual para o que, na linguística textual, chamamos de textualidade. Sempre que possível, e com o objetivo de garantir uma abordagem mais leve e pragmática, iremos discutir os itens propostos sob a ilustração de exemplos de diferentes textos. Conto com a leitura atenta e a participação ativa de cada um. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Ao cotejar algumas das principais teorias e nomes que contribuíram para área linguística, principalmente a partir do século XX, é possível entender as transformações sofridas na concepção da língua e como tais mudanças impactaram diretamente o que, agora, chamamos de texto. O grande residual que temos – ou devemos ter – até aqui é que um texto é mesmo uma unidade completa, capaz de expressar um significado e que espera a interação de um determinado interlocutor. Mais: que todo e qualquer texto é enunciado a partir de um horizonte de expectativas, e dialoga literalmente com outros textos e discursos que o antecederam, que são enunciados de maneira concomitante e – por que não dizer? – que ainda serão objetos do discurso. Não é segredo, portanto, que “um texto não se esclarece em seu pleno funcionamento apenas no âmbito da língua, mas exige aspectos sociais e cognitivos” (Marcuschi, 2008, p. 65). Para o linguista brasileiro Luiz Antônio Marcuschi (2008, p. 88), o texto é “a unidade máxima de funcionamento da língua”. 3 Dessa forma, podemos afirmar que todo texto aponta uma natureza discursiva, isto é, não se limita apenas a uma organização estrutural. Mas, afinal, por que fizemos exatamente esse caminho? Espera-se que essa importante discussão teórica inicial tenha servido como instrumento para alinhar os seus conhecimentos e para que, de maneira pragmática, cada aluno e aluna possa fortalecer qual a perspectiva que tomamos para estudar e praticar a produção e a compreensão textual. Nosso lugar de fala é o da linguística textual, uma área que, sem dúvida alguma, segue protagonizando transfigurações desde o seu desenvolvimento, na década de sessenta do século XX. Se antes a preocupação abarcava sobretudo o que dizia respeito ao texto escrito, hoje, há outras contribuições para pensar o texto não-verbal e o texto oral. A grande preocupação dessa perspectiva linguística sempre foi a de dar conta de entender as relações que certas frases guardavam com outras, justificando o seu sentido apenas a partir desse cotejamento. Tal enlaçamento entre as frases ficou conhecido como “relações interfrásticas” (Marcuschi, 2008, 73). Por meio de tal abordagem, passava a ser verossímil entender questões atreladas a uma anáfora ou a uma elipse, utilizadas em um texto, por exemplo. A linguística textual está atenta às descobertas proporcionadas por um texto e não, ao contrário, preocupada em definir um conjunto de regras que possam reger ou definir o que é um texto. Nunca é demais salientar que, para a linguística textual, a língua não deve ser entendida ou estudada de maneira nuclear, apenas considerando as suas unidades ou estruturas isoladamente. A busca é sempre pela análise de unidades que alcancem sentido. Dito tudo isso e esclarecidas tais premissas, concentremo-nos no tema central da nossa segunda aula: a textualidade. Não se trata de um sinônimo pomposo para falarmos do texto, tampouco de mais uma instância discursiva. Descobriremos que a textualidade está relacionada propriamente à maneira como iremos ler e atribuir significado a um dado texto, além de problematizar os aspectos externos responsáveis por sua constituição. Vamos tomar como base os sete critérios da textualidade arrolados pelos linguistas Robert de Beaugrande e Wolfgang Dressler (1981), e que foram, no Brasil, trabalhados de maneira atenta por Marcuschi em sua obra Produção textual, análise de gêneros e compreensão (2008). 4 TEMA 1 – A TEXTUALIDADE Em nossa Conversa inicial, ademais de aludir genericamente à discussão desenvolvida em nosso primeiro encontro, frisamos como a linguística textual acompanhou as transformações teóricas sofridas ao longo do século XX, abrindo o seu espectro de interesse para além dos textos escritos ou verbais. Tal conduta seguiu a concepção tomada para pensar o conceito de texto como um todo, sobretudo a partir das perspectivas de Bakhtin sobre a linguagem e a sua relação com o mundo. Daí, portanto, a máxima de que texto “pode ser tido como um tecido estruturado, uma entidade significativa, uma entidade de comunicação e um artefato sociohistórico. Assim, pode-se afirmar que o texto é uma (re)construção do mundo e não uma simples refração ou reflexo” (Marcuschi, 2008, p. 72, grifos nossos). Agora, cabe aprofundar a discussão e pensar que, para decodificar um texto, é sempre necessário ter em mente a grade situacional no qual ele está inserido. Ou seja, não podemos perder de vista os múltiplos discursos culturais e históricos que potencializaram a sua formulação enquanto enunciado. Sabemos, pois, que todo texto é o resultado de diversos elementos, os quais, por sua vez, são cruzados e ampliados, criando uma rede de sentidos a partir dos discursos que cada um traz consigo (dialogismo). Tal fenômeno e condição de construção “comprova que um texto se dá numa complexa relação interativa entre a linguagem, a cultura e os sujeitos históricos que operam nesses contextos” (Marcuschi, 2008, p. 93). Ao esmiuçar tais questões, Robert de Beaugrande e Wolfgang Dressler (1981) passaram a problematizar na esfera da linguística textual o conceito de textualidade. Ele é constituído a partir de três aspectos: 1. Primeiro, o fato de que um texto não é um artefato, mas um evento discursivo; 2. Segundo, a ideia de que um texto é definido por um contexto sociointerativo e por uma relação cognitiva capaz de atribuir-lhe sentido; 3. Terceiro, para forjar-se como texto, é necessário que uma sequência linguística possa ser interpretada. Tendo em vista tais aspectos, Beaugrande e Wolfgang vislumbraram o conceito da textualidade a partir de sete critérios principais: coesão; coerência; intencionalidade; aceitabilidade; informatividade; situacionalidade; e 5 intertextualidade. Diferentemente do que alguns possam imaginar, a textualidade não se erige como um engessamento para os estudos do texto ou tampouco está atrelada a um padrão normativo da língua. Cabe à textualidade mediar e avaliar a capacidade de que um texto possa cumprir com a função discursiva e cognitiva para a qual foi produzido. Reitera-se que, mesmo podendo sistematizar os critérios ao falar em textualização, não é correto pensar que cada um desses parâmetros ocorra de maneira isolada em um texto. Veremos nas próximas seções que os critérios se inter-relacionam, ganhando nuances específicas de acordo com os interesses previstos em um enunciado. Questões atreladas à coesão, por exemplo, acabamsendo cruzadas pela intencionalidade ou mesmo pela aceitabilidade. Para esta disciplina, tomamos a obra Produção textual, análise de gêneros e compreensão (2008), de Marcuschi, como leitura fulcral para o contexto teórico linguístico brasileiro. Sem dúvida alguma, o nome do professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é uma referência quando falamos e produção e compreensão textual. Mais do que abrir novas frentes para os estudos da linguística textual, o trabalho de Luiz Antônio Marcuschi aponta como é possível – mantendo sempre o rigor e o critério acadêmico (vale lembrar que Marcuschi é pesquisador do CNPq e da Capes) – esmiuçar conceitos teóricos e problematizações densas a partir de uma linguagem estratégica, didática e acessível. Antes de discorrermos a respeito de cada critério e pensarmos as suas características por meio de exemplos de textos selecionados, resgato apenas uma figura criada por Marcuschi para que seja possível avaliar, de maneira clara, como é construído o processo de textualização. 6 Figura 1 – Para compreender o processo de textualidade Fonte: Elaborado com base em Marcuschi, 2008, p. 96. Como pode ser notado, a textualidade ou o processo de textualização se compõe a partir do tripé autor-texto-leitor. Ao partir desse alicerce discursivo, caberá avaliar como se estruturam a configuração linguística ou a cotextualidade (ou seja, tudo o que é interno e partícipe do texto) e, ainda, o que se fundamenta a partir da situação comunicativa ou contextualidade (cabe aqui pensar na ideia de discurso já arrolada na Aula 1, dando especial atenção ao que chamamos de conhecimento de mundo). Tendo em vista toda essa dinâmica e fluxo para pensar na construção de um texto, passaremos a problematizar cada um dos critérios da textualidade, garantindo, em um primeiro estágio, uma especial atenção aos elementos atrelados à formulação concreta do texto, aos elementos que dão fundamento à cotextualidade. 7 TEMA 2 – COESÃO E COERÊNCIA Para começar a pensar nos sete critérios da textualidade, iniciemos com a coesão e a coerência, potencializando o âmbito da cotextualidade, da configuração linguística. 2.1 Coesão Quando pensamos em textualidade, a coesão se apresenta como uma espécie de paradigma clássico, uma unanimidade. Não à toa, para grande parte dos teóricos, a coesão é mesmo “o critério mais importante da textualidade.” (Marcuschi, 2008, p. 99). Tamanha presença em nossa vida como seres discursivos que é quase impossível que cada um de nós não tenha se deparado, em algum momento de nossa vida escolar, com o desafio de entender o porquê o(a) professor(a) de Língua Portuguesa tenha marcado em nossa redação aquela frase (que, aliás, nos parecia ser uma verdadeira sentença): “Não tem coesão!”. A sensação – garanto a cada um de vocês – não é rara e segue sendo narrada como uma das lembranças mais emblemáticas, não somente nas oficinas de redação, mas em diversas provas cujas resposta devem ser discursivas. Ao invés de ler, porém, a temida frase, bastava perceber aquele ponto de interrogação proeminente desenhado em cima da resposta dada à pergunta. A pequena narrativa faz você se lembrar de alguma experiência particular? É provável que sim. No entanto, qual é a sua impressão ao ler a mesma frase hoje? O que faz com que um texto tenha ou não coesão? Sem refletir a partir de parâmetros teóricos, é plausível que a relação imediata dada à coesão seja a organização que um dado texto possa apresentar. A intuição preliminar é bastante oportuna; no entanto, cabe discorrer sobre como a coesão organiza a cotextualidade de acordo com condições pontuais e pertinentes a cada texto. O que se quer dizer com isso? Que a coesão não é uma estrutura equânime. Cada texto determinará como deverá ser constituída a coesividade. Tal como apregoado por Marcuschi, “os processos de coesão dão conta da estruturação da sequência [superficial] do texto (seja por recursos conectivos ou referenciais); não são simplesmente princípios sintáticos. Constituem os padrões formais para transmitir conhecimentos e sentidos" (Marcuschi, 2008, p. 99, grifos nossos). 8 Está claro que a coesão textual, responsável pela organização e pela sequencialização de um texto, é operada no nível superficial e se constrói a partir de recursos conectivos ou referenciais. No entanto, a grande dissidência na linguística textual na contemporaneidade é justamente atrelada à coesão textual, sobretudo porque muitos teóricos entendem que tal critério não figura apenas como um simples mediador morfossintático ou um regulador para uma gramática textual. A coesão não pode, assim, estar resumida apenas à ideia equivocada de que se trata do fenômeno mais superficial do tecido textual. Segundo Koch e Travaglia (2010), haveria dois tipos de coesividade: a conexão referencial (relação com aspectos semânticos); e a conexão sequencial (relação com elementos conectivos). Diferentemente do que se pensava anteriormente, a coesão não é um critério essencial para se garantir a textualidade, o que permite a afirmação que a sua ausência (ao menos da coesão superficial) não impede a existência de textualidade. Dizer que não é necessariamente decisiva não significa, porém, que ela é irrelevante. Pensemos na coesão a partir do texto abaixo, um fragmento do conto O peru de Natal, de Mario de Andrade (2001, p. 125): O nosso primeiro Natal de família, depois da morte de meu pai acontecida cinco meses antes, foi de consequências decisivas para a felicidade familiar. Nós sempre fôramos familiarmente felizes, nesse sentido muito abstrato de felicidade: gente honesta, sem crimes, lar sem brigas internas nem graves dificuldades econômicas. Mas, devido principalmente à natureza cinzenta de meu pai, ser desprovido de qualquer lirismo, duma exemplaridade incapaz, acolchoado no medíocre, sempre nos faltara aquele aproveitamento da vida, aquele gosto pelas felicidades materiais, um vinho bom, uma estação de águas, aquisição de geladeira, coisas assim. Meu pai fora de um bom errado, quase dramático, o puro-sangue dos desmancha-prazeres. Morreu meu pai, sentimos muito, etc. Quando chegamos nas proximidades do Natal, eu já estava que não podia mais para afastar aquela memória obstruente do morto, que parecia ter sistematizado para sempre a obrigação de uma lembrança dolorosa em cada gesto mínimo da família. Uma vez que eu sugerira à mamãe a ideia dela ir ver uma fita no cinema, o que resultou foram lágrimas. De onde se viu ir ao cinema, de luto pesado! A dor já estava sendo cultivada pelas aparências, e eu, que sempre gostara apenas regularmente de meu pai, mais por instinto de filho que por espontaneidade de amor, me via a ponto de aborrecer o bom do morto. Escolher um excerto como anterior para versar a respeito do critério de coesão é, mais do que algo prazeroso, uma opção mais cômoda, afinal, estamos falando de um texto de Mario de Andrade. No entanto, não se quer aqui endossar uma impressão apressada de que somente na alta literatura ou em um texto canônico se pode exemplificar como se estrutura a coesão. A questão é que o 9 fragmento do conto lido facilita percebermos como a coesividade se dá a partir do uso bem dosado de recursos como anáforas e elipses. Vejamos: mesmo tendo tido contato apenas com os dois primeiros parágrafos do conto, já é possível dizer que a narrativa oferece ao leitor interessantes eixos do enredo, garantindo certo entendimento e adiantando alguns traços de um narrador irônico, que parece descontruir estereótipos esperados de uma cena natalina. Entende-se que a experiência narrada é coletiva, quer dizer, não diz respeito a apenas uma pessoa, embora a perspectiva contada seja a do filho-narrador. Para garantir a coesão nesse âmbito, encontramos no texto o uso de anáforas (termos que fazem alusãoa outros), ora por meio de pronomes como “nosso”, “Nós” e “nos”, ora por locuções como “gente honesta”, ora pela marcação de pessoa e número em paradigmas verbais (“fôramos”, “sentimos”, “chegamos”). Da mesma maneira, para não registrar repetitivamente a palavra pai, o autor seleciona no eixo paradigmático diferentes léxicos para o signo “pai”. Neste caso, encontramos opções como “ser” e, de maneira contundente para a construção do traço de ironia do narrador, a opção “morto”. No eixo sintagmático, todas as orações obedecem à naturalidade da ordem que rege a norma culta do português brasileiro: sujeito, verbo e predicado bem determinados (“O nosso primeiro Natal de família [...] foi de consequências decisivas para a felicidade familiar”). Destaca-se, neste caso, como a coesão se dá em âmbito referencial, utilizando, para tanto, formas remissivas referenciais (elementos linguísticos que estabelecem referências a partir de duas possibilidades – sinônimos – itens lexicais plenos) e formas remissivas não referenciais (unidades que não têm autonomia referencial, como os artigos e pronomes). O conto ainda reserva um traço específico para que possamos pensar na coesão; trata-se do adiantamento de uma informação que será preponderante para o desenvolvimento e a organização de toda a narrativa: a morte do pai, sobretudo por conta da marcação do adjunto adverbial “cinco meses antes”. A estratégia de mencionar um dado que será explicitado posteriormente no texto é chamado de recurso catafórico. Em gêneros textuais relacionados ao âmbito jornalístico – a reportagem, por exemplo – fica claro como a coesão textual é criada a partir de anáforas que buscam a não repetição lexical. Observe o exemplo abaixo, publicado na página JusBrasil (Vieira, 2005, grifos nossos): 10 Senado aprova aumento do tempo de internação para menores infratores O Senado aprovou nesta terça-feira (14) por 43 votos a 13 projeto de lei que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e aumenta o tempo de internação de menores de 18 anos que tenham cometido crimes hediondos. A matéria seguirá agora para votação na Câmara dos Deputados. Pelo projeto, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), os jovens que tenham cometido esse tipo de crime poderão ficar internados em centros de atendimento socioeducativo por até dez anos. Atualmente, o tempo máximo de internação é de três anos. Originalmente, o relator do projeto, senador José Pimentel (PT-CE), havia proposto que o tempo máximo de internação ficasse em até oito anos. Porém, ele acatou emenda do próprio Serra e manteve o limite em até dez anos. [...] Outro ponto proposto por Pimentel prevê que os adolescentes passarão por avaliação, a cada seis meses, feita pelo juiz responsável pelo caso. O objetivo do petista é que o magistrado possa analisar e optar por liberar antecipadamente ou não o jovem da reclusão. Os internos ainda deverão estudar nos centros de internação até concluir o ensino médio profissionalizante. Atualmente, o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que os menores devem concluir somente o ensino fundamental. Na reportagem, percebemos como o autor do texto constrói a coesividade do texto a partir da seleção de diferentes léxicos para se referir ao que foi apresentado no título como “menores infratores”. Ao trabalhar também no eixo paradigmático, perceberemos como a coesão se constituiu a partir do uso de termos como “jovens”, “adolescentes”, “jovem” e “internos”. Cada uma dessas palavras opera como anáfora, ou seja, transforma-se em variações e ajuda a estabelecer, vez ou outra, relação com o referente do título “menores infratores”. A partir da reflexão rápida do conto O peru de Natal e da reportagem publicada no site JusBrasil, percebemos que a coesão pode ser explicada como uma arquitetura a partir de múltiplos processos de sequencialização, garantindo uma relação linguística entre as partes. Linguistas como Halliday e Hasan (1976) alertam que a coesão pode ser subdividida a partir de cinco mecanismos: a referência, a substituição, a elipse, a conjunção e a coesão lexical. Vale lembrar que, em textos orais, a coesão não se estabelecerá da mesma maneira que em textos escritos. Isso se dá pelo fato de que, na oralidade, nossos enunciados são construídos de maneira concomitante ao planejamento do que será dito. Basta pensar em uma ligação telefônica, por exemplo. Sobre tal aspecto, Luiz Antônio Marcuschi (2008, p. 111) reitera que os textos orais costumam ter um maior número de formas pronominais, mas aí elas assumem uma relação situacional e não confundem o interlocutor. Os textos orais são altamente dêiticos, ou seja, estruturam-se indexicalmente, já que a informação atual está se processando. Daí também o grau maior da complexidade correferencial no texto escrito, http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90 http://g1.globo.com/politica/politico/jose-serra.html http://g1.globo.com/tudo-sobre/psdb http://g1.globo.com/tudo-sobre/pt http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90 11 onde o universo de processamento deve ir sendo paulatinamente construído. 2.2 Coerência Concentremo-nos, agora, no segundo critério da textualidade: a coerência. Da mesma forma que a coesão, a coerência costuma figurar em nosso horizonte de expectativas. Não se trata apenas de lembranças que temos em recados deixados pelo nosso professor após ler as nossas respostas em uma prova, mas, na atualidade, também quando enunciamos algo via uma mensagem instantânea e recebemos do nosso interlocutor a seguinte resposta: “????????????”. A inscrição com os repetidos pontos de interrogação é apenas uma variação para uma enunciação que você já ouviu ou construiu ao referir-se a algum texto: “Isto não faz sentido!”. Falar em coerência, portanto, é versar a respeito da verossimilhança, ou seja, da possibilidade de um texto fazer-se crível na leitura de um interlocutor. Para Marcuschi (2008, p. 119), a coerência “representa a análise do esforço para a continuidade da experiência humana”. Se a coesão está ligada à forma e à sequência de um determinado enunciado a partir de recursos linguísticos, sobretudo no nível morfossintático, no caso da coerência, há uma relação direta com a continuidade do sentido. Outra definição possível para a ideia de coerência textual é aquela que a entende como “um princípio da interpretação do discurso” (Charolles, citado por Marcuschi, 2008, p. 120). A coerência está, pois, diretamente relacionada à significação de um texto, ao exercício de interpretação e de decodificação estabelecidos pelo receptor. A seguir, aponto três casos em que a coerência textual, ao contrário do que se espera, não é bem executada em um primeiro nível de leitura, exatamente por contrariarem o nosso conhecimento de mundo e o contexto semântico aos quais se referem cada um dos exemplos (Koch; Travaglia, 2010, p. 9): 1. Maria tinha lavado a roupa quando chegamos, mas ainda estava lavando a roupa. 2. João não foi à aula, entretanto estava doente. 3. A galinha estava grávida. Presentes como argumentos dos linguistas Ingedore Villaça Koch e Luiz Carlos Travaglia, na obra A coerência textual (2010), as três frases apontam, de uma maneira bastante elucidativa e pedagógica, como a coerência textual pode – 12 nos três casos, parece não poder – ser encontrada. Na frase atribuída com o número 2, percebemos como a conjunção “entretanto” confere uma função adversativa que não tem relação direta com o primeiro período; não há uma explicação do porquê de João não ter ido à aula,confundindo potencialmente o interlocutor (leitor). No último caso, diferenciado pelo número 3, porém, a não coerência textual se dá, muito provavelmente, por um critério semântico ou contextual. Isso porque, a não ser que o enunciado pertença a uma fábula ou a algum gênero ficcional, usar o adjetivo “grávida” para aludir ao substantivo “galinha” é, no mínimo, uma incongruência. Quando nos referimos à coerência, há de se pensar no jogo poético e nas inversões buscadas no gênero lírico, por exemplo. Neste caso, estratégias de deslocamento semântico (de sentido) poderiam ajudar a relativizar o que entendemos como coerência superficial, já que o sentido poderia ser construído a partir de um pacto com o leitor, por conta de informações que não operam no âmbito da diegese, ou seja, do texto propriamente dito. Um exemplo? Bastaríamos relembrar o quanto é possível fruir e atribuir significado ao que está enunciado no texto-poema O cão sem plumas, de João Cabral de Melo Neto. No poema, a coerência é garantida pela própria natureza do gênero textual analisado, por conta do conhecimento de mundo utilizado pelo interlocutor, pelo entendimento de que os jogos metafóricos e a polissemia construídos ajudam a construir imagens verossímeis, tal como a de um “cão sem plumas”. Para finalizar a discussão a respeito da coerência textual, entendemos ser fundamental retomar a seguinte reflexão: “É importante, no entanto, ter claro que as relações de coerência devem ser concebidas como uma entidade cognitiva. Isto faz com que essas relações em geral não estejam marcadas na superfície textual e que não tenham algum tipo de explicitude imediatamente visível” (Marcuschi, 2008, p. 122). Pode ser até mesmo um ponto de vista do leitor que estabelece a coerência. Assim, a coerência não é uma propriedade empírica do texto em si (não se pode apontar para coerência), mas ela é um trabalho do leitor sobre as possibilidades interpretativas do texto. É claro que o texto deve permitir o acesso à coerência, pois, do contrário, não haveria possibilidade de entendimento. (Marcuschi, 2008, p. 122). 13 TEMA 3 – INTENCIONALIDADE E ACEITABILIDADE Além dos critérios que governam a configuração linguística, sabe-se que a textualidade também é construída a partir da situação comunicativa. É justamente nesse âmbito que são formuladas a intencionalidade e a aceitabilidade. A perspectiva que rege a intencionalidade é bastante transparente e não requer muito esforço reflexivo: está ligada à intenção do responsável pela enunciação de um texto. Tal critério, além de centrar-se no responsável pela produção do texto, também se concentra em perceber a sua intenção no momento de produzi-lo, estando diretamente atrelado ao objetivo percebido na construção de um texto. Segundo Marcuschi (2008, p. 126), a intencionalidade “diz respeito ao que os produtores do texto pretendiam, tinham em mente ou queriam que eu fizesse com aquilo”. Há de se frisar a dificuldade em se registrar a intencionalidade construída em um texto. Não se quer, portanto, endossar a velha perspectiva estruturalista que tardou em deixar os manuais de língua portuguesa e literatura (seria mais adequado dizer “didatismo literário” ou “paraliteratura”), reverberando a inalcançável pergunta “O que o(a) autor(a) quis dizer?”. Falar em intenção não significa aceitar que podemos aceder aos critérios e razões mais profundas de enunciação de alguém, mas, sim, atestar, a partir de dados presentes no texto e no discurso que o envolve, o que é verificável e comprovável entre autor, texto e interlocutor. Já o critério de aceitabilidade discorre sobre como determinado texto pode ser aceito ou não pelo interlocutor, ajudando – inclusive – a relativizar e expandir os limites apregoados aos critérios de coerência e coesão. Há, sem dúvida alguma, uma estreita relação com a pragmática, já que a aceitabilidade acaba versando a respeito de certo enunciado dentro do seu contexto discursivo ou de comunicação. Para que possamos verificar como se constrói a aceitabilidade, concentremo-nos em um fragmento de outro texto, o famoso conto “Meu tio, o iauretê”, de Guimarães Rosa (1969, p. 75): Nhem? A’bom, a’pois... Trastanto que eu tava lá no alecrinzinho com ela, cê devia de ver. Maria-Maria é careteira, raspa o chão com a mão, pula de lado, pulo frouxo de onça, bonito, bonito. Ela ouriça o fio da espinha, incha o rabo, abre a boca e fecha, ligeiro, feito gente com sono... Feito mecê, eh, eh... Que anda, que anda, balançando, vagarosa, tem medo de nada, cada anca levantando, aquele pêlo lustroso, ela vem sisuda, mais bonita de todas, cheia de cerimônia... Ela rosnava baixinho pra 14 mim, queria vir comigo pegar o preto Tiodoro. Aí, me deu aquele frio, aquele friiio, a cãimbra toda... Eh, eu sou magro, travesso em qualquer parte, o preto era meio gordo... Eu vim andando, mão no chão... Preto Tiodoro com os olhos doidos de medo, ih, olho enorme de ver... Ô urro!... Mecê gostou, ã? Preto prestava não, ô, ô, ô... Ói: mecê presta, cê é meu amigo... Ói: deixa eu ver mecê direito, deix’eu pegar um tiquinho em mecê, tiquinho só, encostar minha mão... Ei, ei, que é que mecê tá fazendo? Desvira esse revólver! Mecê brinca não, vira o revólver pra outra banda... Mexo não, tou quieto, quieto... Ói: cê quer me matar, ui? Tira, tira revólver pra lá! Mecê tá doente, mecê tá variando... Veio me prender? Ói: tou pondo mão no chão é por nada, não, é à-toa... Ói o frio... Mecê tá doido?! Atiê! Sai pra fora, rancho é meu, xô! Atimbora! Mecê me mata, camarada 22 vem, manda prender mecê... Onça vem, Maria-Maria, come mecê... Onça meu parente... Ei, por causa do preto? Matei preto não, tava contando bobagem... Ói a onça! Ui, ui, mecê é bom, faz isso comigo não, me mata não... Eu – Cacuncozo... Faz isso não, faz não... Nhenhenhém... Heeé!... Hé... Aar-rrâ... Aaâh... Cê me arrhoôu... Remuaci... Rêiucàanacê... Araaã...Uhm... Ui... Ui... Uh... uh... êeêê... êê... ê... A passagem final do conto de Rosa é um exemplo por excelência para pensarmos no critério de aceitabilidade, demonstrando como a fragmentação sintática e a extrapolação semântica podem alcançar limites não calculados em contextos discursivos não ficcionais. A estratégia de anacronismo verbal usada por Rosa no conto (aproximar a linguagem escrita do padrão oral) a um ponto em que o raciocínio habitual do personagem sofra uma espécie de metamorfose, uma animalização (o homem se transformando em onça), demonstra, sob o ponto de vista da linguística textual, como são criados os processos de aceitação. Frases fraturadas, sem a lógica sujeito-verbo-predicado, são altamente possíveis por conta do contexto de enunciação, pela relação com o todo. A mesma ideia poderia ser importada para uma avaliação de um texto da oralidade que, muito provavelmente, poderia seria considerado agramatical em um contexto escrito. TEMA 4 – INFORMATIVIDADE E SITUCIONALIDADE Se a coesão, para alguns linguistas, é tomada como o parâmetro mais importante da textualidade, a informatividade, ao menos para Marcuschi (2008, p. 132) trata-se do critério mais “óbvio de todos”. A afirmação se deve ao fato de que, por conta desse parâmetro, é possível eliminar toda e qualquer hipótese que esteja distante da instância enunciada no texto. Para pensar sobre isso, bastaria pensar na charge abaixo. 15 Figura 2 – Charge Créditos: Thyago Macson, 2018. Ao vislumbrar o texto-visual, a charge em questão, poderíamos arrolar distintos significados, sejam aqueles ativados pelo plano textual (a ideia da máxima “do Rio de Janeiro continua lindo” como uma frase impregnada no dia a dia do brasileiro, plasmada na voz de grande parte dos brasileiros) até o plano discursivo (uma crítica ácida ao ufanismo da cidade maravilhosa, denunciada pelos gritos de milhares de pessoas que sofrem com o enfrentamentoentre o poder do estado e a força do tráfico e de milicianos, por exemplo). Seja como for, via o critério da informatividade, o que poderíamos asseverar sem quaisquer dúvidas é que: a) o texto não se trata da poluição vivida pelos paulistanos; b) as mulheres seguem influenciadas pela moda de Paris; c) o brasileiro médio continua sem saber a origem da estátua presente no Cristo Redentor etc. Cada uma das elucubrações anteriores serve para demonstrar como o critério da informatividade atua, ou seja, todas as suposições que ele é capaz de neutralizar. Quando pensamos em informatividade, é notório que o “essencial desse princípio é postular que num texto deve ser possível distinguir entre o que ele quer transmitir e o que é possível extrair dele, e o que não é pretendido. Ser informativo significa, pois, ser capaz de dirimir incertezas” (Marcuschi, 2008, p. 132). 16 Em vias gerais, a situacionalidade é a relação entre o texto e a situação discursiva que o relaciona, definindo se determinado enunciado se constitui de maneira adequada ou não. De maneira isolada, pode ser entendido como um critério redundante, já que é entrecruzado por outros fatores como a coerência e a aceitabilidade. De qualquer forma, é válido frisar que a situacionalidade “não só serve para interpretar e relacionar o texto ao seu contexto interpretativo, mas também para orientar a própria produção. A situacionalidade é um critério estratégico” (Marcuschi, 2008, p. 128). TEMA 5 – INTERTEXTUALIDADE Finalmente, a textualidade tem também a intertextualidade como critério. Esta é percebida de maneira equânime entre os linguistas como a propriedade dialógica existente entre os textos, uma condição, aliás, que rege o próprio funcionamento do discurso como um todo (tudo o que falamos, em algum grau, dialoga com os múltiplos textos que constituem a nossa comunicação). A linguista Julia Kristeva, uma das principais responsáveis por disseminar as ideias de Bakthin no Ocidente, fundamentará a ideia da intertextualidade definindo todo texto como um “mosaico de citações”. Ao partir do pressuposto de que enunciamos textos em constante diálogo, todo e qualquer texto que pudéssemos escolher a seguir seria um rico exemplo linguístico. No entanto, foi-nos irresistível escolher um trecho simbólico de um dos romances mais importantes de toda a literatura ocidental, o romance Dom Quixote, publicado pela primeira vez em 1605, de autoria do espanhol Miguel de Cervantes (2005): Dormia ainda D. Quixote, quando o cura pediu à sobrinha a chave do quarto em que estavam os livros ocasionadores do prejuízo; e ela lhe a deu de muito boa vontade. Entraram todos, e com eles a ama; e acharam mais de cem grossos e grandes volumes, bem encadernados, e outros pequenos. A ama, assim que deu com os olhos neles, saiu muito à pressa do aposento, e voltou logo com uma tigela de água-benta e um hissope, e disse: — Tome Vossa Mercê, senhor licenciado, regue esta casa toda com água-benta, não ande por aí algum encantador, dos muitos que moram por estes livros, e nos encante a nós, em troca do que nós lhes queremos fazer a eles desterrando-os do mundo. Riu-se da simplicidade da ama o licenciado, e disse para o barbeiro que lhe fosse dando os livros a um e um, para ver de que tratavam, pois alguns poderia haver que não merecessem castigo de fogo. — Nada, nada — disse a sobrinha; — não se deve perdoar a nenhum; todos concorreram para o mal. O melhor será atirá-los todos juntos pelas janelas ao pátio, empilhá-los em meda, e pegar-lhes fogo; e se não, 17 carregaremos com eles para mais longito da casa, para nos não vir molestar o fumo apestado. Outro tanto disse a ama; tal era a gana com que ambas estavam aos pobres alfarrábios; mas o cura é que não esteve pelos autos, sem primeiro ler os títulos. O que mestre Nicolau primeiro lhe pôs nas mãos foram os quatro de Amadis de Gaula. — Parece coisa de mistério esta! — disse o cura — porque, segundo tenho ouvido dizer, este livro foi o primeiro de cavalarias que em Espanha se imprimiu, e dele procederam todos os mais; por isso entendo que, por dogmatizador de tão má seita, sem remissão o devemos condenar ao fogo. — Não senhor — disse o barbeiro — também eu tenho ouvido dizer que é o melhor de quantos livros neste gênero se têm composto; e por isso, por ser único em sua arte, se lhe deve perdoar. [...] Este é — prosseguiu o barbeiro — o Cancioneiro de Lopez de Maldonado. — Também o autor desse livro — replicou o cura — é grande amigo meu, e os seus versos, recitados por ele, admiram a quem os ouve, e tal é a suavidade da voz com que os canta, que encanta. Nas églogas é algum tanto extenso, mas o bom nunca é demasiado. Guarde-se com os escolhidos. Porém que livro é esse que está ao pé dele? — A Galatéia de Miguel Cervantes — disse o barbeiro. — Muitos anos há que esse Miguel Cervantes é meu amigo; e sei que é mais versado em desdita que em versos. O seu livro alguma coisa tem de boa invenção; alguma coisa promete, mas nada conclui; é necessário esperar pela segunda parte que ele já nos anunciou. Talvez com a emenda alcance em cheio a misericórdia que se lhe nega; daqui até lá tende-mo fechado em casa, senhor compadre. — Com muito gosto — respondeu o barbeiro — e aqui vêm mais três de cambulhada: A Araucana de João Alonso de Ercila, a Austríada de João Rufo, jurado de Córdova, e o Monserrate de Cristóvão de Virues, poeta valenciano. A longa passagem transcrita se justifica, primeiro, pelo prazer da leitura. Em uma disciplina que se dedica à compreensão e produção textual, é sempre fundamental termos o texto como objeto da nossa atenção e experiência discursiva. Além disso, o excerto que narra o escrutínio e juízo da biblioteca de Dom Quixote ilustra o tecer do texto a partir da incorporação de outros textos de maneira mais do que evidente: trata-se, pois, de uma espécie de jogo, um exercício de catalogar todas as referências que pareciam fazer parte do campo intelectual e do universo literário do autor do romance. A intertextualidade em Dom Quixote atinge o ápice quando o próprio Miguel de Cervantes, a partir da menção de Galatéia, acabo sendo enunciado. Sem dúvida, uma oportunidade para que todos nós, leitores produtores de textos, possamos ver como o discurso é construído. FINALIZANDO Nesta aula, problematizamos pontualmente sobre a textualidade e cada um dos critérios que a definem. Para tanto, tomamos como referencial teórico os 18 conceitos enunciados pelos linguistas Robert de Beaugrande e Wolfgang Dressler (1981), recuperados, no Brasil, por Luiz Antônio Marcuschi (2008). A partir de exemplos, foi possível demonstrar que a textualidade é construída a partir das esferas da configuração linguística (critérios de coesão e coerência) e situação comunicativa (aceitabilidade, intencionalidade, situacionalidade, informatividade, intertextualidade). Seja qual for o critério, passa a ficar mais claro o fato de que um texto deve ser avaliado não de maneira genérica, estática, mas dentro do seu contexto discursivo de enunciação. Mediante tais reflexões, partiremos, nas próximas aulas, para a análise mais efetiva da compreensão e produção de textos. LEITURA COMPLEMENTAR Texto de abordagem teórica MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. Texto de abordagem prática COSTA, I. B.; FOLTRAN, M. J. A tessitura da escrita. São Paulo: Contexto, 2013. GOLDSTEIN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério. Leitura e escrita na universidade. São Paulo: Ática, 2009. Saiba mais GONÇALVES, F.; DIAS, M. da G. B. Coerência textual: um estudo com jovens e adultos. Psicologia: reflexão e crítica, n. 16, v. 1, 2003, p. 29-40. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prc/v16n1/16796.pdf>. Acesso em 01 jun. 2018. GREGOLIN, M. do R. V. Linguística textual e ensinode língua: construindo a textualidade na escola. Revista Alfa, n. 37, 1993, p. 23-31. 19 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. J. et al. O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2006. ANDRADE, M. O peru de Natal. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. CERVANTES, M. Dom Quixote. Primeira Parte. 2005. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/eb00008a.pdf>. Acesso em: 11 set. 2018. COSTA, I. B.; FOLTRAN, M. J. A tessitura da escrita. São Paulo: Contexto, 2013. FERNANDES. C. A.; PAULA, B. A. Compreensão e produção de textos em língua materna e língua estrangeira. Curitiba: InterSaberes, 2012. FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto: leitura e redação. 17. ed. São Paulo: Ática, 2007. GIRALDI, J. W. Unidades básicas do ensino do português. In: ALMEIDA, M. J. et al. O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2006. GOLDSTEIN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério. Leitura e escrita na universidade. São Paulo: Ática, 2009. GUIMARÃES, E. Texto & Argumentação. Um estudo de conjunções no português. Campinas: Pontes, 2007. HARTMANN, S. H. de G.; SANTAROSA, S. D. Práticas de leitura para o letramento no ensino superior. Curitiba: InterSaberes, 2012. KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2010. KOCH, I. G. V.; TRAVAGLIA, C. L. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2010. KÖCHE, V. S.; BOFF, O. M. B.; MARINELLO, A. F. Leitura e produção textual. Gêneros textuais do argumentar e expor. 6 ed. Petrópolis: Vozes, 2014. MACEDO, W. Elementos para uma estrutura da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Presença Edições, 1976. 20 MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. MARQUESI, S. C. A organização do texto descritivo em Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. ROSA, J. G. Meu tio o Iauaretê. In: _____. Estas Estórias. São Paulo: J. Olympio, 1969. SANTOS, L. W. Análise e produção de textos. São Paulo: Contexto, 2012. SILVA, R. do C. P. da. Linguística textual e a sala de aula. Curitiba: InterSaberes, 2012. VIEIRA, L. B. JusBrasil, 2015 Disponível em: <https://lucasbz.jusbrasil.com.br/noticias/208347630/senado-aprova-aumento- do-tempo-de-internacao-para-menores-infratores>. Acesso em: 11 set. 2018.
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