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e-Book 3 Mauro Azevedo GESTÃO ESTRATÉGICA DE MARKETING Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 PESQUISA QUANTITATIVA ���������������������������� 4 Conceitos e definições ��������������������������������������������������������� 4 O questionário de pesquisa �������������������������������������������������� 9 A análise dos dados ����������������������������������������������������������� 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS ���������������������������41 SÍNTESE �������������������������������������������������������42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������43 3 INTRODUÇÃO Neste módulo, você irá compreender conceitos e definições dos modelos de pesquisas quantitativas; observará o passo a passo da elaboração de um questionário de entrevista com escalas validadas, bem como a forma de definição da amostragem, o processo e as etapas de coleta, e como se exe- cuta a análise dos dados por meio da estatística descritiva e por correlação. Bons estudos! 4 PESQUISA QUANTITATIVA CONCEITOS E DEFINIÇÕES Como verificamos anteriormente, na seleção do método de pesquisa, o pesquisador deverá conhecer as possibilidades metodológicas para compreen- der qual o procedimento mais adequado para o problema de pesquisa que foi definido no briefing do cliente, que é a referência para a definição do projeto de pesquisa. Definir o projeto não é simples, pois as questões a serem respondidas provêm das mais diversas áreas de conhecimento das ciências humanas e que não poderão ser tratadas isoladamente� A escolha do método ocorrerá no momento anterior em que o pesquisador der início à busca dos dados primários� A multiplicidade das questões e escolha do método se resume a duas opções: a interpretativa, que é subjetiva e que associa interpretação de compor- tamento (método qualitativo); e a positivista, que é objetiva, usa fórmulas matemáticas e trabalha com mensuração através de valores numéricos. Uma empresa que queira conhecer os efeitos de uma ação de marketing especificamente quanto à questão de uma marca, por exemplo. Conforme analisado anteriormente, a pesquisa qualitativa responderá qual é a percepção (positiva, negativa, 5 neutra) do cliente referente a essa marca� Já a pesquisa quantitativa apontará a proporção (ou percentagem) de pessoas que têm uma percepção positiva da marca� (YASUDA e OLIVEIRA, 2012) A pesquisa quantitativa estuda sequências numé- ricas utilizadas para explicar fenômenos e foca a incidência e a relação estatística entre variáveis. Um estudo que tenha como problema avaliar a graduação de sentimento de um consumidor em relação a algumas marcas pode usar números para medir a intensidade do sentimento� Pode-se questionar se números são apropriados para cap- turar a essência de um sentimento, mas se esses números forem associados a uma escala constru- ída de forma científica, então isso será possível. Como exemplos de escala, podemos citar a Likert, que é mais comumente utilizada para pesquisas nas ciências sociais e consiste na atribuição de números associados a níveis de concordância com determinada afirmação, relativa a uma frase, e as variações mais comuns nessa escala são: de 5 (de 1 a 5), 7 (de 1 a 7), 10 (de 1 a 10) e 11 (de 0 a 10) pontos� (VIRGILLITO et al, 2010; COSTA; ORSINI; CARNEIRO, 2018) 6 Validar uma escala é uma etapa importante no trabalho de um pesquisador, pois irá legitimar a estrutura das ideias que utilizará para provar cientificamente o fenômeno que está sendo estudado� A essa estrutura de ideias dá-se o nome de constructo� Assim, um constructo é o conjunto científico formado por teorias existentes, as técnicas utilizadas para coletar e analisar dados, as variáveis utilizadas, e o que se deseja detectar até que se consiga provar a verdade. As técnicas de validação de uma escala ajudam a avaliar se as variáveis utilizadas no constructo e as formas como estão sendo medidas possuem validade científica ou se as escalas já utili- zadas podem fornecer a exatidão necessária para as análises e conclusões a que se destinam. Isso posto, nos leva a concluir que na elaboração de questionários podemos usar questionários-piloto já utilizados e que tenham escalas já validadas e que, portanto, podem ser classificados como confiáveis. (VIRGILLITO et al, 2010) Uma pesquisa quantitativa é estruturada com ênfase na medição e na quantificação. Adota procedimentos formais e estruturados, utilizando grande volume de dados. Tem por objetivo confirmar hipóteses e possibilita que os dados mensuráveis obtidos de uma amostra (que tem boa representatividade e que foi selecionada com critérios estatísticos) de uma população-alvo sejam projetados para a totalidade da população-alvo. (YASUDA e OLIVEIRA, 2012) SAIBA MAIS 7 Analisemos mais um exemplo, para diferenciar a pesquisa quantitativa da qualitativa em uma ação de marketing analisando uma marca: a pesquisa qualitativa poderá indicar qual é a percepção a respeito da marca, enquanto a pesquisa quan- titativa apontará a proporção de consumidores que têm uma percepção positiva dessa marca. Portanto, são várias as possibilidades em termos de desenho de um projeto de pesquisa, que pode ter várias fases, e cada uma delas pode adotar um tipo de metodologia. A tabela 1 traz um resumo das características da pesquisa quantitativa� Tabela 1: Características da pesquisa quantitativa Fundamentação teórica Positivista Visão detalhada Raciocínio O raciocínio hipotético-dedutivo consiste na construção de conjecturas (hipóteses) para explicar fenômenos. As hipóteses deverão ser testadas para ver se são ou não verda- deiras� Diz-se dedutivo quando se usa as regras da lógica para poder concluir algo – observe um exemplo clássico do raciocínio dedutivo: “se todos os homens são mortais e Sócrates foi homem, então, é lógico que Sócrates era um homem”� Meta É confirmatória (questões como: Onde? Quando? Quanto?); orientada para verifica- ção e medição. Amostra Mais ampla e é importante que represente a população-alvo. 8 Fundamentação teórica Positivista Visão detalhada Coleta dos dados - Entrevistas individuais� - Questionário padronizado e rígido, formu- lado e fechado previamente� - Procedimentos padronizados� - Entrevista mais formal� Papel do pesquisador - Pesquisador treinado de forma mais genérica. - Participação limitada, pois deve seguir rigidamente o questionário. - Tempo e ritmo do questionário são deter- minados previamente� Papel do entrevistado Limita-se a responder as questões (não determina o ritmo da entrevista e a ordem das questões). Tipos de dados pesquisados - Os dados levantados são precisos, por exemplo “sim” ou “não” como resposta. - Dados com pouca profundidade� Análise dos dados - Em geral, tratados de forma estatística com contagem e tabulação, observado os números obtidos e suas relações. Resultados - Apontam para incidências� - São mensuráveis e projetáveis para o universo da população-alvo. - Tem maior grau de confiabilidade. Fonte: o autor (adaptado de Yasuda e Oliveira, 2012) Para quais situações uma metodologia é mais indicada que a outra? Tudo depende dos objetivos da pesquisa, já que não existe incompatibilidade entre as metodo- logias. Existem diferenças, mas a verdade é que elas podem ser complementares e alguns projetos podem contar com uma fase quantitativa e outra qualitativa� Por FIQUE ATENTO 9 exemplo, pode-se iniciar um projeto com uma primeira fase qualitativa, em que será pesquisada a linguagem usada por determinados clientes sobre um produto� Ao conhecer a linguagem, o pesquisador poderá com maior assertividade elaborar o questionário que será usado em uma fase posterior, a quantitativa� (YASUDA e OLIVEIRA, 2012) O QUESTIONÁRIO DE PESQUISA Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito, sem a presençado pesquisador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante pelo correio, por e-mail ou disponibiliza-o na internet� Depois de preenchido, o entrevistado devolve o questionário da mesma forma como o recebeu� Junto com o questionário, deve-se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua importân- cia e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o interesse do provável entrevistado, no sentido de que ele preencha e devolva o questio- nário dentro de um prazo razoável� (LAKATOS e MARCONI, 2019) Com base em dados históricos, sabe-se que questionários enviados têm uma devolução de aproximadamente 25% e isso ocorre pelos seguin- tes fatores: quem está patrocinando a pesquisa, a 10 forma como ela foi enviada junto com a carta de encaminhamento em que se solicita a colaboração, a sua extensão, se é fácil responder, e a facilidade para devolver� (LAKATOS e MARCONI, 2019) Acesse o Podcast 1 em Módulos Como toda técnica de coleta de dados, o questio- nário também apresenta uma série de vantagens e desvantagens: y Vantagens: economiza tempo, viagens, e obtém grande número de dados; atinge maior número de pessoas simultaneamente; abrange uma maior área geográfica; reduz custos de pessoal; obtém respostas mais rápidas e mais precisas; maior liberdade nas respostas, em razão do anonimato; mais segurança, pelo fato de as respostas não serem identificadas; menos risco de distorção, pela não influência do pesquisador; mais tempo para responder e em hora mais favorável; y Desvantagens: percentagem pequena dos questionários que voltam; perguntas sem respostas; não pode ser aplicado a pessoas que não saibam ler ou escrever; impossibilidade de ajudar o entre- vistado em questões mal compreendidas; a leitura de todas as perguntas, antes de respondê-las, pode fazer com que uma questão influencie a seguinte; atraso na devolução prejudica o cronograma da pesquisa; nada garante que quem respondeu é https://famonline.instructure.com/files/919928/download?download_frd=1 11 de fato a pessoa selecionada� (LAKATOS e MAR- CONI, 2019) Para elaborar um questionário deve-se seguir nor- mas precisas para garantir sua eficácia e validade, considerando os tipos, a ordem, os grupos de perguntas, sua formulação e também tudo aquilo que se sabe sobre percepção, estereótipos, me- canismos de defesa, liderança etc. O pesquisador deve conhecer bem o assunto para poder dividi-lo, organizando uma lista dos temas e, de cada um desses temas, selecionar algumas perguntas. O processo de elaboração é longo e complexo: exige cuidado na seleção das questões para saber se elas obterão as respostas válidas. Os temas escolhidos devem estar de acordo com os objetivos geral e específico da pesquisa e que estão descritos no projeto de pesquisa� (LAKATOS e MARCONI, 2019) Após selecionar todas as questões, elas deverão ser codificadas para facilitar o processo de tabula- ção. O questionário deve ter instruções definidas e notas explicativas para que o entrevistado saiba o que deve ser feito� O aspecto e a estética do ques- tionário também devem ser observados: tamanho, facilidade de manipulação, espaço suficiente para as respostas, disposição dos itens, de forma a facilitar a computação dos dados. 12 Cuidado: um questionário deve ser limitado em extensão e em finalidade. Se for longo, pode cansar o entrevista- do ou causar seu desinteresse; e se for curto, o risco é não obter respostas suficientes. Deve conter entre 20 e 30 perguntas (número não fixo, pois depende do tipo de pesquisa) e demorar cerca de 30 minutos para ser respondido� Após finalizar o questionário, antes de ser utiliza- do, é necessário que ele passe por um teste (ou mais, para garantir sua qualidade), aplicando-se alguns exemplares em uma pequena amostra da população-alvo escolhida, que tenha características semelhantes; mas nunca aquela que será o alvo de estudo� Nessa fase, é importante analisar os dados que, depois de tabulados, mostrarão possí- veis falhas: inconsistência ou complexidade das questões; ambiguidade ou linguagem inacessível; perguntas supérfluas ou que causam embaraço ao informante; se as questões obedecem à deter- minada ordem ou se são muito numerosas, etc. Após analisar as falhas, deve-se fazer ajustes no questionário, conservando, modificando, ampliando ou eliminando itens; explicitando-os melhor ou mo- dificando a redação de outros. Esse teste permite obter estimativa sobre os futuros resultados e ser- SAIBA MAIS 13 ve para verificar se o questionário apresenta três importantes elementos: fidedignidade (qualquer pessoa que o aplique obterá sempre os mesmos resultados), validade (os dados recolhidos são necessários à pesquisa), e operatividade (o voca- bulário utilizado é compreendido pelo entrevistado)� (LAKATOS e MARCONI, 2019) Formato das perguntas Quanto ao formato das perguntas Lakatos e Mar- coni (2019) apontam para três categorias: Perguntas abertas, também chamadas livres ou não limitadas, são as que permitem ao entrevistado responder livremente, usando linguagem própria, e emitir opiniões. Possibilitam investigações mais profundas e precisas; entretanto, apresentam alguns inconvenientes: dificultam a resposta ao próprio informante, que deverá redigi-la; o processo de tabulação, o tratamento estatístico e a interpre- tação. A análise é difícil, complexa, cansativa e demorada. Exemplos: Qual é sua opinião sobre a legalização do aborto? Em sua opinião, quais são as principais causas da delinquência no Brasil? Perguntas fechadas ou dicotômicas, também conhecidas como limitadas ou de alternativas fixas; são aquelas em que o entrevistado escolhe sua resposta entre duas opções: sim e não. Per- guntas fechadas podem restringir a liberdade das 14 respostas, mas facilita o trabalho do pesquisador e sua tabulação, pois as respostas são objetivas. Exemplos: Sindicatos devem formar um partido político? sim ( ) ou não ( ). Perguntas de múltipla escolha são perguntas fecha- das, mas que apresentam uma série de possíveis respostas, abrangendo várias facetas do mesmo assunto. A técnica da escolha múltipla tem como vantagem ser de mais simples lançamento para sua tabulação e proporciona uma exploração em profundidade quase tão boa quanto a de perguntas abertas. A combinação de respostas de múltipla escolha com as respostas abertas possibilita mais informações sobre o assunto, sem prejudicar a tabulação. Elas são divididas em dois tipos: “per- guntas com mostruário” e “perguntas de estimação ou avaliação”. y Perguntas com mostruário são aquelas em que as respostas possíveis estão estruturadas junto à pergunta, devendo o entrevistado as- sinalar uma ou várias delas. A desvantagem é que nesse tipo de pergunta pode parecer que uma resposta está sendo sugerida. Exemplo: 15 Qual é, para você, a principal vantagem do trabalho temporário? 1. Maior liberdade no trabalho ( ) 2. Maior liberdade em relação ao chefe ( ) 3. Variações no serviço ( ) 4. Poder escolher um bom emprego para se fixar ( ) 5. Desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional ( ) 6. Maiores salários ( ) y Perguntas de estimação ou avaliação são aquelas em que o entrevistado emite um julga- mento por meio de uma escala com vários graus de intensidade para um mesmo item� As respostas sugeridas são quantitativas e indicam um grau de intensidade crescente ou decrescente. Exemplo: As relações com seus companheiros de trabalho são, em média: 1. Ótimas ( ) 2. Boas ( ) 3. Regulares ( ) 4. Ruins ( ) 5. Péssimas ( ) Objetivo das perguntas Quanto ao objetivo das perguntas, Lakatos e Marconi (2019) apontam para três categorias: perguntas 16 de fato, perguntas de ação, perguntas de ou sobre intenção, perguntas de opinião e perguntas teste. Perguntas de fato: tratam questões concretas, tangíveis, fáceis de precisar; portanto, referem-se a dados objetivos: idade, sexo, profissão, domicílio,estado civil ou conjugal, religião etc. Geralmente, não se faz perguntas diretas sobre casos em que o entrevistado sofra constrangimento. Exemplos: 1) Qual é a sua profissão? 2) Propriedade do domicílio: 1. Própria ( ) 2. Alugada ( ) 3. Cedida ( ) Perguntas ação: buscam compreender atitudes ou decisões tomadas pelo entrevistado. São objetivas e diretas; e podem despertar desconfiança por parte do entrevistado, o que pode influir em seu grau de sinceridade e, portanto, muito cuidado deve ser tomado quando forem preparadas. Exemplos: 1) Em qual candidato a deputado estadual você votou na última eleição? 2) O que você fez no último fim de semana? 1. Viajou ( ) 2. Ficou em casa ( ) 3. Visitou amigos ( ) 4. Praticou esportes ( ) 5. Assistiu a algum filme na TV ( ) 17 6. Outro ( ) Qual? _________________________________ _____________ Perguntas sobre intenção: buscam entender como o entrevistado procederá em determinadas circuns- tâncias. Não se pode confiar na sinceridade da resposta, mas os resultados podem ser conside- rados aproximativos. São perguntas empregadas em grande escala nas pesquisas pré-eleitorais. Exemplos: 1) Nas eleições diretas para presidente, em quem você votará? 2) Em relação ao seu emprego atual, pretende: 1. Permanecer nele ( ) 2. Mudar de empresa ( ) 3. Mudar de profissão ( ) Perguntas de Opinião: são aquelas que represen- tam a parte básica da pesquisa, ou seja, a parte que está se buscando compreender quanto à pesquisa. Exemplos: 1) em sua opinião, deve-se dar a conhecer a um filho adotivo essa condição? 1. Sim ( ) 2. Não ( ) 3. Não sei ( ) 2) você acha que o cigarro: 18 1. É prejudicial à saúde ( ) 2. Não afeta a saúde ( ) 3. Não tem opinião ( ) Perguntas-Teste: são aquelas que se usa sobre questões que podem trazer o medo, se formuladas de maneira direta; pois podem ser entendidas como socialmente inaceitáveis� Mediante esse tipo de perguntas, procura-se estudar um fenômeno atra- vés de um sistema ou índice revelador dele. São utilizadas no caso em que uma pergunta direta seja considerada imprópria, indiscreta� Por exemplo, não é indicado perguntar diretamente ao entrevistado quanto ele ganha; portanto, em uma pesquisa, o entrevistado deve ser classificado em categorias socioeconômicas, por meio de um sistema de pontuação. Este é obtido por intermédio de uma série de perguntas, englobando, na maioria dos casos, itens de conforto doméstico (aparelhos eletrodomésticos, televisão etc.), carro (marca e ano), habitação (própria ou alugada), escolaridade do chefe de família e renda familiar� Para cada resposta é atribuído um valor e a classificação dos pesquisados, em nível socioeconômico, obtém-se por meio da soma desses pontos� Normalmente, perguntas relativas a aspectos íntimos ou a vícios (consumo de drogas, etc.) são indiscretas, da mesma forma que aquelas que abordam aspectos relacionados a preconceitos� Para contornar essa 19 dificuldade, pode-se fazer a pergunta de forma indireta, dando-se ao entrevistado uma série de opções, que, até certo ponto, podem medir o seu grau de preconceito. Exemplos: 1) qual a sua opinião sobre casamento inter-racial? 1. Proibiria seus filhos ( ) 2. Em geral é contra ( ) 3. Em alguns casos é aceitável ( ) 4. Não tenho opinião formada ( ) 5. É favorável ( ) Sequência das perguntas Quanto à ordem das perguntas, a regra é iniciar o questionário com perguntas gerais, chegando pouco a pouco às específicas, e colocar no final as questões de fato, para não causar insegurança. No decorrer do questionário, deve-se colocar as perguntas pessoais e impessoais alternadas. As perguntas devem seguir uma “progressão lógica”. Alguns cuidados quanto ao entrevistado devem ser tomados nessa progressão: a) ele deve ficar interessado na pesquisa, que deve conter perguntas interessantes e não controversas, e deve-se seguir na direção das perguntas mais fáceis para as mais difíceis; 20 b) não o colocar de forma súbita e prematura frente a informações pessoais (questões delicadas devem ficar para o final do questionário). Lakatos e Marconi (2019) sugerem que, ao iniciar uma entrevista, se utilize perguntas “quebra-gelo” para descontrair o entrevistado e estabelecer contato, deixando-o à vontade. O ideal é fugir do que se chama de “efeito do contágio”, ou seja, que uma pergunta influencie a seguinte. Por exemplo: Observe a sequência de apresentação das per- guntas: Você é católico? (Resposta positiva); é praticante? (Resposta positiva); conhece a posição do Vaticano sobre o aborto? (Resposta positiva); tomou conhecimento da declaração do Papa sobre o aborto? (Resposta positiva); você é favorável ou contrário ao aborto? A tendência será que o entrevistado diga que é contrário ao aborto mesmo que ele seja favorável� Para que não ocorra o contágio, as perguntas rela- tivas ao tema devem aparecer separadas: primeiro a opinião e, por último, as perguntas de fato. Pode ocorrer, também, o contágio emocional e, para evitá-lo, deve-se alterar as perguntas simples ou dicotômicas, com as perguntas mais complexas, abertas ou de múltipla escolha. (LAKATOS e MAR- CONI, 2019) 21 Modelo de questionário quantitativo A figura 1 apresenta um modelo de questionário para pesquisa quantitativa� Esse é um modelo de questionário real, utilizado para identificar a percepção de alunos de pós-gra- duação sobre docentes. Na montagem foi utilizada a escala de Likert que foi validada. Nesse modelo, foram utilizadas perguntas fechadas (de 1 a 4), perguntas abertas (5), e perguntas de estimação (de 6 a 25)� Figura 1: Questionário pesquisa quantitativa� Fonte: Elaboração própria. Acesse o Podcast 2 em Módulos https://famonline.instructure.com/files/919929/download?download_frd=1 22 Definição da amostra e coleta de dados Para selecionar a amostra o pesquisador deve, inicialmente, definir qual é a população-alvo do estudo, ou seja, todos os indivíduos que atendem aos requisitos da pesquisa� Quanto mais simples a definição, mais elevada será a taxa de incidência (probabilidade de encontrar o indivíduo dentro da população-alvo) e menos dispendioso o processo de seleção da amostra. Identificada a população- -alvo, o próximo passo será preparar uma listagem com elementos da população que poderá ser se- lecionada para a amostra� Pensando na empresa XYZ, ela poderia usar como listagem a relação dos clientes de um programa de fidelidade de um supermercado� (MALHOTRA, 2011) A próxima etapa é o processo de seleção da amostra – que poderá ser probabilístico ou não probabilístico� Na amostra probabilística, todos os elementos da população têm uma chance conhe- cida, não igual e diferente de zero, de participar da amostra (o pesquisador não tem controle nessa seleção e o processo é aleatório). A amostragem probabilística se divide em: y Aleatória simples: cada elemento da população tem uma probabilidade de participar da amostra (por exemplo, se você colocar 100 bolas numeradas de 1 a 100 dentro de um recipiente, chacoalhar, e 23 escolher uma bola, estará fazendo uma amostra- gem probabilística aleatória); y Sistemática: todo elemento tem a mesma chance de participar da amostra; mas, nesse caso, escolhe-se um ponto de partida e seleciona-se os elementos usando um intervalo de amostragem (por exemplo, as mesmas bolas acima; eu posso escolher começar selecionando primeiro a bola nº 1 e depois selecionar a cada 10. A seleção seria 1, 11, 21, 31, etc.); y Estratificada: nesse caso, uma população-alvo é dividida em subgrupos exclusivos (caracterís- ticas distintas) e as amostras são selecionadas (aleatoriamente ou sistematicamente) de cada um dos subgrupos; y Por agrupamento: semelhante à estratificada, aqui também temos os subgrupos e seleciona-se um ou mais subgrupos para fazer parte da amostra. (CHURCHILL; BROWN; SUTER, 2011) Na amostra não probabilística, não é possível cal- cular aprobabilidade de um elemento da população participar da amostra e, dessa forma, não se pode garantir que uma amostra seja representativa da população. Nesse tipo de amostragem, o julgamen- to pessoal do pesquisador tem mais peso que o processo aleatório. A amostragem probabilística se divide em: 24 y Conveniência: o processo de seleção ocorre por conveniência do pesquisador sem critérios definidos. É mais rápida e fácil de ser obtida, mas pode não ser representativa da população-alvo; y Por julgamento: também é de conveniência, mas aqui o pesquisador usa critérios definidos por ele mesmo� Também conveniente e rápida é subjetiva, pois depende da habilidade e da criati- vidade do pesquisador; y Por quota: é uma amostra de julgamento, mas é utilizada para tratar amostras de populações- -alvo especiais ou com baixa taxa de incidência no âmbito da população em geral. Por exemplo, imagine uma empresa que queira estudar produtos de telefonia para pessoas com deficiência auditiva. (CHURCHILL; BROWN; SUTER, 2011) É melhor usar a probabilística ou a não probabilís- tica? Quando se exige altos níveis de precisão na amostra, então a probabilística é mais indicada; mas, se não houver problema com erro de amostragem, então pode-se optar pela não probabilística. Uma amostragem probabilística é mais indicada para populações-alvo homogêneas, leva mais tempo para ser efetuada e exige pesquisadores treinados em estatística, o que acarreta mais despesas� (MALHOTRA, 2011) E quanto ao tamanho da amostra? São três os fatores que determinam o tamanho da amostra: 25 1º) o grau de homogeneidade da população-alvo, 2º) o grau de precisão exigido pela pesquisa (ou seja, a quantidade de erro na estimativa), e 3º) o grau de confiança exigido. (CHURCHILL; BROWN; SUTER, 2011) Isso é fácil de explicar usando as pesquisas que surgem no período das eleições. Normalmente, ouvimos que “um candidato tem 45% das intenções de voto, com margem de erro de 2% para mais ou para menos e grau de confiança de 95%”. O que significa isso? Que o candidato pode ter um piso mínimo de 43% de votos e um piso máximo de 47% dos votos (margem de erro de 2%) e que, se essa pesquisa for aplicada 100 vezes com mesmo perfil de amostra e com a mesma margem de erro, o resultado será o mesmo em 95 das vezes� Uma amostra representa com fidelidade as carac- terísticas da população-alvo quando se compõe de um número suficiente de entrevistados. Esse número depende da extensão da população-alvo, do nível de confiança requerido, do erro máximo aceito, e da porcentagem com a qual o fenômeno se verifica. O tamanho da amostra está relacionado ao tama- nho da população-alvo – classificada como finita e infinita. Entendemos por finitas aquelas popula- ções-alvo que não excedem a 100.000 membros. Já 26 as infinitas são aquelas que apresentam elementos em número superior a 100.000. São assim deno- minadas porque, acima de 100�000, qualquer que seja o número de elementos do universo, o número de elementos da amostra a ser selecionada será rigorosamente o mesmo. (GIL, 2008) Figura 2: Curva normal e níveis de confiança. -3α -2α -1α x NC: 68% NC: 95,5% NC: 99,7% 1α 2α 3α Fonte: adaptado pelo autor com base em Gil (2007) O nível de confiança (NC) de uma pesquisa (sim- bolizado por α) indica que, se você escolher 100 amostras com um nível de confiança de 95%, então aproximadamente 95 dessas amostras possui o parâmetro da população-alvo da pesquisa e 27 representam a média da população-alvo (simbo- lizada por �̅�𝑥 , conhecido como “x-barra”). Isso é explicado pela teoria geral das probabilidades. A distribuição das informações coletadas a partir de amostras geralmente ajusta-se à curva “normal” (curva de Gauss), que apresenta valores centrais elevados e valores externos reduzidos, conforme indicado na figura 2. O nível de confiança da amostra é a área da curva normal definida entre a média e os desvios-padrão. Na curva normal, um nível de confiança de aproxi- madamente 68% será aquele da área compreendida por um desvio-padrão à direita e um à esquerda da média� Quando tivermos uma área compreendida por dois desvios, o nível de confiança será aproxi- madamente 95,5%. Para um nível de confiança de aproximadamente 99,7% a área será compreendida por três desvios-padrão. (GIL, 2008) Quando fazemos uma pesquisa, os resultados não são exatos em relação ao universo de onde foram extraídas e sempre existe um erro de medição, que diminui na proporção em que aumenta o ta- manho da amostra. O erro de medição é expresso em termos percentuais e, nas pesquisas sociais, trabalha-se usualmente com uma estimativa de erro entre 3 e 5%� 28 Determinar o valor da porcentagem com que se verifica um fenômeno, por exemplo da lista de clien- tes fiéis em um supermercado, qual o percentual de clientes que tomam leite mais de três vezes ao dia é útil para calcular o tamanho da amostra. A quantidade de amostras será maior quanto menor for a estimativa desse número (por exemplo, se eu estimar em 10%, a quantidade de amostra po- derá ser de 100 entrevistados; ao passo que, se a estimativa for de 50%, a quantidade de amostras poderá ser de 50 entrevistados)� Calcular o tamanho de uma amostra exige cálcu- los estatísticos, sempre com o fundamento em fórmulas básicas de tamanho da amostra de po- pulações-alvo infinitas e finitas. Para amostras em populações-alvo infinitas, quando supera 100.000 elementos, usamos a seguinte fórmula: n = ! ". %.& '" Onde: n = Tamanho da amostra α² = Nível de confiança escolhido, expresso em número de desvios-padrão p = Percentagem com a qual o fenômeno se verifica (esse dado é estimado pelo pesquisador) 29 q = Percentagem complementar (100 -p) e² = Erro máximo permitido Considerando a fórmula acima, podemos estimar o tamanho da amostra para bebedores de leite em uma pesquisa para verificar a quantidade de litros consumidos em determinado período� Usemos como exemplo uma cidade que tenha população superior a 100.000 habitantes; teremos, em termos estatísticos, uma população infinita. Logo, a fórmula será adequada� Admitindo que os bebedores de leite sejam por volta de 10%, não excedendo essa percentagem, tem-se p = 10� Consequentemente, q será igual a 100 – 10, ou seja, 90. Considerando que o nível de confiança requerido seja alto (su- perior a 99%), então vamos usar três desvios na fórmula, ou seja, α² será 3² que é igual a 9. O erro máximo tolerável determinado é de 2%, portanto, e² será igual a 4 (ou 2 ao quadrado). Assim, tem-se a equação: n = !.#$.!$ % = 2.025 Então, para atender ao estabelecido no projeto de pesquisa, a amostra necessária será de 2�025 entrevistados. Note que, se o nível de confiança requerido fosse de 95% (ou seja, dois desvios), o tamanho da amostra seria de 400 entrevistados� 30 Concorda? Faça a conta substituindo os números na fórmula� Não se esqueça de que a porcentagem com a qual o fenômeno se verifica (p) foi estabelecida previamente. Quando isso não é possível, adota-se o valor máximo de p, que é 50� E qual o cálculo, quando temos uma população-al- vo finita, ou seja, não supera 100.000 elementos? A fórmula para o cálculo do tamanho da amostra passa a ser a seguinte: 𝑛𝑛 = 𝜕𝜕%. 𝑝𝑝. 𝑞𝑞. 𝑁𝑁 𝑒𝑒% . 𝑁𝑁 − 1 + (𝜕𝜕% .𝑝𝑝.𝑞𝑞) Onde: n = Tamanho da amostra α² = Nível de confiança escolhido, expresso em número de desvios-padrão p = Percentagem com a qual o fenômeno se verifica q = Percentagem complementar N = Tamanho da população e² = Erro máximo permitido Considerando a fórmula acima, podemos estimar o tamanho da amostra para bebedores de leite em uma pesquisa para verificar a quantidade de litros 31 consumidos em determinado período� Usemos como exemplo a listagem dos clientes fiéis em um supermercado cujo número chega a 10.000 clientes (N – tamanho da população-alvo), uma população finita e, portanto, a fórmula acima pode ser aplicada�Admitindo que os bebedores de lei- te sejam por volta de 30%, não excedendo essa percentagem, tem-se p = 30 (portanto, q será 70)� Considere que o nível de confiança (α) requerido seja de 95% (portanto, usar três desvios na fórmula) e erro máximo tolerável determinado (e) é de 3%� Temos a seguinte equação: 𝑛𝑛 = 4.30.70.10000 9.9999 + 4.30.70 = 853 Então, para atender ao estabelecido no projeto de pesquisa, a amostra necessária será de 853 entrevistados. Note que, se o nível de confiança requerido fosse maior (99% ou três desvios), o tamanho da amostra seria maior� Se o nível de confiança for menor que 95% (68% ou um desvio), então o tamanho da amostra será menor. Uma razoável estimativa pode ser feita consultan- do-se a figura 3. Ela fornece o tamanho da amostra adequada para um nível de confiança de 95,5% (que, em termos estatísticos, corresponde a dois desvios-padrões) e p (percentagem com a qual o 32 fenômeno se verifica) de 50. As colunas indicam o número de elementos a serem selecionados com as respectivas margens de erro. (ARKIN; COLTON apud TAGLIACARNE, 1976) Quando não há indicação de tamanho da amostra, significa que o tamanho dela deveria corresponder à sua metade, o que equivaleria a sugerir utilizar o total da população-alvo como amostra. Figura 3: Determinação de tamanho da amostra. Fonte: Adaptado (ARKIN; COLTON apud TAGLIACARNE, 1976) Usar tabelas prontas para populações-alvo infinitas proporciona maior garantia e rigor nos resultados, pois as amostras são maiores. No entanto, temos de ter em mente a questão do tempo e dos custos 33 envolvidos, que são elementos importantes na definição da proposta do projeto de pesquisa. A ANÁLISE DOS DADOS Anteriormente verificamos que, após a finaliza- ção do trabalho de campo, a próxima etapa é a preparação dos dados para transformá-los em informações que apontam caminhos e ações necessárias para a determinação das estratégias de marketing. Analisar dados significa codificar as respostas, tabular os dados e proceder aos cálculos estatísticos� (GIL, 2008) Os processos de codificação e tabulação foram estudados anteriormente. Agora vamos aos cál- culos estatísticos� Em todas as pesquisas, será necessário calcular percentagens, médias, corre- lações, etc. entre os dados que foram obtidos nas pesquisas� (GIL, 2008)� Portanto, quando falamos em análise dos dados, estamos falando que os dados receberão um tratamento estatístico que fornecerá informações para confirmar o que está sendo buscado na pesquisa. A figura 4 é uma outra demonstração do que já foi apresentado. 34 Figura 4: Análise estatística de dados� Amostra Instrumento coleta Coleta dados Análise Parte da figura 1 do e-book 1 População-alvo (características) Validação sobre características da população-alvo Amostra Dados coletados Coleta de dados Técnica de amostragem Análise estatística dos dados Fonte: Elaboração própria. Mas, primeiramente, o que é estatística? Estatís- tica é a ciência dos dados, isto é, ela é a ciência que possibilita produzir e compreender dados numéricos� Todos os dias, somos expostos a uma quantidade imensa de informações (crescimento do PIB, taxa do dólar, quantidade de usuários da internet, taxa percentual de jovens empregados, etc.) e, dependendo da situação, somos “produto- res” de dados ou “consumidores” de dados. Dessa forma, é necessário ter conhecimento e capacita- ção para poder entender informações numéricas produzidas por terceiros, bem como temos de saber construir essas informações para que outros possam compreendê-las. Para isso, são utilizados procedimentos, técnicas e métodos estatísticos� (MARTINS, 2019) 35 São inúmeros os métodos para análise de dados e vamos estudar essa análise pelo método da esta- tística descritiva e da estatística por correlação� A estatística descritiva organiza, resume e des- creve um conjunto de dados. Utilizando gráficos (permitem visualizar o que está sendo objeto de tratamento estatístico), tabelas (nas quais pode ser lida a frequência dos dados), e calculando medidas com base em dados numéricos, é possível compre- ender o comportamento dos dados, identificando tendências, variabilidade, valores atípicos e confir- mando ou não se existem as relações esperadas entre os dados� As duas estatísticas descritivas mais utilizadas são a média e o desvio-padrão. (CHURCHILL; BROWN; SUTER, 2011) A média é o valor da média aritmética de todos os dados obtidos nas respostas e o cálculo se dá com a seguinte fórmula: �̅�𝑥 = ∑ 𝑋𝑋&'&() 𝑛𝑛 Onde: ∑ 𝑋𝑋# $ #%& 𝑛𝑛 = x1 + x2 + x3 + xn e n é igual ao número de amostras. Como exemplo da média, tomemos as notas que foram dadas por dez entrevistados quanto à qua- lidade percebida de determinada marca de tênis� 36 A escala da resposta variava de 1 – muito ruim até 10 – muito boa. Nome Nota João 2 Pedro 3 Maria 3 Mauro 4 Luiz 5 Cláudio 6 Cristina 7 Giovanna 8 Karina 9 Marcelo 10 Qual seria a nota média para a qualidade perce- bida em relação a essa marca de tênis? Observe abaixo o cálculo: �̅�𝑥 = 2+3+3+4+5+6+7+8+9+10/10 → �̅�𝑥 = 5,7 Se a média da amostra é 5,7, os entrevistados en- tendem que a qualidade é ligeiramente superior à boa. Nesse caso, a média para a população-alvo também será 5,7, já que a amostra é uma represen- tação da população-alvo. (CHURCHILL; BROWN; SUTER, 2011) O desvio-padrão (simbolizado por s) de uma amos- tra é uma medida estatística que aponta o grau de variabilidade (de dispersão) dos demais valores em torno da média da amostra. Ele demonstra quão 37 agrupados ou dispersos estão os outros valores em torno da média. Um valor baixo de desvio-padrão aponta que os valores estão próximos à média; e um alto valor de desvio-padrão aponta que os valores estão distantes da média. Utilizar o desvio-padrão é importante para ajudar na tomada de decisão, pois, se for muito alto, significa uma diferença muito grande das notas em relação à média. O cálculo do desvio-padrão se dá com a seguinte fórmula: S = ∑(#$% # ' ) ) *%+ Qual seria o desvio-padrão das notas, em relação à nota média de qualidade da marca de tênis acima? Observe abaixo o cálculo: S = ("#$,&) ()(*#$,&)()(*#$,&)()(+#$,&)()($#$,&)()(,#$,&)()(&#$,&)()(-#$,&)()(.#$,&)()(/0#$,&)( . A interpretação desse resultado é que, em média, cada nota está distante 2,6 pontos da média 5,7� Em uma pesquisa de marketing, normalmente, busca-se relacionar a associação de duas métri- cas variáveis, por exemplo: “como a nota em uma disciplina A impacta a nota em uma disciplina B?”� Em situações assim, usa-se a estatística por corre- lação, que mede o grau de relação linear existente 38 entre as duas variáveis, por exemplo: nota em A versus nota em B� O indicador dessa estatística é o coeficiente de correlação (simbolizado por r) que varia entre –1 ou +1 (que também pode ser expressos em percentuais como –100% ou +100%). Quanto mais estiverem associadas essas variáveis, mais próximo de +1 ou –1 estará o coeficiente. (MALHOTRA, 2011) O coeficiente de correlação é calculado através da seguinte fórmula: 𝑟𝑟 = 𝑛𝑛Σ𝑥𝑥𝑥𝑥 − (Σ𝑥𝑥)(Σ𝑥𝑥) [𝑛𝑛Σ𝑥𝑥, − Σ𝑥𝑥), [𝑛𝑛Σ𝑥𝑥, − (Σ𝑥𝑥),] Onde n é o número de amostras Vamos a um exemplo: dez alunos fizeram provas de história e geografia e as notas estão abaixo: Aluno História (variável x) Geografia (variável y) 1 7 6 2 6 5 3 9 10 4 10 9 5 3 2 6 4 3 7 8 9 8 7 5 9 6 6 10 2 3 39 Para poder lançar os valores na fórmula, constru- ímos antes uma tabela que facilita o cálculo dos valores: Variável x Variável y Variável x vezes a vari- ável yxy Variável x ao quadra- do X2 Variável ao qua- drado Y2 7 6 42 49 36 6 5 30 36 25 9 10 90 81 100 10 9 90 100 81 3 2 6 9 4 4 3 12 16 6 8 9 72 64 81 7 5 35 49 25 6 6 36 36 36 2 3 6 4 9 Σ 62 58 419 444 403 Lançando os valores da tabela na fórmula, temos: 𝑟𝑟 = (10)∗ 419 − (62)∗(58) 10∗ 419 − (62)0]∗[10∗403 − 58)0] = 0,94 A interpretaçãodesse coeficiente não explica uma situação de causa e efeito, ou seja, o fato de um aluno ter tirado uma boa nota em história não ne- cessariamente significa que ele vai tirar uma boa nota em geografia. O que se pode afirmar, pelo exemplo, é que há uma correlação linear de 0,94 entre as variáveis; dessa forma: 1º) caso um aluno tire uma nota alta em história, a possibilidade de 40 tirar uma nota alta em geografia é de 94%; ou 2º) caso um aluno tire uma nota baixa em geografia, a possibilidade de tirar nota baixa em história é de 94%� 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS Você acabou de concluir os estudos referentes à pesquisa quantitativa� A pesquisa quantitativa trabalha com números e seu foco é a incidência e a relação estatística entre variáveis. Com uma pesquisa quantitativa você não mede, por exemplo, a percepção de uma marca para seus consumi- dores; mas, se você associar uma escala a essa percepção, então poderá usá-la em uma pesquisa quantitativa� Você conheceu como se constrói o questionário para uma pesquisa quantitativa, suas vantagens e desvantagens, e compreendeu a importância de realizar um pré-teste para que, ao final, ele possa ser classificado como fidedigno, válido e operacional� No quesito questionário, você estudou o formato das perguntas, seus objetivos, e a sequência de como devem ser executadas� Na sequência, foi apresentado o processo de co- leta de amostras e a importância de uma amostra representar com fidelidade as características de uma população-alvo, quando essa amostra se compõe de um número suficiente de entrevistados. Por fim, você conheceu os métodos para análise de dados, a estatística descritiva e a estatística por correlação. Como ocorre a análise de dados por estatística descritiva e por correlação. O processo de definição de amostras e a coleta de dados. O processo de construção de um questionário para uma pesquisa quantitativa. Pesquisa qualitativa: Levantamento com escalas validadas Gestão Estratégica de Marketing Como se constroem as perguntas, quais são seus objetivos e a sequência como elas deve ser executadas. Como se constrói um questionário para uma pesquisa quantitativa, suas vantagens e desvantagens e quão importante é realizar um pré-teste. O que é uma pesquisa quantitativa, seus conceitos e aplicabilidade. Referências Bibliográficas & Consultadas ARKIN, H.; COLTON, R. Tables for statisticians. In: TAGLIACARNE, G� Pesquisa de Mercado: técnica e prática� 2� ed� São Paulo: Atlas, 1976� CAMPOMAR, M� C�; IKEDA, A� A� O planejamento de marketing e a confecção de planos: dos conceitos a um novo modelo� São Paulo: Saraiva, 2006� [Minha Biblioteca] CHURCHILL, G� A�; BROWN, T� J�; SUTER, T� A� Pesquisa básica de marketing. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. [Minha Biblioteca] COSTA, F. J.; ORSINI, A. C. R.; CARNEIRO, J. S. Variações de mensuração por tipos de escalas de verificação: uma análise do construto de satisfação discente. Revista Gestão� v�16, n�2, 2018� pp� 132-144� Disponível em: https:// periodicos�ufpe�br/revistas/gestaoorg/article/ view/69704� Acesso em: 01 dez� 2019� CRESWELL, J� W� Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto� 3� ed� Porto Alegre: Artmed, 2010� [Minha Biblioteca] GIL, A� C� Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019� LAS CASAS, A� L� Plano de marketing para micro e pequena empresa� 6� ed� São Paulo: Atlas, 2011� [Minha Biblioteca] MCDANIEL, C� D�; GATES, R� Fundamentos de pesquisa de marketing� 2� ed� Rio de Janeiro: LTC, 2005� [Minha Biblioteca] MALHOTRA, N� K� Pesquisa de marketing: foco na decisão� 3� ed� Porto Alegre: Bookman, 2011� [Minha Biblioteca] MARTINS, G. A. Estatística geral e aplicada. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2019. POLIZEI, E� Plano de marketing� 2� ed� São Paulo: Cengage Learning, 2010� [Minha Biblioteca] VIRGILLITO, S� B� et al� Pesquisa de Marketing: uma abordagem quantitativa e qualitativa. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. YASUDA, A.; OLIVEIRA, D. M. T. Pesquisa de marketing: guia para a prática de pesquisa de mercado� São Paulo: Cengage Learning, 2012� [Minha Biblioteca] INTRODUÇÃO PESQUISA QUANTITATIVA Conceitos e definições O questionário de pesquisa A análise dos dados CONSIDERAÇÕES FINAIS Síntese Referências Bibliográficas & Consultadas
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