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RUNCIMAN, Steven. A Civilização Bizantina

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..
ZAHAR
~.
EDITOUS
BIBLIOTECA DE CULTURA HISTóRICA
*
1
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J
~'TIDVRN
*
tradução de
WALTE:\SIR DUTRA
/
ZAIIAR EDITóRES
!tIO J)g JANEIRO
"'1/ üln arL!/iltrtl:
I~ <:1 TLlZATlON
li/I IlIf hl! 1'1'!\ por
(""'/I"~//('Iw) Ltti,
I I/ /1
1 9 6 1
Direitos para a línguaportuguês a adquiridos por
ZAHAR EDITORES
Rua México, 31 - Rio de Janeiro
que se reservama propriedade desta tradução
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
íNDICE
Al'lTllL I - A FUNDAÇÃO DE CONSTANTINOPLA
A localização da cidade - A decadência do mundo ro-
mano - O cristianismo - Dioclecianoe a nova monar-
quia - Constantino - A vitória da Igreja - A nova
capital - A nova síntese.
CAPtTULO II - RESUMO HISTóRICO 24
A evolução histórica de 330a 1453 - Os imperadores e
1\ dín stías.
9
CAI'I'I'llW nr A ONSTITUIÇÃO IMPERIAL E O REI-
N DO DIREITO 52
O poder imperial - Sua base popular e religiosa - A
imperatriz - As regências - O Senado - ODireito -
O Direito na épocade Justiniano, dos Isáurios e dos Ma-
cedônios - Os Cânones.
CAI'ITULO IV - A ADMINISTRAÇÃO G7
O imperador - A família imperial - Titulas - A orga-
nização inicial -- As reformas deJustlniano - O sis-
tema de "temas" - A administração no século X - O
governo dos Paleólogos- Rendas, impostos e gastos-
Paternalismo - A questão da propriedade da terra-
A Justiça.
APITUr.o V·- A RELIGIÃO E A IGREJA 87
O patriarca de Constantinopla - Organização - Contrô-
le imperial - As grandes heresias- Cismas - A ques-
tão romana - Missões - Igrejas filiadas - Tolerância
superstição - O pessoal.
('AI'I'I'IILO VI - EXÉRCITO, MARINHA E DIPLOMACIA 108
n Illx6rcito - Reformas doséculo IV - Os Frederati -
'1'111(11'10 e Maurício - Os "temas" - A Tagmata - Ar-
UI/I , catratégía e ciência militar - Soldos,corpos auxí-
1111,.,", rn I' enários estrangeiros - Declínio do exército.
" 111/11'1111111aob os heraclidas - Declínio - Renascimento
1111 11,,110 1 Segundo declínio - A marinha dos Pa-
I<11111'11 NII vias - O fogo greguês - Organização di-
5
plomátíca - Formalismo, sutileza - O equilibrio dos po-
dêres - Casamentos diplomáticos Pretendentes es-
trangeiros - Gastos.
CAP1TULOVII - COMJj]RCIO 128
O comércio oriental - Cosme Indicopleustes - As con-
quistas árabes - Os séculos IX e X - As Cruzadas-
Concessões aos italianos - Declinio - Manufaturas
Importações - Regulamentação - Contrôle estatal
Corporações - A Moeda.
CAPíTULOVIII - VIDA URBANA E VIDA RURAL ... '" 140
Etnografia - Eslavos - Armêníos - O aspecto de Cons-
tantinopla - A côrte - O Hipódromo - A nobreza -
A riqueza - A ascensão social- Pobreza, escravidão
e classe média- Eunucos - Comércio - Cidades da
província - A vida rural - Problemas agrícolas-
Características dos bizantinos: piedade,influência dos
santos, superstição,crueldade e corrupção,amor à beleza,
pessimismo.
CAPITULO IX - EDUCAÇÃO E ENSINO 173
Educação dosrapazes - Auniversidade de Constantino
- Escolas da Igreja - As escolas de Direito de Constan-
tino IX - A educação sob o império de Nicéia e sob os
Paleólogos - Educação das mulheres -Línguas estran-
geiras - História - Filosofia - Matemática e Ciência
- Medicina - Hospitais.
CAPITULO X - LITERATURA BIZANTINA 185
O idioma - A prosa - Obras religiosas- Historiado-
res - Hagiografia - Memórias - Manuais - Ficção
- Cartas - Poesia- Hinos - Música - Epigramas
_. Poemas mais extensos - Cançõesde gesta.
CAPITULO XI·- ARTE BIZANTINA 196
As origens aramaicas, iranianas, helênicas -Arquite-
tura: a cúpula - A cruz grega - Edifícios seculares
- Material - Escultura, pequenos entalhes em metal e
marfim - Capitéis - Pinturas, mosaicos, miniaturas -
O íconoclasmo _. A pintura sob os macedônios e osPa-
leólogos - O esmalte e a cerâmica.
CAPITULOXII - OS VIZINHOS DE BIZANCIO 215
Influência dos eslavos - Os búlgaros - A missão mo-
rávía - O Império Búlgaro - Rússia - Sérvia - Ar-
mênia - Geórgia - O Islã e Bizâncio - Os turcos -
Bizâncio e a Europa Ocidental antes das Cruzadas-
Bizâncio e a Renascença- Remanescentes no Oriente
Cristão.
6
PREFACIO
o objetivo dêste livro é proporcionar ao leitor uma V1,Sao
Jt. rol ela civilização do Império Romano durante o período em
que sua capital foi Constantinopla -- ou seja, daquela civi-
lização greco-romana orientalizada, melhor conhecida como "bi-
zantina". É um período extenso, edurante seus onze séculos
ororr raui muitas transjormações e modificações. Tentei, porém,
conccntrar-m de preferência nas qualidades que caracterizaram
a hi.,tÓria bizantina em tôda a sua extensão.Num esfôrço para
manter as proporções dês telivro dentro dos limites razoáveis,
vários aspectos do assunto foram examinadoscom indevida bre-
vidade: o direito e a arte bizantinos, principalmente, receberam
um tratamento desproporcional à sua importância. Maso pri-
meiro, deixando de lado as generalidades, é uma floresta de deta-
lhes intrincados, ea segunda, um oceano degostos controversos
c divergentes, 110 qual até mesmo asgeneralidades são muito
arriscadas. Em ambos os casos, uma análisemais detalhada teria
demandado número maior de páginas do queseria possível conter
êste iivro. Realmente, devo pedir a meus críticos quesejam
indulgentes quando consideraremter eu sido excessivamente breve
('1/1, ertos pontos, lembrando-sede que maior generosidade ali
teria significado cortes em outras partes.
A. notas de pé de página têm a finalidade de indicar a"
jllll/I',~ tios detalhes ilustratioos e urna pequena bibliografia, no
1///'111 /1/11 'fJ tuulo. Dispensei-as no CapítulolI, onde trato, de modo
/(I,/,tI I' ,~I'1I1possibilidade de controvérsia, da história do período.
N" NII'" !/ibli0l'.ráfica, [oram incluulas as indicações das biblio-
/{Ioji(/ ",I·/(Ii.~ mai, úteis e uma lista das abreviatura" usada".
7
Quero assinalar meus agradecimentosà Srta. R. F. Forbes,
pelo auxílio que me prestou na correção das provas.
S. R.
Trinity College,
Cambridge.
NOTA BIBLIOGRAFICA
As melhores bibliografias sôbre a civilização bizantina encon-
tram-se naCambridge Medieval History, vol, iv; no artigo de Le-
clercq, "Byzance", noDictionnaire d'Archéologie Chrétienne et de
Liturgie, de Cabrol; quanto aostrabalhos modernos, ver especial-
mente a bibliografia da Vasiliev, naHistoire de l'Empire Byzan-
tino Para o leitor médio, aconselhamos osvários trabalhos de
Diehl e Schlumberger. Para os estudantesdo assunto, a G6S-
chichte der Byzantinischen Litteratur, de Krumbacher, a Histo-
rical Geography oi Asia Minor, de Ramsay, e os vários trabalhos
de Bury são fundamentalmente essenciais.
Foram utilizadas as seguintes abreviações:
A. S. BoU. para Acta SanctOrttm Bollandiana.
B. G. M. Sathas, Bibliotheca Graeco. Medii Aevi.
Byz. Arch. Byzantinische Archiv.
B. Z. Byzantinische Zeitsch1·ift.
J. H. 8. Journal o] Hellenic Studies.
H. Z. Historische Zeitschrift.
M. G. H. 8s. " Monumenta Germaniae Historica, scriptores.
M. P. G. Migne, Patrologiae cursus comptetus, series
Graeco-Latina.
M. P. L. "Migne, Patrologiae cursus completltS, se1'Íes
Latina.
As datas e locais deedição dos vários livros citados podem
ser encontrados nas bibliografiasacima mencionadas.
8
CAPÍTULO I
A. FUNDAÇÃO DE CONSTANTINOPLA
A cidade de Bizâncio foi fundada por marinheiros deMé-
gara no ano ,657 a. C.~ num dos ~xtremos ?a E~ropa,o!lde .0
Bósíoro se aore parao Mar de Marmara. Esse htoralnao ela
desconhecido dos colonizadores gregos. uns poucos anos antes,
outro J11 gárico haviam fundado a cidade. de Calcedônia,.na
11111rg '!TI a iática oposta, tornando-se proverbialmente conhecidos
pr-lu .cgu ira d não perceber queo melho; .local. estava do
01111'0 lado do mar. Mesmo assim, Calcedoma dispunha de
vunta cns que poucas cidades doBósforo, em sua situação,
possuíam.
A Europa é separada daÁsia sul-ocidental por dois grandes
lençóis de água, oMar Negro e o Mar Egeu; entreos dois, porém,
cst nde-se a Trácia em direção da Ásia Menor, até que os dois
ontinentes fiquem separados apenas por doisestreitos canais,
() Bósforo e o Helesponto ouDardanelos, e pelomar interior de
Mérmara. Dêsses dois canais de fácil travessia, oBósforoé levemente mais acessível do continente asiático, já que evita
a subida sôbre o Olimpo da Bitínia, ou Ida, emuito mais aceso
sível para quem parte da Europa,devido ao ângulo em que se
projeta o Quersoneso Trácio para formaro Helesponto.. Ho-
mens e mercadorias que viajem por terraele um continente
para o outro passarão, quase que inevitàvelmente, por uma
cidade do Bósforo, enquanto os navios navegando entre o Mar
Negro, o Egeu e o Mediterrâneo terão certamente de passar
iunto dela. O Bósforo está situado no cruzamento deduas
(111 maiores rotas comerciais da História.
Cal edônia não está mãl colocada, mas mesmo assim seus
Iundudor s foram curiosamente cegos,pois a costa européia
diHIHlIlhn de lima vantagem que' faltava à oriental. No ponto
('111 qu !lM água do Bósíorc passam para o Mármaraestende-se
9
para o noroeste umasoberba baía, de uns onze quilômetros de
extensão, curvacomo uma foice ou um chifre, e conhecida na
História como o Chifre de Ouro. Entre ela e o Mármara fica
um promontório montanhoso, na forma aproximada de um
triângulo isósceles, cujovértice rombudo estávoltado para a
Ásia. Uma cidade fundada sôbre tal promontório não só estaria
provida de um pôrto natural, onde uma grande armada po-
deria abrigar-se em perfeita segurança,como também protegida
pelo mar por quase todosos lados. A única desvantagem era
o clima. Durante todo o inverno e a primavera um vento norte
quase incessante sopra do Mar Negro, vindo das estepes geladas,
.enregelando o colono habituado aos vales abrigados da Grécia
e contrastando excessivamente com os cálidos verões que se
seguem. E êsse vento norte, combinado com a forte corrente
do Bósforo no rumo sul,freqüentemente impedia que os navios
a vela contornassem a ponta e chegassem ao Chifre de Ouro.
Foi possivelmente o clima que impediu Bizâncio de se
tornar, por quase mil anos,uma grande cidade. Além disso,
nos grandes diasda Grécia, eramais fácil e mais seguro para
os mercadores asiáticos,devido ao estado bárbaro da Trácia,
passar à Europa através de Esmirna ou Efeso. Sua importância
como fortaleza, porém, foi logo compreendida. Naguerra do
Peloponeso foi louvada porsua posição decomando sôbre a
entrada do Mar Negro, em cuja margem norte estavam as
plantações de cereaisonde Atenas se alimentava. Filipe da
Macedônia e seu filho Alexandre reconheceram nela a prin-
cipal porta para a Ásia. Os imperadores romanos chegaram a
considerar sua fôrça estratégica como uma ameaça. Vespasiano
revogou seus privilégios; Severo, a cujas tropas resistiu durante
dois anos em defesa da causa perdida dePescênio Níger, des-
montou tôdas assuas fortificações. Caracala, porém, recons-
truiu-as. Galieno seguiu '0 exemplo de Severo, e em conse-
qüência os piratas gôdos puderamvelejar impunemente pelos
Estreitos, até o Egeu. Diocleciano foi,por isso, obrigado a
levantar as muralhas mais uma vez. Sua potencialidade total
como fortaleza, porém, não foi descoberta senão na segunda
Guerra Licínia, de 322-3, quando Licínio transformou-a no
centro de tôda sua campanha contraConstantino. Licínio foi
arruinado pela perda de suafrota no Helesponto, e seuexército
caiu finalmente em Crisópole; após suarendição, não era
necessário que a fortaleza continuasse a resistir. Aestratégia
de Licínio foi observada por seu grande adversário - Cons-
10
IIUlillu VIII 1'" il!ilidlldl' .Iilld" mniores 111 Bizâncio. Mal aca-
1111111 /I plllllll I 11 illllll'l'udol' FI levava arquitetos c agrimen-
1111 li I illll 1 ('idlllh I' ('\I 111'1' xlorcs, e as operações
li, 11111 11111;1111 Ih I IIIIll iniciu.
11 ,,11illlll~ d{'cuelu" 011 i III)! rurlorc romanos haviam sen-
lIdo /I 111'('(' aklude de um IlÔVO c nLro administrativo. A pró-
1'1 i" Homu L I'llOVU-S pouco adequada aos imperadores, com
11/1 trudi ~ republicanas c senatoriais, e sua desconfiança
li" novns oncepções orientais da soberania, Além do mais,
f' luva muito I nge das duas fronteiras para as quais se voltava
I'"dll vrz mais sua atenção: a armeno-síria e a do Danúbio .
Mnximinian governara em Milão, Diocleciano mudara-se para
11 Ol'i ntc, fazendo de Nicomédia a principal residência. Cons-
luntino a alentara o plano sentimental de estabelecer em sua
ciclnd natal, Naisso ou Nissa, a capital, e mais tarde dedicara-se
I1 re nBLruçi:io de Tróia. Mas quando sua atenção sevoltou
1'11I'/1nizllncio, as vantagens por esta oferecidas tornaram-sema-
lIir, Infl. Níío houv mais hesitação. As fortificações foram
ln i,'inelufI nn nov mbro de 324., e cinco anos e meio depois a
(,(Ipilol atava concluída. A 11 de maio de 330 a cidade foi
solcn m nte inaugurada pelo imperador, sob o nome de Nova
Roma. O povo, porém, preferiu chamá-Ia pelo nome de seu
J undador, Constantinopla.
O ano 330 é a melhor data para tomar como ponto de
partida da história bizantina (1). Mas a fundação de Constan-
Iinopln, embora a mais importante,foi apenas uma dasreformas
f modificações quejá haviam começado a transformar gradual-
IIwnL o império pagão de Roma naquilo que chamamos de
J mp -rio Bizantino. Ao término do século III A. D., o Império
rt mano ressentia-se da necessidadede reformas. Não é êste o
momento de contar detalhadamente ascausas do desmorona-
mente do velho mundo romano(2). De uma forma :resumida,
(I) SObre as reformas de Diocleciano e Constantino, v.es-
flll·1lllltl nt Stein, Geschichte âes spiitromJischen Reiches, I pas-
/11I. MI ,"'1 , Numismatique Oonstantinienne, vol, II, Introdu-
• li, i ("III.~I(/ntin le Gramd; Leclercq, artigo sôbre Constantino,no
/I 111"'11'1/ 1'1 rl'Archéologie Ohrétienne, pp. 2262-95, de CabroI.
11/1 V", /f, ('III/,~t(/ntine and the Ohristian Ohurch, in British Academy
1'"jU' ,vIII, V ( om bibliografia completa).
(' I 111." ('I III1I1B Bã.O apresentadas em Rostovtzeff,Social
,11/,1 I 1,11//10/ I' 1II,~/()"lI 0/ tlie Roman Empire; Bury, Later Romam
11111" , "
11
IV
podemos dizer que elas foram principalmente o caose a tibieza
administrativa e financeira, o poder excessivo nas mãos de
soldados ambiciosos, e.uma nova série de perigos nas fron-
teiras. Roma havia conquistado seu império territorial graças
a um permanente senso de oportunidade. Aprovíncia capturada
era pacificada o mais depressa possível, com a permissão de
conservar muitos dos direitos e costumeslocais. Conseqüente-
mente, cada província demandava umtipo diferente de admi-
nistração. O estado em que seencontrava o govêrno central
aumentava tal diversidade. A Diarquia, tão anunciada por
Augusto, e na qual o Senado participava da soberania com o
imperador e governava totalmente certas províncias,apenas con-
tribuiu para aumentar a confusão semse constituir num contrôle
eficiente do poder do imperador. As finanças refletiam essa
desordem. Os impostos eram altos, mas variados eirregulares,
e uma considerável partedêles permanecia nasmãos dos cida-
dãos que compravam ao govêrno o direito de recolhê-Ios. A
riqueza tinha uma distribuição muito desigual. Os milionários
eram ainda numerosos, ao passo que províncias inteiras mergu-
lhavam na pobreza. O império vinha, além de tudo, sofrendo
há muito de uma posição adversa nas trocascomerciais. Já
na época de Plínio asimportações da índia excediam as expor-
tações, anualmente, em cêrca de 600.000 libras esterlinas, e a
desvantagem, comrelação à China, era de 400.000 libras. Essa
deficiência não foi corrigida nunca. Durante oinício do impé-
rio, as emissões imperiais se foram depreciando gradualmente,
e a partir do reino de Caracala a quedade valor foi rápida, até
que, finalmente, só as moedas de cobrenão continham ligas, ao
passo que as de prata chegaram aconsistir de apenas 2%,
dêsse metal.
Enfrentando uma confusão administrativa euma constante
inquietação financeira, as autoridades civis não tinhampodêres.
A única fôrça realmente existente estava com os chefesdo Exér-
cito. Roma não podia viver sem suaslegiões. Eram longas as
fronteiras a guardar, necessária a polícia nas províncias cuja
rebeldia natural se inflamava pela exploração econômica. Todos
os governadores das grandes províncias tinham uma legião à
sua disposiçãoe por vêzes comandavam atémesmo exércitos
maiores. Isso não teria sido,talvez, perigoso, se existisse um
govêrno central forte e uma norma de sucessão fixa para o
império. Poucas dinastias imperiais, porém, chegaram sequer à
terceira geração. O trono era, cada vez mais, o prêmio a ser
12
'"llIjllI 1.101"1',,1111,llt'fl' militar mais forte, pelos generais ambi-
, 111li 'pll uhuuduvurn. Durante o século Il I havia quase que
111 I1I 1\111111'1111'ulp,ull1u província nas mãos de um usurpador e,
11I I" 111'li, 11 illlprrio dificilmente poderia ser considerado como
IIl1ld I 1l111111lidud'unida.
dI' ()rd un tom U-Ae muito mn ls 8'ria no século lU pelas
1111\11 pn~MM()I'Aurgidu IIUA Ironu-iras. De de os primeiros dias
0111IIIIP"I'itl, II [routt-iru IIMiílli('(I, qtP ia da Arrnênia à Arábia,
11IIIIIVII 1'101.11'/1111n-lut ivnmente pequenos. O reino parto dos
A I 111,,111 "1111'11111,'/lI I -nto declínio. Mas no início do século
111 1111111III1VIIrliruu Liu urgira na Pérsia, a dos Sassânidas, po-
IOI.!III. 1111'ItllHtlillLu ' zoroastriana, que durante quatro séculos
1'1111IlIillli 'li ugre siva dos romanos. Os Sassânidas derrotaram
'111111111imperadores no século 111, chegando mesmo a aprisionar
" 11I1I1I'I'/ldOl'Vnlr-riano. Sua Iôrça parecia crescer de anopara
111111Ali IIIt'MlIlo tempo, a Ir nteira européia necessitava de vigi-
11111'111 IIdll'lolIlIl. 1)('Hd' os dias de César, o governador da
(,1111111111111111 "li 1'11I'fJ,Olima tarefa árdua, a de guardar a fron-
11'1111do 11"110 1'01111'1Iti prol Ificas tribos da Alemanha Ocidental,
'p" 1111illVU1I1 por libertar-se de suas florestas constrangedoras.
1"" 110 agoru, porém, era no Danúbio. Tribos da Alemanha
()III'III"I o gôdos em particular, instalavam-se nas margens
IIOlllt'iI'UH, qualquer nôvo movimento oumigração nas Estepes
I"IIVII 1'1111ente as incitara a atravessar o rio. O problema gôdo
11111li(lIíll .laramente uma ameaça e,apesar dos esforços de impe-
11101",I' t-omo Cláudio lI, não mostrava sinais dequalquer
1I!tIl'IIO.
1':I'u fosse o ambiente político da vida no século IH. Os
I'lId I'OI'H de civilização eram ainda altos. Embora os pobres, os
, "It~IIS- e os homens livres pouco tivessem melhorado em sua
I 1111fi i(,üo - a não ser pelo fato deque muitos dêles viviam
dll rnridade do Estado - as classes mais ricas desfrutavam
11111"ollfôrto material e um luxo que ultrapassavam qualquer coisa
J I \ i~ll1 pelo mundo. O domínio romano representou sempre
11111"fi .iente programa de obras públicas: banhos e templos,
1'"1'10 e estradas, tudo contribuía para a amenidade davida.
comunicações eram rápidas, fáceis e seguras. Mas todo êsse
('ollfôI'LO, tôda essa segurança, estavam sujeitosa súbitas e pro-
1011radas interrupções. Nas guerras civisfreqüentes, cidadãos
puC'Ífi 'os podiam ver-se, inesperadamente, desgraçados, pilhados
(' ·111('condenados à morte. A insegurança levouà desilusão das
13
coisas do mundo, que seria a característica principal da cultura
da época,
Culturalmente, o impeno estava dividido em dois,Da Ilíria
para o Oeste, as províncias falavam o latim como língua .uni-
versal; para o Leste, a língua era o grego, A separação era,
entretanto, mais aparente do que real: embora do Ocidente
viessem quase todos os homens de ação e os estadistas, os inte-
lectuais ocidentais seguiam a orientação do mundo de língua
grega, Apenas na África e na Gáliateve a cultura latina um
ímpeto próprio, Os latinos deixaram, entretanto, obras públicas
e um profundo sentido do Direito que marcou mesmo o Oriente,
e sobreviveu à desordem, A civilização do Leste era ainda a
helênica, uma mistura de concepções clássicasgregas com semitas
e iranianas. A influência da Grécia, porém, reduzira-se a uma
forte tradição, ao invés de uma fôrça vital. _O individualismo
essencial à cultura helênica não podia resistir ao desapareci.
mento da cidade-Estado e à fusão até mesmo dosreinos mace-
dônios num império mundial de cuja direção os gregos não parti-
cipavam, Mas a arte e as letras ainda se mantinham -fiéis a03
velhos modelos gregos ou às suas magníficas reproduções, SUl"
gidas na Roma augustiniana. Os artistas acrescentavam apenas
uma grande paixão pelo volume e pelos detalhes que eviden-
ciassem a competência de sua técnica, Templos, estátuas, poemas
épicos, revestiam-se todos de magnificência e rebuscamento.
Conservavam a espontaneidade apenas um ou outro poema lírico,
ou um quadro, bem como a sátira, que é a expressão natural
de uma época sem ilusões. O mundo do Império Romano era
bem educado e estético,mas a grande civilização queadmirava
e copiava perdera sua fôrça vital. A salvação viria de outra
região, do Oriente Sírio.
Já no século 111 a arquitetura começara a mostrar um nôvo
esplendor, espontâneo e oriental. Mas o Oriente venceria a tradi-
ção clássica não tanto por suasconcepções de majestade, mas
principalmente por suas idéias maispuramente espirituais, Uma
época desiludida volta-se para a religião e foge das incertezas
do mundo. Mas as velhasreligiões, a pagã alegria de viver do
grego, o culto do Estado de Roma, falharam quando a vida se
ensombreceu -com o mêdo e a decadência doEstado era evidente,
O Oriente tinha um consôlo melhor a oferecer. Desde o primeiro
contacto de Roma com o Leste, as misteriosas religiões deIsis
e da Grande Mãe começaram a divulgar-se pelo Ocidente, e
seus adeptos aumentavam gradualmente, No ritual secreto e na
14
1"'lIil ên iia ol'(lcnada por ssa d
vohuva para uma r alidad' ' ~I as, o cansaço da vida se
plIIIII \n.L 09 r quinLllcloll (' ()~l(:;;, ~ 11;"I t::!lS' cult~ atraía princi.
cllldc,) ,o hom m d( lI~ii() JlI'P{t riu I)! ~1/lt:1Ol:) da soc~~dadc" O, sol-
o Itlllrt\l mo, o culto d!' Apol S 1 I Ull~ d,e origem lramana;
11 lIIill'uí. mo AI' ]l/Iv)'11 ,lI' o. ,() ,0 11 onqulstaveI. No século IU
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IIUII () ('111 811I\ podl'lo u cII' 11I1iZII-' o o Impeno, encero
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, .-) uva pompa e ,~,
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, IOluII C'WI\l\Vll ao t ' ,
cIICIIII/C11ft.11i 11111Cc/ I',' J' ' con rano, um senso de
c c I (IP ma que se opu h . d
••li" CII "" 1I11111c10MIO ,_ n a a esesperança e
I ' as o mitraísmo teve d fI 11111"11IIl/lloc umu reli '- e en rentar um
• 19lao que " ,
1'11Ic 111111,c crn chamad 'isti se mlclara obscuramente
a CIIS lal1lSmo,
110 c' de surpreender que o cristi' ~
IIII/!c ,'UII m nsagem ti h amsm., fosse a fé triun-
I 111 a um poder d t -IlIlIflO c/o que qualquer outr O " e a raçao muito mais
1"11I. IlI'ill. (, 1111verdade 'tIa" ~llental, com sua aparente
I mUI o ImpaCIente I dli C'" • o ofrim nto f' , , ,ncapaz e suportar
, re ugla·se mledlatam t
'" 11 111/1i altas e foO'e' f en e na comunhão com
I , b a es era das sen - , ,." /I cII!/I () I ia os es ' h saçoes mate1'1als O
pm os porque êl f S '
11/1I pl I'UlI a e na crença d es erem, eu consôlo está
"11, O rrreO'o hele~nI'c te que os espinhos desaparecerão um
\ o 5 o es ava a rn ' , hICII ti seu misticismo d I eio carnm o entre ambos,
11/1101'jnato do simboll'sm °T cduto ~da Natureza, havia nêle um
I r_o, o os esses a' dili! uçao no cristianismo ' nselOS po Iam encontrar
, que encoraJav " ,
111I111~ atologia da esp ,a o mIstICIsmo, pr~gava
I lluul 11 bre. Além d erança, era rrco de símbolos e tinha um
o mais, encenava '
1'111'1111 classes inferiores com ,u~ atrativo particular
c/I' I) 'u todos eram' ' , ~ua afumaçao de que aos olhos
iguais ao Imperrd '
(J 1\IIIOr fraternal. Essa " 01', e ensmando a todos
, mensagem o recom d
I'0ll! nenhuma outra r I' '- d . en ava aos filantropos
" • e 100Iao ava a íd d '
I'l'lIlwo, A Igreja Cristã bf, d " can a e um sentido tão
I) dias de São Paulo se 01 hafmll'ave~ente organizada, Desde
I ' , , us c e es havIan id h111Itlllllstrativo, Tev ind d 1 SI o omens de tino
, ) e a111a uas vanta" '
IIVU, o mitraísmo A " , foi bens Imensas sôbre seu
, plImell'a 01 a de ",
11111papel destacado O 'of ~ pernun» as mulheres
c/ude deplorar e de~unc~apIO essor~s ortodoxos podiam na reali.
IIl1uapelos heréticos mo~t:lli~~:P( :\a igualdade dos sexo~ ensi-
as mulheres tiveram
("') M ontanistas adeptos d
Jlllg-ava possufdo pel~ Es Iri e Montano, do século II, que se
lI! (t'umonto para purifica; ~~tohSanto, e por êle utilizado como
(N, a T,) omens e gulá-Ios navida cristã,
15
sempre um papel relevante na história docnstlanismo. Como
diaconisas e mais ~'ecentemente, comoabadêssas (3), podiam
adquirir importância. O mitraísmo, porém, erauma religião
masculina, Não encontramos traços de mulheres entre seusadep-
tos, A segunda grande fôrça do cristianismo está nainfluência
que, desde os primeiros anos,recebera dafilosofia grega, Essa
influencia deu à sua teologia um conteúdo intelectualque a
tornou aceitável a muitos dos melhores emais profundos pensa-
dores da época. Nem o mitraísmo nemqualquer das reli::;iões
misteriosas poderia ter produzido homens do calibre mental dos
primeiros padres cristãos, homens como Orígenes, hineu, Ter-
tuliano ou Clemente de Alexandria, pensadores superadosapenas
por seus sucessores, os padres do século IV.Apesar do cisma
no Ocidente e das heresias no Oriente, a Igrej a Cristã tor-
nava-se ràpidamente amais poderosa organização isolada do
império. Nenhuma das heresias eraainda perigosa. O gnosti-
cismo, a mais séria delas, nunca tevegrande favor popular. Logo
dividiu-se em seitas menores, e embora na épocaMani já esti-
vesse produzindo uma estranha mistura degnosticismo e do
dualismo zoroastriano, queteria certa voga nos séculosIV e V,
o centro do maniqueísmo achava-sena fronteira persa.
Em seu avanço gradual, o cristianismo foi sem dúvida auxi-
liado pela lenda de seus santos ede seuscomprovados milagres,
pois aquela ~oca era de superstições. A idade da razão augus-
tiniana teve VIdacurta. Os homens voltavam a falar dos feitos
maravilhosos de Apolônio deTiana e acrer1itavam em histórias
com as que Apuleu narrara. A previsão do futuro e a magia
tinham grande desenvolvimento. A demonologia elevou-se a
ciência. Tôdas assuperstições que fizeram da civilização bizan-
tina objeto de ridículo para os historiadores do século XVIII
vieram dessa épocado velho império, embora muitas outras,
ainda pagãs, tivessem sido transferi das para aIgreja Cristã,
Até a filosofia seguiu a tendência popular. NoOcidente, o
estoicismo conseguiu produzir Marco Aurélio antes de desapa-
recer, mas no Oriente já há algum tempo apenas oneoplato-
nismo mantinha sua vitalidade. Nas mãos deporfírio e [âm-
blico, o neoplatonismo recebiainfluxos de taumaturgia e magia,
e de um politeísmo geral. Na verdade, os ensinamentos dos
(3) Os conventos defreiras são, na verdade, anterioresaos
mosteiros, No Egito houve vários dêlesno século lI!: Smith,
Early Mysticism in the Near East, 34 e ss.
16
111111,1010(Ii Illotl !'tlllIVlllll provàvelmente
1111111110cio1(111'11 dOllll'illa' mais próximos do pla-criadas nas escolas dos filó f, 1 oso os.
I! /1110:lBtI, poder im . 1. pena passou às - d
1111IIU IlIlId.' estadista qu R duzi maos o pri-
I
' e orna pro UZlUdesdeA D'
! ".'I/lII!), IIIIM.id na Ilíria 'r' h AI 1 ugusto - 10-
I
' ., . m a e e pena consc OA. d .
'" 1111111'110ddicou .' d iencia asituação
I
seu lema o a um d
I' 1,," 'o ulcan Suas pri . .. programa e reformas
I ' . rmcrpais intenções eram d
I 11 intruduzir uniformidad d . _ a e centra-
I
e na a ministração 1
• "1111 11I I) contrôle dA' co ocar oo governo restaurar . - ,
1.11' I" 11 ,'llIhilizlll';"\O d d' a situaçao finan-
,~< a moe a e c rd
111I1", 1'" i"/lO do imperador, onso1 ar essa obra ele-
1',111Iud/l /I história do im '" '
I1 IlIltfollllidudc exempliíi d penof e, ~amfesta a tendência para
I
,1 ica a na acilidade d
I /111111romana a qual 'd' em conce er a cida-I quer su ito nascido h l'
I I 11(1/11".irn nto recente das últim "ornem rvre, e no
• I lI/1do. Mas' o caos qu d as provmClas governadas pelo
e prece eu à subid d D' 1 .
IIIIVII11" ssário um sist .. a e lOCecrano tor-, ema inteiramente nôv D' leci .
"Vil () império demasi d o. lOCeciano jul-
I
' a o extenso para S' d
1111t'O imperador De d .. er governa o por um, . . s e os pnmeuos cés fô ,.
III't'(' sana a existênci d .. ares, ora consideradaIa e um ministro dE'
1I1111'()latino Dioeleci 1 o xtenor grego e
N
' Clano evou mais alé di . -
1111'dou dois impé' determi m essa ivisao básica,
I' ' nos, mas eterrnmou AI d '
I 111 imperadores cadaqual idi d que e e evena ter
I' ' resi m o numa m t d d '
!lI'U a sezurar a coti id d ' , . e a e e sua area.
I
to n mui a e pacífica d A
tllt ur d veria ser auxili d o governo, cada impe-Ia o por um césar .
províncias foram novam t ,., que sena seu herdeiro,
üupêrio foi dividido en e divididas e reorganizadas. O
1\ Itália, a Ilíria e oeOm,qutatro grandes prefeituras,- a Gália
nen e - zovernadas '
(lltllorianos, que eram as aut 'l d por quatro prefeitos
1'1ef rituras foram subdividid 01'1 a es mais altas do Estado.As
I
' 1 as em grandes provi h d
I 11I('iscs, cujo governado hbi t I vmcias, c ama as
I !'lIlava subordinado ao ~re~e;tua ~ente ti?h~ o título de vigário
in e África conservav o,, s provmClas conhecidas como
Jlllvil êgio de despach am
l
" porem, seus procônsules, com o
arem diretamente com' d
nrlministrar o império . d f o Impera or. ParaI reorganiza o oi formad êd d
111\,i nários civis, e novospodêres a~ribuídos a' bu
a
uma. re e erocracia.
A principal característica dess b ..' .
"puro ão das autoridades milit a ~oclacla fOI sua completa
II.jI'llH iomhinavam-se as d IfI ar:s, penas em algumas fron-
r
' r' uas unçoes embora a ' "
('110 !lflHCuma autoridade t t '1" prmClplO o pre-an o rrnitar com "1 U .
11'"'I 111'nlliznçiio militar foi m t d 1 d o CIVl. ma glgan-on a a a o a lado com a orga-
17
nização civil, e esperava-se que talseparação de podêres serviria
de freio às ambições de generais desleais. Ao mesmo tempo,
Diocleciano fundou um exército imperial móvel que se podia
transferir ràpidamente a qualquer parte do império, em caso
de guerra ou insurreição.
A preservação do império reformado seria feita por um
sistema rígido de castas. Seguindo a idéia primeiramente Ian-
çada pelo Imperador Aureliano, Diocleciano decretou que o
filho teria, invariàvelmente, de seguir a profissão do pai, qual-
quer que fôsse ela. As agitações sociais se haviam tornado tão
freqüentes, fortunas faziam-se e perdiam- se tão ràpidamente que
êle julgou necessária tal rigidez para manter a estabilidade e ser
possível recolher uma renda regular. Constituía tambémuma
vantagem recrutar o exército entre as classes médias da sociedade.
Os membros da nobreza senatorial, perigosos por sua riqueza e
suas tradições oligárquicas, eram cuidadosamente excluídos das
fileiras militares.
A tentativa de estabilizar a moeda teve menor êxito: foi
impossível fazê-Ia voltar à posição que desfrutara sob Augusto.
As várias tentativas, feitas por Diocleciano, de emitiruma moeda
integral levou por fim, para sua surprêsa, auma elevação dos
preços. Para contrabalançar isso, o imperador promulgou o
famoso decreto de301, que fixava os preços de tôdas as merca-
darias. O decreto não teve êxito, e coube a Constantino esta-
bilizar a moeda do império numa base permanente.
A mais duradoura das reformas de Diocleciano foi a menos
tangível - a intensificação da majetade imperial.O conceito da
divindade do rei era endêmico no Oriente e estivera em moda
na época das monarquias helênicas. Não desaparecera nunca
nas províncias orientais do império: o imperador herdava uma
parte da divindade. Mas Roma, com seu tradicional ódio aos
reis, não aprovava isso. Augusto teve,portanto, cautela ao não
dar mostras de majestade. Era apenas o primeiro cidadão do
império, um ser humano que,embora importante, era acessível.
Cedo considerou-se que seria bom para os povos vassalos se os
imperadores mortos fôssem deificados; o verdadeiro romano,
porém, aprovou o discurso cínico de Vespasiano agonizante (4).
Apesar da adulação exigida por Domiciano ou por Heliogáhalo,
(4) Ut puta) deus fio - Creio que me estou transformande
num deus.
18
JI( I il\tiu 110 Ocidente, c apossibilidade de uma
1111I 1111I.• q\ll pur 'ia parte da profissão imperial, não con-
11111I 1"11/1/111mintar o prestígio do imperador. Diocleciano
I I" \I '1111' 11 uut ridade imperial seria maior, e a vida do
111' I 01111111/.1 gura, se êlefôsse feito semideus.
I' I ( 11I c'. tab lecidos Sassânidas da Pérsia envolviam-se
1111I1, P' o 11do de majestade. Diocleciano copiou-Ihes muitos
11 11111111.() imp rador já não se movia livremente entre os
1I1II , I íll retirado, numa côrte protocolar, e era atendido
I ".11111III( JlO!' 'U/lUCOS, raça antes desprezada e proibida. Os
11'11I I 11I1 11('•."idos em audiência deviam prostrar-se e adorá-Ia.
I • I 11111d /ltlnna, calçados escarlates e mantos de púrpura.De
• tI,l 1111111/1,il\ constituía uma evolução natural. A lei era
11111' dlvjllll II() olhos dos romanos, e o imperador era, de
11I 111111111.11 fonte da lei. Mas Roma sentiu-se ofendida pelas
I, IIIII/! orientais do despotismo. Foi entretanto Roma,
IIlIpl rndor, que mais sofreu com isso. Diocleciano
11 ()I lontc em Nicomédia, reconhecido como um semi-
1/1 niluuo, seu colega ocidental, preferiu residir em
1I 111It I' /1110 procurou dar verossimilitude à sua divindade,
1'1til 1IIII!lIIIdo I d s icndente de Júpíter, rei dos deuses, prepa-
, 11ti " .t, 11 fOi ma seu caminho para o panteão. Maximiano
I 1111 I I lI'ui popular, embora menos exaltado, dizendo-se
111I111111.tI JI' r .ules. Constantino, o césar do Ocidente, tentou
1111111 11111I·ligião pessoal, o mitraísmo, com oculto do
,"1111, 1IIIIIIlIldo-!le descendente do Deus-Sol ApoIo.
I, 111Iiu uma grande parte da comunidade que não podia
"'1" uulor 8 a adoração que exigiam. Os cristãos,com
I til I II( fiO elurn ntre o que era de césar e o que era de Deus,
I' 111I 11111( ('01110 bons cidadãos enquanto não fôssem obrigados
111111111111 I·: I ido. Mas cultuar um ser humano, mesmo sendo
111'1"I ,,1111 1'1'/1algo que certamente não podiam tolerar. Dio-
I I I I 11111 111 '1111 11110podia permitir à mais forte organização
II I" 01.1 IlIlp(·rjo r j itar sua majestade. Procurou usar a
, 111111111ou uma resistência fanática: começou então
I'. I , 1I1I'/lO, S cristãos continuaram não-conformis-
, 111'111IIldOl COllHtontino quem encontrou a solução para
11 , I, • 111 (1111\ 1)('\1
11 1IIIII!lIdo por Diocleciano mal resistiu à sua
\1111 . (\I vúri s aspectos permaneceram, mas
19
com uma exceção fundamental. Diocleciano fizera o império
depender do imperador, mas o sistema de dois imperadores e
uma norma de sucessão ao trono só poderia perdurar se os
candidatos imperiais fôssem homens de espírito elevado, isentos
de ciúmes e suspeitas. O título de césar era também perigoso,
muito alto, mas ainda não bastante alto. Desapareceu ràpida-
mente. Em 311 havia quatro imperadores, Licínio e Maximino
no Oriente, Maxêncio e Constantino, filho de Constâncio, no
~c~dente. A cena estava, evidentemente, preparada para a guerra
cIvIL
Ela irrornpeu inicialmente no Ocidente. Uma rápida e bri-
lhante campanha em 312, de Colmar ao campo de Saxa Rubra,
pela ponte Milvius, fêz de COllstantino o senhor do Ocidente. No
ano seguinte, auxiliou Licínio a derrotar Maximino e tornar-se
por sua vez, senhor do Oriente. Mas Constantino e Licínioeram
ambos muito ambiciosos para dividir entre si o império. Sua
primeira guerra de 313 não foi decisiva, mas em 323 Licínio. era
esmagado em Crisópole, e Constantino passava a ser o único
imperador.
O Colégio Imperial de Diocleciano terminava, assim, num
fracasso. Sob outros aspectos, porém, sua obra perdurou. Cons-
tantino conservou-lhe o sistema administrativo e consezuiu o
b
que para Diocleciano foi impossível: a estabilização da moeda.
O velho sistema monetário romano não podia ser recuperado,
mas Constantino criou um padrão ouro, o sôldo, uma peça de
ouro estampada com seu sinête, ao invés de uma moeda, em rela-
ção ao qual se faziam as cunhagens. O sistema funcionou bem.
O sôldo imperial manteve seu valor e prestígio firmemente por
oito séculos.
Constantino secundou os esforços de Diocleciano nadeifí-
cação da posição do imperador. Na marcha que fêz para o sul,
ao encontro de Maxêncio, quando seu futuro estava emJ' ôaoC
.
e ,
onstantmo e todo o seu exército tiveram uma visão. Uma cruz
brilhante surgiu no céu, à frente dêles, com a inscrição "Hoc
vinces", e na mesma noite Cristo confirmou a visão num sonho
do imperador. Profundamente impressionado, Constantino ado-
tou aquêle lábaro, a cruz com a ponta torcida, e com êle levou
suas tropas à vitória.
O milagre foi oportuno. O visionário mostrou senso político.
Constantino iniciara sua carreira política sob a égide de seu
sogro, Maximiano, e Iôra portanto da Casa de Hércules. Após
20
sua ruptura com Maxêncio, voltou à fé mitraica de sua família,
tornando-se filho de ApoIo. Mas Maxêncio, tal como Maximino
110 Oriente, adotou uma forte política anticristã. Seu adver-
ário teve, por isso, de cortejar a aliança dos cristãos, que cons-
tituíam provàvelmente apenascêrca de um quinto dos habitantes
cio Império, mas que eram, de longe, a religião mais forte, e
por isso aliados mais valiosos do que os adeptos domitraísmo
- embora o Lábaro fôsse também um símbolo adequado aos
mitraístas, o que não deixava de ter certa utilidade.
Qualquer que fôsse sua concepção pessoal, após a batalha
cI Saxa Rubra, parece certo .- por suas moedas e seus decretos
- que Constantino estava comprometido com o cristianismo,
Esmagara Maxêncio como campeão cristão, lutara ao lado de
J .icínio como campeões contra o perseguidor Maximino, e pro-
mulgara o famoso Edito de Milão, de 313, que pela primeira
v z reconhecia legalmente a comunidade cristã. Mas Licínio
ontinuou pagão. Também ao atacá-lo, Constantino era o soldado
ristão, O cristianismo e Constantino tinham dívidas entre si.
No ano 325 Constantino surgiu como patrono do cristia-
nismo, de uma nova maneira. A Igreja estava às voltas comfi
disputa entre Ário, sacerdote de Alexandria, e seu bispo, sôbre
a natureza da divindade de Cristo. Constantino tomou a si a
incumbência de convocar os bispos da Igreja para uma reunião
em Nicéia, na grande assembléia conhecida na História como o
Primeiro Concílio Ecumênico, na qual, sob sua presidência, os
bispos decidiram que Ário estava errado. Êsse primeiro concílio
de Nicéia foi importante não apenas pela formulação da dou-
trina cristã, mas como o primeiro exemplo de cesaro-papísmo,
onstantino pretendia que a Igreja Cristã fôsse estatal, tendo
omo chefe o imperador. Em sua gratidão, os cristãos não lhe
fizeram objeção.
Assim, parecia chegar ao fim o velho antagonismo entre
II Igreja e o Estado. O imperador era o chefe da Comunidade
,ristã. Não lhe era mais necessário atribuir-se descendência
de Hércules ou Apelo: tinha uma nova santidade que redimiria
rodos os pecados. O sangue de seus rivais, de seu filho e até
d sua mulher, manchava-lhe as mãos, mas para o mundoêle
na o Isapostolos, o igual aos Apóstolos, o Décimo-Terceiro dêles.
" u prestígio espiritual foi fortalecido graças à energia explo-
rudora de Helena, sua mãe, antiga concubina bitínia de Cons-
tftncio, e que enviara a Jerusalém onde, com um auxílio mi-
mculoso de que hoje em dia não dispõem os arqueólogos, encon-
21
trou o sítio mesmo do Calvário, desenterrou a CruzVerdadeira
e as cruzes dosladrões, bem como a lança, a esponja e a coroa
de espinhos, e tôdas as relíquias da Paixão. A descoberta entu-
siasmou a cristandade'e redundou na glória eterna da mãe do
imperador. Os nomes de Constantino eHelena tornaram-se os
mais reverenciados na história do Império Cristão.
Faltava completar ainda um trabalho mais concreto para
concluir a transformação doimpério: a fundação de Constan-
~inopla. O império devia ter uma nova capital no Oriente,
Igual a Roma em tudo,exceto na antiguidade, esuperior a ela
pelo fato de ser, desde oinício, uma cidade cristã. O valor da
nova capital era evidente. A escolha do local foi uma demons-
tração de genialidade. Ali todos os elementos que constituíam
o império reformado fundir-se-iam naturalmente - a Grécia,Roma e oOriente Cristão.
Constantinopla foi fundada' no litoral de .Iíngua grega e
incorporou uma velha cidade grega.Mas Constantino fêz ainda
mais para acentuar seu helenismo. Sua capital deveriaser o
centro da arte eda cultura. Construiu nela bibliotecas cheias
de manuscritos gregos e povoou as ruas,praças e museus com
tesouros artísticos vindos de todo o OrienteGrego. O cidadão
de Constantinopla caminhando diàriamentepela cidade jamais
poderia esquecer a glória de sua herança helênica.
Mas era também umacidade romana. Por mais de dois
séculos a Côrte euma grande proporção de seus habitantes
falavam o latim, que era ainda alíngua culta do interior dos
Balcãs. Em seu desejo de reunir uma população vinda detodo
o império, Constantino deu à ralé da cidade o privilégio de
pão e circo livres, desfrutado pelo populacho de Roma.As
classes mais elevadasforam induzidas, segundo a lenda, a se
transportarem para o Bósforo graças às dádivasde palácios que
reproduziam exatamente suascasas romanas. Constantinopla
deveria ser uma outra Roma. "Nova Roma que é Constantino-
pIa" foi seu título oficial até o fim, e seus cidadãos eram também
Rõmaioi. A ~ contribuição deRoma para o nôvo império
foram_suas teorias administrativas, suas tradições militares e o
I s~-úDireito.; Mas oshabitantes de Constantinopla se consideravam
'romanos por nacionalidade, ainda muito depois que o latim dei-
xara de ser ouvido no Bósforo e os vestígios desangue italiano
tornaram-se raros. Mesmo no séculoXII era pretensão dos aris-
tocratas ter ascendentesno séquito queacompanhou Constantino
à nova cidade.
22
() Ii l!'l·il'o ,) nn nto era o Oriente Cristão. Constantinopla
ti I 'I IIIIIU idade cristã. Os templos da antiga Bizâncio
I I I, I 1111"IHllinuar por mais algum tempo, e parece até que alguns
I I1 111,1111\erguidos pelos pagãosque construíam acidade. Uma
1,,11Iluulo o trabalho, porém, nenhum outro foi levantado.O
11111111, , ('U misticismo já tinham invadido o mundo romano
111,'11 lunrlo a considerar o monarca como divino.Constantino
[111111"1I1(ungem a Tique,a Fortuna da cidade,e fêz construir
1111 '11111.11'.oluna de Apolo, na qual o rosto da estátuafôra
II ,11111(1/11'1Irepresentar o seu. E ali ficouêle, com todos os
li 1111111do J) us-Sol, para ser adoradopelos pagãos, mitraístas
I I 111, 110 mesmo Lempo. O cristianismo era uma religião
I11Id /I. fil sofia grega dera-lheuma forma aceitávelà Europa,
I I r unrhun mtalrnente êlepermanecia semitaem suas concep-
" () cidadão de Constantinopla tinha plenaconsciência da
11,11111,'"~" o-romana, mas suaforma de ver a vida era, nos
1i 111'111háelcos, diferente, Experimentava menor satisfação no
11111'11111,dI'! ndo-se de preferência nas coisas eternas. Êsse estado
.I, I (I rito tornava-o mais receptivo àsidéias vindas do Oriente
01"q\ll ,i oriundas do Ocidente, Ea história do Império Bizan-
1111"I /I história da infiltração dasidéias orientais até colorirem
I I I "eI i<;õ 's da Grécia e Roma e da reação periódica a essa
11111i1111;ro. A despeito dela, as tradições greco-romanas perdu-
"1111111IIL" o final. Mesmo no século XV os homens deCons-
I 1IIIIIIIIplll liscutiam a natureza de sua civilização; eramRômaioí:
, I 11111tumbém helenos? O último grande cidadão do império
ti, 111111'u resposta: "Embora seja helenopela fala, nunca diria
1(111"OU um heleno, pois não acredito nascoisas em que os
I" 11IIIIM U rcditavam, Gostaria de tomar meunome na minha
I II 111''',C 80 alguém meperguntasse oque sou, responderia: cris-
\"" J, .. ) Embora meu paihabitasse a Tessália, não me con-
1.1,111te'. saliano, mas sim bizantino, pois sou de Bizâncio." (5)
Poel mo, seguir Jorge Genádioc chamar acivilização segundo
" I lc IIH'nL s bizantinos que a fizeram, considerando comosua
1111111III'/II;ão a cerimônia do dia 11 de maio de 330,quando o
1111(11rndor Constantino dedicou a grande cidade de "Nova Roma
1(111 .OJ1 Lantinopla" à Santíssima Trindade e à Mãe de Deus.
( ) (1 nádío, Dísputatio contra Jt~daeU1n, ed. Jahn, 2,
23
CAPÍTuLO II
RESUMO HIST6HICO (6)
o império reformado, instalado a11 de maio de 330, durou
1.123 anos e 18 dias. Em meio às constantes transformações
da Europa daqueles séculos,um fato permanecia imutável: um
imperador romano reinava, commajestade autocrática, em Cons-
tantinopla. Nesse império, tudo dependia, em última instância,
do imperador. Sua história divide-se assim naturalmente pelas
dinastias que o governaram sucessivamente. A princípio, elas
tinham vida curta. Tal como em Roma, chegavam apenas à
terceira geração. Os últimos oito séculos, porém, são domi-
nados quase que exclusivamente por cinco grandes famílias:
Heraclidas, Isáurios, Macedônios, Comnenos ePaleólogos.
O século IV é apenas um prelúdio à história bizantina.
Constantinopla não era ainda o centro indispensável degovêrno.
'Constâncio, embora tivesse contribuído para sua construção,
pouco parava ali. Joviano nunca a visitou. Nem estavao cris-
tianismo ortodoxo totalmente triunfante. Foi possívelainda a
Iuliano voltar ao paganismo,. embora a tentativa mostrasse que
êle era uma fôrça agonizante. E apesar da reunião de Nicéia,
foi um bispo ariano que batizou Constantino em seu leito de
morte, pois Constâncio e Valencia no favoreceram o arianismo.
Constantino, o Grande, morreu em 337. Seus últimos anos
foram dedicados à paz e à reorganização. Seus três filhos suce-
deram-no em conjunto - - Constantino lI, Constâncio II e Cons-
(6) Melhores histórias resumidas deBizãncio : Gelzer, By-
zantinischen Kaisergeschichte, em Krumbacher, Geschichte der By-
zantinische Litt ertüur (2.- edição); Diehl, Histoire de l'Empire
Byzantin; histórias mais detalhadas: Vasiliev, HistoÍ1"e de l'Em-
p'ire Byzantin (mais recente); Gfrorer,Byzantinisch Geschichte;
Kulakovskí, Byzantine liistory; capítulos na Cctmbridge Medieval
History, volumes 1, 2 e 4.
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111111(,L Os irmãos não se entenderam muito,mas em 350 Cons-
111I1ill() Constante estavam mortos,e Constâncio, após derrotar
11 'rulld usurpador, Magnêncio, em 351, reinou sozinho até
11.1 morte, dez anos depois. Durante êsses anos, a situação
II 1011 do império tornava-se cada vez mais séria. Perdurava
11111IIÇ/l P r a e a pressão das tribos germânicas no Reno e
111 l lnuuhio intensificou-se, principalmente devido ao apareci-
111111111,1111 di tantes estepes, de um nôvo povo da Mongólia,
1.111111, o llcno, o primo de Constante, Juliano, derrotou
11tHI 111 10 pl'llllillli a, c seu exército exultante, descontente
t 11 I 111 1,11111111111,aclamou-o imperador. em 360. Constante
!tI" '1"1' /I revolta 8C disseminasse, e Juliano tomou o
1111 '111I.11[1111tll'lrUIlH' rlc sangue.
1 til 111'""1'1"1 1"" f/lll111 inuu tnl por ua apostasia, sua volta
I' ' I I II 111" 1111'1111111111111I10,roi 11111Iruca 8 . O mundo
11 110li, I 1111111111III 111tli1.lldo () Crt tianismo
I lI,d, 111 111 tll\ Itllldl IlIililllH'H Juliano foi
I I I I 1'11 li, 11111111/11111111dllllllMilldo mor-
1"1 fi I 111111til 111,\, () l'xÍ'rcito aprcs-
I 11111 10111111II 1111 1'"1'11111',chamado Joviano,
I' I I 1111111tIIlt li. 111"1. de trinta anos, cedendo-
1II 'I' I I I 11I IlIltill tlLI Arrnênia, No princípio da
I 1111111,/ tI\ illllll 1l101'f'('U.
111 11111111,o I' 1'lTilo aclamou o General Valentiniano,
1'11 1I I 11 11\'1 111111110 cid .nte c deixou seu subserviente
ti, 111, r umn co-imp rador no Oriente. O reinado de
I I I 1'" 111111um marco na história européia. Embora
I 11I I 101" , 111111dI' tituído de competência, êle era impopular,
I 11ti 11I 1111•.11!lItlO um herege ariano, e teve de enfrentar revoltas
1111I 1Ii11 () ponto crucial ocorreu quando os visigodos, pres-
1111111" 111'10 hunos, obtiveram permissão para se instalarem
,111111ti tllI império, e tôda a nação atravessou o'Danúbio. Foi
'I '''"11'1'0 dlt~ invasões bárbaras. Os gôdos logo sedesenten-
I, I 11111'011I as autoridades imperiais e marcharam sôbre Cons-
IIIIIIIIIIJI/U, Valente saiu a enfrentá-Ios, recusando-se aesperar
ti 1111rlio nviado pelo imperador ocidental, Graciano, filho de
/lI, 111in iuno, e encontrou a derrota ea morte em Adrianópolis,
1111:1711.
"tiS desastre teve piores conseqüênciaspara o Ocidente do
'1"1 para o Oriente. Graciano escolheu para sucessor de seu tio.
11ospanhol Teodósio, a quem a posteridade agradecida chamou
"l'eorlósio, o Grande. Com seu tato, pacificou os gôdos, fazendo
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dêles servos úteis do Estado. Ortodoxo entusiasta,impôs restri-
ções aos pagãos e heréticos, e no Segundo Concílio Ecumênico,
em Constantinopla, em 381, impôs a unidade ao mundo cristão.
Em 387 celebrou nôvo e satisfatório tratadocom a Pérsia, divi-
dindo a Armênia. Em392 passou a controlar o Ocidente, após
a morte de Graciano, de seuirmão Valentiniano II e de um
usurpador, Eugênio, e pela última vez um homem governou o
mundo, da Bretanha aoEufrates. Ao morrer, em 395, deixou o
império a seus filhos - oOriente para Arcádio e o Ocidente para
Honório. Q reinado de Teodósio marcara o comêço de~ma nova
era para o Império Romano, quese tornara o Império Ortodoxo ..
Com sua morte, Leste e Oeste separaram-se para sempre.
O século V viu o declínio do império no Ocidente, batido
pelas invasões bárbaras, e até a abdicação de RômuloAugústulo
em 476, e a morte de Júlio Nepos em 480, ninguém no Ocidente
teve o título de imperador. O império do Oriente teve melhor
sorte. Consolidado .]LeIa obra de Teodósio o Grande, e com uma
capital invencível, parecia aos bárbaros demasiado forte para ser
atacado. Visigodos, hunos e ostrogodos cruzaram sucessivamente
o Danúbio, mas acabaram preferindo buscar fortuna no Ocidente,
sem que essas invasões tivessem muito efeito sôbre o bem-estar
material do Oriente, até que em 439 os vândalos se estabeleceram
na Africa e lançaram, de Cartago, uma esquadra que destruiu
o monopólio romano do mar. Os portos do Mediterrâneo, habi-
tuados a umasegurança que durara séculos, tiveram de construir
fortificações, e Constantinopla foi obrigada a enfrentar o pro-
blema dos vândalos.
Na dinastia de Teodósio, Arcádio (395-408),Teodósio 11
(408-450), durante cujo longo reinado o poder foi exercido prin-
cipalmente por sua irmã Pulquéria e pelo marido nominal de
Pulquéria, Marciano (450-457), os bárbaros foram, apesar de
muitos momentos de ansiedade, desviados para outros canais.
Isso foi possível em grande parte graças à diplomacia de Teo-
dósio I, cuja paz com a Pérsia mostrava-se duradoura. Mesmo
assim, a segurança só foi conquistada a um certo preço: a defesa
do império contra os bárbaros foi feita por mercenários e gene-
rais bárbaros. Quando Marciano morreu, um ariano, o General
Áspar, era a figura mais poderosa do império. Sua heresia e sua
origem impediam-lhe o acesso ao trono, e indicoucomo substituto
um dos oficiais de seu exército, denome Leão. Leão I (457-474)
só conseguiu libertar o império dos soldados gôdos convocando
as tropas asiáticas, principalmente isáurias, cujo comandante,
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Tarasicodissa, fêz batizar novamente como nome de Zenão,
dando-lhe como espôsa sua filhaAriadne. Com a morte de Leão
subiu ao trono Leão H,filho de Zenão e Ariadne, quefaleceu
após poucos meses de reinado,deixando o império parao pai.
Zenão (4.74-491) reinava ainda quando os imperadoresoci-
dentais já haviam desaparecido. Oficialmente, assumiu êle o
contrôle de todo o império, masembora Odoacro e,após êle,
Teodorico, o Ostrogodo, fôssem nominalmente seusvice-reis,
nunca procurou exercero domínio do Ocidente. Quando Zenão
morreu, sua viúva Ariadnenomeou para sucedê-Io um nobre rico,
Anastásio (491·518), cuja natureza ponderada muito contribuiu
para restaurar as finanças,que nos últimos anos haviam recebido
pouca atenção.
No século V o império teve outras preocupações,além dos
bárbaros. Foi um períodovital para a história do cristianismo
ocidental. Â rivalidnd ntrc as grandes sésde Alexandria c
ÂHlioqllill ir. t fuzin sont ir havia algum tempo, eAlexandria
11111I"IVIl , 1111lilot'lIt,julllUdu pelo ínto de que ao nôvo patriarca-
do d, (:011IlIlItilloplll rC,rll rludu pr c xlência sôbre o seu, no Se-
/(1It1do COIl 'ílio E(,lI!)1~ni'o. No início do século uma querela
outr T ófilo d Alexandria e João Crisóstomo de Constanti-
11 pia quase resultava num cisma. A vitória coube a Teófilo,
embora Crisóstomo tivesse sido mais tarde vingado. Na década
qu vai de ,1,30 a 440 Alexandria voltou ao ataque, sob a chefia
do Patriarca Cirilo. Nestório, patriarca antióquio de Constan-
tinopla, caíra em heresia,segundo se dizia,separando Deus e
() Homem em Cristo. A família imperial e a Sé Romana apoia-
ram Cirilo, e no Terceiro Concílio Ecumêncio, em Éfeso, em
1\,32, o nestorianismo foi condenado. Seus adversários,porém,
foram ainda mais longe,promulgando uma doutrina da natureza
una-de Cristo por um obscuro arquimandrita, Êutiques,e que foi
aceita pela escola de Alexandria. Para resolver a questão, o
Imperador Marciano convocou o Quarto Concílio Ecumênico em
Calcedônia, em 451. Marciano ansiava por manter-se em bons
têrmos políticos com Roma, e o Papa Leão, o Grande, opunha-se
fortemente ao movimento. Sob a influência imperial, o euti-
quianismo ou monofisismo foi condenado como herético.
O concílio de CaIcedônia constituiu o ponto-chave da his-
tória do império no Egito e na Síria. O cristianismo monofi-
sita adaptava-se ao temperamentooriental, e logo igrejas mono-
fisitas, unidas na oposição a Calcedônia, espalhavam-sepelas
províncias. Além disso, a heresia tornou-seo ponto de contacto
27
ntre muitos provincianos quetinham queixas contra aburo-
cracia imperial -- ela representava aexpressão do crescente
sentimento denacionalismo e separatismo. Da dissensão semeada
em Calcedônia resultou a fácil conquista árabeda Síria e Egito,
cêrca de dois séculosmais tarde. A Igreja Armênia também
rejeitou os decretos deCalcedônia, embora suas objeções fôssem
antes constitucionais do que orgânicas. E atémesmo na própria
Constantinopla os heréticoseram numerosos.
Os imperadores da dinastia leonina afastaram-se da posição
de Calcedônia. Zenãofêz uma corajosa tentativa deconcessão,
em seu Henoticon, que não satisfez a ninguém e provocou uma
ruptura com Roma, que Anastásio, um monofisita inconfesso,
não procurou superar. O sudeste, porém, continuava insatis-
feito.
O paganismo, enquanto isso,desaparecera. Em 431 Teodó-
sio 11 impôs restrições ainda maiores aos pagãos, e em438 êlc
afirmava não haver mais um pagão no Império.
" Durante todo o século, Constantinopla cresceu em tamanho
e i-i~ A cidade estendera-sealém dos muros de Constan-
tino, a tal ponto queem 413 o regente Antêmio,no reinado de
Teodósio lI, levantou novas muralhas do Mármara até oChifre
de OUTO, cêrca de três quilômetros a oeste das antigas, para
proteger êsses subúrbios; em 439 o prefeito Ciro construiu mura-
lhas junto ao mar, unindo-as às muralhas que defendiam dos
ataques por terra. Tôda essa fortificação foi reformada após um
terremoto, em 447. O trabalho fêz-se em 60 dias, pelo temor
de uma invasão dos hunos. Ciro,poeta egípcio, teve ainda a
distinção de ser o primeiro prefeito da cidade a baixar ordens
em grego, e não em latim.
• O século VI é dominado pela figura de J ustiniano. Com a
morte de Anastásio, uma intriga sutil e vergonhosa colocou no
trono um soldado ilírio analfabeto, J ustino, que levou para a
côrte seu sobrinho Justiniano - e dentro em pouco êste .lesem-
penh va virtualmente o papelde regente.' Com a morte deJus-
tino em 527, J ustiniano tornou-se imperador. Seu reinado
(527-565) constituiu o auge do Império Romano Cristão." Os
reinos hárbaros no Ocidente, com exceção da Gãlia Franca,
haviam mergulhado numa decadênciaprematura. Justiniano cha-
mou a si a tarefa deretomar a África aos vândalos, aItália aos
ostrogodos eaté a Espanha aos vi"igodos~0 guerracom a
Pérsia irrompeu novamente,e seus exércitos tinham de concen-
28
trarse continuamente noLeste. - Mas, graças ao !!;enIOde seus
generais Belisário e Narses, e à habilidade de seus diplomatas,
a fronteira oriental foi mantida, a África e parte da Espanha
foram conquistadas fi a longa resistência dos ostrogodos, na
Itália, ~esll1oronou. Mais uma vez, o Mediterrâneo eraum lago
romani].iJ ustiniano.dedieou sua atençãotambém aos assuntos
internos~1A administração foi reformada, e sua eficiência como
legislador foi ainda maior,"] No princípio de seu reinado, com-
parou e reviu os códigos ue' Direito Romano e baixou seugrande
Código, em533, monumento de jurisprudência. E,durante todoo
seu reinado, ocupou-se em acrescentar-lhe novas leis(Novellae)
para suprir quaisquer deficiências. Maso imperador além de ser
um conquistador e uma fonte de leis,devia ser também a personi-
ficação da majestade. Por isso, Justiniano empenhou.se em embe-
lezar e fazer mais suntuosa a sua capital.Foi um construtor infati-
gável, tendo erguido o maior triunfo da arquitetura no mundo,
Santa Sofia, a Igreja da Sagrada Sabedoria,o templo que levou
J ustiniano a gabar-se de ter sobrepujado um outro rei-legislador,
Salomão.
Em tôda essa obra Justiniano teve, até 543,o auxílio da
mais notável mulher da época - sua espôsa,a antiga. atriz Teo-
dora. Sua coragem,visão e falta de escrúpulos foram de grande
valia para êle,e o poder por ela desfrutado era maior mesmo
do que ° de seu marido. Divergiam,porém, numa questão poli-
tica: Teodora era monofisita e usou desua influência para obter
o triunfo da heresia. ão teve-êxito, mas enquanto viveu os
monofisitas tiveram a segurança de sua proteção e estímulo. Se
lhe tivessem feito avontade, Egito e Síria poderiam ter conti-
nuado como províncias leais ao império. Mas Justiniano, com
suas ambições ocidentais,temia desagradar o Oesteortodoxo.
Além disso, considerava-se um teólogo, e·o monofisismo nãoo
convencera. Esperava,porém, encontrar uma fórmulainterme-
diária que lhe fôsse possível impor a tôda acristandade. Ele
e Teodora concordavamem que todos,mesmo patriarcas e papas,
deviam seguir a teologia imperial. O Papa Vigílio, que ousou
considerar-se como o repositório daortodoxia, foi punido por
uma longa prisão em Constantinopla,durante a qual acedeu às
ordens. de Teodora, primeiramente, e mais tarde, às de Justi-
niano, Mas foi somente após a morte de Teodora queJustiniano
deu tôda a rédea à sua paixão pela teologiae elaborou uma
fórmula que podia satisfazer aos monofisitas sem infringir os
decretos do Concílio de Calcedônia. Em 553 o Quinto Concílio
29
Ecumênico condenou,por ordem deJustiniano, a abstrusa here-
sia dos Três Capítulos, queêle próprio criara artificialmente
alguns anos antes,e completou a humilhação do papado, Mas
suas tentativas de aproximação com os heréticos não foram
bem recebidas - êles não modificavam suaheresia, preferindo
a perseguição. Mergulhou ainda maisnas sutilezas cristológicas,
em busca de uma solução,convencendo-se cada vezmais da inte-
ligência da política deTeodora, quando não de sua fé.Final-
mente, em 565chegava a uma heterodoxia inegável,morrendo
naquele mesmo ano considerado pela grande maioria de seus
súditos como umherege aftartocatártico (").
A política religiosa de Justiniano conseguiu,pelo menos por
algum tempo, colocar o imperador comoum ditador teológico,
abrindo o precedente de cesaro-papismopara outros imperadores
teólogos. Falhou, porém, em seu objetivo principal. As provín-
cias orientais continuavam insatisfeitas e oOcidente suspeitava
dêle. Êsse descontentamentopoderia não ter sido perigoso se os
provincianos, e na verdade todos oscidadãos do império, não
tivessem um motivo maior de queixa, Os impostos chegavam
a limites intoleráveis. As glórias do reinado de Justiniano, as
conquistas externas, os grandes edifícios, eram extremamente
custosos efinanceiramente pouco produtivos. O queAnastásio
poupara desapareceu ràpidamente, eJuliano teve de aceitar como
ministros os que se mostravam mais competentes na extorsão,
por mais desonestos que seus métodosfôssem, Já em 532 a
habilidade sinistra de seus favoritos, o advogado Tribônjo eJoão,
o Capadócio, provocara os famosos levantes de Nica, em que a
cidade foi incendiada e que só não custouao imperador o trono
pela firmeza da imperatriz. O odiado Joãopermaneceu no poder
até 541, quando Teodoro já não o podiamais suportar. Seus
sucessores, porém, foram igualmente prepotentes. Mais tarde,
também a natureza contribuiu para aumentar as dificuldades do
govêrno de J ustiniano : terremotos,uma série de fomes e a
grande peste de544 reduziram ainda mais as rendas. Houveum
renas cimento da prosperidade comercialdurante as primeiras
décadas do século,e o próprio Justiniano muito contribuiu para
estimular o comércio. Faltava, porém, base, e os lucrosnão
podiam frutificar: o oletor s de impostos estavam sempre a
postos. Os súdito d impê rio se foram cansando e ressen-
tindo.
(*) Ou seja, de uma seita monofisita. (N. do T.)
30
Iustiniano realizou muito. Embelezou o mundo e deu-lhe
um excelente código de leis. Suas conquistas ~viveram a civili-
zação romana no Ocidente, seucesaro-papismojgalvou seus suces-
sores orientais deuma Canossa.)Encerrou, porém, uma amarga
lição moral: a de que o Orientee o Ocidente não se podiam
reconciliar e que as boas finanças representam a base de um
govêrno bem sucedido. Por ignorar essasduas leis, Justiniano
prejudicou irreparàvelmente o império.
~eu reinado marcou também,incidentalmente, o fim do
latim, embora fôsse esta a língua de Iustinianc, e nela tivesse
deixado seugrande código.]Mas nenhuma outra,literatura lati-
na, além disso, se produziu na côrte, e as últimasNovelas foram
promulgadas em grego.~
Justiniano teve como sucessor seu sobrinho Justino lI,que
se casara com a sobrinha de Teodora,Sofia. Procuraram imitar,
sem êxito, seus grandespredecessores. No leste, as guerras per-
s/IE! I rarn um tI ao trc, 110 norte uma nova tribo bárbara, os
ávuros, Iazium }lI' são; no oeste, outra tribo, a dos lombardos,
invadiu uma Itália gasta e apática. Sofia comprou a paz com a
Pêrsia e escolheu um general,Tibério, para suceder ao seu
marido. Em 547, num breveintervalo de lucidez, Iustino adotou
Tibério como filho e coroou-o césar. Em 578Tihério o sucedia
orno imperador (7).
Uma nova era começou com Tibério. O imperialismo da
Casa de Justino desmoronara-se. Tibério compreendeu que o
Oriente é que devia ser salvo do naufrágio.A maior parte da
Itália foi abandonada aos lombardos. Ovice-rei retirou-se para
além dos pantanais invioláveis que cercavam sua capital, Ravena,
e o litoral do sul foi mantido. Roma conquistou sob os papas
uma semi-independência, emboraum comissário imperial ainda
residisse no palácio dosCésaree. Nesse ínterim, sem que o perce-
bessem, a Espanha Imperial voltava às mãos dos visigodos. Ti-
bério foi tolerante para com os hereges e concentrou-se na
expulsão dos persas edos ávaros. Numa corajosa tentativa de
restaurar o ânimo do povo, suspendeu os impostos por um ano
e parece quetentou usar o apoio popular contra a aristocracia
imperialista romana. Em 582, porém, falecia, deixando inaca-
bada sua obra, com os ávaros triunfantes na fronteira do Da-
núbio e os eslavos penetrando comêles. Seu sucessor e genro
(7) Justino coroou-o oito dias antes de morrer.
31
Maurício (582-602) adotou a mesma política. Mantevedistantes
os ávaros e triunfou sôbre a Pérsia. Tentou colocar o império
em melhores condições de defesa, dando aos militares maior
poder na administração provincial, e com uma economia rígida
conseguiu reparar, até certo ponto,as finanças. Seurealismo
austero, porém, exigia muito dos súditos. Os soldados, com sol-
dos reduzido~, não ~podiam suportar o pêso das exigênciasque
lhes eram feitas, Em 602 o exército revoltou-se. Maurício foi
morto e o líder militar Focastornou-se, por sua vez,imperador.
O reinado d~Focas (602-610) foi um pesadelo de anarquia
destruidora e de tirania, invasões externas elevantes internos
até que finalmente Heráclio, filho do governador da África, fêz-se
ao mar para Constantinopla comoum salvador, fundando uma
dinastia que durou cinco gerações.
Com o reinado de Heráclio, o Império Romano ingressa no
bizantinismo. Predominou naquele período uma longa guerra
total contra os persas, guerra que foi uma verdadeira cruzada,
e durante a qual os persas saquearam Jerusaléme invadiram o
Egito, e com auxílio dos ávaros quasecapturaram aprópria
Constantinopola. No final, porém, o reino dos Sassânidas- foi
esmagado para sempre,no ano 628. Mais ou menos namesma
época o reino dos ávaros começou a oscilar, e Heráclio estabe-
leceu suserania sôbre os eslavos que,já então, eram numerosos
na península balcânica. As guerras,porém, haviam sido custosas
e exaustivas, particularmente para asprovíncias monofisitas.
Como seus predecessores, Heráclioprocurou conquistar a ami-
zade dos monofisitas comuma concessãoteológica, adotando a
idéia de que Cristo tinha apenasuma energia, ou de qualquer
modo apenas uma vontade.Mas êsse monoteletismo, embora
tivesse obtido certo sucessoem Constantinopla, e mesmo o apoio
do Papa Honório I, não satisfazia aos monofisitas. Suas quei-
xas políticas e o leal ódio que mantinhampelos decretos de Cal-
cedônia traziam-nos num descontentamento permanente. De qual-
quer forma, a concessão vinha muitotarde. Em 636, o ano no
qual o imperador assinou a Ekthesis, documento que corpori-
ficava a nova crença, travara-se uma batalha na Síria que resul-
tara na perda daquela província parasempre.
No início do século, as tribos da Arábia Central haviam
conseguido unidade políticae inspiração religiosa de um certo
Maomé. A aridez do clima forçava os árabesa expansões perió-
dicas, ealentados poressa nova fôrça e fervor atiraram-se sôbre
32
<L!Jlundo civilizado. Em 634 invadiram, primeiramente, aPales-
tina. Em 636 numa batalhano rio Yarmak derrotaram o grand~
exército que Heráclio conseguira reunir em seu cansado império,
e tôda a Síria ficou à mercê dêles. Em 637, em Kadisaya, supe-
raram as tropas dos Sassânidas,liquidando finalmente o reino
persa na batalha de Nihawand,qu~tro .anos mais. tarde. E~
638 capturaram Jerusalém.Em 641 invadiram o EgIto. Osheré-
ticos, explorados e perseguidos,nada fizeram para preservar o
domínio imperial. Na Síria e Egito saudaram a troca de senhor,
considerando a teologia do Islã mais próxima da sua do quea
teologia de Calcedônia. Somente Alexandria resistiu. Ma~~m
647 aquela fortaleza do helenismo caiu finalmente e suas b:bl~o-
tecas foram entreguesàs chamas. Na época da morte de Heracho,
em 641 o império estava reduzido, com uns poucos postos avan-
çados isolados, à Ásia Menor e à costa halcânica, à província
da África e Sicília. Com exceção da Africa, constituíaêle uma
entidade de língua grega e uma unidade religiosadependente
do patriarcado de Constantinopla. A amputação das gra~~es pro-
víncias heréticas constituiu, no final das contas, um alívio para
os problemas do império. Mas as perspectivas pareciam então
bastante negras.
As décadas que seS ,uiram à..1!!Qrtede Heráclio ã mais
sombrias dahistória bizantina (!l). A ameaça árabe parecia não
ter fim. Tôda a energia do império foi necessária paracon-
servar as montanhas Tauro, limite norte da expansão árabe.
Freqüentemente, êles as atravessavame atacavam a Ásia Menor.
Construíram também uma frota, e em673 se estabeleceram no
Mar de Mármara e anualmente,até 677, atacavam as muralhas
de Constantinopla. No princípio doséculo segui~te,pla~eja;~m
uma grande expediçãopara dar o coup de grace ao impeno,
pela captura de sua capital.Enquanto isso não acontecia, e~pa~-
diam-se para oeste. Em 670começaram a atacar aprovmcia
da África, e em 697 Cartago caía em suas mãos. Dali passaram
à Espanha. Nos Balcãs, os eslavos causavam uma desordem ~er-
manente. São Demétrioteve, mais de uma vez,de salvar mila-
zrosamente sua cidade de Tessalonica das investi das eslavas.Em
b • -
679 surgira um nôvo elemento de desordem, com a mv~sao e o
estabelecimento, ao sul do Danúbio, deuma tribo guerrerra huna,
conhecida como búlgaros. No terreno religioso os imperadores
heraclidas apoiaram durante certo tempo o monoteletismo, mu-
'(8) Até a cronologia se torna duvidosa nesse período.
3
33
dando depois de orientação e convocando o Sexto ConcílioEcumê-
nico, em Constantinopla, em 680, para condenar aquelaheresia.
Um apêndice dêsse Concílio,o Sínodo I n Trullo, estabeleceu o
que deveria ser a constituição e normada Igreja Bizantina.
Os iruperadores da dinastiaheraclida, embora fôssemtodos
homens dotados,não estavam à altura da difícil tarefa de gover-
nar, naqueles tempos. Herác!io deixou o trono a seus filhos Cons-
rantmo lII e Heracleonas, mas a tentativa de aovernar feita
pe!a mãe dêsse último, Martina (sobrinha do m~rido), ~onsti-
tuiu um fracasso. Constantino morreuapós alguns meses e Hera-
cleonas caía pouco depois, sendo sucedido pelofilho do primeiro,
Constante 11(641-668). A maior parte do reinado de Cons-
tante foi dedicada à guerra contra os árabes. Finalmente,
desesperou-se de salvaro Oriente e foi viver na Sicília, apa-
rente~~nte coma intenção de restabelecer o domínio imperial
na lt~ha e fazer deRoma sua capital. Foi, porém, assassinado
em Síracusa antes queseus planos se consubstanciassem. O rei-
nado de seu filho Constantino IV, Pogonato ou o Barbado
(668-685) foi igualmente cheiode guerras. Manteve êleas
defes~s do i~pér~o,embor? tivesse permitido, devido a um ataque
de gota, a mvasao dos búlgaros, O sucessor de Constantino foi
seu fi~o, o j~)Vem Justiniano lI, tirano brilhante em quem não
se podIa. confiar, amante de sangue.Após dez anos de opressão,
Constantmopla levantou-se contra êle, cortou-lhe onariz e
baniu-o para Quersônia na Criméia. Consezuiu porém fuair da. _ , o, 'ó
pnsao e apos dez anos de aventuras entre os bárbaros voltou
a Constantinopla com ajuda dos búlgaros.Nesse meio tempo,
um soldado, Leôncio, reinara de 695 a'698, sendo substituído
po_rum marinheiro, Apsimar, rebatizadocomo Tibério IH, que
caiu com o reaparecimento deJustiniano, cuj a tirania passou
então a não ter limites. Os quersonitas, seusantigos carcerei-
ros, temendo vingança, revoltaram-se soba chefia do General
Bardano, ou Filípico, que em7Il conseguiu destronar Justi-
~iano e condenar à morte suafamília. Filípico, porém, era
mdolente sob todos os aspectos,menos um, o religioso - era
monotelita fervoroso, Apósdois anos de govêrno foi derrubado
p?~ uma ;oI.lspiração palaciana, sendo sucedidopor um servidor
CIVI!, Artêmio, que tomou o nome de Anastásio lI. O império
havia mergulhado no caose os árabes estavam dominando a
Ásia Menor. As tentativas de Anastásio para restaurar aenergia
do exército custaram-lhe apopularidade. A revolta de um regi-
mento levou ao trono em 716um coletor de impostos provinciais,
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obscuro e sem ambições, Teodósio IH,que evidentemente não
pôde controlar a situação. No anoseguinte, frente à ameaça,
o maior general do império, Leão, cognominado o Isáurio,sem
encontrar quase oposição, tomou o govêrno.
O destino dosimperadores isáurios foi salvar o império dos
sarracenos e transformá-lo na melhor organização defensiva
que a cristandade já conheceu. Leão lU l717-740) preservou
triunfalmente a capital durante o grande sítio árabe de 717-718,
e nas últimas zuerras levou os infiéis de volta à fronteira das
b fiTauro. Dedicou-se então à administração, reparouas manças
e desenvolveu umsistema de"temas" - cada "tema" ou provín-
cia foi colocado sob umgovêrno militar, bem supervisionado de
Constantinopla, porém. Seu filho ConstantinoV, a quem deran~
os ásperos cognomes deCabalino ouCoprônimo (9) (740-775), foi
um homem ainda mais notável.Sua habilidade militar e diplomá-
tica esmazou temporàriamente osbúlgaros erepetiu o êxito de seu
pai contra os árabes, no quefoi auxiliado pelo declínio do califado
cmíada. Com energia financeira eadministrativa completou a
obra de seu pai. Mas tanto o pai como o filhotornaram-se os
vilões da história bizantina, graças à sua política religiosa.
Em 726 Leão Hl promulgou um decreto proibindo o culto
das imazens ao qual se seguiu umadestruição geral deícones
'represen~ando Cristo e os santos. Sua razãooriginal era, prová-
velmente, teológica, mas o movimento adquiriulogo uma base
política, como um ataqueà Igreja - particularmente aos ~os-
teiros, cujo crescente poderaumentava pelo fato de possuirem
quadros e imagens sagrados. Sob Constantino V, êle m~smo
teólogo com tendênciasunitárias heréticas, êsseaspectoantímo-
nástico tornou-se bastante acentuado. Os monges estavam na
linha de frente dos iconódulos, oS adoradores de imagens. O
iconoclasmo teve certo êxito na Ásia Menor e entre os soldados,
que em sua maioria eram asiáticos. Encontrou, porém,uma
resistência apaixonada, especialmente na Europa. Motins e le-
vantes ocorreram em Constantinopla, euma grande rebelião com
a subida de Constantino V_ Na Itália,/;movimento foi tão impo-
pular que pouca resistênciaencontraram os lombardos, ao invadi-
rem Ravena e osúltimos distritos imperiais, até que em 751
nada restava ao imperador, aonorte da Calábria., Provocou,
ainda, um rompimento com o papado, de conseqüências pro-
(9) Menino de estábulo,ou chamado das fezes ..
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fundas. Os papas procuraram novos aliados nos francos en-
quanto o império perdia seusúltimos vínculos latinos e s: tor-
nava uma unidade exclusivamentede língua grega.
A Constantino V sucedeuseu filho Leão IV, chamado o
Cazar, por te: sido sua mãe princesa daquela raça turca.Rei-
nou apenas cmcoanos (775-780), sendo substituído pelo filho
d~ ap:nas dez a~lOs,Constantino VI, soba regência da impera-
triz-mãe, a atemense Irene, que, comoeuropéia era iconódula
Em 787 fêz ela a paz com Roma e convocou ; Sexto Concíli~
Ecumênic_o em Nicéia, pararestaurar o culto das imagens. Essa
restauração agradou à Igrejae ao povo comum, mas desaaradou
aos soldados. asiáticos,que se ressentiam dogovêrno d~ uma
mu~her, partIcular~ente q.u~ndo o poderio árabe começava a
reviver, _sob. os cahfa~. Abácidas de Bagdá. Mas ojovem impe-
rador nao tmha habilidade para resistir à mãe e seu caráter
não inspirava respeito. Em 797, apósuma lon:a seqüência de
querelas, Irene finalmente aprisionou seu filho ;eo.ou-o e reinou
s~zinha por cinco anos (797-802). Foi durante'êss; reinado femi-
m~o que o Papa Leão coroou Carlos, o Grande, imperador do
OCIdente.
IA dina~tia isáuria foi seguida por um período de reinos
breves, pontilhado de rebeliões, equando facção militar reto-
mou o poder o icol)oclasmo foi restaurado. Irene foi destronada
p.or s~u ministro do~ro, Nicéforo I'(802-811), excelente
flllan~lsta m~s medíocre soldado amador,que perdeu Creta para
os p~ratas ~rabese teve de enfrentar uma súbita renovação
da força bulgara, bem como as guerras sarracenas. Nicéforo
~orreu numa. batalha contra o príncipe búlgaro Krum, e seu
Illh~ e herdeir o Estauráci? ficou tão seriamente ferido que
~olfe~ .POU?OS meses depois,sendo sucedido pelo cunhado, o
rrco CIVIl Miguel I Rangabé (811-813). lVIiguel I foi derrubado
por .u~a re,.;olta militar organizada porum de seus generais, o
nrm ·nJO Leao. Durante o reinado de Leão V(813-820) o icono-
I'In .mo .roi restabelecido, mais como um movimento políticoe
lIulw/('l"Ical do que como uma concepção teológica. Em 820
1,1'110 ('1'/\ a assinado por outrosoldado, Mizuel fríaio natural
di Iil{lI'io. o , o
A dU~1I li~ amorra, .ou frígia, fundada por Miguel 11, durou
I 1111'10 !I('c'ulo. lVhguel II (820-829) era um iconoclasta
1111114111, 4' irritou ainda mais a Igreja casando-se pela segunda
111111 1111111 llIonja, Eufrosina, filha de Constantino VI. A
I1I4'dl 11 ti rilho, T ófilo (829-842), iconoclasta como o
'111/1
11)til
\ I 'I.
I I
I,.
pai, mas menos ardoroso. Foi bom administrador e patrono da
cultura, e seu reinado presenciou a renascença da cultura secular
e damagnificência artística,grandemente influenciadas pela civi-
lização dos Abácidas deBagdá. Suas guerras contra os árabes,
porém, nem sempre tiveram o mesmo êxito.Após sua morte
em 842, a viúva, Teodora,tornou-se regente do filho, Miguel 111.
Tal como a última imperatriz regente, Irene, Teodora era iconó-
dula, e em 843 restaurou o culto da imagem, para a satisfação
, da grande maioria de seussúditos. A paz religiosa, associadaà
reconstrução política dos isáurios e deTeófilo, trouxe ao Império
um nôvo período de prosperidade. Mas o prudente govêrnode
Teodora foi seguido, em 856, pela extravagânciade Miguel, que
graças a seus hábitos recebeu o nomede Beberrão. Soube,
porém, escolher conselheiros capazes, como seutio Bardas eum
escravo chamado Basílio, que após provocara morte de Bardas,
em 867, assassinou o imperador e assumiu o poder imperial.
Durante o reinado de Miguel 11Ihouve nôvo rompimento com
Roma, provocado pelas ambições em conflitodo Papa Nicolau,
o Grande, e do Patriarca Fócio, luta essa intensificada pela
conversão dos búlgaros e dos eslavos da Europa Central.
No reinado de Basílio Ie seusdescendentes,conhecidos habi-
tualmente sob o nome incorreto de dinastia macedônia(10)
(867-1057), o império atingiu o zênite de sua glória medieval.
A organização interna era bastanteforte para permitir aos im-
peradores um programa deexpansão, enquanto a situação mais
estável de todo o mundo ocidental provocava um crescimento
do comércio, do qual Constantinopla se beneficiou ràpidamente.
Basílio I (867-886) era um generalcapaz: sob seu comando, as
ondas de invasõessarracenas passaram ater resultados favorá-
veis para o império, embora êstes Iôssem,a princípio, reduzidos.
No Ocidente, os árabes haviam assoladorecentemente a Sicília
e o sul da Itália. Basílio deixou a Sicília entregue àprópria
sorte, mas seu generalNicéforo Focas restaurou o poder imperial
na Itália do sul com uma energia desconhecida nos três últimos
séculos. Sob seu filhoLeão VI (11) (886-912), cognominado
o Sábio, tais êxitos militares não continuaram. Houve uma guer-
ra sem sucesso contraos búlgaros, eum desastre ainda maior
( 10) Basílio nasceu no"Tema" Macedõnio, próximo de Adria-
nópolis. Dizia-se armênio de nascimento.
(ll) A paternidade deLeão é duvidosa. Sua mãe foi aman-
te de Miguel lU.
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(:~)mo s~que de Tessalonica, a segunda cidade do império, pelos
piratas arabes de Creta, em 901. Tanto Basílio como Leão
seguiram a mesmapolítica interna, que visava ao fortalecimento
das prerrogativas reaise se opunha às tendências independentes
dos Patriarcas Fócio e Nicolau,o Místico. Para se afastarem dos
odiados iconoclastas, Basílio iniciou e Leão completou uma nova
codificação das leis, promulgando um código, a Basilica, que
p.erdurou até o ~im do império. Leão crioudificuldades para
SI ao casar o dobro de vêzes permitidas pelas leis religiosas,
em busca de um herdeiro homem. Somente sua quartaespôsa
d~u.lhe. um filho. Leão conseguiu estabelecer a legitimidade
desse filho, apesar da oposição eclesiástica, e,após sua morte
a prodigalidade matrimonial que havia mostrado foicondenada:
Seguiu-se no trono Alexandre (912-913)irmão de Leão
e co-imperado- desde a juventude,que passou'a reinar em con-
junto com o filho de Leão, Constantino VlI, conhecido corno
Porfirogêneto, "nascido na Câmara Purpúrea". Com amorte
de Alexandre, após um ano demau govêrno, e após outro ano
de l~au gov.êrno sob um conselhode regência dominado pelo
Patnarca NlColau, o Místico, o govêrno passou às mãos da
mãe de Constantino, Zoé (914-919). Nessa época os búlzaros
chefiados pelo Tzar Simeão, invadiram o império.' As vig~rosa~
tentativas de Zoé para derrotá-los acabaram num desastre que
provocou sua ~ueda. Substituiu-ao Almirante Romano Lecapeno,
que se aproximou do trono e logo passou a controlar Cons-
tantino, a quem casou com sua filha. Romano I (919-944) «0-
vernou bem o império. Fêz uma paz satisfatória com os b6.l-
garos, e seu .general,João Curcuas, iniciou aconquista espe-
tacular do OCIdenteque marcou os cem anosseguintes. A tenta.
tiva de Romano em fundar uma dinastia falhou embora êle
tivesse coroado três de seus filhos.Êstes por fim o' destronaram
mas um mês após sua quedaConstantino VII controlava sózi-
nho o império.
. Sob o govêrno de Constantino VII(9'l5-959) e o de seu
filho Ro.mano II (959-963) continuaram as conquistas orientais.
Creta fOIrecuperada emesmo Alepo foi tomada por algum tempo,
pelo. General ~~céforo Focas,neto do general do mesmo nome que
servira a BasIlIo L Quando Romano II morreu deixando dois
filhos jovens, Basílio II (963-1025) e Constantino VIII (963.
1928), a viúva, a regente temporária Teófano, casou-secom
Nicéforo Focas, que tomou

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