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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MINAS GERAIS ENFERMAGEM Carolina Martins Pereira Emanuely Tanguare Oliveira Gheisa Ferreira Araujo Ludmylla Sanchez Lemes 4 E 5 ESTUDO DIRIGIDO DE BIOQUÍMICA DIVINÓPOLIS 2022 Carolina Martins Pereira Emanuely Tanguare Oliveira Gheisa Ferreira Araujo Ludmylla Sanchez Lemes 4 E 5 ESTUDO DIRIGIDO DE BIOQUÍMICA Trabalho para obtenção de créditos na primeira etapa da disciplina de Bioquímica do curso de Enfermagem da Universidade do Estado de Minas Gerais - Unidade Divinópolis. Sob orientação da professora Grazielle Ribeiro Goes. DIVINÓPOLIS 2022 GLICÓLISE E GLICONEOGÊNESE 1. Para que a glicose possa chegar às células e ser internalizada, para então entrar na via glicolítica, é necessária a secreção de insulina por parte das células beta- pancreáticas. Explique os eventos intracelulares que ocorrem na célula beta para que ocorra a secreção de insulina. Explique como a insulina age sobre a célula muscular para que a glicose seja internalizada. RESPOSTA: Depois de sintetizados, os grânulos de insulina ficam armazenados em um estoque intracelular, que irá fundir-se a membrana após um sinal específico e iniciar o processo de exocitose. Existem múltiplos ativadores da secreção de insulina, como aminoácidos, alguns hormônios gastrointestinais e o metabolismo da glicose. Além disso, as ilhotas pancreáticas são inervadas pelo sistema nervoso autônomo. Este controle neuronal auxilia na liberação coordenada de insulina após a ingestão de alimentos. No entanto, dentre todos esses ativadores que auxilia na secreção de insulina pela célula β, a glicose é o principal sensibilizador secretório. Com o aumento abrupto da glicose pós-prandial, ocorre a sensibilização da célula β-pancreática, promovendo a secreção de insulina com característica bifásica. A liberação de insulina é bifásica. A primeira fase (cerca de 4 a 10 min) resulta da fusão de vesícula de insulina ancoradas a membranas das células β pancreáticas e tem como principal função estimular a utilização de glicose, ao mesmo tempo inibindo a produção hepática de glicose. A fase posterior tem o objetivo de manter as concentrações basais de glicose. Nesta fase, as vesículas contendo grânulos de insulina ancoradas à membrana, são liberados a partir do estoque de liberação rápida. Esta primeira fase também é conhecida com desencadeadora, e tem o objetivo de direcionar a utilização da glicose da dieta, bem como inibir a produção hepática de glicose enquanto a concentração de glicose permanecer elevada, um segundo aumento ou fase é observado, esta segunda fase é conhecida fase de manutenção e tem uma durabilidade estendida. Nesta, os sinais para secreção de insulina são amplificados, levando ao recrutamento de vesículas localizadas no citoplasma da célula β-pancreática e ativação da síntese do próprio hormônio. Sendo assim, quando há elevação da glicemia, as células β-pancreáticas são expostas à concentrações elevadas de glicose e promovem a internalização deste açúcar através do receptor específico de transporte facilitado GLUT1, para que esta hexose estimule a secreção de insulina - A glicose é internalizada pelo GLUT2, dentro da célula, o metabolismo gera aumento da relação ATP/ADP. Esse aumento resulta no fechamento dos canais de K+ ATP, gerando uma despolarização na membrana e consequente abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem. O aumento das concentrações intracelulares de cálcio é o estímulo necessário para que ocorra a fusão de vesículas e liberação de insulina. O GLUT2 possui uma elevada capacidade para transportar a glicose. Esta característica permite um rápido e eficiente transporte da glicose após uma sobrecarga de glicose, a favor de gradiente de concentração. Dentro da célula, a glicose é fosforilada à glicose-6-fosfato pela glicocinase. No meio intracelular, a glicose-6-fosfato segue a via glicolítica e o metabolismo ocasiona a geração de ATP mitocondrial, aumentando a relação intracelular de ATP/ADP, que conduz ao fechamento de canais de potássio sensíveis à ATP (K+ ATP) presentes na membrana das células β. A redução do efluxo de potássio nas células induzido pelo fechamento de K+ ATP, gera uma diferença de potencial de membrana, resultando na despolarização da membrana celular. Esta oscilação de voltagem ocasiona a abertura de canais de cálcio sensíveis à voltagem (Cav), permitindo o aumento do influxo de cálcio. O aumento de cálcio intracelular promove a ativação de um sistema de mobilização das vesículas de insulina, resultando na fusão das mesmas à membrana e sequente processo de liberação dos grânulos de insulina. Esta via de secreção de insulina é classicamente ativada por glicose. No entanto, nutrientes, hormônios ou outros agentes insulinotrópicos, podem ativar distintas vias de sinalização que culminam na secreção de insulina. Após a exocitose da insulina para a circulação sanguínea, este hormônio age em múltiplos alvos envolvidos na manutenção da homeostasia da glicose, como nos tecidos periféricos responsáveis pela metabolização da glicose, principalmente o tecido muscular, hepático e 33 adiposo. A captação de glicose por estes tecidos, que necessitam e/ou metabolizam a glicose, é realizada através da família dos GLUTs. A insulina se liga aos seus receptores de membrana das células musculares, e por uma cascata de reações de mensageiros intracelulares, ocorre a sinalização para que haja a translocação do GLUT 4 para a membrana plasmática, o GLUT4 é o responsável por transportar e internalizar a glicose nas células musculares. 2. Durante a glicólise, a glicose (C6H1206) é convertida ao final da via, em duas moléculas de piruvato (C3H4O3). Pela fórmula molecular percebemos que quatro átomos de hidrogênio foram perdidos ao longo do processo. Qual foi o destino desses átomos? Em quais circunstâncias o piruvato é reduzido a etanol ou a lactato? RESPOSTA: Os átomos de hidrogênio são liberados pela dissociação do ácido láctico e captados pelo NADH, que trabalha como aceptor de elétrons para a oxidação do piruvato. O piruvato é reduzido a lactato através de fermentação láctica, recebendo os elétrons do NADH, e assim fazendo a regeneração do NAD1, que é necessário para continuar a glicólise. A glicose é convertida em piruvato pela glicólise, e o piruvato é convertido em etanol e CO², em circunstâncias anaeróbicas (na falta de oxigênio). 3. Pesquisadores descobriram uma levedura mutante, cuja via glicolítica é menor devido à presença de uma nova enzima que catalisa a seguinte reação: a) Qual seria o efeito do encurtamento da via glicolítica desta célula em uma situação anaeróbia? b) E em uma situação aeróbia? c) Pesquise sobre o efeito do arsenato e explique porque ele pode ser considerado um veneno. RESPOSTA: A) A degradação anaeróbica também é chamada de fermentação. Logo seu produto final são a fermentação lática, alcoólica, propionica... Porem ao pular a a formação do ,3- bisfosfoglicerato, adicionando um grupo fosfato no gliceraldeído 3-fosfato. Esse fosfato que foi adicionado iria passar pro ADP gerando um ATP e formando o 3-fosfoglicerato, e ao pular essa reação 1 ATP não será produzido. Porem o produto final continuaria o mesmo, mas sem o lucro de 2 ATP B) A mesma coisa da letra (a) acontece nessa situação, já que em situações aeróbicas a nica diferença é o produto final, que é a conversão do piruvato em acetil-CoA. Logo a redução da reação afetaria so a produção do ATP. C) O arsênico é um metaloide quase insípido e inodoro que causa significativa toxicidade aguda e crônica em todo o mundo. A substância tem uma fama de ser associada com envenenamentos intencionais e mortes, citados, inclusive, com bastante frequência na literatura ficcional. Os arsênicos sãoencontrados em uma variedade de compostos e em indústrias, e sua exposição é, na maioria das vezes, ambiental e ocupacional. O arsênico existe em sais inorgânicos elementares, em sais orgânicos e em formas gasosas. As formas elementares e orgânicas têm pouca ou nenhuma toxicidade, enquanto os compostos inorgânicos, incluindo arsenito (trivalente ou As3 +) e arseniato (pentavalente ou As5 +), são altamente tóxicos. O arsênico é um gás tóxico incolor e não irritante, que é encontrado na indústria de semicondutores, processos de fundição e refinamento de minério, e é produzido quando inseticidas contendo arsênico são misturados com ácidos. O arsênico é bem absorvido pelas vias gastrintestinal, respiratória e parenteral, e pode ser absorvido pela pele não intacta. Devido à sua solubilidade em água, o arsênico pentavalente (arseniato) é mais facilmente absorvido pelas membranas mucosas, como o trato gastrintestinal, do que o arsênico (arsenito), que penetra na pele mais rapidamente devido ao aumento da solubilidade lipídica. Após a absorção, o arsênico se liga à hemoglobina, aos leucócitos e às proteínas plasmáticas. Em 24 horas, o arsênico desaparece da circulação, sendo redistribuído para o fígado, os rins, o baço, o pulmão, o trato gastrintestinal, os músculos e os tecidos nervosos, com subsequente integração no cabelo, nas unhas e nos ossos. A excreção do arsênico é, predominantemente, renal. O arsênico atravessa a placenta e é teratogênico em animais e humanos, acumulando-se no feto. A forma gasosa do arsênico é incolor, praticamente inodora e extremamente tóxica. Os sinais e os sintomas de toxicidade variam com a forma, a quantidade e a concentração ingerida e as taxas de absorção e excreção dos vários compostos arsênicos. Com a toxicidade aguda, os efeitos clínicos geralmente se desenvolvem em questão de minutos a horas de ingestão. Os efeitos da intoxicação por arsênico envolvem diversos sistemas, sendo os efeitos gastrintestinais os mais importantes, com diarreia considerável descrita em forma de “água de arroz associada a náuseas e vômitos”, que pode ser difícil de diferenciar do cólera e durar de dias a semanas. Alguns pacientes podem apresentar hematêmese ou hematoquezia. Os pacientes podem se queixar de um gosto metálico na boca. Hipotensão e taquicardia secundária à depleção de volume, vazamento capilar e disfunção miocárdica ocorrem em casos moderados a graves, podendo ocorrerem taquicardias normalmente ventriculares. Os sintomas neurológicos centrais incluem cefaleia, confusão, delirium e alterações de personalidade. Encefalopatia crônica com delirium, alucinações, desorientação, agitação e confabulação que se assemelham à síndrome de Wernicke- Korsakoff podem se manifestar. A neuropatia periférica pode ocorrer com distribuição de meia-luva, semelhante à neuropatia diabética, sendo inicialmente sensorial, com os sintomas motores se desenvolvendo mais tarde. Pacientes com intoxicação grave podem desenvolver uma paralisia ascendente que imita a síndrome de Guillain-Barré. Manifestações pulmonares incluem tosse, infiltrados pulmonares e síndrome do desconforto respiratório agudo. Os pacientes podem apresentar rabdomiólise e lesão renal aguda. As manifestações dermatológicas, por sua vez, são proeminentes e incluem erupções morbiliformes, alopecia, descamação, hiperpigmentação, hiperqueratose das palmas das mãos e solas dos pés, doença de Bowen e carcinomas espinocelulares e basocelulares. Ocorre o aparecimento de linhas características em unhas chamadas de “linhas de Mees”, comumente ocorrendo 4 a 6 semanas após a intoxicação. Manifestações crônicas ocorrem em intoxicações de menor intensidade e contínuas potenciais incluem hipertensão, doença vascular periférica, diabetes melito, doença de Addison, hipotireoidismo, hipertireoidismo, perfuração de septo nasal, câncer epidermoide, câncer do trato respiratório, angiossarcoma hepático e leucemia 4. Durante realização de uma atividade física extenuante, como por exemplo, uma corrida, o músculo esquelético obtém energia através da degradação parcial da glicose em um processo anaeróbico. a) Qual o destino do piruvato em anaerobiose? b) Qual a importância dessa transformação? c) O aumento da concentração do produto citado na letra (a) acarreta uma diminuição do pH citoplasmático. Descreva o mecanismo fisiológico (ciclo de cori) responsável pela redução da concentração deste produto no músculo esquelético e na corrente sanguínea. RESPOSTA: A) Na ausência de oxigênio (anaerobiose), o piruvato precisa ser convertido a ácido láctico, pois essa é a rica reação capaz de regenerar NAD+ para que a glicólise possa continuar. B) A via glicolítica produz piruvato, e este, em presença de oxigênio, é degradado no ciclo do ácido cítrico produzindo NADH para a fosforilação oxidativa na mitocôndria. C) Durante um curto período de intenso esforço físico, a distribuição de oxigénio aos tecidos musculares pode não ser suficiente para oxidar totalmente o piruvato. Nestes casos, a glicose é convertida a piruvato e depois a lactato, através da via da fermentação láctica, obtendo os músculos ATP, sem recorrer ao oxigénio. Este lactato se acumula no tecido muscular e vai posteriormente para a corrente sanguínea. Quando o esforço físico termina, o lactato é convertido a glicose através da gliconeogénese, no fígado. O indivíduo continua a ter uma respiração acelerada por algum tempo: o O2 extra consumido neste período promove a fosforilação oxidativa no fígado e, consequentemente, uma produção elevada de ATP. 5. (a) Como é feita a regulação da glicólise e da gliconeogênese? (b) Por que a regulação da fosfofrutocinase pela carga energética não é tão importante no fígado como é no músculo? (c) Relacione o papel da glicose 6-fosfatase à função do fígado e justifique sua ausência em outros órgãos. RESPOSTA: A) Quando o ATP é necessário para processos como a contração muscular, a glicólise precisa ser ativada. A hexoquinase é inibida pelo excesso de glicose 6-fosfato; a PFK-1 é inibida pelo acúmulo de ATP e citrato, um intermediário do ciclo do ácido cítrico, um processo produtor de energia. Tanto o ATP quanto o citrato indicam um suprimento adequado de energia. A depleção de ATP leva ao acúmulo de AMP, o que reduz o efeito inibitório do ATP no PFK-1. A frutose 2,6-bifosfato também reduziu esse efeito inibitório. A taxa de formação de frutose 1,6- bifosfato é então aumentada e, em alguns tecidos, isso ativa a piruvato quinase. Quando seu produto não é mais necessário, a atividade glicosídica diminui. O piruvato é o ponto de partida para a síntese de glicose. A via da gliconeogênese do piruvato é comparada à via glicolítica, na qual vários intermediários e enzimas são idênticos. As sete reações de quase-equilíbrio da glicólise ocorrem em direções opostas durante a gliconeogênese, e as três reações metabólicas irreversíveis da glicólise requerem a reação exclusiva da gliconeogênese, consistindo em catálise de piruvato quinase, fosfofrutoquinase-1 e hexose quinase. B) A regulação energética é mais importante no musculo, pois ele é um órgão majoritariamente energético e necessita de uma grande demanda de ATP para contração da fibra muscular. Já o fígado é um órgão de regulação metabólica, por isso ele depende majoritariamente da regulação hormonal. C) O glicogenio fosforilase é ativado por uma sequência de reações de ativação desencadeadas pela ligação de um hormônio pra um receptor de membrana específico. O hormônio responsável pelo processo é diferente no fígado e no músculo, e isto está relacionado com o diferente papel destes órgãos e com as enzimas neles presentes. fígado possui glicose-6- fosfatase, podendo por isso transformar glicose-6-P (que não pode sair das células) em glicose (que pode sair das células). Seu glicogênio é, portanto, uma reserva de glicose parauso por outras células em períodos de deficiência de glicose. Sua degradação é estimulada pela ligação de um hormônio liberado pelo pâncreas quando os níveis de glicose no sangue não estão baixos: o glucagon. No fígado, a ação desta enzima conduz a glicogenólise para geração de glicose livre e a manutenção da concentração desta no sangue. No músculo, por exemplo, não possui glicose-6-fosfatase e, portanto, não pode transformar glicose-6-P (que não pode sair da célula) em glicose (que pode sair das células). O glicogênio do músculo é devido a uma reserva de glicose-6-P para consumo próprio em situações de emergência. Sua degradação é estimulada pela ligação de um hormônio que sinaliza situações perigosas: a adrenalina (também chamada de epinefrina).
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