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Sociedade disciplinar x Sociedade de controle Pesquisa de Opinião Pública 1º semestre/2013 Divisão das sociedades: Sociedade de soberania – o rei ou o senhor exercia o poder, por meio de uma vigilância externa e geral. Sociedade disciplinar – instituições são os maiores dispositivos de visibilidade. Coube às sociedades disciplinares organizar meios de confinamento: família, escola, fábrica, Universidade, prisão e hospital. Sociedade de controle – implantação progressiva e dispersa de um novo regime de dominação: exercício do poder à distância, quase invisível. Sociedade disciplinar = Ponóptico Modelo de penitenciária proposto, em 1791, por Jeremy Bentham e trazido por Michel Foucault, na obra “Vigiar e Punir”. Tratava-se de uma construção circular com uma torre de observação ao centro. Neste modelo, um único supervisor poderia controlar uma multiplicidade de detentos. Sabendo que suas ações eram constantemente visíveis, os detentos se comportavam como se estivessem sendo observados a todo o momento. A permanente visibilidade garantia a manutenção do exercício do poder. Em meados dos anos 1990, o filósofo francês, Gilles Deleuze, criou o conceito “Sociedade de Controle” com base no panóptico, disseminando-o e readequando-o a ideia original de Bentham. Exemplificando esse conceito, nos dias de hoje, verificamos que é possível ler mensagens de todos os usuarios no Twitter: o patrão pode ver as postagens de seu funcionário; os pais as dos filhos, enfim, existem possibilidades de observação na rede. Por isso, as teorias modernas relacionadas ao panóptico, tal como a do superpanótico, decorrente da utilização das técnicas digitais, bancos de dados computadorizados, análise dos percursos dos internautas na rede, entre outras, têm sido utilizadas para o controle e avaliação seja de programas, ambientes ou organizações. Sociedade disciplinar (modernidade) - Foucault Sociedade de controle (Contemporaneidade) - Deleuze Ainda hoje - transição entre um modelo e outro. Estamos saindo de uma forma de encarceramento completo para uma espécie de controle aberto e contínuo. Sociedade disciplinar é interiorizada. Esta é exercida fundamentalmente por três meios globais absolutos: o medo, o julgamento e a destruição. Enquanto a sociedade disciplinar se constitui de poderes transversais que se dissimulam através das instituições modernas e de estratégias de disciplina e confinamento, a sociedade de controle é caracterizada pela invisibilidade que se expande junto às redes de informação. Se nas sociedades disciplinares o modelo Panóptico é dominante, implica o observador estar de corpo presente e em tempo real a observar-nos e a vigiar-nos. Nas sociedades de controle esta vigilância torna-se rarefeita e virtual. As sociedades disciplinares são essencialmente arquiteturais: a casa da família, o prédio da escola, o edifício do quartel, o edifício da fábrica. Por sua vez, as sociedades de controle apontam uma espécie de anti- arquitetura. É importante perceber que na sociedade de controle, o aspecto disciplinar não desaparece, apenas muda a atuação das instituições. Os dispositivos de poder que ficam circunscritos aos espaços fechados dessas instituições passam a adquirir total fluidez, o que lhes permite atuar em todas as esferas sociais. As técnicas disciplinares originadas a partir do séc. XVIII destinavam-se a garantir que os indivíduos – por meio dos seus corpos – fossem submetidos a um conjunto de dispositivos de poder e de saber, baseados na vigilância permanente, na normalização dos seus comportamentos e na exposição a exames. É neste sentido que a noção de confinamento, amplamente utilizada a partir do séc. XVIII, norteadora do funcionamento desses estabelecimentos, deixou de ser a estratégia principal do exercício do poder. O controle ao contrário, ultrapassa a fronteira entre o público e o privado. Aqui, reside um dos aspectos fundamentais na construção da passagem da sociedade disciplinar para a de controle: há um processo de instauração da lógica do confinamento, em toda a sociedade, sem que seja necessária a existência de muros que separem o lado de dentro das instituições do seu exterior. Há uma vigilância contínua, concretizada pela propagação das câmeras espalhadas por toda a parte: no comercio, bancos, escolas e até mesmo nas ruas. Isto traz a dimensão da sociedade auto-vigiada, cujo panóptico expressa a sua concepção arquitetônica. Uma vigilância intensificada pela disseminação de dispositivos tecnológicos de vigilância presentes até mesmo ao “ar livre”. Ou seja, a sociedade de controle redimensiona e amplifica os pilares constituintes da sociedade disciplinar. Referências: DELEUZE, G. Conversações. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995. FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1986.
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