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Atividade: distúrbios DO METABOLISMO PRIMEIRO CASO, BERIBERI Homem de 59 anos é levado ao setor de emergência pelos serviços médicos de emergência, após um membro da família tê-lo encontrado extremamente confuso e desorientado, com uma marcha instável e movimentos estranhos e irregulares dos olhos. O paciente foi alcoólatra no passado. Ele não apresenta problemas médicos conhecidos e nega o uso de qualquer outra droga. No exame, ele está afebril com um pulso de 110 batimentos/minuto e pressão arterial normal. Está extremamente desorientado e agitado, e seu movimento horizontal rápido dos olhos no olhar lateral é observado bilateralmente. Sua marcha é muito instável, mas o restante do seu exame é normal. A triagem de drogas na urina foi negativa, mas ele tinha níveis positivos de álcool no sangue. O médico da emergência administrou tiamina.Qual é o diagnóstico mais provável?Qual é importância da tiamina em reações bioquímicas? * O diagnóstico mais provável é a doença Beribéri, que é causada pela deficiência dietética da vitamina B1 (tiamina), caracterizada por manifestações neurológicas e cardíacas. A tiamina tem importante papel no metabolismo aeróbio de carboidratos, lipídios e proteínas, e na produção de energia celular; após ser ingerida na dieta, é absorvida pelo trato gastrointestinal, e levada aos tecidos, através da corrente sanguínea, para então ser transportada para dentro das células, através de transportadores específicos; ela é armazenada no cérebro, fígado, rins e músculos, principalmente o cardíaco, e é excretada na urina. Dentro da célula, está presente na forma livre e em três formas fosforiladas, a tiamina monofosfato (TMP), tiamina difosfato (TDP) ou tiamina pirofosfato (TPP) e tiamina trifosfato (TTP). Nesse distúrbio em questão, os níveis de piruvato e alfa-cetoglutarato ficam mais elevados que o normal, e sabendo que a tiamina é um precursor do cofator tiamina pirofosfato (complexo de três enzimas: piruvato desidrogenase, alfa-cetoglutarato desidrogenase e transcetolase) a sua falta leva ao comprometimento da atividade da transcetolase, prejudicando a síntese de ácidos nucléicos pela falta de ribose-5-fosfato e por outro lado, a falta de NADPH leva ao comprometimento das reações químicas do metabolismo de síntese que utilizam átomos de hidrogênio para a produção de esteróides, ácidos graxos, aminoácidos, e certos neurotransmissores, bem como a glutationa, importante no controle do estresse oxidativo. Além disso, o desequilíbrio causado pelo comprometimento do complexo piruvato desidrogenase reduz a produção de acetil-CoA, podendo levar ao aumento nos níveis de lactato, gerando uma condição sistêmica denominada de acidose metabólica. Já o comprometimento da α-cetoglutarato desidrogenase diminui a produção de ATP, devido à diminuição da produção de equivalentes redutores (NADH e FADH2) através do ciclo do ácido cítrico, os quais seriam re-oxidados pelos complexos I e II da cadeia respiratória. Nesse sentido, um dos principais efeitos tóxicos da acidose lática, consequente da deficiência em tiamina, é um aumento na produção de espécies reativas e da lipoperoxidação, contribuindo para a situação clínica em questão (BERG, 1958; BARRETO, 2012). SEGUNDO CASO: https://www.passeidireto.com/arquivo/86585877/caso- de-fenilcetonuria Menina de um ano é levada ao consultório do seu pediatra pela mãe que afirma estar preocupada com o seu desenvolvimento. Ela nasceu fora dos Estados Unidos de parto sem complicações. A mãe relata que o bebê não está atingindo as marcas normais para um bebê de sua idade, e também descreve um odor estranho em sua urina e algumas áreas de hipopigmentação na pele e cabelo. No exame físico, a menina apresenta hipotonia muscular e microcefalia. A urina é coletada apresenta um odor “de rato”.Qual é o diagnóstico mais provável? Qual é a fundamentação bioquímica da hipopigmentação da pele e do cabelo? * O provável diagnóstico é a Fenilcetonúria (PKU), uma desordem no metabolismo, causada pela ausência ou deficiência de fenilalanina hidroxilase, ou mais raramente, do seu cofator tetra-hidrobiopterina, desse modo a fenilalanina se acumula nos fluidos corporais e nos tecidos, uma vez que não pode ser convertida em tirosina, sendo o seu excesso convertido, através de vias metabólicas secundárias/alternativas, em fenilpiruvato (produtos como ácido fenilpirúvico, ácido feniláctico e ácido fenilacético que passam a ser detectados na urina), esses compostos são tóxicos e causam diversos danos, inclusive irreversíveis, como no sistema nervoso central. Doentes com PKU que ingerem fenilalanina apresentam sintomas tóxicos tais quais atrasos mentais, em especial em crianças, e distúrbios intelectuais nos adultos. A fenilalanina é um aminoácido aromático essencial, precursor da melanina, dopamina, noradrenalina e tiroxina, muito importante para a formação de neurotransmissores, contribuindo para melhorar a memória e o funcionamento do cérebro em geral, incluindo o humor, dentre outros. A melanina é uma substância de pigmento negro que se acumula em grânulos nos melanosomas cutâneos (e também nas vísceras), ela é o produto final de uma das sequências enzimáticas secundárias da tirosina, iniciada pela respectiva conversão em dopa por uma oxidase. Esta reação é inibida competitivamente https://www.passeidireto.com/arquivo/86585877/caso-de-fenilcetonuria https://www.passeidireto.com/arquivo/86585877/caso-de-fenilcetonuria pelo excesso de fenilalanina nos fenilcetonúricos. Ou seja, a melanina é responsável pelo pigmento que da coloração à epiderme, e como na PKU a fenilalanina não está sendo convertida, deixa de ocorrer ou diminui a formação da melanina, levando assim a descoloração dos tegumentos e pelos. (BERG, 1958; Actas Bioq. 2007) TERCEIRO CASO: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas- de-sa%C3%BAde-infantil/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos- heredit%C3%A1rios/intoler%C3%A2ncia-heredit%C3%A1ria-%C3%A0- frutose Menino de três anos deu entrada no setor de emergência após vários episódios de vômito e letargia. Seu pediatra estava preocupado com seu desenvolvimento e uma possível falência hepática, além dos episódios recorrentes de vômito e letargia. Após a história ter sido cuidadosamente investigada, observou-se que esses episódios ocorriam depois da ingestão de certos alimentos, principalmente aqueles com alto conteúdo de frutose. O açúcar no sangue do menino foi avaliado no setor de emergência e apresentou um nível muito baixo. Qual o diagnóstico mais provável? Quais as bases bioquímicas desses sintomas clínicos? Qual o tratamento para essa doença? * O provável diagnóstico é a Intolerância Hereditária à frutose, um distúrbio do metabolismo de carboidratos. A fosforilação da frutose pela frutoquinase é uma reação que ocorre rapidamente quando esse carboidrato entra na célula, a frutose é primariamente metabolizada no fígado, apesar de o intestino e os rins possuírem enzimas necessárias para o seu catabolismo. Sua rápida entrada no hepatócito é mediada também pela GLUT 2, não havendo gasto de energia ou necessidade do estímulo pela insulina, o controle do seu metabolismo está relacionado com um derivado fosforilado da frutose, há uma nítida inter- relação entre o metabolismo da frutose e o da glicose. A frutose administrada oralmente ou por via endovenosa é captada pelas células do fígado, onde é convertida em glicose e principalmente em glicogênio, além de ser uma fonte de energia em substituição a outros carboidratos da dieta, apresenta, também, um efeito catalítico, isto é, pode estimular a translocação da glicoquinase para fora do núcleo do hepatócito. A glicoquinase translocada será responsável pela fosforilação da glicose, uma etapa determinante do metabolismo hepático da glicose. No caso da Intolerância Hereditária à Frutose,ocorre um defeito enzimático primário a ausência aldolase B, responsável pela clivagem da frutose-1-fosfato, conseqüentemente, há o aumento de frutose no sangue e eliminação pela urina, o bloqueio da atividade da fosforilase e frutose-1,6- difosfato-aldolase, que acarreta diminuição na formação de glicose e de glicogênio, e interrupção da gliconeogênese, o que explicaria a hipoglicemia persistente. A literatura mostra que a frutose está envolvida em todos esses https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-heredit%C3%A1rios/intoler%C3%A2ncia-heredit%C3%A1ria-%C3%A0-frutose https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-heredit%C3%A1rios/intoler%C3%A2ncia-heredit%C3%A1ria-%C3%A0-frutose https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-heredit%C3%A1rios/intoler%C3%A2ncia-heredit%C3%A1ria-%C3%A0-frutose https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-heredit%C3%A1rios/intoler%C3%A2ncia-heredit%C3%A1ria-%C3%A0-frutose processos afetando a homeostase do fígado, sendo assim, afeta a regulação da expressão de genes envolvidos em diferentes rotas metabólicas, como: elongação, oxidação e catabolismo de ácidos graxos; síntese e hidrólise de triglicerídeos; captação de lipídeos, lipogênese e lipólise. Consequentemente, a exposição do fígado a essas toxinas, como lipopolissacarídeos, por exemplo, induz uma inflamação crônica que acarreta no agravamento das lesões hepáticas. Além disso, as alterações promovendo o acúmulo de frutose-1- fosfato e alteração do metabolismo de fosfato provocam, nos rins, perda da capacidade de acidificação urinária e da reabsorção tubular de fosfato pelos túbulos. Atualmente, o tratamento da IHF consiste basicamente na eliminação de frutose, sacarose e sorbitol da dieta dos pacientes. Pacientes que têm uma boa adesão ao tratamento dietético apresentam um bom prognóstico com desenvolvimento normal (BARREIROS, BOSSOLAN e TRINDADE, 2005; PINHEIRO, 2020) QUARTO CASO: Mulher de 68 anos com crise hipertensiva esteve em tratamento em uma unidade de tratamento intensivo com administração intravenosa de nitroprussiato por 48 horas. A pressão sanguínea da paciente retornou aos níveis normais, mas ela se queixou de uma sensação de queimação na boca e na garganta, seguida de náuseas e vômitos, sudorese, agitação e dispneia. A enfermeira notou um hálito de amêndoa doce na respiração. Uma gasometria arterial mostrou acidose metabólica significativa e testes no sangue revelaram níveis tóxicos de tiocianato, um metabólito do nitroprussiato.Qual é causa mais provável dos sintomas?Qual é o mecanismo bioquímico do problema?Qual é o tratamento para essa condição? * A causa mais provável é a Intoxicação por tiocianato/cianeto. O nitroprussiato é uma potente droga vasodilatadora de escolha para as situações clínicas mais prevalentes, ele age diretamente na musculatura lisa arteriolar e venular, promovendo vasodilatação direta nestes territórios, o que a torna a droga de eleição no tratamento da crise hipertensiva associada à insuficiência cardíaca congestiva. Por sua ação venosa, diminui a pré-carga (retorno venoso ao coração). Por outro lado, sua ação arterial reduz a resistência periférica e, consequentemente, a pós-carga. Seus principais efeitos adversos são: náuseas, vômitos, taquicardia reflexa, retenção hídrica, fasciculações e, principalmente, o risco letal de intoxicação por tiocianato. O nitroprussiato de sódio é metabolizado a cianeto e rapidamente transformado em tiocianato no fígado, que, por sua vez, tem excreção renal. O risco de intoxicação é maior em insuficiência renal e hepática, em uso de altas doses por prazo prolongado. O cianeto, por sua vez, é metabolizado no fígado pela enzima rodanase, necessitando de um doador de enxofre, em tiocianato (um produto menos tóxico), que é excretado quase que completamente pelo sistema urinário. A intoxicação por cianeto e particularmente importante em pacientes hepatopatas e nefropatas, nos quais a metabolização e excreção do cianeto estão prejudicadas, que geralmente causa acidose láctica e os sinais e sintomas incluem: ansiedade, confusão mental, coma, convulsões, cefaléia, fraqueza generalizada, náuseas, vômitos, dor abdominal, dispneia e bloqueio cardíaco inexplicado. Uma vez absorvido e diluído na corrente sanguínea, o cianeto permanece em equilíbrio na sua forma aniônica e cianeto de hidrogênio não dissociado. Acarretando numa perturbação do metabolismo aeróbico celular . O composto inibe vários sistemas enzimáticos que utilizam ferro para reações de oxidação-redução, mas o principal mecanismo de toxicidade é o bloqueio da utilização de oxigênio pelas mitocôndrias através da inibição da citocromo oxidase, além disso, nesse tipo de intoxicação, o NADH predomina sobre o NAD, fazendo com que a via metabólica do lactato se inverta e aumente produção do mesmo. Além disso, ocorrem diversas outras alterações como em enzimas que acarretam em distúrbios de ácido- base, ou na glutamato descarboxilase (induz convulsões), etc. A profilaxia da intoxicação por cianeto, quando são administradas infusões maiores que as habituais e o seu tratamento são: uso concomitante ao fármaco de infusão de tiossulfato de sódio, um doador de enxofre (necessário para a metabolização hepática do cianeto), ou, mais comumente, uso de hidroxicobalamina, que reage com o cianeto resultando em cianocobalamina, um composto menos tóxico. No entanto, se mesmo com as medidas profiláticas, ocorrerem sinais de intoxicação, a droga deve ser ajustada ou preferencialmente suspensa, seguida da administração parenteral de 4,0 mg a 6,0 mg de uma solução de nitrito de sódio a 3% e posterior infusão de 50 ml de uma solução de tiossulfato de sódio a 25%. O tiocianato é removível por diálise e seus níveis tóxicos estão entre 10 mg/dl e 12 mg/dl (RODRIGUES, 2002; ESTRADA, ZULUAGA, BERROUET, 2019) Atividade: distúrbios da fosforilação oxidativa O QUE É FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA? A Fosforilação Oxidativa é uma das etapas metabólicas da respiração celular, é o mecanismo pelo qual a energia derivada da oxidação de combustíveis é conservada na forma de ATP. A mesma acontece apenas na presença de oxigênio nos seres aeróbicos, pois o mesmo é necessário para o processo de oxidação das moléculas intermediárias e participa de reações para formação da molécula de ATP e produzir energia. A molécula carreadora ativada mais importante e versátil que as células possuem é o ATP (adenosina trifosfato), ele funciona como uma forma de “moeda” corrente de energia, usada para que uma grande variedade de reações químicas possa ocorrer nas células TRANSPORTE DE ELÉTRONS https://www.youtube.com/watch?v=T0QrNRegwLY VIDEO EXCLENETE O sistema de transporte de elétrons completo, também conhecido como cadeia de transporte de elétrons ou cadeia respiratória, está localizado na membrana mitocondrial interna. Este consiste em vários complexos proteicos grandes e em dois componentes pequenos e independentes – ubiquinona e citocromo c. Os componentes proteicos são muito complexos. Cada etapa na cadeia de transporte de elétrons envolve uma reação redox na qual deixa os componentes com potenciais de redução mais negativos e caminha para componentes com potenciais de redução mais positivos https://www.youtube.com/watch?v=T0QrNRegwLY
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