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Prova 4 - HSPG

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Universidade de Brasília
Departamento de História
Discente: Lucas Cardoso dos Santos
Matrícula: 19/0111992
Turma: HSPG
Como poderíamos relacionar ressentimento e reparação?
O ressentimento se torna específico para cada indivíduo e com o passar do tempo devemos apresentar um novo significado para alguém ressentido e para isso devemos voltar no tempo e discordar um pouco de Nietzsche, que acreditava que o ressentido ele tinha um temor pelo seu agressor/inimigo e não como um protesto que ganha força cada vez que se cicatriza e nos mostra que é essencial para não repetir erros anteriores, ou para que não ocorra o que Carlos Drummond cita sobre o sofrimento “O sofrimento é repartido ao longo da vida e separado por blocos de esquecimento”. 
Utilizando essa passagem de Drummond, podemos citar com clareza que podemos fazer uma ligação entre o sofrimento e o ressentimento quando se trata por exemplo, da ditadura militar de 1964 no Brasil. Existem inúmeros relatos das vítimas de tortura que ficaram ressentidas e sofreram com isso buscando uma reparação que veio ocorreu 50 anos depois do início da ditadura, um crime que não se pode acusar visto que houve queima de arquivos, seria então uma reparação sem a cobrança e o julgamento de fato dos crimes ocorridos. Ou se pegarmos um exemplo “isolado” teremos o grande exemplo de Franca Viola, uma italiana que em 1966 se recusou publicamente a se casar com seu estuprador, a chamada “matrimonio riparatore” era a lei que forçava o casamento entre a vítima e o seu estuprador. Franca apelaram para a justiça italiana para que houvesse uma reparação e que o estuprador fosse julgado pelo crime, essa atitude repercutiu pela Itália já que desafiava a norma social da época e Franca se tornou símbolo da luta pelos direitos das mulheres na Itália do pós-guerra.
O ressentimento se torna indispensável quando abordamos assuntos que infligem um sentimento de dor compartilhada, onde temos um parâmetro vivido do que não se deseja passar novamente, de feridas que demandam um tempo para de cicatrizar, mas que a cada processo se concebe forças para enfrentar histórias que não se apagam. E realizando uma releitura da frase de Carlos Drummond já citada, não devemos cair no abismo do perdão fácil, pois o perdão repartido ao longo da vida se torna separado em blocos de esquecimento.

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