Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Pré- Operatório Internato em Cirurgia I 2022/1- Thaynara Silva Objetivo: Identificar e quantificar a gravidade de uma doença associada capaz de trazer prejuízo à cirurgia e a evolução pós-operatória de um paciente. Componentes do preparo pré-operatório: Anamnese (antecedentes) - Internação próxima do momento da cirurgia? Mudança de microbiota MO hospitalares - Antecedentes de hipertermia maligna? - Histórico de sangramentos Exame físico - Via aérea difícil? - dificuldade de punção venosa? - necessidade de Acesso Venoso central? Exames complementares (quando indicado) Cuidados pré-operatórios Períodos: Pré- operatório Intra-operatório Perioperatório: intra-operatório até 48h de PO Pós-operatório tardio: após 48h até 30 dias de PO Risco anestésico-cirúrgico: Deve ser realizado em todos os pacientes para verificar o risco/benefício da cirurgia É feito pela classificação de ASA (Sociedade Americana de Anestesiologia): Pacientes hígidos (em avaliação pré- operatória) que serão submetidos a cirurgias de pequenos e médios portes não necessitam de exames complementares. Mas, na prática faz exames pelo receio jurídico. E= Fator emergência Fatores que influenciam o risco anestésico-cirúrgico: Relacionados ao procedimento: Duração > 4h Perda sanguínea > 1.500ml Invasão de cavidades (peritoneal, pleural) Anestesia geral ou bloqueio neuroaxial/ cirurgia de grande porte Cirurgia de emergência Neoplasia (grande consumo de reservas fisiológicas) Nutrição inadequada Déficit de mobilidade Relacionados ao paciente: Idade >70 anos Doença cardiovascular, pulmonar, metabólica (DM), renal ou hepática Baixa capacidade funcional Instabilidade cardiovascular ou respiratória. Jejum pré-operatório: Evitar aspiração pulmonar Sólidos e leite (pq tem má digestigilidade)=> 8 horas Água e líquidos claros ricos em carboidratos/ Maltodextrina=> 2 horas Pacientes com possibilidade de refluxo (obesos/gestantes/portadores de hérnia hiatal/ grandes tumores intra-abdominais/DRGE)=> 8horas -12 horas de jejum, além de drogas para reduzir conteúdo gástrico (ex: metoclopramida) ou elevar o pH (antiácidos). Urgência e emergência=> considerar estômago cheio Manejo de Medicações de uso habitual no pré-operatório: MEDICAÇÕES ORIENTAÇÃO Betabloqueadores (pelo risco de taquicardia reflexa, arritmias) Anti-hipertensivos Cardiotônicos Broncodilatadores Anticonvulsivantes Corticoides (risco de insuficiência suprarrenal) IBP Antialérgicos Potássio Mantidas até o dia da cirurgia CONTROVERSO OS ANTI-HIPERTENSIVOS Deve-se suspender diuréticos na manhã da cirurgia (pelo risco de hipovolemia, hipocalemia, arritmia) e IECA/BRA (pelo risco de hipotensão pós-operatória. Medicações psiquiátricas Anticoagulantes orais Varfarina (Marevan®) Suspensão prévia por 5 dias, a fim de que o INR caia 1,5 ou menos (para operar com segurança). Pode substituir por HNF 6h antes da cirurgia ou HBPM 24h antes. Reintroduz com 24h PO Cirurgia de emergência=> Plasma fresco (15- 20ml/Kg) Anticoagulantes orais Inibidores do fator Xa Rivaroxabana (Xarelto®) Suspensão 2-3 dias antes e substituição por heparina. Reintruduz assim que hemostasia garantida Heparina Suspende 6h antes, reinicia 12-24h após a cirurgia. AAS Suspensão 7-10 dias antes. Exceto em portadores de doenças isquêmicas do miocárdio. Ticlopidina (antiagregante plaquetário) Suspensão 2 semanas antes AINES Deve-se suspender 24-72 horas antes da cirurgia, pois alteram função plaquetária. Hipoglicemiantes orais e drogas não-insulínicas Deve-se suspender na manhã antes da cirurgia. Substitui por insulina regular ou NPH na véspera da cirurgia. I-MAO Isocarboxazida, Moclobemida, Fenelzina, Selegilina Suspender 14 dias antes da cirurgia, pois possuem interação com drogas anestésicas podendo causar crises hipertensivas Estrogênio Raloxeno Tamoxeno Deve-se suspender 4 a 6 semanas antes da cirurgia em cirurgias que tenham alto risco tromboembólico. Bifosfonatos Deve-se suspender 3 meses antes em cirurgias bucomaxilofaciais, pois podem provocar osteonecrose de mandíbula. Exames Pré-operatórios: - Solicitar de forma individualizada a depender da clínica e tipo de cirurgia. - Exames até 180 dias podem ser utilizados. Exceto em patologias: hepáticas, renais, respiratórias, cardiológicas, distúrbios da coagulação, AIDS; que podem ser devem ser realizados até 30 dias da cirurgia. Avaliação Nutricional: • Indicada em pacientes desnutridos, emagrecidos ou candidatos ao tratamento cirúrgico da obesidade mórbida ou pacientes que possuam doenças que afetem a absorção intestinal. • Inclui parâmetros antropométricos e laboratoriais (Ex: albumina). Avaliação hematológica: • Recomendam-se transfusões se: Hb <6g/dL OU • Pacientes com Hb 6-10g/dL na presença de: doença isquêmica do miocárdio, doença cerebrovascular ou procedimentos de grande perca volêmica (>1500mL). • Trombocitopenia com plaquetas <50.000/mm³ contraindica cirurgia • Plaquetas < 100.000 /mm3 contraindica cirurgia neurológica e oftalmológica • Sempre questionar histórico de sangramentos na anamnese. Cuidados gerais: Tricotomia: aparar com máquinas (tricótomos- não é recomendada raspagem com lâminas por conta da escarificação da pele) no momento da cirurgia. A depilação com lâmina está contraindicada. Pele: Orientar o paciente sobre uma boa higiene no dia anterior. Escovação dos dentes. Na cirurgia, realizar antissepsia do local. Cateterismo vesical: somente em necessidade de monitorização absoluta da perfusão em operações pélvicas ou de vias urinárias. Deve ser feito dentro do centro cirúrgico. Sondagem nasogástrica: deve ser feita em pacientes com esvaziamento gástrico prejudicado ou nas emergências que necessitem de anestesia geral. Preparo psicológico: Orientar sobre o procedimento, riscos e benefícios.Esclarecer sobre sondas, cateteres e drenos que poderá estar utilizando ao acordar da cirurgia. Construir uma boa relação-médico paciente em busca da colaboração no pós-operatório e sucesso da cirurgia. Sedação: Pode-se utilizar, em pacientes muito ansiosos (ajuda evitar oscilações da PA e aumento da acidez gástrica) Midazolam SL 30 min antes da cirurgia. A visita pré-operatória do anestesista é a melhor terapêutica ansiolítica. Antibioticoprofilaxia • Usado em pacientes com risco de infecção do sítio cirúrgico. • Realizado 30 min antes da incisão. • Deve ser feita durante o ato operatório e mantida por até 24horas no pós operatório. • Utiliza-se dose máxima na hora da indução anestésica, seguida de dose convencional na frequência de duas vezes a meia vida da droga. (ex: Cefazolina com meia vida de 2 horas). • Não substitui uma boa técnica de assepsia do local. • Pacientes ASA I em cirurgias limpas e de curta duração não necessitam de antibióticos prévios. Exceto imunodeprimidos, uso de próteses nas cirurgias ortopédicas, cirurgias vasculares, oftalmológicas, urológicas (cateter duplo J), tela de polipropileno nas cirurgias de correção de hérnias... Qual Antibiótico usar? - A escolha do antibiótico leva em consideração as bactérias que colonizam o local manipulado. -De forma resumida, utiliza-se: • Cirurgias Cabeça e Pescoço: Amoxicilina + Clavulanato. • Cirurgias Geniturinárias: Ciprofloxacino. • Cirurgias Intestino distal: Clindamicina + gentamicina. • Demais cirurgias: Cefalosporina 1º geração. Ex: Cefazolina Cuidados pré-operatórios específicos: Cirurgia de Cólon - Não é necessário preparação do cólon (esterilização da microbiota com ATB oral e preparo mecânico); - É uma cirurgia limpa-contaminada. Cirurgia em pacientes diabéticos - Cirurgia preferencialmente pela manhã. - Evitar hiper e hipoglicemias,recomenda-se 140-200mg/dL no pré-operatório. - Hipoglicemiantes orais e drogas não insulínicas: suspender na manhã da cirurgia (último uso na noite anterior). - Paciente com bom controle glicêmico não necessita de insulina. Cirurgias longas necessitam de insulina regular, deve-se ajustar dose conforme glicemia capilar do paciente. - Diabéticos em uso de insulina: - Se usar NPH faz 2/3 da dose habitual na noite anterior e 1/2 da dose habitual na manhã da cirurgia. - Se for glargina faz 1/2 da dose habitual na noite anterior. - No intraoperatório de cirurgias longas usa-se bomba de infusão de insulina associada com soro glicosado. - Em cirurgias curtas usa-se insulina regular. Geralmente começa a partir de 201mg/dl e não 151 Cirurgia em pacientes doente renal crônico • Paciente dialítico necessita de diálise 24 horas antes da cirurgia e 24 horas depois. • Paciente nefropata necessita de Hb > ou = 12, pois tende a sangrar muito. Cirurgia em pacientes hepatopata- cirrótico Critérios de CHILD – PUGH: quanto maior o Child maior o risco de complicação perioperatória da cirrose. É divido em: Child A (5-6 pontos): liberado para a cirurgia com riscos equivalentes a paciente não cirrótico; (mortalidade 10%) Child B (7-9 pontos): necessita de compensação e uma “excelente” indicação para cirurgia; (mortalidade 31%) Child C (10-15 pontos): paciente descompensado que não pode ser submetido a cirurgia. (mortalidade 76%) Protocolo Cirurgia Segura Paciente deve ler e assinar Termo de Consentimento Livre e Esclarecido sobre o procedimento a ser realizado, possíveis complicações. Doenças descompensadas devem ser corrigidas antes de qualquer procedimento cirúrgico eletivo. 1. Prevenção da infecção do sítio cirúrgico; 2. Anestesia segura; 3. Equipes cirúrgicas eficientes; 4. Mensuração da assistência cirúrgica.
Compartilhar