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1 2 Fundação Getulio Vargas Programa de Certificação de Qualidade Curso: Graduação em Administração Marketing Digital Professor Elaborador: Vitor Moura Lima é Doutorando em Administração de Empresas pelo IAG/PUC-Rio, Mestre em Administração de Empresas pela FGV/EBAPE, MBA em Marketing pela FGV e graduado em Publicidade com extensão em Branding pela ESPM e Digital Marketing Strategy pela Harvard University. Atualmente, é coordenador do MBA em Marketing e Mídias Digitais e do Analista de Mídias Digitais da FGV. Frequentemente, é citado e colabora com grandes veículos de mídia de massa, como O Globo e BBC Brasil, e outros especializados, como Mundo do Marketing, em matérias sobre marketing e marketing digital. Citado pela revista americana Social Media Marketing Magazine como um dos TOP 100 professores de marketing no Twitter. Possui interesse nas áreas de Consumer Culture Theory (CCT), Tecnologia, Marketing Digital e Semiótica. 3 Sumário 1. Introdução Ao Marketing Digital .............................................................................. 5 1.1 Introdução Ao Panorama Digital ........................................................................... 5 1.2 Paradigmas De Marketing: Tradicional Versus Digital .......................................... 8 1.3 Pilares Da Presença Digital ................................................................................ 14 2. Mídia On-Line ....................................................................................................... 18 2.1 Formatos Iab E Outros ....................................................................................... 18 2.2 Mídia Tradicional E Programática ....................................................................... 21 2.3 Campanhas De Mídia On-Line ........................................................................... 26 3. Mobile Marketing .................................................................................................. 30 3.1 Introdução Ao Universo Mobile ........................................................................... 30 3.2 Jornada Do Consumidor Mobile ......................................................................... 33 3.3 Aplicativos .......................................................................................................... 36 4. Marketing De Busca ............................................................................................. 42 4.1 A Lógica Dos Buscadores E Cauda Longa......................................................... 42 4.2 Search Engine Optimization - Seo ...................................................................... 46 4.3 Links Patrocinados ............................................................................................. 49 5. Mídias Sociais ...................................................................................................... 55 5.1 Pilares Das Redes Sociais ................................................................................. 55 5.2 As Mídias Sociais ............................................................................................... 58 4 5.3 Criação De Conteúdos ....................................................................................... 62 6. Métricas Digitais ................................................................................................... 68 6.1 Métricas Para Sites ............................................................................................ 68 6.2 Métricas Para Buscadores .................................................................................. 72 6.2 Métricas Para Mídias Sociais ............................................................................. 77 7. Referências Bibliográficas .................................................................................... 81 7.1. Básica ................................................................................................................ 81 7.2. Complementar ................................................................................................... 81 5 1. INTRODUÇÃO AO MARKETING DIGITAL 1.1 Introdução ao panorama digital De acordo com o relatório da We Are Social e Hootsuite (2019), em todo o mundo já são pouco mais de 4 bilhões de pessoas conectadas na internet, o que representa uma penetração de aproximadamente 57% da população mundial. O número de acessos possui tendência de crescimento, principalmente quando observadas algumas iniciativas de inclusão digital por meio de tecnologias de distribuição de sinal de forma gratuita. Uma das mais promissoras é o Projeto Loon, do Google, que é possível conhecer acessando este link: https://www.youtube.com/watch?v=NaC3WpX7FZo A ideia de balões “com Wi-Fi” na estratosfera, em um primeiro momento, pode soar diferente, mas é apenas mais uma das diversas possibilidades de conexão digital entre pessoas. Um mundo conectado significa, de alguma forma, uma sociedade mais conectada. É exatamente por esse princípio que o Facebook, junto com outras empresas do setor de tecnologia, concebeu o Internet.org. Trilhando um caminho similar ao da empresa de buscas, o projeto em seu início realizava a distribuição de sinais via drones, mas sua atual operação é realizada por meio de parcerias com operadoras de telefonia locais. Nesse link, é possível conhecer mais sobre a proposta: https://info.internet.org/en/ Em uma pesquisa realizada pela rede social (FACEBOOK, 2017), parte do mundo em que não há ligação com a internet, cerca de 40% da população global, está próximo a uma área passível de algum tipo de conexão, seja por cabos, drones, eletricidade ou balões. Ainda de acordo com o levantamento, as razões para a falta de atividade na rede são, em geral, de origem política, econômica ou mesmo cultural. Em alguns países, por exemplo, onde há carência de recursos públicos e, consequentemente, níveis de pobreza e analfabetização altos, a dificuldade em adquirir um equipamento ou mesmo em mantê-lo em pleno funcionamento podem ser uma das razões. Em um contexto tão diversificado e complexo como o atual, possivelmente, uma melhor e maior conexão entre diferentes pessoas possa gerar benefícios https://www.youtube.com/watch?v=NaC3WpX7FZo 6 consideráveis. Nesse sentido, pode-se dizer que as vantagens da conectividade pelo mundo estariam sendo desperdiçadas ou mesmo subestimadas, uma vez que o acesso ao conhecimento, informação e até mesmo entretenimento fica comprometido pelo isolamento digital. Todo o movimento global de inclusão digital permitirá que uma quantidade considerável de pessoas participe da construção de um mundo mais equilibrado e desenvolvido. Observando especificamente a realidade brasileira, ainda conforme a We Are Social e Hootsuite (2019), a quantidade de cidadãos conectados é de cerca de 150 milhões em todo o território nacional. Em termos de penetração de acesso pela população, esse número representa quase 70% dos brasileiros. Tendo em vista as questões do macroambiente (i.e., política, economia, sociedade e natureza), é possível afirmar que as atividades on-line do brasileiro representam boa parte de seu dia a dia. Para se ter uma ideia, a média de conexão diária fica em torno de nove horas, sejam elas para o consumo ou mesmo produção de informações nos mais variados aparelhos (i.e., desktop, smartphones ou tablets). No ranking mundial, o Brasil está na terceira posição de tempo diário de consumo. Em meio às informações, conteúdos, jogos e mensagens de natureza pessoal estão as empresas, suas marcas e ofertas. Não há claramente uma separação, na realidade, dos limites entre as relações pessoais das de consumo. Apenas como um exemplo, ao rolar o feed do Instagram, o usuário verá posts de amigos, outrosde influenciadores e alguns anúncios. Ou seja, o impacto do universo digital faz com que a separação do público com o privado, da pessoa física com a jurídica, do consumidor com a empresa fique cada vez mais complexa de ser compreendida. Não cabe aqui, obviamente, propor uma resposta única ou solução para eventuais questões envolvendo esses pontos, mas cabe a discussão sobre dois impactos fundamentais no que tange à administração de empresas. Como primeiro ponto, vale ressaltar o que muda para os modelos de negócios e o processo de construir e entregar valor para um determinado consumidor. Atualmente, um dos tópicos mais debatidos sobre os rumos da gestão nessa Era tecnológica é a Transformação Digital. Em um contexto como esse, é inegável que as tecnologias digitais redefinem diariamente dinâmicas de consumo, negócios e boas práticas de mercado, o que pressupõe uma especial atenção por parte dos administradores de uma empresa ao que está acontecendo. É possível sugerir, 7 nesse contexto, que empresas criadas antes da década de 2000 precisem de adaptação tão ágil quanto as nativas digitais dada velocidade de desenvolvimento de recursos tecnológicos. Como uma proposição para a Transformação digital, que não tem exclusivamente relação com práticas de marketing digital, Rogers (2017) sugere que sejam consideradas cinco dimensões. São elas: 1. Consumidores: o gestor deve pesquisar e exercitar ao máximo o processo de empatia e compreender a realidade de seus consumidores pela perspectiva deles. Ou seja, o tão falado “foco no consumidor” deve ser uma realidade; 2. Concorrentes: cada vez mais, fica difícil a tarefa de identificação da real concorrência. Grandes mercados vêm sendo alterados drasticamente em função de startups ou pequenos empresários que oferecem as mesmas ofertas de outras maneiras por canais digitais; 3. Dados: não há a separação do que é on-line do off-line. Os dados são gerados em todos os lugares e possuem diversas naturezas. O grande desafio é a transformação do dado coletado em informações relevantes para o gestor; 4. Inovação: o principal desafio é a solução do problema certo para o consumidor certo. Portanto, o conhecimento das necessidades e demandas é fundamental para a criação de soluções que estarão em constante evolução. Isso significa dizer que erros são considerados aprendizados para próximas investidas; 5. Valor: a partir de um profundo conhecimento sobre o mercado, é possível uma maior chance na determinação do que significa valor para o consumidor e, consequentemente, ganho de vantagem competitiva. Proatividade nesse contexto é mandatória. Sem dúvida, com o modelo de negócios ajustado, as atividades de relacionamento com os consumidores são afetadas. Ou seja, as formas de se estabelecer e comunicar valor sofrem alterações. Se o terceiro item da 8 Transformação Digital de Rogers (2017) é tido como ponto central de todo o processo, é fundamental que se apresente, ainda que brevemente, o papel da Inteligência Artificial (IA). Este é o segundo impacto que cabe mencionar no que se refere à administração de empresas. Ainda que de recente popularização por filmes, seriados, como Black Mirror da Netflix, e mídia não especializada, a IA é uma tecnologia de origem na década de 1950. Ao longo de seu desenvolvimento, foram diversas fases e, no ano de 2003, por exemplo, a DARPA, um setor do departamento de defesa dos EUA, criou os primeiros assistentes pessoais inteligentes. Seriam similares a Siri da Apple, Alexa da Amazon e Bixby da Samsung em tempos atuais. Se considerado o cenário apocalíptico mostrado por filmes, um gestor jamais faria a escolha de implantar um sistema para controle financeiro baseado nessa tecnologia. Por outro lado, consideravelmente afastado do fim do mundo, toda a Transformação Digital de uma empresa e, consequentemente, um melhor desempenho na internet deve levar em conta sistemas com algum nível de IA. No atual estágio, de maneira massificada pelo mercado, o que se encontra são soluções de weak AI, ou seja, aquela capaz apenas de raciocinar e tomar decisões baseadas em programações prévias (ou rotinas) pelo modelo IFTTT (if this then that – se isso, então aquilo), por exemplo. Aqui, uma possível aplicação são os chatbots encontrados em diversos sites de companhias aéreas para autoatendimento ou em aplicativos de bancos, como a BIA do Bradesco. Sem dúvida, há outras aplicações e modelos de IA pelo mercado, tendo, em alguns casos, alto nível de sofisticação no que se refere à interação social. Possivelmente, uma das mais avançadas é a Sophia, um robô criado pela Hanson Robotics, cujo objetivo é explorar as experiências entre humanos e máquinas em contextos de serviços e entretenimento. Para conhecer mais sobre o projeto, faça uma visita ao site da empresa pelo link: https://www.hansonrobotics.com/sophia/ Os desafios para os administradores de empresas são, certamente, grandes. Indo do conhecimento sobre a penetração de internet pelo mundo, passando pelas características do brasileiro altamente conectado a até mesmo mudanças nos negócios pela Transformação Digital. Há muito a ser discutido e feito. 1.2 Paradigmas de marketing: tradicional versus digital https://www.hansonrobotics.com/sophia/ 9 Certamente, tudo pode mudar em um contexto de alto dinamismo como o atual. Nesse sentido, o acompanhamento das preferências do consumidor, movimentos de concorrentes, dinâmicas de mercado são fundamentais para a correta criação e captura de valor por meio de relacionamentos consistentes. Possivelmente, uma das principais lições ou fundamentos que se deve ter em mente é de que não há controle na internet, apenas influência. O volume de informações é imenso e descentralizado, conforme ilustrado pela figura 1. Figura 1: A internet em 60 segundos. 10 Fonte: adaptado de Lewis (2019). Tradução – 60 segundos: Facebook: 1 milhão de logins SMS: 18.1 milhões de mensagens Youtube: 4.5 milhões de vídeos assistidos Google Play/App store: 390.030 Apps baixados Instagram: 347.222 rolagens de tela Twitter: 87.500 pessoas twittando Tinder: 1.4 milhões de swipes Email: 188 milhões Twitch: 1 milhão de views Plataformas de streaming de músicas: 41 inscrições Amazon: 180 smart devices comprados Giphy: 4.8 milhões de gifs usados Messenger e Whatsapp: 41.6 milhões de mensagens enviadas Snapchat: 2.1 milhões de snaps criados Commerce: US$ 996.956 gastos on-line Netflix: 694.444 horas assistidas Google: 3.8 milhões de buscas Tendo em vista todo esse panorama, deve-se ter especial atenção para o mix de marketing (i.e., Produto, Preço, Praça e Promoção) no que se refere ao impacto das tecnologias digitais em estratégias e táticas. De que maneira, então, é possível 11 seguir nesse cenário aparentemente caótico? Ainda que não exista uma única resposta, o papel do gestor é relacionar as atividades que ocorrem na internet com os recursos que possui na empresa para a garantia de resultados satisfatórios. Aqui, cabe um alerta: ainda que parte das discussões envolvendo marketing digital estejam voltadas para a comunicação, seu escopo deve ser compreendido de maneira mais ampla. Nesse sentido, o Produto, seja um bem de consumo, serviço, conteúdo ou experiência, pode ter seu desenvolvimento, por exemplo, financiado por usuários em sites de crowdfunding. Em plataformas com esse modelo de negócios, é possível colocar uma ideia e receber investimentos de interessados na proposta em troca de exclusividade de compra ou mesmo descontos no lançamento. Nesse link, é possível conhecer um pouco mais sobre financiamento coletivo: https://exame.abril.com.br/pme/8-sites-de-crowdfunding-para-voce-tirar-sua-ideia-do- papel/ Com relação ao P de Preço, há diversas maneirasde se observar o impacto do digital. Assumindo, em um primeiro momento, a transação comercial pautada em dinheiro, as ferramentas de comparação de preço, como Buscapé, por exemplo, mexem diretamente na dinâmica competitiva de uma empresa. Uma outra maneira de realizar o pagamento por uma oferta pode ser entendida como uma recomendação feita por influenciadores em mídias sociais. Em alguns casos, eles recebem produtos, experimentam e postam algo relacionado à sua experiência, identificando, em muitos casos, com a hashtag #recebidos. Seu poder de influência acaba sendo o “pagamento” pela oferta. Para a Praça, terceiro P, a relação deve ir além da criação de um e- commerce. Conforme já mencionado, não há distinção entre o ambiente on-line e off-line, pois a experiência do consumidor é algo que deve acontecer de maneira fluida, integrada, o mais natural possível. Nesse contexto, ferramentas de realidade aumentada podem gerar um impacto positivo em uma simples ida ao supermercado, por exemplo. Para se aprofundar no tema, é possível ter acesso ao caso da Starbucks pelo link: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/07/15/starbucks-at-home-leva- realidade-aumentada-para-supermercados.htm https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/07/15/starbucks-at-home-leva-realidade-aumentada-para-supermercados.htm https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/07/15/starbucks-at-home-leva-realidade-aumentada-para-supermercados.htm 12 Por fim, quando observadas as práticas de comunicação integrada de marketing (CIM), ou do P de Promoção, as mídias digitais são as responsáveis pela manutenção do processo comunicacional multilateral. Ou seja, aquele não mais centralizado em um único emissor, conforme exemplificado pela figura 2. Figura 2: processo de comunicação. Fonte: elaborado pelo autor. Comumente, ao planejar campanhas de CIM, os gestores têm por base o modelo AIDA: atenção, interesse, desejo e ação. Por essa lógica, todo anúncio produzido deve conduzir o consumidor por esse “caminho” para que a ação seja considerada efetiva. No entanto, como sugerido por Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017), em função dos avanços tecnológicos e comportamento de consumo, os executivos devem, no lugar do AIDA, considerar o modelo dos cinco As. São eles: 13 1. Assimilação: diariamente, os consumidores são expostos a um considerável número de marcas e propostas. Portanto, é importante que o primeiro contato com a mensagem publicitária ocorra no tempo e lugar adequados; 2. Atração: uma vez impactados pelas marcas, os consumidores tendem a selecionar, ainda que inconscientemente, ou lembrar de uma quantidade reduzida de ofertas, pois poucas fizeram algo memorável; 3. Arguição: conduzidos pela curiosidade, os consumidores buscam por informações sobre as ofertas de seu interesse. Nesse momento, um processo que era basicamente individual se torna social, uma vez que recomendações e boca a boca sejam de extrema relevância para a tomada de decisão; 4. Ação: convencidos de que a oferta faz sentido em suas vidas, os consumidores efetivam a compra. No caso de ofertas puramente baseadas em posse e não propriedade, como a Uber ou mesmo aluguel de roupas, o processo é o mesmo. A compra, portanto, é vista de maneira abrangente; 5. Apologia: com o passar do tempo, é desejável que a fidelização pela marca se torne uma realidade. A experiência positiva alinhada aos esforços de pós- venda nesse momento são o que fundamentam a recomendação para outras pessoas. A figura 3 ilustra o modelo dos cinco As. 14 Figura 3: Modelo dos cinco As. Fonte: Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017). Ainda que boa parte das ferramentas de CIM sejam as mesmas utilizadas por consumidores, como o Facebook, por exemplo, a atuação e plena presença de uma marca nas mídias digitais demanda conhecimento específico. Nesse ponto, cabe ressaltar a importância de tratar cada um desses canais de maneira profissional e alinhada aos objetivos estratégicos da empresa, pois seu uso como pessoa física é, certamente, diferente da utilização como pessoa jurídica. 1.3 Pilares da presença digital Em quais canais uma marca deve criar um perfil? Quais palavras-chave comprar no Google? É necessário ter um site mobile? Para cada questionamento 15 como esses há uma única resposta: depende. Estar na internet e aproveitar suas possibilidades pressupõe claro entendimento dos objetivos da empresa e a função de cada plataforma digital nesse planejamento. Do ponto de vista empresarial, assim, o conceito de presença digital pode ser estabelecido como um conjunto de decisões estratégicas que objetivam inserir uma marca nas plataformas digitais, de maneira que promova o aumento da geração e captura de valor nos relacionamentos com seus públicos de interesse. Uma vez entendida a importância do correto estabelecimento de presença pela internet, os gestores podem realizar esforços de marketing digital de maneira passiva ou ativa. A presença digital passiva tem seu foco no que é falado, veiculado, produzido em termos de conteúdo sobre uma marca, ofertas ou mesmo concorrentes. Por essa abordagem, o gestor apenas monitora essas informações, como feito em projetos de inteligência competitiva, de maneira que seja possível antecipar eventuais investidas da concorrência ou movimentos de migração de usuários para novas mídias sociais. Como exemplo, a empresa XYZ constatou que há conversas sobre suas ofertas na Hello Network. Com o objetivo de um melhor entendimento sobre o cenário, seus gestores fizeram a inscrição na plataforma rapidamente de maneira a evitar que um perfil não oficial seja criado e o oficial não seja facilmente encontrado ou lembrado. Assim, por essa forma de atuação, não há criação de conteúdo e interação, somente monitoramento do que acontece pela rede. Já para a presença digital ativa, pode-se ter a entrada da marca em uma plataforma, criação de plano de conteúdo, estratégia de interações, processos de monitoramento e mensuração de resultados. Como exemplo, após a etapa de diagnóstico inicial, a empresa XYZ detectou a necessidade de se estabelecer em alguns canais digitais para se relacionar com os seus clientes. Portanto, criou um site, páginas e perfis nas mídias sociais e iniciou campanhas de links patrocinados no Google. Certamente, a decisão de estar presente de alguma forma na internet é importante e delicada, principalmente em alguns segmentos. A escolha por uma atuação mais proativa ou mais de observação depende do dinamismo do mercado e, principalmente, das posturas que o público adota frente às proposições de valor feitas pelas empresas. Do ponto de vista prático, é importante assegurar que o 16 gestor tenha conhecimento sobre as naturezas de mídias digitais, ilustradas pela figura 4, e, somente após isso, inicie um planejamento efetivo de ações na internet. Figura 4: naturezas de mídias digitais. Fonte: adaptado de Dietrich (2014). A mídia própria tem relação com todos os canais de comunicação que são da empresa e, por isso, todo o conteúdo produzido tende a beneficiar diretamente seus projetos e ofertas. Aqui, podem ser usados o site institucional, as mídias sociais nas quais a empresa possui algum tipo de perfil estruturado e o e-mail marketing disparado periodicamente, por exemplo. Já a mídia paga tem ligação com os canais nos quais há o pagamento pela veiculação de conteúdo, como um anúncio na 17 Globo.com. O objetivo, nesse caso, é a disseminação de uma mensagem publicitária para o maior número de pessoas qualificadas possível. Por fim, a mídia conquistada pode ser compreendida como um conjunto de canais ou indivíduos que mencionam espontaneamente uma determinada marca. Neles, a comunicação boca a boca éo fio condutor dos fluxos comunicacionais, promovendo a propagação da mensagem por toda uma rede de conexões sociais na internet. Como exemplos desse caso, podem ser citados blogs especializados, youtubers que produzem conteúdo falando sobre um produto e os próprios participantes de uma comunidade virtual, como um grupo no Facebook, quando mencionam e compartilham posts de uma empresa. Como visto pelas naturezas de mídias digitais, as possibilidades de uma empresa se estabelecer na internet são diversas. No entanto, para facilitar o início das discussões, independentemente do tipo de projeto, a presença digital é sustentada por alguns pilares que serão discutidos de maneira não exaustiva ao longo desta apostila. Dada a natureza do marketing digital, nada é definitivo ou está acabado. A transformação é a constante. Por isso, como pilares para uma plena presença digital, devem ser considerados inicialmente: a mídia on-line, o mobile marketing, o marketing de busca, as mídias sociais e, sem dúvida, métricas digitais. 18 2. MÍDIA ON-LINE 2.1 Formatos IAB e outros Uma das instituições mais importantes do mercado digital é o Interactive Advertising Bureau – IAB. Seu propósito não é de regulação, mas, sim, de “orientar o mercado sobre planejamento, criação, compra, venda, veiculação e mensuração de mensagens comerciais” (IAB, 2019). Sua presença está distribuída em mais de 45 países e seu ecossistema de associados compreende sites, portais, empresas de tecnologia, agências, desenvolvedoras web, e anunciantes, líderes em seu segmento no país. Uma de suas grandes contribuições para o mercado é a frequente realização de pesquisas, como a AdSpend. De acordo com o relatório AdSpend 2019 (IAB, 2019), a publicidade digital no Brasil obteve investimentos superiores a R$ 16 bilhões no ano de 2018. O valor mostra que o meio digital vem se consolidando em termos de representatividade quando se considera o bolo publicitário, ou seja, o somatório de todo o investimento em publicidade. Nesse caso, pode-se dizer que responde por um terço do total investido. Embora represente um volume significativo de recursos, o digital no país ainda possui participação percentualmente inferior ao dos EUA (39%) e abaixo do Reino Unido, onde corresponde a mais da metade das verbas publicitárias (52%). A pesquisa revela, de forma consistente, que a publicidade digital segue em tendência de crescimento no mercado nacional, e ainda que o atual contexto econômico esteja adverso, os anunciantes vêm utilizando cada vez mais o digital em suas estratégias. Para os anos de 2019 e 2020, por exemplo, há uma expectativa de crescimento superior a 30%. Acompanhando o otimismo do mercado, há diversas razões e vantagens em realizar investimentos em mídias on-line. Algumas delas podem ser: É possível aumentar o número de consumidores on-line e mantê-los mais participativos; Há uma boa relação custo-benefício; É um ambiente com baixa barreira de entrada. Ou seja, a concorrência possivelmente já anuncia nesses canais; 19 É um ambiente dinâmico, de natureza ágil e flexível; A tecnologia envolvida possibilita segmentações mais precisas, otimizando verbas e resultados pela veiculação das campanhas publicitárias; É altamente mensurável. O novo portfólio de formatos do IAB (2019), não só no Brasil, mas em todo o mundo, é baseado em um conjunto de recomendações para boas práticas no desenvolvimento de experiências com peças publicitárias. A proposta mais atualizada leva em consideração veiculações em sites, aplicativos mobile, mídias sociais, realidades virtuais e/ou aumentadas. A composição de formatos é dividida em: Mídia display ou banners: anúncios gráficos estáticos ou animados que podem ser de todos os tipos e tamanhos, interativos ou não; Anúncios nativos: os anúncios nativos ou Native Ads (como normalmente são conhecidos) são os que utilizam o princípio da contextualização. Ao contrário da publicidade tradicional com banners, os anúncios nativos são extremamente personalizados e contextualizados como parte do conteúdo de um site, gerando um maior interesse por parte da audiência daquele site ou blog. Novos formatos: emoji ads, imagens e vídeos em 360º, anúncios em realidade virtual e/ou realidade aumentada. Se considerado o cenário brasileiro, os formatos mais comuns encontrados nos sites são: Figura 5: formatos IAB Brasil. 20 Fonte: IAB (2019). Sem dúvida, cada plataforma poderá seguir ou não a formatação sugerida pelo IAB. É possível, ainda, que sejam criados novos formatos de acordo com o objetivo do projeto. Os veículos de comunicação possuem um documento denominado mídia kit, o qual contempla as características da audiência, possíveis formatos, projetos, tipos de negociação comercial, métricas e outras informações relacionadas ao processo de criação das peças publicitárias. No da Globo.com, por exemplo, há diversas possibilidades, conforme mostrado pela tabela 1. Tabela 1: formatos de banners para a Globo.com. FORMATO ARQUIVO (TIPO) TAMANHO (PIXELS) PESO (KB) PRAZO DE IMPLEMENTAÇÃO MAXIBOARD HTML5 / .swf 970 x 150 80 2 dias úteis 21 SUPER LEADERBOARD HTML5 / .swf 970 x 90 80 2 dias úteis RETÂNGULO MÉDIO SUPERIOR HTML5 / .jpg / .gif / .swf 300 x 250 40 1 dia útil RETÂNGULO MÉDIO 1 HTML5 / .jpg / .gif / .swf 300 x 250 40 1 dia útil RETÂNGULO MÉDIO 2 HTML5 / .jpg / .gif / .swf 300 x 250 40 1 dia útil RETÂNGULO MATÉRIA HTML5 / .jpg / .gif / .swf 300 x 250 40 1 dia útil BANNER MEIA PÁGINA HTML5 / .jpg / .gif / .swf 300 x 600 40 1 dia útil INSERT DE MARCA .ai .eps .psd .png logotipo vetorial 3 dias úteis FLOATING HTML5 / .swf até 300 x 250 (8s de duração) 40 2 dias úteis MID BANNER HTML5 / .jpg / .gif / .swf 300 x 100 40 1 dia útil PREMIUM BANNER HTML5 / .jpg / .gif / .swf 300 x 100 40 1 dia útil SLIM BANNER HTML5 / .jpg / .gif / .swf 300 x 50 20 1 dia útil OVERLAY HTML5 / .jpg / .gif / .swf 480x70 40 1 dia útil FULL BANNER HTML5 / .jpg / .gif / .swf 468 x 60 25 2 dias úteis COMERCIAL 30" .jpg (frame) / .avi (vídeo) 720 x 480 (até 30s de duração) - 2 dias úteis SKIN BANNER .jpg / .gif / .png 940 x 360 60 2 dias úteis WIDGET PREVISÃO DO TEMPO G1 HTML5 / .jpg / .gif / .swf 280 x 50 20 1 dia útil BANNER MOBILE Mediante consulta RICH MEDIA Mediante consulta Fonte: Globo.com (2019). Caso seja relevante para um maior aprofundamento no tópico, sugere-se entrar em diferentes sites e buscar pelo mídia kit ou algo relacionado a anúncios. Para conhecer outros formatos e campanhas espalhados globalmente pela internet, basta realizar uma busca pela ferramenta MOAT pelo link: https://moat.com 2.2 Mídia tradicional e programática https://moat.com/ 22 O banner é o primeiro formato publicitário criado para a internet. Em sua essência, mimetizava as mesmas característica dos impressos em lona, por exemplo. Com o passar do tempo e consequente desenvolvimento tecnológico, as peças ficaram cada vez mais criativas de maneira a evitar o que se conhece como banner blindness, ou seja, algo similar a atenção seletiva, o desviar dos olhos como mecanismo de defesa inconsciente. Boa parte do aprimoramento dos processos de criação e comercialização dessas mídias vem de estudos de comportamento do usuário, como mapas de calor, gravações de sessão e questionários. No mercado, existem diversas soluções que auxiliam os gestores da tomada de decisão, seja para a veiculação de mídia em sites de notícias ou mesmo alteração de peças pela baixa interação. Com o objetivo de ilustrar o processo, a figura 6 apresenta um mapa de calor realizado com a ferramenta Hotjar, que pode ser acessada pelo link: https://www.hotjar.com Figura 6: mapa de calor da Hotjar. Fonte: Hotjar (2019).23 Na figura 6, as áreas de cor quente são as mais clicadas e, consequentemente, as de maior interesse pelo usuário. As de cor fria ou sem cor podem representar um baixo nível de aderência ao esperado pelo público. Uma decisão nesse caso poderia ser mudar o conteúdo da peça publicitária ou mesmo sua localização. O conhecimento sobre o desempenho de formatos e posicionamento na tela é fundamental para que a correta mídia seja comprada pelo anunciante. Nesse sentido, os veículos de mídia, em boa parte, já iniciam o processo de negociação tendo essas informações como base para a estruturação do mídia kit. Tradicionalmente, a compra pode acontecer de maneira direta ou não-programática, ou seja, sem a intervenção de inteligência artificial, principalmente se o anunciante e veículos em questão forem de pequeno porte. Por esse modelo, as operações são realizadas diretamente entre as partes. No Brasil, os modelos de venda e compra mais comuns podem ser resumidos em: Mensal, semanal, diário, horários, cotas e patrocínios: são negociadas faixas de tempo de exposição em sites, blogs e portais. Neste formato não há a garantia de uma quantidade exata em termos de audiência ou mesmo de alta qualificação na segmentação. A lógica, portanto, está no tempo de exposição; ROS - Run Over Site: também comercializado como Ad Rotation, é uma técnica que permite distribuir um ou mais banners em diversos espaços e páginas de um mesmo site. Esta opção é comum em situações de calhau, que pode ser entendido como um espaço destinado a comercialização que não foi realizada. O valor cobrado, nesse caso, é muito abaixo da tabela; BT ou Behavioral Target: este seria o monitoramento do comportamento do usuário dentro de um determinado ambiente digital. Nesta modalidade, a ideia é monitorar as páginas mais acessadas por determinado perfil de públicos e exibir conteúdo similar ao já consumido; CPM – Custo por mil (impressões): valor usado como referência para calcular o custo relativo de uma campanha ou peça publicitária em um dado 24 meio on-line, onde é considerado um montante de visualizações do anúncio. Em vez de um custo absoluto, o CPM estima o custo por 1.000 impressões; CPC – Custo por clique: forma de venda/compra de publicidade on-line onde o pagamento é feito com base no total de cliques obtidos ao final da campanha; CPA – custo por aquisição: é uma forma de cobrança como o CPC, porém calculada em cima das conversões realizadas, e não dos cliques. Partindo para o modelo programático, a dinâmica de planejamento, criação, comercialização e monitoramento muda consideravelmente. Como mencionado anteriormente, esses modelos são estruturados por sistemas complexos de inteligência artificial para uma melhor compra e distribuição de mensagem publicitária. Visualmente, e de maneira resumida, o funcionamento do sistema segue o esquema apresentado na figura 7. Figura 7: Funcionamento da mídia programática. Fonte: Silveira e Morisso (2018). 25 Nesse modelo de compra de mídia, o anunciante não vai direto ao veículo. Novamente, toda a negociação acontece de maneira automatizada para garantir a maior relevância possível na entrega da mensagem. Para contribuir com o melhor entendimento sobre esse fluxo, a tabela 2 resume os principais termos e componentes do processo. Tabela 2: principais termos e componentes da mídia programática. Impressões É quando um anúncio é carregado em uma página de um site visitado por um usuário. Num paralelo com mídia impressa: é o anúncio impresso numa página de revista ou jornal. Muitos sites vendem os espaços de acordo com o volume de impressões, ou seja, carregamento da peça publicitária, que possui. Para cada vez que um anúncio é carregado na tela do usuário, o servidor de anúncio contabiliza uma impressão. Mídia Programática Venda e/ou compra de mídia de forma automatizada, usando plataformas que conectam os lados da demanda e da oferta de inventários de mídia digital. Real Time Bidding (RTB) Refere-se ao fato de lances serem feitos em tempo real em leilões de impressões. Normalmente usados para definir o funcionamento dos leilões que ocorrem em plataformas de mídia programática. Ad Networks Operações realizadas utilizando a rede AdNetwork que conecta diversos websites e disponibiliza esses inventários para agências e anunciantes. Ad Exchange Um canal de venda e compra do inventário de um site, normalmente direcionado para transações em tempo real. Ad Server Um servidor de anúncios é um servidor de web dedicado à entregar publicidade, essa especialização permite o rastreamento e gerenciamento de métricas da publicidade relacionada. Programático Garantido Quando um publisher, ou ad exchange, fornece apenas uma audiência que corresponde exatamente aos critérios de segmentação do anunciante. Em outras palavras, os anúncios só serão veiculados para pessoas que o anunciante deseja segmentar. Supply Side Platform / Sell Side Platform (SSP) É uma plataforma de tecnologia que oferece ao publisher uma forma de vender as impressões de inventário a compradores de forma programática. O inventário gerido pela SSP é geralmente consumido pelos compradores através de demand side platforms (DSPs) ou AdNetworks, que ali estão conectados. Demand Side Platform (DSP) Também conhecida como “buy side optimizer” ou “buy side platform” é uma plataforma que oferece diversas formas de compra automatizada, incluindo o “real time bidding”, e de forma centralizada e integrada com fontes de inventário Data Management Platform (DMP) É uma plataforma para gerenciamento de dados que possibilita compreender melhor os usuários impactados por uma campanha ou que acessam um site com intuito de otimizar a entrega de mídia para o target de uma marca. 26 Publisher Site proprietário do inventário. Fonte: adaptado de (IAB, 2017, 2019). Ainda que o processo programático seja mais complexo é, sem dúvida, mais efetivo. Ao invés do anunciante comprar um espaço publicitário para que sua peça possivelmente seja vista por seu consumidor, pela via programática o anúncio vai ser exibido somente para o público definido independente do veículo. Há alguns anos, o IAB do Reino Unido criou um vídeo explicativo sobre o processo e pode ser acessado pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=1C0n_9DOlwE&t=116s 2.3 Campanhas de mídia on-line O desenvolvimento de campanhas de mídia on-line possui diversas etapas, das mais simples, como reuniões e brainstorm, às complexas, como desenvolvimento de código em HTML5. Nesse cenário, o planejamento é fundamental para que se tenha algum nível de efetividade no projeto, pois deve contemplar variáveis controláveis e incontroláveis. Em uma retomada ao ecossistema da mídia on-line, há situações imprevisíveis que ocorrem com as empresas menos prováveis, como o Google e Youtube. Em 2017, uma crise global envolvendo as duas empresas afetou a Alphabet, holding proprietária das duas empresas, que chegou a perder mais de US$ 24 bilhões em valor de mercado em uma semana. Anúncios de grandes marcas como Land Rover, Netflix e IBM foram veiculados em vídeos de grupos extremistas e associados a discursos de ódio. Em um dos casos, por exemplo, um banner da Nissan foi exibido na Suécia em um vídeo de um indivíduo que atribuiu mérito a um atentado terrorista realizado no Oriente Médio. De acordo com os executivos da Alphabet, o problema ocorreu por conta dos filtros de segmentação e controle do sistema. Empresas como AT&T, Verizon, Johnson & Johnson, L’Oreal, a farmacêutica GSK e o banco HSBC chegaram a suspender suas campanhas até a solução do problema. Resgatando o conceito de naturezas de mídia (Dietrich, 2014), é possível observar que o processo de veiculaçãode uma mensagem publicitária nas mais 27 diversas plataformas deve ser bem estruturado. Mesmo em um canal pago, onde teoricamente o controle do ambiente seria um pouco maior, há riscos associados. De maneira a minimizar situações como essa, é fundamental compreender, como já dito, a função dessa mídia no planejamento de marketing digital da empresa, bem como sua capacidade de atingir os resultados esperados. Para isso, é importante explorar dois possíveis objetivos de campanha: branding e performance. Como mostrado pela pesquisa AdSpend 2019 (IAB, 2019), há um certo equilíbrio na distribuição de investimentos totais dos anunciantes, sendo 54% para performance e 46% restante para branding. Isso significa dizer que, sem dúvida, o digital contribui de certa forma para vendas, mas cumpre papel importante para lembrança de marca e construção de reputação. Uma possibilidade para os gestores iniciarem um planejamento de campanha pode estar vinculado ao ciclo de vida do projeto ou mesmo da oferta, conforme ilustrado pela figura 8. Figura 8: ciclo de vida e objetivos para campanhas. Fonte: elaborado pelo autor. 28 Nesse exemplo, uma campanha de mídia on-line poderia ser veiculada em grandes portais de conteúdo genérico, como Globo.com e UOL, uma vez que a marca ou oferta estejam em fase de introdução no mercado e precisam ser conhecidas. Dado alto volume de impressões entregues por esses veículos, possivelmente, o objetivo de branding seria alcançado. Do ponto de vista criativo, o botão com o comando ou call-to-action (CTA), assim como o site de destino devem ter aspecto mais experiencial e/ou institucional. Na sequência, a fase de crescimento somente é sustentada se ocorrer a conversão de vendas. Aqui, o objetivo e abordagem criativa devem convergir para a performance. Ou seja, devem ter um comando mais claro e objetivo no botão, como um “compre agora”. Na medida em que o gestor tenha cada vez mais conhecimento sobre o comportamento de seu consumidor, a possibilidade de segmentação aumenta e, consequentemente, a qualidade dos resultados. A figura 9 exemplifica as duas naturezas de objetivos de uma campanha de mídia on-line e sua materialização nas peças. Figura 9: exemplos de branding e performance. 29 Fonte: elaborado pelo autor. O banner para branding é convidativo e inspiracional. O CTA sugere explorar uma dada narrativa que poderá contribuir para a construção da marca. Já o relacionado à performance, possui o produto e o ponto de venda claramente apresentados, tendo como seu CTA a expressão traduzida para português “compre agora”. Ainda considerando as peças e lógicas apresentadas, o mesmo poderia ser pensado para as fases de maturidade e declínio no ciclo de vida do projeto ou produto. 30 3. MOBILE MARKETING 3.1 Introdução ao universo mobile De acordo com relatório da We Are Social e Hootsuite (2019), o Brasil possui mais de 240 milhões de linhas ativas de celulares. Como mostra a 30ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas realizada pela Fundação Getulio Vargas - FGV (2019), o país passou da marca de um smartphone por pessoa, ou seja, são aproximadamente 235 milhões de dispositivos. Um dado interessante levantado pela pesquisa é de que para cada TV vendida são comercializados quatro smartphones. Ainda segundo a pesquisa da FGV, o Brasil possui aproximadamente 420 milhões de dispositivos digitais, sendo notebooks, desktops, tablets e smartphones em uso. A ideia, portanto, de consumo simultâneo de conteúdos em telas diferentes é cada vez mais realidade. Quando observados os números do 39º relatório Webshoppers referentes ao ano de 2018, a categoria de telefonia/celulares ocupa a sexta posição em quantidade de pedidos e a segunda em volume de faturamento. A figura 10 mostra a representatividade de cada categoria de produtos. Figura 10: Share das categorias. 31 Fonte: E-bit (2019). Atualmente, como apontado por diversos veículos, o acesso e consumo de conteúdos via celular cresce consideravelmente todo mês. Como exemplo, o Facebook possui mais de 90% das atividades diárias dos seus usuários acontecendo via celular (STATISTA, 2019). Se comparado aos anos anteriores, o acesso mobile à rede social continua crescendo. Ou seja, esse cenário de aumento considerável no consumo de aparelhos e mudança no comportamento do consumidor aponta para um maior uso do celular como ferramenta de comunicação e relacionamento entre pessoas e marcas, o que, certamente, demanda atenção em projetos de marketing. Como mostrado pelo Euromonitor (2018), o positivo cenário brasileiro de consumo de eletrônicos possui relação direta com o volume de compras de dispositivos móveis, sejam smartphones ou tablets, o que acaba por promover o surgimento de novos provedores de conteúdo e serviços de mídia. Nesse contexto, o usuário precisa ter esses mesmos conteúdos adequados ao tamanho de telas, tempo de leitura e demais hábitos de consumo característicos da plataforma. 32 De maneira a contribuir para um melhor entendimento das possibilidades que o mercado oferece em termos de plataformas, há todo um ecossistema de soluções mobile que pode ser considerado em projetos de marketing digital, como ilustrado pela figura 11. Figura 11: Ecossistema mobile. Fonte: Elaborado pelo autor. Como já mencionado, o site é ponto de convergência em ações digitais e uma das principais ferramentas de marketing digital. No caso de um contexto mobile, é 33 preciso considerar a lógica do mobile first, o que, neste caso, reforça a necessidade de construção de sites para consumo em telas pequenas. Com o objetivo de promover uma melhor experiências para os usuários, em 2015, o Google passou a não mais exibir em seus resultados de pesquisa sites não amigáveis ao celular. Ou seja, minimamente, é importante que o site seja responsivo - que se adapte de maneira amigável ao tamanho variado das telas. Quando há experiência mais aprofundada de navegação, como no caso de um m-commerce, onde todo o processo de compra é realizado no smartphone, é necessário que seja criado um site mobile. Ainda muito utilizadas, campanhas de SMS promovem respostas interessantes quando pautadas por relevância e frequência correta. O envio de mensagens deve seguir um conjunto de boas práticas instituídas pela MMA - Mobile Marketing Association (2017), como as descritas abaixo: Assegure-se de fazer ofertas somente para quem autorizou o envio das mensagens; O short number de envio deve ser o mesmo para descadastro (opt-out); Todas as campanhas de envio devem ser realizadas de acordo com as políticas das operadoras de celular; Observe as regras de cada indústria para comunicação com seu público; Os consumidores devem ser informados de toda a política de relacionamento e regras de campanhas. Caso a opção seja o uso do Whatsapp em ações de marketing digital, a sugestão é observar os mesmos princípios do SMS e, quando possível, observar o apontado pela Associação Brasileira de Marketing de Dados (ABEMD). Tendo em vista a natureza de relacionamento entre o consumidor e seu smartphone, é adequado que toda interação seja a mais profissional possível e que, portanto, ocorra via Whatsapp Business. 3.2 Jornada do consumidor mobile 34 De certa forma, o processo de adoção de uma nova tecnologia tem relação com a percepção de que a solução, de fato, contribui com algo para a vida do usuário. Nesse sentido, pode-se dizer que uma empresa que objetive sucesso nesse processo, necessita compreender profundamente como seus consumidores usam produtos e serviços nas mais variadas experiências vividas por eles ao longo de um dia. A experiência do consumidor pode ser entendidacomo um somatório de ativações que ocorrem ao longo de contatos com uma empresa e suas ofertas, o que pode ser percebido de maneira positiva ou negativa. Aprofundando-se, uma experiência de consumo é iniciada com o pré-consumo que envolve a procura por algo, o planejamento para possuir, sonhar com a oferta, imaginar como será o uso. A experiência de compra deriva de uma escolha, do pagamento, do empacotamento e dos demais serviços, processos e pessoas envolvidas no ambiente de compra. Ainda, neste processo, são consideradas as sensações, satisfação ou insatisfação, irritação ou afeto, a transformação e, por último, uma memória sobre a experiência. Este último ponto é de extrema importância, pois tem relação com o que será transmitido para outras pessoas em formato de conversa no Messenger, posts no Facebook, stories no Instagram ou mesmo áudios no Whatsapp. O conceito de jornada do consumidor é bastante amplo e possui diversas definições, como a oferecida pela consultoria McKinsey (2013) que a define como um processo iterativo e circular em que os consumidores realizam quando consideram, avaliam, compram e fazem o feedback. Independente da definição considerada, como o modelo dos cinco As de Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017), é fundamental ter em mente que os consumidores estão vivendo seu dia a dia baseando-se em interações e respectivos resultados que surgem nas telas de seus aparelhos. Todo esse cenário, então, reforça a necessidade de uma nova abordagem no estabelecimento da jornada de consumo das marcas. Toda a jornada deve considerar a utilização destas plataformas em suas etapas, o que, segundo Solis et al. (2015) não é sempre realizado. Como exemplo, os autores pontuam as seguintes falhas em estratégias que consideram a mobilidade de maneira equivocada: 35 1. Criação de campanhas que considerem direcionar o usuário para outra plataforma ou tela que não tenham relação com a jornada; 2. Desenvolver páginas de sites sem que se considere a próxima etapa da jornada; 3. Desenvolver um e-commerce sem que seja considerado seu uso nos smartphones e demais aparelhos móveis; 4. Desenvolvimento de aplicativos que não tenham relação direta com as necessidades de seus usuários; 5. Falta de habilidade na integração com soluções físicas em ponto de venda, como realidade aumentada, beacon ou outras ativações baseadas em geolocalização. Por uma outra perspective, objetivando contribuir com o mapeamento da jornada e, consequentemente, aumento da geração de valor para os consumidores, o Google vem explorando o conceito de micro-momentos. Como definição, podem ser compreendidos como pontos de contato críticos da jornada do consumidor que, em conjunto, determinam como a jornada termina. Como possibilidades estratégicas, o Google sugere que as marcas observem: 1. Momento "Eu quero saber ": ajudar o consumidor em um momento como esse, pode ser essencial para que ele seja influenciado pela marca e, consequentemente, compre algo. Durante a jornada, o usuário recorre ao smartphone em diversos momentos para ter informações sobre suas dúvidas ou reforçar ideias; 2. Momento "Eu quero ir": em muitos casos, é um momento em que o contato físico com a marca fica reforçado. O consumidor pode buscar uma aproximação para reforçar a tomada de decisão. Como exemplo, é possível que um e-commerce implemente um sistema de estoque on-line, de maneira que o usuário interessado em um produto possa selecionar a loja para retirada e, por conta disso, receber sugestões de rota via Waze ou mesmo vagas disponíveis no estacionamento por meio de conexão com um sistema do shopping; 36 3. Momento "Eu quero fazer": possuir uma estratégia de conteúdo que contemple atividades explicativas sobre como fazer um penteado, por exemplo, não necessariamente é suficiente. É importante que ocorram movimentos de co-construção de valor, como um feedback em tempo real por meio de chat, como feito pela L'Oréal na ação Bad Hair Day de Elseve, na qual os usuários utilizavam o Whatsapp para conversar com um especialista em cabelos; 4. Momento "Eu quero comprar": os consumidores devem ter o poder de escolher e determinar quando e como vão comprar, não importa se em loja física, call center, e-commerce ou por mensagens. O importante é estar preparado para atender o comportamento de compra transversal em plataformas diversas. Empresas como, Starbucks e Sephora, estão promovendo esforços para a construção de experiências omni-channel, que pode ser compreendido como a possibilidade de o consumidor ter uma experiência de consumo com a marca independente do canal. Toda a lógica dos micro-momentos proposta pelo Google é fundamentalmente mobile. Cada vez mais, o uso de smartphones e outros relacionados à Internet das Coisas (IoT) e wearables devices, como o Apple Watch, por exemplo, pressupõe conhecimento sobre os consumidores. Acessando esse link, é possível ter maior aprofundamento na proposta do Google: https://www.youtube.com/watch?v=rkhsq4CsT9Y&t=4s 3.3 Aplicativos A variedade de aparelhos no mercado faz com que o perfil dos usuários seja bastante heterogêneo, mesmo o Android respondendo por mais de 84% do market share brasileiro em 2018, seguido de 8% do iOS (STATISTA, 2019). Nesse cenário, quando considerado o desenvolvimento de um aplicativo, deve-se ter em mente que cada um consome um determinado volume de dados, demanda a utilização de um ou mais dedos, requer mais ou menos brilho de tela e, sem dúvida, possui uma https://www.youtube.com/watch?v=rkhsq4CsT9Y&t=4s 37 lógica de navegação diferente. Pela perspectiva do comportamento, o download e uso continuado do aplicativo devem fazer sentido para o usuário, pois caso a experiência não seja pautada por senso de utilidade e conveniência, ele é deletado em uma primeira necessidade de aumento de espaço ou performance. A decisão do tipo de aplicativo a ser desenvolvido passa por uma série de critérios, indo, portanto, do seu planejamento até sua manutenção em uma loja, como a App Store da Apple. Do ponto de vista técnico, conceber algo para ser instalado no aparelho do usuário ou ser acessado por meio de um atalho na tela, possivelmente, seja o ponto de partida ideal. Para fundamentar a discussão, a tabela 3 apresenta as diferenças entre aplicativos em versão web e completamente instalados. Tabela 3: Diferenças entre tipos de aplicativos. Aplicativo web (site mobile) Aplicativo mobile (app instalado) Acessado sempre que uma URL é requisitada via aparelho móvel, como smartphones, tablets ou wearable devices. Não é um site responsivo, mas um projeto desenvolvido especificamente para telas menores. Normalmente, a URL do site aparece: m.osite.com.br Pensado exclusivamente para download e instalação em smartphones, os aplicativos possuem funcionalidades não suportadas via site. Normalmente, são desenvolvidos para aumentar o senso de conveniência e geração de valor. Acesso via browser ou atalho na tela. Baixado e instalado. Utilização somente on-line. Utilização on-line e off-line. Compatibilidade com diversas telas e sistemas. Uma versão para cada sistema operacional. Na maioria das vezes, não aproveita os recursos do aparelho. Pode fazer uso de GPS, acelerômetro, sistema de 38 ligação e mensagens. Fonte: Elaborado pelo autor. Uma vez definido o tipo de projeto a ser desenvolvido, é válido ressaltar que o sucesso de um aplicativo não necessariamente tem relação com o número de downloads que recebeu, pois os usuários podem baixar e apagar na sequência ou mesmo deixar instalado e não usar. Aqui, é importante ter em mente as seguintes questões. Problematização: qual o problema do usuário está sendo resolvido? Persona do usuário: quais as características do usuário da solução? Identidade visual: quais os princípios do design centrado no usuário serão considerados? Tecnologia, plataformas e programação: qual será a plataforma de desenvolvimento da solução? Métricas de desempenho: como será medido o sucesso do aplicativo? Publicação nas lojas: quais os formatos e condições de negociação com as lojas e sistemas de distribuição de aplicativos? De maneira a ter uma melhor percepção da realidade, há um conjunto de etapas e métricas de desempenho proposto por Dave McClure, CEO da 500 Startups, chamado de AARRR, que deve ser observado ao longo do ciclo de vida de um aplicativo, conforme mostrado na sequência. 39 Acquisition (aquisição) - tem relação com o volume de usuários que chegou até o site ou mesmo aplicativo, fez algum tipo de inscrição, registro e download em um determinado período; Activation (ativação) - momento em que, de fato, ocorre a experimentação da solução proposta. Aqui, o usuário faz uso dos recursos do aplicativo e pode validar ou não o possível valor comunicado na fase de aquisição; Retention (retenção) - quando os usuários retornam para a plataforma e continuam usando a solução, o que pode indicar uma aceitação do que foi proposto. Pode ser medido, por exemplo, o tempo de permanência de cada sessão para verificar o nível de interação experimentada; Referral (recomendação) - os atuais usuários gostam da solução e passam a recomendar para outros. Neste ponto, é possível realizar campanhas intensificadas de comunicação, além de explorar modelos de avaliação de satisfação como o NPS (Net Promoter Score); Revenue (renda/faturamento) - a solução está operando de maneira plena e sem grandes falhas. Nesse momento, é possível observar se modelos de pagamento, como versões PRO, podem funcionar. Cabe a realização de cobranças e testes com usuários fiéis para validação de modelos de receita. De maneira visual, o modelo é ilustrado pela figura 12. Figura 12: Modelo AARRR. 40 Fonte: adaptado de McClure (2007). Normalmente funcionando a partir de um aplicativo específico, a realidade aumentada (RA) é uma tecnologia que permite a mistura do físico com o virtual a partir de uma tela, como a do celular. Por meio de elementos gráficos, que lembram um código de barras, localizados em roupas, cartões, etiquetas e, pontos de geolocalização, por exemplo, é possível interagir com conteúdos específicos na tela do aparelho, de maneira a ampliar a experiência em questão. Despertando grande interesse pela indústria da tecnologia, a realidade virtual (RV) pode ser definida como uma interface que simula um ambiente passível de interação por meio de óculos específicos, como o Oculus, do Facebook. O aparelho permite que o usuário faça uma imersão em 360º, de maneira que possa interagir com todo o ambiente projetado na tela do seu visor. Importante ressaltar que a diferença entre a RA e a RV está no fato de que, a primeira, é apenas uma expansão do ambiente que acontece de maneira limitada à tela do celular, enquanto a RV, por operar via capacete ou óculos, promove imersão total no cenário disponibilizado pela aplicação. O festival Cannes Lions, um dos maiores prêmios 41 publicitários do mundo, possui diversos exemplos interessantes de aplicativos e seus recursos de realidades alternadas. Acessando o link, é possível conhecer alguns vencedores e detalhes de suas criações: https://www.canneslions.com/about/news/award-winning-vr-and-ar-branded-content Sendo fortemente incentivada pela Microsoft, a realidade mista (RM) pode ser definida como a possibilidade de visualizar objetos do mundo físico ao mesmo tempo em que se vê os virtuais, como na realidade aumentada. No entanto, a ideia é que seja possível inserir e manipular objetos virtuais no mundo físico, misturando, assim, os dois universos. Um dos projetos de maior aposta da empresa é o Hololens – os óculos especiais capazes de projetar hologramas no ambiente e permitir interações. Acessando o link, é possível conhecer mais sobre o projeto: https://www.youtube.com/watch?v=J-C6GE2gFYw https://www.canneslions.com/about/news/award-winning-vr-and-ar-branded-content https://www.youtube.com/watch?v=J-C6GE2gFYw 42 4. MARKETING DE BUSCA 4.1 A lógica dos buscadores e cauda longa Conforme mostrado pelo Statcounter (2019), nos últimos 10 anos, o Google foi o buscador mais utilizado no Brasil. Atualmente, é responsável por aproximadamente 97% das buscas realizadas no país, sendo o Bing a segunda opção como mecanismo de buscas. A figura 13 ilustra o cenário. Figura 13: Mecanismos de busca de 2009 até 2019. Fonte: Statcounter (2019). Como complemento a importância do Google para os usuários de internet, e sem dúvida para o gestor, os sites mais acessados do país são google.com, seguido de youtube.com e google.com.br (Alexa, 2019). Ou seja, é praticamente inevitável 43 que, ao acessar um dispositivo conectado à internet, uma pessoa não venha a realizar uma busca na plataforma. Nesse cenário, o marketing de busca ou search engine marketing – SEM pode ser compreendido como uma estratégia, que pode ser adotada por empresas dos mais diversos tamanhos, de maneira que se obtenha maior visibilidade nos dos principais mecanismos de pesquisa como Google, Bing e Yahoo. As empresas interessadas em ter um bom posicionamento nos mecanismos de pesquisa devem analisar o que está sendo feito dentro e fora do seu site para, assim, alcançar o bom posicionamento e, consequentemente, recebendo um maior volume de acessos qualificados. Os dados apresentados somente reforçam a necessidade de um profundo conhecimento sobre as necessidades, desejos e, claro, comportamentos dos consumidores. É fundamental compreender não só a evolução dos mecanismos de pesquisa e sua representatividade no mercado, mas também como os usuários buscam. Um ponto de extrema importância é que muitas alterações e melhorias nos sistemas são feitas periodicamente com o objetivo de entregar resultados cada vez mais baseados nas preferências dos usuários a cada search engine result page - SERP ou páginas de resultado dos mecanismos de busca. Basicamente, existem duas formas para se trabalhar com marketing de busca: (1) resultados naturais, orgânicos e não pagos; (2) os resultados da parte superior e inferior em destaque nos buscadores que são anúncios pagos. Nestes espaços, estão as campanhas de links patrocinados, isto é, as que anunciantes dos mais diversos segmentos de mercado pagam aos buscadores por cada clique recebido em suas peças publicitárias. Independente da estratégia adotada, os buscadores possuem uma lógica de funcionamento muito particular, não sendo, em primeiro momento, aplicada a outras mídias digitais. Aqui, se afastando um pouco da perspectiva envolvendo algum tipo de linguagem de programação, a grande referência para uma melhor compreensão dessa dinâmica é a observação do conceito de Cauda Longa. O termo, em tradução direta para o inglês Long Tail, se tornou conhecido após Chris Anderson, editor- chefe da revista Wired, uma publicação importante para o mercado digital, ter lançado um livro sobre o assunto em 2006. 44 A aplicação do conceito pode ser vista da seguinte forma: em espaços físicos, há uma limitação real, tangível, o que não permite grande variedade de itens muito específicos. Nesse sentido, o que ocorre é a concentração de muitas ofertas de um mesmo tipo, como um livro famoso, por exemplo. Já na internet, dada a ausência de restrições físicas, há a possibilidade de, além dos itens mais famosos, oferecer outros de natureza bastante específica e lucrar com isso. Em seu livro, Chris Anderson aponta que, na internet, a soma da audiência de milhares de filmes não tão famosos poderia ser maior do que a soma da audiênciados filmes mais famosos. Esse fenômeno ocorre porque na internet é possível chegar a milhões de pessoas que possuem interesses muito específicos (os nichos), ao invés de focar nos interesses de grande parte do público. Ainda que o mercado de livros esteja passando por grandes mudanças, o exemplo a seguir ilustra a ideia. Imagine um gestor de uma loja que precise decidir sobre seu inventário de produtos e, consequentemente, o investimento em propaganda. Seu espaço para exibição de livros é limitado e, portanto, deve escolher se vai atender ao grande público, de gosto mais genérico, ou se trabalhará com nichos. Para contribuir com sua decisão, recorre ao Google e verifica o volume de buscas para os autores Paulo Coelho e Margaret Atwood. A figura 14 apresenta o resultado. Figura 14: Volume de buscas por Paulo Coelho e Margaret Atwood de 2016 até 2019. Fonte: Google (2019). 45 Em vermelho, está o resultado para Paulo Coelho e, em azul, para Margaret Atwood. Ao pensar sobre os riscos associados e possíveis resultados de suas decisões, o que é uma boa prática de todo gestor, optou por concentrar seu inventário em hits e autores mais conhecidos, como Paulo Coelho, para uma maior chance de vendas, o que não está errado. É apenas uma opção. Novamente, é totalmente compreensível, pois em uma loja física existe a dificuldade e limitação de estoque e o lojista necessita vender o que já está armazenado. Na internet isso não ocorre, uma vez que a loja virtual não precisa ter o produto em estoque na hora da venda, necessariamente. Ela pode deixar o item em um centro de distribuição e fazer a entrega de acordo com a demanda. Ou seja, em um e-commerce seria possível vender os brilhantes livros da escritora Margaret Atwood para um público, em teoria, de nicho sem perder a oportunidade de atender ao público geral. Seguindo o exemplo apresentado, ao realizar a estruturação de seus projetos de marketing de busca, o gestor deveria, portanto, focar em palavras-chave que sejam mais favoráveis para os itens à venda. O funcionamento de toda a lógica da Cauda Longa é, assim, baseado na ideia ilustrada pela imagem 15. Figura 15: Exemplo de Cauda Longa. 46 Fonte: Adaptado de Anderson (2006). Sendo assim, estamos afirmando que o volume de pesquisa feita em um buscador por um termo genérico como, por exemplo, "Livros" é muito maior que o volume de pesquisas feito simplesmente por uma composição de palavras-chave. Por outro lado, ser mais específico significa menor volume de cliques e possíveis acessos ao site. Como não há uma única estratégia para a obtenção de resultados satisfatórios, o desafio é encontrar o equilíbrio entre os termos adequados e o sucesso objetivado. Para saber mais sobre a Cauda Longa, acesse link com uma apresentação feita por Chris Anderson: https://www.youtube.com/watch?v=CIZAZYsKM84 4.2 Search engine optimization - SEO https://www.youtube.com/watch?v=CIZAZYsKM84 47 Como já mencionado, o SEO é a sigla para search engine optimization, ou seja, otimização de sites para mecanismos de busca. Seu foco é o bom posicionamento em uma SERP – leia-se primeiras posições nas primeiras páginas exibidas no Google, por exemplo. Para se ter uma ideia da importância dessa dinâmica, em uma pesquisa realizada pela Forrester Research (2019), foi identificado que aproximadamente 40% dos usuários que utilizam os mecanismos de busca acham que as empresas nas primeiras posições são as líderes de seu mercado. Essencialmente, a otimização é realizada no site da empresa ou em uma página específica focando em palavras-chave relacionadas a um determinado mercado e comportamento do consumidor, uma vez que possuam alto volume de buscas. No entanto, a simples inclusão de palavras do código do site não irá garantir a tão desejada primeira posição. O processo vai além. Nesse sentido, para alcançar os objetivos estabelecidos, o profissional de marketing digital deve desenvolver diversas atividades e aplicar técnicas dentro e fora do site para melhorar o posicionamento nos buscadores. Atualmente, existem aproximadamente 200 fatores que os buscadores utilizam para fazer o ranqueamento e escolha de quais páginas ou sites serão exibidos em uma SERP. Nem todos os fatores que utilizam são conhecidos, alguns, inclusive, são critérios que são questionados, mas alguns profissionais já testaram e comprovam resultados eficientes. Como um guia inicial para o trabalho de SEO, o link a seguir contém uma série de recomendações feitas pelo Google: https://www.youtube.com/watch?v=CIZAZYsKM84 Como primeira etapa, é fundamental considerar a existência de fatores on page (fatores internos relacionados à organização do site e conteúdo) e fatores off page (fatores externos que não estão ligados diretamente à codificação do site, mas, sim, à sua “reputação” na rede – outros sites importantes que apontam para o da empresa em questão). No caso dessa ferramenta fica praticamente impossível não entrar, ainda que superficialmente, no processo de construção de uma página e o básico em HTML. Mesmo que o gestor não seja programador ou tenha conhecimento na área, é importante que alguns termos e lógicas sejam mencionadas para resultados mais satisfatórios nos projetos de marketing de busca. https://www.youtube.com/watch?v=CIZAZYsKM84 48 O HTML é um acrônimo para HyperText Markup Language, isto é, o HTML é uma linguagem de marcação ou formatação de HiperTextos utilizada na estruturação de páginas web. Os navegadores da internet fazem a leitura da linguagem HTML e interpretam os comandos linha por linha para apresentarem como resposta ao usuário, o conteúdo visto nas mais diversas telas. Sua lógica é baseada em tags ou comandos que representam os diversos elementos de uma página, como imagens, títulos, textos e links. Ao acessar uma página web por meio de um navegador, como o Safari, Chrome ou Firefox, por exemplo, há a leitura do código e apresentação de forma compreensível para o usuário final. Na sequência, há um exemplo de estrutura básica de HTML. <HTML> <HEAD> <TITLE> Título da página </TITLE> <META name="description" content="Apenas um exemplo de uma estrutura básica de uma página HTML que vai ajudar a entendermos sua relevância para o trabalho de SEO"> </HEAD> <BODY> <H1> Título interno da página </H1> <H2> Subtítulo da página </H2> <P> Espaço para o texto de parágrafo </P> <IMG SRC=”Handmaids_Tale_Serie.jpg” alt=”imagem da June olhando pela janela para anúncio de nova temporada”> </BODY> </HTML> Sem a necessidade de entrar em detalhamento técnico sobre cada componente apresentado, novamente, a ideia é explorar alguns componentes que o gestor deve ter atenção em seus projetos. Para contribuir com um melhor entendimento do que discutir com a equipe no desenvolvimento do site e projeto de otimização, segue uma lista de itens a serem considerados. 49 <TITLE>: informa ao navegador que deve ser colocado um título na barra de títulos do navegador. Em um trabalho de SEO, é mandatório que a palavra- chave selecionada esteja presente no título, preferencialmente sendo a primeira. Ainda, é importante considerar algo em torno de 50 caracteres para esse componente; <META name="description" content=">: deve conter uma breve descrição sobre a empresa ou proposta do site. Idealmente, devem ser considerados em torno de 160 caracteres; <H1>, <H2> e assim por diante: são os títulos de páginas, assim como no caso do <TITLE>. O buscador utiliza esse elemento para identificar do que se trata a página e/ou suas variações; <IMG SCR=” ... “ alt=”>: deve ser usado como um descritivo da imagem em questão. Para potencializar, por exemplo, a navegação e acessibilidade é um elemento fundamental para o sucesso do projeto; <P>: é o componente que indica um parágrafo de texto. Ou seja, é o conteúdo textual apresentado ao usuário que visita o site. Sem dúvida, um trabalho de SEO envolve conhecimento técnico e específico, como visto pelo breve exemplo de HTML. Por isso, cabe o reforço: é necessário que o profissional contratado, de fato, tenha conhecimento sobre as principais técnicas e funcionamento dos algoritmos para um bom desempenho. Em projetos dessa natureza, e fundamental ressaltar que são de médio-longo prazo e que, a todo custo, devem ser evitadas técnicas chamadas de Black Hat SEO. Profissionais sem ética, de alguma forma, procuram burlar o sistema dos buscadores e “forçar” um bom posicionamento que, ainda que aconteça, é por pouco tempo e o site entrar para a lista negra do buscador. 4.3 Links Patrocinados 50 Diferentemente do SEO que é um esforço não pago para o buscador, como o Google, os Links Patrocinados normalmente ficam no topo das SERP, logo acima do resultado orgânico e são anúncios menores, com uma quantidade limitada de caracteres. Como apontado por Loureiro, Lima e Benedetti (2018), a dinâmica dos links patrocinados funciona da seguinte maneira: 1. O usuário acessa o buscador; 2. Preenche o campo de pesquisa com uma palavra-chave, que pode ser única ou composição de termos; 3. O buscador apresenta uma SERP com três ou quatro anúncios na parte superior (sendo identificados de alguma forma como anúncios) e aproximadamente 10 resultados orgânicos na sequência; 4. Em algumas SERP, os buscadores também mostram anúncios na parte inferior, logo após os resultados orgânicos; 5. Caso haja interesse no exibido em forma de anúncio e ocorrer o clique, o anunciante pagará ao buscador um determinado valor pelo clique realizado. Ou seja, o pagamento não ocorre pela exibição como visto, em geral, no caso de banners em portais de notícias. Tendo em vista a concentração de buscas realizadas no Google, o foco das discussões acaba sendo em sua plataforma, o Google Ads. No entanto, há opções para criações de anúncios tanto no Bing quanto no Yahoo, seguindo uma lógica similar. Nesse modelo de publicidade, a base criativa é, em geral, uma peça publicitária em formato de texto com linhas descritivas sobre sua oferta, na qual o anunciante determina quanto deseja pagar por cada clique, bem como seu limite de orçamento para um dado período. Novamente, o anunciante não é cobrado pela exibição do anúncio, mas pelos cliques que o anúncio recebeu. Atualmente, considerando o Google, os formatos disponíveis e respectivas vantagens são estão relacionados na tabela. Tabela 4: Formatos de links patrocinados no Google. 51 Formato Descrição Principais vantagens Texto Somente palavras. É possível alcança clientes quando eles pesquisarem no Google. Responsivo Anúncios responsivos ajustam automaticamente o próprio tamanho, aparência e formato para caber nos espaços de anúncio disponíveis. Eles podem se transformar em anúncios gráficos ou de texto. Em questão de minutos, crie anúncios que se encaixam em praticamente qualquer espaço de anúncio disponível. Gráfico Gráficos estáticos ou interativos. É possível usar anúncios animados em formato .gif e Flash. Mostra o produto ou serviço de maneira visual. Alcança clientes em sites que fazem parceria com o Google. Anúncios de promoção de aplicativo Estímulo de downloads de aplicativo e engajamento com os anúncios de promoção de aplicativo. Envia clientes para fazer o download do aplicativo em uma loja ou inclua um link direto para o aplicativo. Em vídeo Anúncios em vídeo Oferecer uma 52 exibidos on-line. Exibir anúncios em vídeo autônomos ou inserção em conteúdo de streaming de vídeo. experiência avançada e atraente para os clientes. Anúncios do produto no Shopping Os anúncios do Shopping mostram aos usuários uma foto do seu produto, título, preço, nome da loja e mais informações sobre ele. Exibição de um anúncio com o seu produto para pessoas que desejam comprar esse ou outros produtos relacionados. Anúncios só para chamadas Somente palavras e um número de telefone. Impulsiona ligações telefônicas para a empresa com anúncios que incluem seu número de telefone. As pessoas podem clicar nesses anúncios e ligar para sua empresa diretamente. Fonte: Adaptado de Google (2019). Um ponto negativo, de certa forma, dos links patrocinados é que devido à facilidade de criação das campanhas, há a possibilidade de configuração equivocada na campanha. A consequência disso é, sem dúvida alguma, desperdício de orçamento. Uma campanha criada e administrada de maneira incorreta pode, além de negativar o histórico da empresa na conta do Google Ads, gastar o previsto para um mês em apenas um dia. 53 De maneira resumida e prática, o gestor deve considerar as seguintes etapas em sua construção de campanhas: 1. Determinação de objetivos: qual o objetivo desejado? Gerar tráfego para um site? Gerar leads? Aumentar a apenas a base de cadastros? Conversão de vendas? 2. Os tipos de anúncios: tendo em vista o objetivo definido, quais os formatos podem funcionar melhor? Quais as abordagens criativas podem ser exploradas em cada peça? 3. Orçamento: qual o valor máximo pode ser gasto no período? Haverá uma pausa no sistema ao atingir o valor? Será pago com cartão de crédito ou boleto bancário? 4. Segmentação: quais são as regiões e horários para exibição dos anúncios? Há uma lista de e-mails para trabalhar? 5. Palavras-chave: quais as palavras serão utilizadas? Serão composições? Buscas exatas? Amplas? Especificamente para a seleção de palavras-chave, há um grande número de ferramentas que podem ajudar nesse processo. No mercado, há uma boa recomendação, obviamente, do planejador de palavras-chave do próprio Google e a SEMRush. Em realidade, o ideal é a experimentação, pois absolutamente nada no contexto digital, como já dito, é definitivo. Não há uma receita única para o sucesso. Certamente, um dos grandes atrativos desse formato de publicidade é a flexibilidade e controle de orçamento. Na medida em que há a possibilidade de monitoramento praticamente em tempo real da efetividade de uma campanha, o gestor tem autonomia para pausar um grupo de anúncios, trocar palavras, ajustar imagens e, sem dúvida, oferecer um valor mais alto pelo clique em seus anúncios, uma vez que a ordem de exibição dos anúncios seja baseada em formato de leilão. 54 Esse ponto, propositalmente deixado por último, tem relação com a ideia de que é possível comprar a primeira posição ou página do buscador. Mesmo que o anunciante pague um valor altíssimo pelo clique em seus anúncios, outros critérios também são considerados para a exibição nas SERPs ou pela rede de parceiros do Google. Ou seja, o que ocorre é uma estimativa da qualidade dos anúncios, palavras-chave e páginas de destino. Anúncios de melhor qualidade podem resultar em preços mais baixos e melhores posições (GOOGLE, 2019). Para ter uma ideia geral de como funciona o sistema, Hal Varian, Economista Chefe do Google, explica a lógica do sistema nesse link https://www.youtube.com/watch?v=tW3BRMld1c8&t=30s https://www.youtube.com/watch?v=tW3BRMld1c8&t=30s 55 5. MÍDIAS SOCIAIS 5.1 Pilares das redes sociais Muito antes de qualquer relação com tecnologias digitais, as redes sociais já eram estuadas em diversas áreas, como a sociologia e comunicação social, por exemplo. De maneira resumida, podem ser definidas como um conjunto de indivíduos que possuem características comuns, como objetivos compartilhados construídos de maneira colaborativa, dinâmica multilateral e de intenção consistente por parte de seus membros.
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