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AULA 04 PRODUÇÃO DE RECURSOS DIDATICOS EM HISTORIA


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AULA 04-
Plano de Ensino
Discutir os fundamentos legais e políticos dos livros didáticos; as exigências técnicas; a responsabilidade social dos autores; o papel do Manual do Professor.
Conversa Inicial
O que se pode e o que não se pode dizer ou mostrar em um livro didático? Por outro lado, o que se é obrigado a narrar, descrever, apresentar? O trabalho de autoria de um livro 
didático possui específicas regras que ultrapassam os limites dos eventos e dos processos históricos. Por se ligar, para além da educação, a fatores como mercado e legislação, a escrita de materiais didáticos envolve um conjunto de limites, regras e demandas que podem ser de caráter mais geral (como a valorização da cidadania e o combate ao preconceito) ou específicas (como as peculiaridades técnicas da indústria editorial).
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Tema 01 – Responsabilidade social e política
A produção de livros didáticos envolve responsabilidade social e política. Isso significa, dentre outras ações, cuidar com representações que podem ser consideradas racistas, sexistas ou preconceituosas. Um livro didático, por sua influência e penetração social, tem condições de influenciar os alunos na construção de uma imagem mais democrática da realidade.
Por essa mesma razão, deve-se ter especial cuidado com os pressupostos e as mensagens políticas que são expressas nos livros didáticos. Ainda que os materiais didáticos não sejam espaços partidários, ou de doutrinação ideológica, sem dúvida a política deve estar presente nesses materiais; é também por eles que os alunos a aprendem a respeitar opiniões diferentes, encontrar soluções em conjunto, compreender as dificuldades dos demais. Todas as ações políticas que fazem parte da formação cidadã, e de uma atuação responsável na sociedade.
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Tema 02 – Entre a obrigação e a opção
Ao final do século XIX, o Brasil ainda não possuía livros didáticos da História Nacional. Quando estes foram escritos, foram integrados à aula de história junto com materiais franceses, utilizados à época, iniciando uma divisão entre "história geral" e "história do Brasil" que, por esses e outros motivos, se intensificaria a perpetuaria no ensino histórico nacional. Esse modelo acabou reduzindo o ensino de história do Brasil aos livros didáticos, bem como nos currículos nacionais, especialmente se compararmos com a divisão encontrada em materiais didáticos de outros países.
Essa grande presença da história "não-brasileira" nos livros didáticos está estabelecida em determinações legais (como a BNCC), em determinada tradição de ensino histórico, em provas como vestibulares e Enem. Ainda que a autoria de livros didáticos tenha liberdade para definir abordagens, métodos, avaliações, em geral tende a se adequar a estas exigências temáticas.
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Tema 03 – A influência do mercado
O Governo brasileiro é um dos maiores compradores individuais de livros do mundo, e essencial para a sobrevivência de incontáveis editoras. Isso se deve ao Programa Nacional do Livro e Material Didático (PNLD): para participar desse mercado, ter os livros aprovados e escolhidos pelos professores, as editoras investem recursos significativos. Justamente pela influência do governo nesse mercado, os modelos dos livros didáticos, no Brasil, acabaram se adequando àquele prescrito nos editais do PNLD, influenciando, inclusive os materiais comercializados nas escolas privadas.
Considerando-se a importância desse mercado, e os investimentos na produção de livros, os autores de livros didáticos devem produzir seus materiais pensando em três tipos potenciais de leitores: os avaliadores do governo, que analisarão os livros, podendo aprová-los ou rejeitá-los; os professores, que serão os responsáveis pelas escolhas; e os alunos, usuários finais.
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TEMA 04 – As questões técnicas
Questões técnicas influenciam não apenas a forma, mas o próprio conteúdo que é apresentado nos livros didáticos de história. A mais importante dessas questões é a diagramação: estabelecido seu padrão em função dos objetivos educacionais a serem atingidos pelo material, seu uso deve estar padronizado em toda coleção. Outras questões técnicas, porém, devem ser conhecidas e seguidas pelos autores: tamanho das fontes, número de páginas, espaçamento entre linhas e das margens, preocupação com espaços em branco nos livros (que tendem a ser "não consumíveis", especialmente os para as escolas públicas). Assim como textos acadêmicos apresentam elementos obrigatórios, ocorre de forma semelhante com os materiais didáticos.
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Tema 05 – O manual do professor
Um item obrigatório aos livros didáticos na atualidade é o chamado Manual do professor. Antigamente mero portador das respostas às questões sugeridas pelo livro, hoje o manual é uma oportunidade de comunicação direta com os professores, que serão responsáveis pela aplicação dos textos e atividades em sala de aula. No manual, devem estar expressos os fundamentos teóricos que estruturam o livro e a coleção, ou seja, os princípios teóricos da história, bem como os pressupostos educacionais, que justificam a escolha dos temas, os recortes temporais, a seleção de documentos, o encaminhamento das atividades.
Além disso, as respostas apresentadas às questões sugeridas devem ser amplas o suficiente para que o professor leve em consideração tanto respostas alternativas dos alunos (e suas razões), bem como as possibilidades de discussão sobre questões abertas, que visam à reflexão e discussão.
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Na Prática
O departamento de História da USP organizou um espaço de catalogação e discussão de materiais didáticos de história (e outras disciplinas) em seu Laboratório de Ensino e Material Didático (LEMAD). Uma das atividades do Lemad é o de digitalização e disponibilização ao público de um conjunto de livros didáticos desde o século XIX, que podem ser usados para consulta e estudos. Procure, em seu navegador da internet, pela expressão Livros Didáticos Digitalizados Lemad para encontrar o site. Nele você poderá navegar por diferentes livros didáticos, e aprender mais sobre o processo de desenvolvimento deste material no Brasil.
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Referências
EDITAL de convocação 01/2017. Edital de convocação para o processo de inscrição e avaliação de obras didáticas para o programa nacional do livro e do material didático PNLD 2019. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/programas-do-livro/consultas/editais-programas-livro/item/10521-pnld-2019.
MEC. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#fundamental/historia.
NERY, F. MEC é o maior comprador de livros do mundo. Abrelivros. 2004. Disponível em: http://www.abrelivros.org.br/home/index.php/noticias/911-mec-e-o-maior-comprador-de-livros-do-mundo.

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