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Controle mecânico da placa supragengival Periodontia – UFPE Larissa Albuquerque Importância da remoção da placa supragengival *A placa dental é um biofilme bacteriano que se adere à estrutura dentária e é de difícil remoção e é formado por uma comunidade complexa de espécies bacterianas, em torno de 400 a 1000, que residem sobre as superfícies dos dentes e dos tecidos moles. Os produtos do biofilme geram uma cadeia de reações que levam à destruição tecidual. Diante disso, para preservar a saúde oral, é necessário remover a placa microbiana para prevenir o seu acúmulo nos dentes e gengiva. *A placa pode ser supra ou subgengival e pode estar aderida ou não ao dente ou tecidos. A sua composição microbiana varia de acordo com a pessoa e de acordo com o local dentro da boca de um mesmo indivíduo. *Para prevenir e controlar a doença periodontal é preciso fazer um controle eficaz da placa e, para isso, é preciso que ela seja removida frequentemente por métodos ativos, visto que, apesar da placa supragengival estar exposta à saliva e às forças fisiológicas da cavidade oral, a limpeza natural da dentição é quase inexistente. *Dessa forma, a limpeza da cavidade oral deve ser cuidadosa e realizada em intervalos para obter o controle da placa, pois o alto padrão de higiene garante a estabilidade dos tecidos periodontais de suporte, sendo essencial para a saúde dentária e periodontal. *A higiene oral age como redutora não específica da massa de placa, o que é importante pois reduz a carga lesionada dos tecidos atingidos. Os métodos de autorremoção da placa modificam a quantidade e a composição da placa subgengival e qualquer diminuição na massa de placa é benéfica para os tecidos inflamados que estão próximos aos depósitos bacterianos. *O ótimo controle da placa supragengival consegue alterar a composição da microbiota da bolsa periodontal e reduzir o porcentual de bactérias periodontopatogênicas. Autocontrole da placa *O autocontrole da placa tem diversos benefícios, como manter a dentição funcional durante a vida, reduzir o risco de perda de inserção periodontal, manter a boa aparência e bom hálito e reduzir o risco de cuidados dentários complexos, desconfortáveis e caros. *A escovação é a prática mais implementada na higiene oral, é de fácil aplicação e baixo custo, porém sozinha não proporciona a limpeza adequada interdental, já que não atinge as superfícies interdentais. *O resultado da escovação depende do desenho da escova, da habilidade do indivíduo em utilizá-la, da frequência e tempo de escovação. Além disso, alterações morfológicas e o comprometimento do paciente são muito importantes quando se trata da escovação. Por isso, a instrução de higiene oral deve ser adaptada para cada indivíduo e uma mesma escova de dentes pode não ser adequada a todas as populações. *A melhora da saúde oral dos pacientes depende da sua cooperação com o profissional de odontologia e também do seu interesse em manter a saúde dos tecidos e estar interessado e motivado na proposta do plano de tratamento. Escova de dentes *A escovação consiste na remoção da placa dental pelo contato direto entre as cerdas da escova e a superfície dos dentes e dos tecidos. A escova de dentes manual ideal deve seguir os critérios: • Ter tamanho de cabo apropriado para idade e destreza manual do usuário, para que a sua utilização seja fácil e correta. • Tamanho da cabeça adequado às dimensões da boca do paciente. • Cerdas de filamentos de poliéster ou náilon, com extremidades arredondadas e até 0,23mm de diâmetro. • Cerdas macias segundo os padrões internacionais da indústria. • Modelo de cerdas que aumentem a remoção de placa. *Além dessas características, é interessante que a escova tenha baixo preço, tenha boa durabilidade, seja impermeável à umidade e de fácil limpeza. *No mercado, existem diferentes tipos de escovas disponíveis. Em relação às cerdas, as escovas multinível e anguladas podem oferecer um melhor desempenho em relação às escovas planas, pois os múltiplos tufos de cerdas, geralmente angulados em várias direções, conseguem fazer uma melhor higienização considerando que a técnica de escovação mais utilizada é a horizontal simples. Além disso, as escovas de cerdas planas convencionais podem apresentar inconveniências como o “efeito bloqueador” causado pelos tufos apertados de cerdas que impedem que os tufos individuais alcancem as áreas interproximais. Periodontia Larissa Albuquerque *Em relação ao cabo, o ideal é que ele seja longo, arredondado e tenha tamanho apropriado considerando o tamanho da mão do usuário. *Tendo em vista a morfologia bucal, destreza manual e particularidades de cada paciente, não é possível a existência de uma escova de dente ideal para todas as pessoas. A escolha da escova deve seguir a preferência individual e a que seja melhor utilizada pelo paciente. Método de escovação *Cada paciente possui uma morfologia de distribuição da dentição diferente, como presença de diastema, apinhamento dentário e fenótipo gengival, tipo e gravidade de destruição dos tecidos periodontais e habilidade manual. Dessa maneira, não existe um único método correto de escovação para todos pacientes, pois cada um terá necessidades diferentes. Existem diversas técnicas de escovação e a ideal é a que permite a remoção completa da placa dental no menor tempo possível, sem causar dano aos tecidos. • Escovação horizontal: é o método mais comum e geralmente é utilizado por pessoas que nunca receberam instruções sobre as técnicas de higiene oral. A técnica é simples e consiste em posicionar a escova perpendicularmente à superfície dentária e fazer movimentos horizontais de vai e vem. • Escovação vertical de Leonard: é semelhante à técnica horizontal e consiste em aplicar o movimento da escova na direção vertical, com movimentos para cima e para baixo. • Escovação circular de Fones: a técnica consiste em fazer movimentos rápidos e circulares da gengiva da maxila até a da mandíbula, com uma leve pressão. Já na superfície lingual ou palatina, são utilizados movimentos horizontais. • Técnica de esfregaço: consiste na combinação de movimentos horizontais, verticais e rotatórios. • Escovação sulcular de Bass: essa técnica enfatiza a limpeza diretamente abaixo da margem gengival e, por isso, é indicada para pacientes com periodontite. A cabeça da escova deve ser posicionada obliquamente voltada para o ápice radicular, com as cerdas direcionadas para dentro do sulco, em ângulo de 45º em relação ao longo eixo do dente. Em seguida, a escova deve ser deslocada no sentido anteroposterior com movimentos curtos, sem remover as cerdas de dentro do sulco. Na superfície lingual ou palatina, o movimento é na direção vertical. • Técnica vibratória de Stillman: além da limpeza das áreas cervicais dos dentes, tem como função massagear e estimular as gengivas. A escova é posicionada em direção obliqua ao ápice da raiz, com as cerdas parcialmente localizadas na gengiva e na superfície dos dentes. Deve ser aplicada leve pressão juntamente com movimento vibratório leve, sem deslocar a posição da escova. • Técnica vibratória de Chartes: tem maior efetividade de limpeza e estimulação das áreas gengivais interproximais. A cabeça da escova deve estar posicionada obliquamente em relação à superfície dentária, com as cerdas direcionadas para a superfície oclusal ou incisal. Deve-se aplicar leve pressão para flexionar as cerdas em direção aos espaços interproximais e fazer movimento vibratório leve. É indicado principalmente para casos de recessão das papilas interdentais e para pacientes de ortodontia. • Técnica de rotação: a cabeça da escova é posicionada de forma oblíqua ao ápice da raiz,com as cerdas parcialmente na gengiva e na superfície dos dentes. As cerdas devem pressionar levemente a gengiva e a cabeça da escova deve ser girada sobre a gengiva para a direção oclusal. • Técnica de Bass/Stillman modificada: a modificação adicionou o movimento de rotação às técnicas, com rotação da escova sobre a gengiva e os dentes na direção oclusal, de forma que as cerdas alcancem o espaço interproximal. *Não há superioridade significativa entre os métodos de escovação. Dessa forma, não é preciso ensinar uma nova técnica ao paciente e sim realizar pequenas mudanças no método já utilizado para torná-lo mais eficiente. *Considerando o paciente médio e que nem sempre a escovação será realizada de forma eficiente, é recomendado a remoção mecânica da placa pela escovação duas vezes ao dia e remoção da placa Periodontia Larissa Albuquerque interdental uma vez ao dia. Dessa forma, é possível prevenir a gengivite e a doença cárie. *A duração da escovação está diretamente relacionada com a quantidade de placa que é removida durante o processo, independentemente do tipo de escova utilizada. Por isso, deve ser estimulada a escovação por no mínimo 2 minutos ou mais. Cerdas *A rigidez da escova é definida pelo tipo de cerda utilizado. Geralmente são de náilon e apresentam diferentes graus de dureza e rigidez a depender do material, diâmetro e comprimento. *Escovas com cerdas mais finas são mais macias e cerdas curvas são mais flexíveis e menos rígidas que as retas. A densidade de cerdas nos tufos também influencia na dureza da escova, pois quanto mais cerdas, maior será a rigidez, que impede a flexão da ponta da cerda durante a escovação e evita o risco de dano da gengiva. Apesar de cerdas macias serem as mais recomendadas, elas devem ter rigidez suficiente para possibilitar a remoção adequada da placa. *É indicado que cerdas afiladas com a ponta em forma acentuada de um elipsoide garantam maior maciez às cerdas e boa estabilidade ao corpo, tornando- as flexíveis e menos prejudiciais aos tecidos moles. *Cerdas macias são preferíveis em relação às duras devido ao risco de trauma dos tecidos gengivais, porém em pacientes sem indicação clínica para uso de escova macia pode-se recomendar escovas de rigidez média, pois estudos indicam que a limpeza é mais significativa. Substituição da escova *Não há evidência científica que embase o tempo correto de troca da escova. Isso se dá devido às diferentes técnicas de escovação e força aplicada durante a escovação, tornando variável o grau de desgaste de escovas de diferentes indivíduos. *A troca da escova se faz necesária, pois quando está gasta, ocorre a redução da sua capacidade de remover a placa, já que as cerdas se tornam mais afiladas com o uso e, consequentemente, mais macias. *Em geral, é recomendada a troca a cada 3 ou 4 meses, porém a recomendação deveria estar relacionada ao desgaste da escova e não do seu tempo de uso. Escovas elétricas *As escovas elétricas tem o potencial de melhorar a remoção da placa e a motivação do paciente na escovação, principalmente em pacientes que têm dificuldade de controlar a escova manual da maneira correta. *As escovas modernas removem a placa em menos tempo que as escovas manuais. Em comparação, o uso por 2 minutos de uma escova elétrica tem a mesma remoção de placa do que o uso por 6 minutos de uma escova manual. Diante disso, as escovas elétricas, que têm movimentos oscilantes e rotatórios, são clinicamente superiores às manuais e têm maior redução de placa e gengivite. Limpeza interdental *As escovas não alcançam as superfícies proximais de forma eficiente, nem as áreas interproximais. Por isso, existem métodos auxiliares à escovação no controle da placa. *O aparelho de limpeza interdental ideal deve ser de fácil utilização, remover a placa efetivamente e não causar efeitos deletérios sobre os tecidos moles ou duros. *É importante reforçar ao paciente que o sangramento durante a limpeza gengival pode ser causado por trauma ou devido à inflamação e que isso não é indicativo para evitar a limpeza e sim de tratar a inflamação. Também é preciso informar que a função da limpeza interdental não é retirar restos de alimentos entre os dentes e sim remover a placa interdental. *O fio dental é o método mais utilizado, mas nem sempre será a melhor recomendação para o paciente, visto que a sua indicação varia de acordo com fatores como o contorno e consistência do tecido gengival, o tamanho e forma do espaço interproximal, a posição e alinhamento dos dentes e capacidade e motivação do paciente. *Em indivíduos com contorno gengival e espaços de ameia normais (com as papilas interdentais preenchendo completamente o espaço da ameia interdental), pode-se recomendar o uso de fio ou fita dental, pois ele consegue remover até 80% da placa gengival e até de placa subgengival quando é possível introduzir de 2 a 3,5mm no sulco gengival. *O fio dental pode ser encerado ou não e não há diferença significativa na sua efetividade. O fio sem cera é recomendado para pacientes com pontos de contato normais, pois a passagem pelo ponto de contato é mais fácil, até mesmo quando desfia, já que ainda cobre uma superfície maior que a do fio encerado. Os fios encerados são recomentados para pacientes com contatos dentais muito apertados. *O uso rotineiro do fio dental não possui evidência científica, mas é recomendado o seu uso pelo menos uma vez ao dia para evitar gengivite e a doença cárie. Além disso, para ter eficácia, o uso do fio deve ter instrução apropriada, bom nível de destreza manual Área proximal: espaços visíveis que não estão sob a área de contato. Área interproximal e interdental: áreas sob o ponto de contato e relacionado a ele. Periodontia Larissa Albuquerque do paciente e motivação para fazer o uso de forma habitual. *Caso o paciente apresente recessão gengival, a eficiência do fio dental é menor e deve ser recomendado outro método. O palito dental, que não deve ser confundido com palitos de madeira, pode ser uma alternativa viável para pacientes com maior espaço interdental. *O palito dental é feito com madeira macia e tem desenho triangular/cuneiforme. O vértice do triângulo deve estar voltado para a oclusal e a base para o lado gengival. O palito dental pode ser usado até por pacientes com destreza manual insatisfatória, contanto que possua espaço interdental suficiente. *O palito dental apresenta a desvantagem de, quando utilizado em dentições saudáveis, poder causar o rebaixamento da margem gengival, pois o longo período de uso pode causar a perda permanente da papila e abertura do espaço de ameia, causando alterações estéticas na dentição anterior indesejáveis. *As escovas interdentais também podem ser utilizadas e consistem em cerdas de náilon macio torcidas em um fino fio de aço inoxidável, na forma cônica ou cilíndrica. O comprimento das cerdas deve ser compatível com o espaço interdental e acredita-se que a limpeza é mais eficiente quando a cerda da escova é levemente maior que o espaço interproximal. *São indicadas principalmente quando as superfícies radiculares expostas apresentam concavidades e ranhuras e para a limpeza delicada das áreas de defeitos de furca grau III. Também são recomendadas para pacientes com periodontite, pois são capazes de manter a superfície proximal supragengival livre de placa e de remover parte da placa subgengival abaixo da margem gengival, podendo ser até mais eficiente que o fio dental nesses casos. *As escovas interdentais devem ser utilizadas sem dentifrícios e por curto período de tempo. Devem ser descartadas quando as cerdas estiverem desgastadas ou se destacando. *As escovas interdentais apresentam a desvantagem de possivelmenteprecisar de tipos diferentes para espaços interproximais diferentes, pois os espaços de dentes posteriores costumam ser maiores, enquanto que o de dentes anteriores, menor. Além disso, o uso inadequado pode causar hipersensibilidade dentinária. *As escovas unitufo cônicas podem ser indicadas para a limpeza de superfícies distais dos molares posteriores, dentes mal posicionados, girovertidos, para limpar em torno de próteses fixas parciais, dispositivos ortodônticos ou de inserção imprecisa e limpar dentes com recessão gengival e margem gengivais irregulares ou com envolvimento de furca. Dessa forma, remove a placa de modo efetivo em locais de difícil alcance. Situação Método Papila interdental intacta; espaço interdental pequeno • Fio dental • Pequeno palito dental Recessão papilar moderada; espaço interdental discretamente aberto • Fio dental • Pequeno palito • Escova interproximal pequena Perda completa da papila; amplo espaço interdental • Escova interproximal Amplo espaço de ameia; diastema • Escova unitufo • Tiras de gaze Métodos auxiliares *Os métodos auxiliares foram desenvolvidos com a função de aumentar os efeitos da escovação dental na redução da placa interdental. *Os jatos de água ou irrigadores orais podem auxiliar na remoção mecânica da placa em uso conjunto com a escovação. A sua eficácia ainda não é comprovada clinicamente, mas estudos apontaram benefícios no seu uso para redução do sangramento gengival e inflamação. Entretanto, nem sempre foi vista a redução da placa interdental. Isso pode acontecer, pois, quando pacientes com gengivite fazem a irrigação supragengival, as populações patógenas são alteradas e reduzem a inflamação e também porque a pulsação da água pode alterar a interação entre hospedeiro e microrganismo, reduzindo a inflamação independentemente da remoção de placa. A irrigação é segura para pacientes saudáveis, mas pode não ser recomendada para pacientes com doença periodontal mais avançada, pois a força aplicada nos tecidos gengivais é considerável e pode levar à bacteremia. *A língua pode ser considerada um reservatório que permite o acúmulo e estagnação de bactérias e Periodontia Larissa Albuquerque resíduos alimentares, servindo como fonte de disseminação bacteriana para outras partes da cavidade oral e contribuindo para a formação da placa. Dessa forma, a sua limpeza deve ser realizada. *Os limpadores de língua ou raspadores são mais efetivos do que as escovas para a limpeza da língua e têm o benefício de reduzir o reflexo de vômito induzido pelas escovas. Isso permite uma higienização melhor do posterior do dorso da língua, que é a região mais importante a ser limpa. *Outro método são as dedeiras ou escovas de dedo, porém não são tão efetivas na remoção da placa e, por isso, não são recomendadas, pois não apresentam efeitos benéficos em comparação às escovas manuais. *Para manter a higiene oral de pacientes hospitalizados, pode ser utilizadas escovas de espuma embebidas em clorexidina. Elas apresentam eficiência similar à escova de dentes manual no controle da placa e gengivite. Essa eficiência só é observada quando embebida em clorexidina, já que apenas o uso da escova de espuma não apresenta benefícios. Dentifrícios *O uso da escova dental deve ser feito juntamente com o dentifrício, que tem a função de facilitar a remoção da placa e aplicar agentes no dente com fins terapêuticos ou preventivos. *Geralmente contém abrasivos, com o princípio de facilitar a remoção da placa. A maioria dos dentifrícios atuais utilizam a sílica, pois aumenta a abrasividade do dentifrício e consegue remover mais placa. *Apesar da inserção dos abrasivos ter o princípio de aumentar a remoção de placa, estudos apontam que esse aumento não é significativo e que a remoção de placa está minimamente relacionada a eles. Isso se dá porque a remoção da placa ocorre pela ação das cerdas da escova e não dos abrasivos. *O detergente ou surfactante é uma substância contida na fórmula e tem a função de fazer a limpeza da placa solta e de proporcionar a sensação prazerosa de limpeza. A maioria dos dentifrícios também contém fluoreto. Efeitos colaterais da escovação *A força durante a escovação está relacionada com a capacidade de remover a placa, porém, caso a força seja excessiva, pode causar danos aos tecidos moles e duros. *No tecido duro, o trauma causa abrasão das margens cervicais das superfícies dos dentes e pode ser causada pela dureza das escovas, ao método e à frequência de escovação. *A experiência clínica indica que a escovação dental inadequada pode causar dano superficial para os tecidos gengivais. Em muitos casos, a abrasão dentária ocorre em conjunto com a recessão gengival. Instrução e motivação do paciente *O controle mecânico da placa exige a participação ativa do paciente, pois é preciso estabelecer hábitos de higiene oral apropriados, o que envolve mudança de comportamento. Por isso, o paciente deve ser informado da importância da sua colaboração para estabelecer a saúde oral e prevenir cáries e a doença periodontal. *É preciso instruir o paciente acerca da importância da remoção da placa e quando, onde e como removê- la, considerando a rotina de higienização oral do paciente (frequência, duração, padrão, força e método de escovação) e as características da escova e do dentifrício. O tipo de escova e técnicas específicas de escovação são de importância secundária em comparação a sua habilidade em utilizar a escova. *Deve ser preferido e recomendado o procedimento mais simples e que remove de modo efetivo a placa bacteriana e mantém a higiene oral, consumindo o menor tempo. O interessante é que o profissional se baseie na técnica já utilizada pelo paciente para fazer pequenos ajustes que melhorem a sua eficácia do que ensinar uma técnica nova. *Caso o paciente seja interessado e motivado a ter uma boa higiene oral, é possível fazer o uso de agentes reveladores de placa na margem gengival ou espaço interdental para que o paciente possa visualizar onde a higienização está sendo deficiente e corrigi-la com o auxílio do dentista. *Apesar da revelação de placa servir como agente motivador para o paciente, outros fatores podem influenciar para a modificação do seu comportamento. Fatores sociais, pessoais, ambientais e experiência dental passada estão fora do alcance do profissional e fatores como condições de tratamento, instrução e educação do paciente estão ao alcance do dentista. Esses fatores precisam ser levados em consideração ao traçar um programa de higiene oral individualizado. Além disso, a instrução de higiene oral deve ser oferecida durante várias consultas para que o paciente tenha um feedback imediato e consiga reforçar os seus cuidados orais caseiros, utilizando o reforço positivo como forma de incentivo. Referência: • Tratado de periodontia clínica e implantologia oral. Niklaus P. Lang, Jan Lindhe; tradução Maria Cristina Motta Schimmelpfeng. - 6. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
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