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100 anos de Serviço Social nos Estados Unidos

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CEM ANOS DE TRABALHO SOCIAL NOS 
ESTADOS UNIDOS 
INTRODU<;AO 
No finais do seculo passado, num contexto social bastante dijfcil, 
surge nos Est a dos Unidos wn grande mlmero de organiza~oes de 
caridade, inspiradas pelo esp(rito dare forma social e moral que 
impregna a epoca. Neste cencirio, aparece em I 898 o primeiro pro-
grama de verfio para estudantes em trabalhofilantr6pico, organi-
zado pela Charity Organization Society. Com o posterior apareci-
mento dasfaculdades de Servir;o Social eo incremento dos progra-
mas de be m estm; a profissfio conheceu ao /ongo de todo este siculo, 
sobretudo depois da 11 Guerra MundiaL, wn importante crescimento. 
Actualmente, os Assistentes Sociais desempenham um gran de mlme-
ro dejun96es ao servir;o da comunidade, ao mesmo tempo que se 
preparam para enfrentar os desafios profissionais do seculo que 
comer;a. 
Frederick L. Aheam. 11: • 
No dia 21 de Junho de 1898, o New York Times apresentava a seguinte notfcia: 
Ontem de manhii, Robert W de Forest, presidente da "Charity Organization 
Society", fez a abertura de umas jornadas sob re trabalho pratico filantr6pico. As 
jomadas decor rem entre 20 de Junho e 30 de Julho, destinam-se a universitdrios licen-
ciados sendo apoiadas por professores com experiencia em trabalho filantr6pico. 
(New York Times, 1898) 
"' Frederick L. Aheam. Jr, doutorado pela Columbia University School of Social Work, e professor efectivo 
e cx-dircctorda Catholic University of America School of Social Service 
l ntcn'cn~iioSoci:~ln°22,2000 
n Frederick Aheam 
De 12 a 14 de Junho de 1998, a Escola de Servigo Social da Universidade de 
Columbia, celebrou o seu centenario. Professores, investigadores, alunos e repre-
sentantes do Servi~o Social reuniram-se para rever a hist6ria da sua profissao, discu-
tir o seu presentee pensar o futuro. 
0 objectivo deste trabalho e 0 de resumir os tres grandes temas que foram trata-
dos nessa ocasiao: 
a) Lig5es do passado. 
b) 0 estado do presente. 
c) Olhando o Sec. XXI: em que direcgao caminhamos? 
Em volta destes grandes temas, realizaram-se 54 Seminaries referentes ao passa-
do, ao presentee ao futuro de materias como a pnitica clfnica, o bem estar infantil, a 
polftica social, a saude mental, a gerontologia, etc. Contudo, convem deixar bem 
claro que este artigo e apenas uma revisao das principais questoes tratadas, bem 
como das suas implicagoes para o Servigo Social nos Estados Unidos e noutros 
pafses. 
ORIGENS: CELEBRANDO 0 PASSADO 1 
Em 1898, antes deter surgido o program a de Verao para estudantes em trabalho 
filantr6pico da Charity Organization Society (COS), viveu-se urn perfodo de refor-
mas que criaram urn contexto propfcio ao descnvolvimento da actividade caritativa. 
Finda a guerra civil, os Estados Unidos experimentaram as primeiras tensoes da in-
dustrializagao. 0 resultado foi uma significativa deslocagao da populagao rural e 
!migrantes para areas UI·banas massificadas. Pobreza, doenga, precariedade 
habitacional, imigragao massiva e discriminagao constitufram as principais preocupa-
g6es quotidianas. Muitas organizagoes e alguns indivfduos animados por motivagao 
religiosa, influenciada pela etica protestante e pelo darwinismo social, comegaram a 
trabalhar corn os pobres e os imigrantes. Estes trabalhadores, chamadosfriendly 
visitors, verificavam se os pobres eram merecedores de assistencia, ao mesmo tempo 
que lhes prestavam conselhos e orientac;6es para a melhoria da sua vida moral dos 
indivfduos. 
Nesta etapa dos finais do Sec. XIX emergiu uma grande varieclade de organiza-
goes como a Association for the Improvement of the Conditions of the Poor (AICP), 
a Charities Aid Society (CAS), o State Charities Boards, a Charity Organization 
Society (COS), assim como centros de beneficencia e protecgao social, tais como o 
lntcn'cn~iioSoci:~ln°22,2000 
Cem anos de Servi~·o Socialtws EUA PI 
----
Hull House e os Henry Street Settle1nents. Nao podemos igualmente deixar de regis-
tar a Young Mens Christian Association (YMCA), urn programa importado de Ingla-
terra para combater os efeitos da pobreza najuventude, atraves da orienta~ao e de 
servi~os religiosos. 
Neste perfodo, o espirito da reforma tambem se reflectiu na cena polftica. Apesar 
das areas urbanas da America constitufrem urn grave problema social e que o conjun-
to do pafs tenha sofrido uma grave depressao econ6mica em 1893, a chegada do Sec. 
XX deu origem a um sentimento geral de optimismo e pragmatismo. Os problemas 
poderiam resolver-see o comportamento individual poderia modificar-se. Face ao 
amplo interesse posto na reforma social ea substitui~ao dos voluntaries por funcio-
narios pagos (friendly visitors), a aten~ao prestada a forma~ao ea competencia dos 
trabalhadores passou entao a constituir a principal preocupa~ao. 0 programa de 
Verao da COS tentou ser urn a resposta organizada a esta necessidade de forma~ao. 
Cettamente poderemos considera-lo como o infcio da forma9ao em Servi9o Social nos 
Estados Unidos. 
Os primeiros 25 estudantes da COS New York School of Philantrop.v (pouco mais 
tarde surgiriam a New York School of Social Work em 1919 ea Columbia University 
School of Social Work em 1969) receheram urn a forma9ao que contemplava tanto o 
trabalho de campo como o trabalho te6rico, is toe, o trabalho academico foi articulado 
corn a experiencia pnitica. Foram estes os primeiros pi lares da forma~ao em Servi9o 
Social e que permanecem vigentes. Os estudantes tin ham aulas no proprio terreno de 
interven9ao corn especialistas, visitaram hospitais, prisoes, lares e outras institui-
95es publicas a fim de contactarem directamente coma pratica. 
Em 1904 o programa de Verao em "trabalho pratico filantr6pico" passou a ter a 
dura9ao de urn ano em tempo integral, incorporando urn programa para diplomados, 
tendo o suporte permanente de urn corpo docente fixo, que des de entao passou a 
oferecer curs os breves e investiga96es especfficas. Tres a nos m a is tarde, em 1907, a 
Fundar;ao Sage Russel consolidou o Centro de Investiga9ao Social (Bureau of Soci-
al Research), que deu origem a urn program a de forma9ao permanente eo mum plano 
de estudos fixo de dois anos, que integrava no 2° ano urn estagio a desenvolver 
paralelamente aos cursos te6ricos. 
Os primeiros plan os de estudos centravam-se, por urn lado, na compreensao das 
condi~oes sociais e, por outro, na ajuda aos indivfduos para que superassem as suas 
dificuldades. Descrito como caridade cientifica, o ensino dirigia-se aos problemas 
familiares, ao trabalho eo m crian9as, a pobreza ea outros problemas sociais, dando 
particular enfase a necessidade de reformas sociais. 
lntcn'cn~iioSoci:~ln°22,2000 
• Frederick Ahean1 
As disciplinas desenvolviam-se de acordo corn urn metodo de aproxima9ao e aju-
da ao indivfduo, posteriormente conhecido como metodo de casos (casework 
method). Os diplomados deste programa rapidamente obtinham emprego como ji·iendly 
visitors, como secretarios particulares de filantropos, ou como investigadores das 
condi96es sociais dos bairros, das prisoes, das fabricas, ale m de ocuparem outros 
postos de trabalho nas Charity Organization Societies locais, nos Public Welfare e 
noutros organismos publicos. 
Urn a preocupa<;ao que sempre esteve presente foi a questao de saber se o Servi9o 
Social era ou nao uma profissao. Abraham Flexner, pai da forma9ao medica modern a 
nos Estados Unidos, exp5e em 1915 na Conferencia Nacional de Caridade e Reeduca-
<;ao os seis criterios essenciais para definir uma profissao: 
a) urn caracter proprio e reconhecido 
b) pragmatismo 
c) tendencia para a auto-organiza<;ao 
d) motiva<;ao altrufsta 
e) responsabilidade individual 
f) tecnicas transmissfveis atraves do ensino (Edwards et al., 1995). 
A sua conclusao e que o Servi<;o Social reune as quatro primeiras condi~oes, m as 
nao e uma profissao porque nao tern uma tecnologia exclusiva, nem programas de 
ensino espedficos, nem uma literatura e uma base de conhecimento profissional e 
competencias praticas especfficas.As suas conclusoes afectaram a comunidade de Assistentes Sociais e sobretudo 
os cursos de forma<;ao. Pouco depois Mary Richmond escreveu o Social Diagnosis 
( 1917) e What is Social Casework ? ( 1922) e outros autores tentaram identificar a 
base comum intelectual e pratica, inerente aos diversos campos de interven~ao do 
Servi<;o Social. Estes trabalhos culminaram nu m Relat6rio para a Conferencia Milford 
publicado em 1929. No referido Relat6rio estabeleciam-se as bases que conduzem a 
urn modelo unico de pratica do ServiyO Social que destacava causas e fun~oes, meto-
dos de estudo e tratamento de situa96es individuais, bem como a utiliza~ao dos 
recursos comunitarios. Desta forma o metodo de Servi9o Social de Casos converte-
se na pratica dominante do Servi~o Social em Organismos como a Charity 
Organization Society. 
Se a era do progresso se caracterizou pelo darwinismo social, is toe, pela atitude 
de poder-fazer e uma confian~a total no pragmatismo, nos felizes an os vinte a profis-
sao de Servi<;o Social come<;a, cada vez mais, a organizar-se e estruturar-se burocra-
ticamente. Na decada de trinta o pafs e submergido numa depressao econ6mica glo-
bal que teve graves consequencias para os indivfduos, as famflias, as comunidades 
e como e 6bvio para a propria profissao de Servi9o Social. 
lntcrvCn\iioSocialn°22,2000 
Cem a nos de Servi~o Social nos EUA 
Estamos na epoca dos programas New Deal~ corn os quais se procurara fazer face 
as condi9oes de vida dos pobres e desempregados~ rompendo desta forma corn urn 
pass ado que menosprezava a implica<;ao govemamental no bem estar social. Foi urn 
tempo de maior activismo social e polftico, corn o surgimento de Sindicatos para a 
defesa dos desfavorecidos. Neste contexto, o Servi<;o Social apenas desempenhou 
urn modesto papel. Provavelmente, poderemos encontrar a causa para esta 
secundariza<;ao do Servi9o Social na invasao e influencia da psicologia freudiana 
sobre a pnitica do metodo de servi9o social de caso- o metodo dominante da profis-
sao. 
Pouco tempo depois o pafs entra na II Guerra Mundial. Os assistentes sociais 
como membros do exercito estabeleceram programas de servi9os de apoio social para 
os soldados e suas famflias. U m a grande quantidade de organiza<;oes implicadas em 
diversos campos, como trabalho de gmpo, serviyo social medica, servi<;o social psi-
quiatrico, organiza<;ao comunitaria, escolas de servi9o social, etc, unem-se em 1955 
para formar a National Association of Social Workers (NASW), que ainda hoje cons-
titui a associayao profissional maioritaria corn 155 000 membros distribuidos por 55 
sec<;oes implantadas em todo o pafs. No infcio de 1952 surge o Council of Social 
Work Educatian ( CSWE) que vir a a ser o 6rgao que estabelece os para metros da 
forma9ao dos assistentes sociais e responsavel pela acredita9ao e reacredita9ao dos 
pianos de estudo da forma9ao inicial e do grau Master. Neste perfodo, o CSWE, 
tambem pro move cursos que tern como enfoque exclusive o aperfei9oamento do de-
sempenho social dos indivfduos, grupos e comunidades (Bohem, 1959). Advoga-se 
uma integra9ao do conhecimento cientffico social, uma enfase na etica eo fortaleci-
mento da capacidade investigati va, esquematizadas em tres metodos de Servi9o So-
cial: metodo de casos, trabalho corn grupos sociais e organiza9iio comunitdria. 
Nesta epoca ( 1940), e em colabora9ao corn a University of Columbia, a New York 
School of Social Work come9ou a oferecer urn curso de Master of Science. 0 progra-
ma de Doutoramento em Servi90 Social surge em 1947, separado da Charity 
Organization Society agora designada Community Service Society ( 1951 ), formando 
parte da Universidade de Columbia em 1959. Ao longo deste perfodo, o corpo docen-
te e os diplomados da Escola de Servi9o Social tern urn papel essencial no desenvol-
vimento da profissao de Servic;o Social. 
A etapa que deem-re dos anos sessenta ate a actualidade ea de maior impacto do 
Servi9o Social nos Estados Unidos. Os problemas sociais estao muito presentes na 
consciencia do pafs, repercutindo-se nas polfticas sociais da Great Society, incluin-
do a War on Poverty, o Model Cities Program, o Head Star, o Peace Corps, etc. Os 
lntcn'cn~iioSoci:~ln°22,2000 
FrederickAheam 
assistentes sociais, passam a implicar-se de forma decisiva na luta pelos direitos cfvi-
cos, nos movimentos de mu I heres e na oposi<;ao a gue1Ta do Vietnam. Neste periodo, 
a organiza9ao comunitaria, a ac<;ao social eo direito sao materias frequentemente 
presentes nos plan os de estudo das Escolas de Servi<;o Social. Os novos programas 
impulsionam uma gran de expansao dos serviyos sociais e uma maior implica<;ao do 
Governo nas polfticas e serviyos de bem-estar social. 0 resultado traduz-se em mul-
tiplas e variadas oportunidades de emprego para os Assistentes Sociais. A Columbia 
University School of Social Work sera a lfder no movimento comunitario grayas a os 
seus esfor<;os na apresenta9ao de projectos corn delinquentes, pobres e oprimidos. 
A Facu1dade constituiu-se como urn ponto de referencia locale nacional na mobilizayao 
dos jovens e na guerra a pobreza, dando relevo a criayaO de oportunidades atraves 
da mudanya estrutural e da participa<;ao comunitaria. 
No entanto, esta situa9ao alterar-se-a corn a chegada das administra96es republi-
canas dos presidentes Nixon, Reagan e Bush, ao longo das decadas de setenta, 
oitenta e infcio de noventa. Apesar do presidente Nix on ter impulsionado realmente 
o papel do Estado de Bem-Estar Social, foi, no entanto, muito hostil aos objectivos da 
profissao de Servi<;o Social. Quando o presidente Reagan assume o pod er, estabele-
ce-se uma frente comum que visa destruir o Estado de Bem-Estar. Fruto desta frente 
desmantelam-se os programas da New Deal ea Great Society. Cancelam-se os fun-
dos federais para os programas sociais, ao mesmo tempo que se iniciam uma serie de 
opera96es orientadas para a privatiza9ao. 
Outro facto significativo neste periodo, eo surgimento da licen9a profissional 
para o exercfcio do Servi9o Social nos cinquenta Estados americanos. 0 processo 
para obter uma licen9a para o desempenho da profissao de Servi90 Social (isto e, 
Servi9o Social Clfnico ), integra forma9ao profissional, experiencia de intervenyao 
supervisionada, bibliografia e exame escrito. 
Gra9as ao movimento das companhias de seguros para diminuir encargos corn a 
saude, nomeadamente os de saude mental, os assistentes sociais passam a ser reco-
nhecidos e aceites como prestadores de assistencia na area da saude mentaL Is to 
significa que os Assistentes Sociais que cum pram os requisitos legais, poderao abrir 
uma clinica privada, atender pacientes-clientes e facturar as companhias de seguros 
o custo da consulta, bem como o do tratamento. Esta elevayao do status eo aumento 
do prestfgio da profissao de assistente social, reconhecem-lhe competencia para 
a tender e acompanhar situa96es de saude mental, ainda que a pre9os mais baixos, e 
conduzira a desenvolvimento de programas de trabalho social assegurados por pro-
fissionais corn forma9ao em Servi9o Social CHnico. Como resuJtado verifica-se urn 
impacto evidente nos plan os de estudo das Escolas que come<;arao a oferecer curs os 
lntcn'cn~iioSoci:~ln°22,2000 
Cem anos de Se1vi~o Social no.\ EUA 
clfnicos especializados e areas de forma9ao em tratamentos clfnicos, terapia familiar, 
terapias de grupo e terapias para casais. 
Este passar em re vista dos infcios do Servi9o Social revela como o interesse pelas 
pessoas, a motivayao das convic96es religiosas ea preocupa9ao corn as reform as 
sociais impulsionam, desde ha cem anos , a oferta de servi9os para os pobres e 
desfavorecidos, e como estes esfor9os desembocam no primeiro curso de estudos em 
Servi9o Social, formalmente organizado e assegurado pela Chority Organization 
Society. A entidade responsavel pela forma9ao foi inicialmente conhecida como a 
New York School of Fhilantropic, depois como New York School of Social Work e 
actualmente, ea ColumbiaUniversity School of SociaL Work. A forma9ao em Servi9o 
Social evolui e vai respondendo as novas necessidades da sociedade, a realidade 
polftica e cultural e ao proprio reconhecimento do Servi9o Social como profissao. 
Hoje: confrontando o presente 2 
Hoje em dia a profissao de assistente social e amplamente aceite e desempenha 
urn papel importante na sociedade americana. Segundo as estatfsticas oficiais do 
Depattamento de Emprego (BLS), ha via em I 99 I, 603.000 empregados corn a ocupa-
yao de assistente social, numero que representa urn aumento de 12% em rela9ao a 
1988. No en tanto, a pen as uma parte e membro da National Association of Social 
Workers (NASW), aAssocia9ao Nacional de Profissionais 3 . Em 1991 existiam I 34.240 
s6cios eo crescimento anual de associados e modesto (Gibe! mane Schervish, 1993). 
Na generalidade, os assistentes sociais assumem estautos diversos e desempe-
nham urn vasto conjunto de papeis na sociedade americana. Nu m Relat6rio de 1981, a 
NASW classificava a pratica do servi9o social, utilizando quatro objectives chave e 
fun9oes correspondentes. Como se pode observar no Quadro 1, estes objectives 
centram-se na pratica do servi9o social corn indivfduos, grupos, organiza9oes e co-
munidades, assim como o desenvolvimento eo aperfeiyoamento das polfticas soci-
ais. 0 painel de fun96es integra o tratamento clfnico, grupal e familiar, a organizayao 
comunitaria, planifica9ao, adrninistra9ao, a analise polftica ea advocacia social. 
lntcn'cn~iioSoci<lln°22,2000 
- Frederick Aheam 
QUADRO 1: SfNTEsEDASFUN(:OES DOSERVI(:OSOCIAL 
OBJECTIVOS 
Promover a resolw;:ao de problemas eo 
desenvolvirnento de capacidades das pessoas 
Pro•nover a utilizar;ao pelos cidadaos dos 
sistemas que facultam recursos, servi9os e 
oportunidades. 
Promover a efectivac;:iio e humani za<;iio dos 
sisternas 
FUN<;OES 
- Distribuic;:iio de recursos 
- Diagn6stico 
- Detec<;ao I ldentificac;:1io 
- Suporte I Assistencia 
- Oricnta~ao/ Acon selhamento 
- Advocacia I Capacita<;:iio 
- Referenciac;:ao 
- Organizar;ao 
- Mobilizac;ao 
- Negocia(:iiO 
- Mudanc;:a 
- Administra91io 
· Desenvolvimento de programas 
· Supervisao 
· Coordenac;:ao 
· Con!lulta 
- Avalia91io 
----------------+- · Qualificaqiio profissional 
Dcsenvol ver e aperfeic;:oar as polft icas 
sociais . 
- Analise polftica 
· Planiticar;iio 
- Desenvolvimento de pollticns 
- Revis;lo I refonnula9iio 
· Polltica de advocacia 
Fonte: National Association of Social Workers., 1981, NASW Standars for the classification of Social Work 
Practice. Siver Pring, MD: NASW in GIBBELMAN, M. (1995). What Social Worke1:s- Do?, Washintong, 
DC: NASW Press: xxii. 
A actividade dos assistentes sociais depende de varios factores, incluindo a sua 
cultura profissional, a polftica social, o comprometimento e financiamento governa-
mental, a propria defini9ao das areas de interven9ao atribufdas ao servi9o social e 
ainda dos requisites relatives a forma9ao, credenciais e licen9as profissionais. 
A actividade do servi9o social desenvolve-se, dominantemente, em organiza96es 
publicas e privadas. Embora existindo organiza96es de presta9ao de servi9os sociais 
corn cankter abrangente e generalista, a rnaioria tend em a ter urn ambito delimitado, 
centrando-se nurna area especffica, nurn certo tipo de problemas ou nu m grupo alvo 
determinado. Podem ser filantr6picas ou Jucrati vas, e oferecer servi9os a nfvellocal, 
estadual, ou nacional. 
No artigo Who are we?, Gibleman e Schervish (1993) identificam os locais de 
trabalho e as area de interven9ao ou fun96es que os Assistentes Sociais desempe-
nharn. Chamam a aten9ao para o facto de dominantemente a inser9ao do servi9o 
social se verificar em organismos de assistencia social, hospitais, clfnicas medic as e 
na actividade privada. As areas principais sao: a saude mental, trabalho corn crian9as, 
lntcn•Cn\iioSocialn°22,2000 
Cem (Ill OS de Servi(O Social I/ OS EUA nn 
-------------=-----------llliiil 
servi9os medico-sociais e terapia familiar, privilegiando-se em todas elas a utilizayao 
de metodos clfnicos de Servifo Social nos processes de ajuda. As areas de interven-
yao dos assistentes sociais e respecti vos locais de trabalho esUio representados no 
Quadro2. 
QUADR02 
LOCAISDETRABALHO EAREAs DE INTERVEN<;AO OOS NIEMBROS DA NASW 
Locais de Trabalho (n=l06.194) Areas de lnterven~o (o=l07.92) 
Servi\OS de assiste ncia social 25 ,01Jo Saude Mental 30.5% 
Hospitais 25,0% Crian~as 17.3% 
Clfn icas M cdicas 16,6% Cuidados de saude primarios e hospitalares 12,2% 
Actividade Privada 14,01Jo In terven yiio familiar 11.4~ 
Escola s 5.9% ldosos 5,1% 
U n iversidades 4.6% Tox icodcpen den cias 4,7 % 
Centros e grupos de ajuda 3,1% Scrvi~o social escol~r 4 .417.J 
lnstitui~ao 3,0% Rcabilita\ao 3 .6~i -
Apoio domicili<hio 2,6% Reeduca\ao I.N 
Locais de tra balho na area nao social 2,2,% Org. Comunitllria I Planifica,ao 1,2% 
Tribuna is 1.5% Assistencia publica I ,O<Jo 
Associayoes 0,8% Scrvi\O social ocu pacional 0,8% 
Trabalho com grupos 0,5% 
Outras area s 0.2% 
M ctodos eo m b inados 5,8% 
Fonte: GIBELMAN, Me SCHERVISH, P. ( l993 ), Who are we?, Washintong, DC: NASW Press, pp. 28 e 30. 
Josephine Nieves, directora executiva da NASW, intenogava-se se a profissao se 
dirigia: 
1. As necessidades das pessoas e grupos desfavorecidos 
2 Aos elementos estruturais da sociedade que produzem, agravam ou estao 
associados aos problemas sociais actuais 
A maior parte dos problemas sao de natureza global. Os Estados Unidos viveram 
um perfodo de desindustrializa9ao que provocou a desloca~ao das actividades de 
manufactura para outras zonas geograficas onde existia mao de obra mais barata. 
Entretanto, as for~as econ6micas e geopolfticas originam movimentos migrat6rios 
voluntaries ou for~ados, provocando o desenraizamento eo desalojamento de milha-
res de famflias, em busca de maior seguran9a e estabilidade. Nieves defende urn retor-
no ao serviyo social corn base local, enfatizando a justiya social e reforma social, o 
activismo, a advocacia social sustentada pela patticipa9ao e organiza9ao comunitaria, 
um modelo de pratica muito semelhante ao Social Settlement Movement. 
lntcn'cn~iioSoci<lln°22,2000 
- Frederick A hen m ---------------------
Actualmente existem aproximadamente 125 Escolas de Servi~o Social nos Estados 
Unidos que oferecem grau de Master em Servi~o Social; cerea de 400 cursos que 
formam estudantes corn nfvel de Bacharelato e 59 Universidades que oferecem opor-
tunidades de Doutoramento. Em todo o Pafs, existem cerea de 4 J .000 diplomados, 
32.000 Masters e 2.100 doutorados nos programas universitarios de Servi~o Social. 
(Beless, 1955). Con tu do, a forma~ao em Servi~o Social esta em mudan9a, o mesmo 
acontecendo corn o Council on Social Work Education (CSWE), organismo nacio-
nal responsavel pela acredita~ao da fonna~ao em Servi9o Social nos nfveis b(lchelor 
e master. Os seus prop6sitos sao o aperfei~oamento das orienta96es pollticas e 
normativas que orientem as altera96es dos Pianos de Estudo corn o fim de que estes 
contemplem as transforma96es e os problemas sociais actuais. Be less, director exe-
cutivo do CSWE, identificou seis areas tematicas que requerem maior aten9ao na 
forma9ao do assistente social actuat pela incidencia decisiva que certamente terao 
na interven9ao futura do servi90 social. Sao elas as seguintes: 
1. Enfase nos estudos interdisciplinares que perm ita aos Assistentes Sociais 
adquirir experiencia em Servi9o Social e out.ras disciplinas como Direito, Ci-
encias Sociais, Etica e Teologia. 
2 A prepara9ao dos estudantes de servi<;o social, no que se refere a atitudes e 
comportamentos culturais para que possam ser eficientes numa sociedade 
cad a vez m a is di versa. 
3. A necessidade de preparar os Assistentes Sociais eo m competencias para a 
investiga9ao de modo a que possam proceder a avalia~ao da efectividade do 
seu trabalho e contribuir para o aprofundamento do conhecimento base que 
une teoria e pn1tica. 
4. Competencias tecnicaque perm ita a aplica9ao das mais recentes inova96es 
tecnol6gicas na sua profissao. 
5. Necessidade de coopera9ao e articula~ao entre diferentes servi~os sociais e 
outros servi9os, de modo a assegurar a melhor resposta a os se us clientes. 
6. Urn abordagem intergeracional. Dado que face ao aumento da esperan~a de 
vida, existem muitas questoes relacionadas eo m o cuidar dos idosos, o seu 
papel na familiae a afecta9ao de recursos publicos para servi9os dirigidos a 
varias geray6es. 
Estas recomenday6es foram be m acolhidas pela presidente da Associa~ao Naci-
onal de Reitores e Directores de Escolas de Servi9o Social, Dra Barbara Shank, que 
salientou que a for9a da profissao de Servi90 Social reside em ter urn unico enfoque 
combinado sobre o individuo e os seus problemas e sobre a reforma das polfticas e 
estruturas sociais. A Dra Barbara Shank concord a que a coopera9ao e associa~ao 
eo m outras areas disciplinares e organiza96es, cri a la9os e confian~a que terao como 
resultado a melhoria dos recursos postos a disposi9ao das pessoas necessitadas. 
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Cem a nos de Servir;o Sociai110S EUA 
Reconhece que os assistentes sociais devem ultrapassar os seus receios face a 
investiga9ao, tanto mais que uma vez nela implicados, melhor poderao avaliar a sua 
pratica. As universidades e organismos devem promover rela96es de coopera~ao 
para analisar as liga96es entre pensamento e ac9ao, pratica e teoria . Shank recomen-
da que o servi9o social detenha informa9ao e seja efectivo no trabalho corn diversas 
etnias, ra<;as e grupos culturais, da nossa sociedade. Adverte que os Assistentes 
Sociais nao devem to mar partido (por um campo contra outro ), ja que os problemas 
actuais sao demasiado complexos para uma analise simplista. Um pape! chave da 
profissao eo de sera voz dos pobres, oprimidos e desfavorecidos, defendendo a 
justi<;a social no seio da sociedade. 
Em resumo, actualmente o servi9o social nos Estados Unidos e uma profissao 
reconhecida que cumpre muitos papeis e providencia urn conjunto de servi9os aos 
indivfduos, famflias e grupos necessitados. A profissao tern-se desenvolvido subs-
tancialmente nos ultimos anos , tendo-se elevado o seu status corn o numero de Jjcen-
r;as profissionais ernitidas nos 50 Estados e tendo melhorado o seu reconhecirnento 
pelas companhias seguradoras como assistentes de saude mental. Apesar destes 
desenvolvimentos, muitos julgam que o servir;o social tern posto dernasiada enfase 
nas aproximar;oes clfnicas, corn prejufzo da advocacia social e das reform as sociais. 
Existe uma preocupa9ao comum entre, os especialistas do servi9o social, que pode-
mos sintetizar do seguinte modo: a profissao deve investir m a is esfor9o e desenvol-
ver o conhecimento base da sua propria actividade, atraves de investiga<;5es orienta-
das e deve colaborar corn outros profissionais na dedica<;ao aos problemas sociais. 
hnaginando o futuro: para onde vamos? .j 
Corn a chegada do novo milenio, muitos profissionais interrogaram-se acerca da 
sua existencia, do seu lugar na sociedade e fun~oes no ano 2000 e no novo seculo. A 
celebra9ao do Centenario da Columbia University School of Social Work, centrou-
se igualmente na questao do futuro, assim como no modo como as tendencias, con-
di9oes ea evolu9ao afectarao a natureza da pratica do Servi<;o Social. Tres eminentes 
profcssores de outras disciplinas foram convidados a analisar esta questao, tendo 
identificado tres temas basicos que, na sua opiniao, terao impacto na futura ocupa-
r;ao dos assistentes sociais e que sao: 
1. Os avan9os da medicina moderna 
2 0 desaparecimento do sentido de comunidade 
3. A interconectividade do m undo. 
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• Frede rick Aheo rn 
A investiga~ao na area da biologia hurnana e da neurociencia alcan9ararn gran des 
a van 9os no conhecirnento do corpo e da rnente humana, sob re as causas e os trata-
mentos das doen9as rnentais e sobre a interacc;ao entre psique e soma. Urn exemplo e 
a descoberta de uma protefna anormal que contribui para a deteriorac;ao cognitiva e 
para a doenc;a de Alzheirner. Hoje em dia existem medicamentos disponfveis para 
controlar a deteriora~ao mental. Tanto a farmacologia como a psicologia sao ferra-
rnentas eficazes no tratamento de disfun~oes psfquicas. Averiguou-se que urna dro-
ga como o Prozac tern resultados positives em 70% dos cas os de esquizofrenia e que 
por seu !ado, a interven~ao psicol6gica (psicoterapia) revel a exito igualrnente nos 
mesrnos 70% dos cas os de esquizofrenia. 
Cientistas de todo o m undo dedicadam-se ao Projecto Genorna, investiga9ao con-
cebida para identificar os 100.000 genes human os ate ao ano 2003. A interac9ao de 
cada urn destes genes ultrapassa o esforc;o dos investigadores na tentativa de co-
nhecerem as rela96es entre genes e entre estes eo meio arnbiente. A questao de como 
a educa9ao ou a natureza explicam o desenvolvimento humano vai-se tornando cad a 
vez mais clara. No en tanto, estes progressos criam serias interrogac;oes na sociedade 
e na profissao de servic;o social. As experiencias geneticas crescem em popularidade 
rnas corne~am a ser cad a vez mais controversas. Urn born exernplo destas duvidas ea 
questao de saber qual a pertinenci~ de ensaios de eutanasia, de aborto terapeutico e 
outro tipo de intervenc;oes para a clarificayao do desenvolvirnento hurnano. 
Primeiro, o Servic;o Social como profissao deve desempenhar urn papel relevante 
no contexto das descobertas medicas, facultando apoio psicol6gico, e 
consequentemente eo m efeitos positivos na condiyao e na mente human a. Segundo, 
os Assistentes Sociais devem prestar aconselhamento as famflias que requeiram ou 
desejem intervenc;oes geneticas. Terceiro, os Assistentes Sociais estao numa posi-
c;ao unica para mediar e ajudar a resolver os conflitos de valores que comec;am a 
gerar-se na sequencia destas conquistas rnedicas modernas. Por exemplo, dado que a 
esperanya de vida aumenta, ex is tern famflias de 4 ou 5 gera~oes on de ocorrerao, 
indubitavelrnente, multiplos problemas intergeracionais. 
Corn os avan9os tecnol6gicos ea globalizar;{io, temos que nos intenogar sobre o 
que e hoje a comunidade. 0 telefone, o computador ea televisao vi era m criar urn 
m undo de comunica~ao instantanea. 0 espac;o comprimiu-se e estamos em contacto 
corn pessoas de todas as partes do planeta. A informac;ao f1ui entre fronteiras, sem 
restri~oes, afectando tradiy6es e valores sociais, culturais e polfticos. Ale m disso, 
observamos diariamente que o mundo economicamente e uno, como uma forte 
corporac;ao multinacional, e que, como o meio ambiente esta amea9ado, todos os 
pafses e todos os cidadaos estao em situac;ao de risco. Neste sentido, concretiza-se 
o que McLuhan anunciou como aldeia global. 
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Cem anos de Servi<;o Social nos EUA 
0 desenvolvimento tecnol6gico ea globaliza9ao tendem igualmente a produzir 
sociedades segmentadas em que os indivfduos sao reconhecidos, nao pela sua naci-
onalidade mas sim pelo seu subgrupo. Alguns consideram que os avan9os 
tecnol6gicos se tern traduzido na forma de ordenar o m undo, cujo rcsultado se traduz 
no fim da existencia das formas de interac9ao interpessoal. A vida na rua, nos cafes, 
nos pubs ou a vizinhan9aja nao sao elementos de comunica9ao moderna. Pelo con-
trario, as interac96es de hoje processam-se nos chat rooms, list servs, ou por meio do 
coiTeio electr6nico. Hoje em dia, as pes so as chegam a identificar-se mais corn a sua 
equipa de futebol favorita do que corn a sua comunidade, corn a sua terra ou mesmo 
eo m a sua farnflia. Contribuem para esta fragmenta9ao o elevado grau de mobilidade 
das popula96es que destroi a uniao das comunidades, levando os jovens a abando-
nar a sua terra de origem a troco de melhores oportunidades economic as noutros 
locais. 
0 autom6vel e outro factor de desagrega9aO da comunidade. A forma rapida corn 
que se pode comunicar entre cidades e areas perifericas, provoca o desaparecimento 
docentra da cidade ou da pra9a publica como local de reuniao dos cidadaos. Os 
condomfnios que crescem corn fortes medidas de seguran9a, acentuaram a ideia de 
que o ambito de vida privada e mais importante do que o funbito publico. Em muitos 
lugares nao existe urn sentido de com,unidade nem toledincia face aqueJes que sao 
diferentes. Os valores comunitarios que outrora nos mantinham unidos, desaparece-
ram 
Pensa-se hoje que a unica Celteza que podemos ter face ao futuro, e que uma parte 
integrante desse futuro ea mudan9a. As transforma96es rapid as caracterizam a mai-
oria dos sistemas econ6micos, politicos e sociais da sociedade. Nos Estados Unidos, 
por exemplo, as polfticas do Estado de Bem-Estar do passado foram desmanteladas. 
Ja nao existe urn compromisso federal de satisfazer direitos aos pobres e as famflias 
corn filhos dependentes. 0 sistema de seguran9a social rapidamente esgotara os 
se us fundos e existem inumeras propostas para que se adopte um si sterna como o 
modelo chileno em que se privatizam parcelas significativas dos fundos de pens6es. 
Como o controle destes fund os sera cada vez mais individual, crescem as duvidas 
sobre se o Governo deveria ou nao garantir uma pensao de base para todos. Uma vez 
que regista urn retrocesso no que se refere ao Estado de Bem-Estar, sera que a carida-
de, as congrega96es religiosos e as organiza96es nao governamentais poderao com-
plementar esta necessidade? Dizendo de outra forma, sera que a sociedade civil 
podera assumir este papel, abandon ado pelo governo? 
Devido aos aspectos negativos e isolados da tecnologia, a desagregayao da co-
munidade ea velocidade das mudan9as, sugeriu~se que a sociedade eo Servi9o 
Social devem enfrentar tres desafios: 
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-
I. A saude comunitaria 
2 A saude da classe polftica 
3. A saude do planeta 
Frederick Ahearn 
Em primeiro lugar, verificamos que, mesmo nas nac;oes mais ricas existe uma en or-
me desigualdade entre pobres e ricos, entre os que tem e os que nao tem. Nos Estados 
Unidos para uma percentagem significativa de populac;ao, existe uma preocupac;ao 
corn a satisfac;ao de necessidades basicas humanas, como saude, nutric;ao e educa-
c;ao. Em diversos lugares, especialmente nas vel has areas urbanas e em p6los rurais 
isolados, os cidadaos tern carencias nutritivas, exfguos servic;os de apoio social e 
raramente man dam os seus filhos a escola. Nestcs casos, podemos dizer que a saude 
da comunidade e pobre ! . 
A America orgulha-se de 222 anos de democracia, de valores que estiveram na 
base da fundac;ao da nac;ao. No en tanto, a saude da classe polftica e pobre, dado que 
cad a vez votam men os cidadaos nas eleiy6es locais, estatais e nacionais, facto que 
reflecte uma cfnica desconfianc;a no sistema politico em geral e nos pr6prios polfti-
cos em particular. Os jovens que sao normalmente os m a is optirnistas na sociedade, 
nao participam nos processos polfticos. Pot·em, nunca houve urn tempo em que fosse 
Uio necessaria para as pessoas reensontrarem-se corn as suas comunidades, interes-
sarem-se pelos se us problemas e acreditar que nos temos que comprometer com os 
acontecimentos. 
A saude do planeta esta ameayado por guerras e violencia em mais de cinquenta 
pafses; milhoes de pessoas e famflias vivem na condiyao de refugiados e 
deslocados;constata-se uma grande degradac;ao do meio ambiente corn o aquecimen-
to global, a utilizac;ao de desperdfcios qufmicos; a estes factos temos que acrcscen-
tar o progressive esgotamento de recursos mundiais, a urn ritmo insustentavel e sem 
precedentes. Sabendo-se que as diferen9as entre ricos e pobres aumentam global-
mente, existirao assim muito mais injusti9as e mais conflitos. 
Reflexoes finais 
Esta revisao decem anos de Servic;o Social nos Estados Unidos revela que a 
profissao reage as mudanyas que se operam no tempo. A profissao foi moldada e 
formada peJa cultura americana que valoriza o individualismo, o !aissezfaire capita-
lista ea crenc;a em que cad a urn se deve governar por si mesmo. Os especialistas da 
profissao e as Escolas de Servic;o Social como a da Universidade da Columbia, cons-
titufram a vanguard a da afirmayao do Servic;o Social enquanto profissao, responden-
do a crftica de Flexner e tra9ando urn caminho para a implica9ao da profissao na ajuda 
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Cem anos de Servi~o Social nos EUA 
aos indivfduos e famllias. 0 compromisso dos governos federais expandiu muito a 
abrangencia do Servi90 Social. Tanto os Govern os do New Deal como o da Great 
Society, criaram grande numero de novos empregos nos organismos de serviyos 
sociais. Enquanto historicamente o profissional foi conseguindo encontrar o equilf-
brio entre o metodo de casos ea re forma social, a influencia de Freud eo fascfnio pelo 
psicol6gko conduziram a uma men or aten9ao a mudan9a social, a organiza~ao comu-
nitaria e ao desenvolvimento das pollticas. 
0 Servi9o Social converteu-se em parte integrante da sociedade americana, assu-
mindo diversos estatutos, desempenhando fun96es e papeis em locais muito diver-
sos. A forma9ao em Servi9o Social abrange Diplomados, Masters e Doutoramentos; 
ao mesmo tempo verifica-se urn grande imputso para que a disciplina de Servi9o 
Social desenvolva a investiga9ao, de modo a fortalecer as suas bases te6ricas e 
assim garantir a sua Jegitimidade publica. A profissao esta acreditada em todos os 
Estados e os assistentes sociais podem estabelecer-se em clfnicas privadas, corn 
reembolsos financeiros por parte das companhias seguradoras. A associa<;ao profis-
sional, a NASW, tern aproximadamente 150.000 membros. 
As perspectivas do futuro que atnis fora m mencionadas, consolidarao a natureza 
da sociedade de amanha e os se us problemas sociais. El as determinarao igualmente o 
exercfcio do servi<;o social como disciplina que responde a os novos acontecimentos 
e desafios. Grande parte dos especialistas sociais vem o Servi9o Social como apoio 
as comunidades do futuro corn as suas preocupa<;6es sociais, mas corn maior confi-
anya nos la<;os comunitarios atraves da participayao, da implica<;ao, da advocacia 
social e de media<;ao entre as diferen~as. Este novo papel sugere urn servi<;o social 
ligado aos indivfduos e comunidades, resolvendo os seus conflitos, ajudando-os a 
identificar as suas necessidades e trabalhando corn eles para planificar e programar 
solu<;6es para os seus problemas. Nos infcios da profissao, ha via Assistentes Soci-
ais que era m lfderes influentes na New Deal, na Great Society. No futuro e necessa-
ria a dedica9ao de assistentes sociais como porta-voz e conselheiros de polfticas que 
promovam o bem estar dos mais necessitados. 
Tradu~tlo de Manuela Portas e Francisco Branco 
A tradufiiofoi realizada com base na versao caste!hana do lexlo e lendo a revisiio tr!cnica efinal 
recorrido ao original emltngua inglesa entretan/o disponibili ::. ada pelo aulor 
lntcn'cn~iioSoci:~ln°22,2000 
Frederick Jiheam 
BIBUOORAFIA 
BELESS, D. W ( 1995), Council on Social Work Education, in Edwards, R. L. Editor, 193 Edi~ao da 
Encyclopedia of Social Work, Washington, DC: NASW Press, p. 636. 
BOEHME, W W. (1959),Encyclopedia of Social Work: 19a Ecli~ao, Washington, DC: NASW Press, pp. 
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GJBLEMAN, M. ( 1995), What Social Workers Do, Washington, DC: NASW Press. 
GJBLEMAN, M. eSCHERVISH, P. (1993), Who Are we?, Washington, DC: NASW Press. 
McLUHAN, M. e F!ORE, Q. ( 1967), The Medium Is The Message, New York: Random. 
RICHMOND, Mary ( 1917), Social Diagnosis, New York: Russel Sage Foundation. 
RICHMOND, Mary ( 1922), What is Social Casework? New York: Russet Sage Foundation. 
Summer Chatiry work. The New York Times, J unho 21, 1898. 
Notas 
A infom1a9ao de base sob reo conteudo deste capflulo pode encontrar-se no trabalho de ALFRED J. KHAN 
intitulado Columbia University School of Social Work: The First Cenlwy. Alfred Khan foi o primeiro 
doutorado da Escola e, e na actualidade profcssorjubilado. 
2 A discussao sobre o est ado actual da praticae da fonna~ao em Se1vi~o Social, teve como referencins basic as 
tres trabalhos divulgados na Conferencia intitulada Current Issues and Controversies ill Social Work 
Education and Practice. Estes trabal hos sao da responsabi I idade do Dr. Don aId Beless, director execut i vo 
do Council on Social Work Education (CSWE), Ms Josephine Nieves, directora executiva da National 
Association of Social Workers (NASW), e Dr" Barbara Shank, presidente da National Associntion of Deans 
and Directors of School of Social Work (N ADD). 
3 A maioria dos indivfduos portadores do tftulo de Assistente Social, nos seus empregos, falta-lhes o requi-
sito certi fie at i vo para scr membra da N ASW. U m a das preocupa96es da N ASW ea de conhccer exactamente 
o numero de diplomados n1io s6cios. 
4 Os pensamentos e ideias expressas neste capftulo sabre o futllro da educa9iio e pn'itica em Servi90 Social, 
sao extra(dos de tres trabalhos referentes a Visioning the 21st cenlwy: Where do we go from here?. Os 
aut ores sao: Dr. JOSEPH T. COY LE, medico e professor de Ha/vard School of Medicine, Ms. REBECCA 
RIMEL, presidente da Pew Foundation, e Mr. Paul GOLDBERGER, arquitecto, estudioso dos modos 
coma as pessoas utilizam o seu meio e as suas rela96es em fun9ao do conceito de comunidade . 
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