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Recursos em Espécie - Prof Bonício

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0 
 
GUILHERME PERUCHI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECURSOS EM ESPÉCIE 
 
Professor Associado Carlos Alberto de Salles 
e Professor Doutor Marcelo José Magalhães Bonício 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
FACULDADE DE DIREITO 
SÃO PAULO, 2012 
 
1 
 
 
[AULA INTRODUTÓRIA] 
APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO À DISCIPLINA 
 
 
 A. Apresentação 
 A presente disciplina será ministrada por dois docentes: o professor 
Marcelo José Magalhães Bonício, até a data da prova parcial (27 de setembro), e pelo 
professor Carlos Alberto de Salles, em período subsequente. 
 A bibliografia na qual se pode embasar o estudo da matéria é ampla, mas 
o professor indica especialmente o livro de Barbosa Moreira, Comentários ao Código de 
Processo Civil, volume V, editado pela Editora Forense. 
 
 B. Noções introdutórias 
 O sistema recursal civil é parte de um sistema de impugnações regulado 
pelo ordenamento jurídico. As decisões judiciais que não favorecem uma determinada 
parte processual podem ser objeto de impugnações várias. 
 Os recursos são somente uma parte deste sistema, mas não o esgotam. 
Além dos atos recursais, a lei nos apresenta o mandado de segurança, a ação rescisória, 
os embargos à execução, os embargos de terceiro e até mesmo um mecanismo chamado 
de impugnação como possibilidades de contrariar e reverter um ato jurisdicional. 
 Assim sendo, tais mecanismos permitem defender, a partir de uma ideia 
de combatividade, os interesses sociais, jurídicos, econômicos e sociais de um sujeito de 
direito, potencialmente constrangidos por uma decisão judicial. 
 Os recursos, em especial, são regulados por lei e pelo princípio da 
taxatividade, não podendo qualquer parte apresentar um recurso que não esteja 
expressamente previsto no sistema jurídico. 
 
 
2 
 
 
[TEMA 1] 
AGRAVO 
 
 
I. AGRAVO DE INSTRUMENTO 
 
 A. Conceito 
 O nome de agravo de instrumento deriva das regras dispostas nas 
Ordenações do Reino. O conceito de "instrumento" está relacionado ao modo de 
interposição deste recurso: ele é apresentado ao Tribunal competente por meio de cópias 
do processo, as quais passam a formar um instrumento sobre o qual julga a corte. 
 O agravo de instrumento é interposto contra decisões interlocutórias, 
decisões estas que, pelo menos em potencial, geram prejuízo à parte recorrente. São 
exemplos de decisões interlocutórias: decisão de indeferimento de oitiva de testemunha 
(prejuízo potencial), indeferimento de justiça gratuita e deferimento de medida 
liminar/antecipação de tutela (resultados concretos e imediatos na esfera jurídica do 
sujeito de direito). 
 Assim sendo, não cabe interposição de agravo de instrumento contra 
despachos, pois esses não geram efeitos prejudiciais à esfera jurídica da parte. Ou seja, 
decisões cujo conteúdo seja uma ordem de intimação ou o agendamento de uma 
audiência não são passíveis de impugnação por meio desse recurso. 
 
 B. Objetivo 
 O agravo de instrumento visa a reverter uma decisão interlocutória que 
causa prejuízo, seja concreto, real e imediato, ou potencial. O artigo 522, caput, 
prescreve a forma de instrumento no caso de decisões interlocutórias que sejam 
suscetíveis de “causar à parte lesão grave e de difícil reparação”. 
3 
 
 O prejuízo, ao menos em potencial, ressalta a existência do interesse de 
agir. Daí dizer que um mero despacho não é recorrível. 
 
 C. Prazo 
 O prazo previsto para interposição do agravo de instrumento é de 10 dias. 
As exceções estão previstas no artigo 188 do Código de Processo Civil: computa-se em 
dobro o prazo da Fazenda Pública e do Ministério Público para recorrer. Ademais, a Lei 
n.º 1.060/50, em seu artigo 5º, §5º, prevê também prazo em dobro para o Defensor 
Público ou quem exerça função equivalente. 
 Além disso, em caso de litisconsórcio com procuradores diferentes, 
haveria também direito ao prazo em dobro (artigo 191, CPC). Sem embargo, entende a 
jurisprudência de que esse direito somente nasce na esfera jurídica das partes quando 
houver pedido expresso para que os prazos se contem em dobro, não bastando a 
existência da figura processual do litisconsórcio para tal. 
 
 D. Procedimento 
 O recurso se interpõe diretamente ante o tribunal competente (Tribunal 
Regional Federal ou Tribunal de Justiça) através de cópias dos autos do processo. 
 Os documentos que se lhe exigem ao agravante para apresentação do 
recurso estão arrolados no artigo 525 do Código de Processo Civil: 
I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da 
respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados do 
agravante e do agravado; (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995) 
II - facultativamente, com outras peças que o agravante entender úteis. 
 As cópias da decisão agravada (que pode ser apresentada mediante cópia 
do Diário Oficial), da certidão de intimação e das procurações das partes permitem que 
o tribunal conheça do recurso, auferindo a tempestividade e a legitimidade dos 
procuradores em interpor o agravo. 
4 
 
 De acordo com o professor, no tocante à interpretação do inciso II ao 
artigo 525, deve-se ressaltar que, dependendo de cada caso concreto, a facultatividade 
de um documento pode-se converter em obrigatoriedade, dependendo de sua existência 
o conhecimento ou não do agravo pelo tribunal. É dizer, a "falta de peças necessárias ao 
entendimento da controvérsia", argumento bastante utilizado nos acórdãos, ressalta que 
há outros documentos obrigatórios que não aqueles previstos no inciso I do mesmo 
artigo. 
 
 E. Efeitos 
 Interposto o agravo, em tese este terá apenas efeito devolutivo, 
mantendo-se os efeitos da decisão de primeiro grau agravada. Todavia, é interessante 
para parte agravante a obtenção de efeito suspensivo, de maneira a suspender a 
exequibilidade da referida decisão, que pode ser uma liminar de incontornáveis efeitos 
jurídicos (exemplo: paralisação de uma empresa), ou efeito ativo, no caso de a decisão 
agravada negar pedido de prestação positiva (exemplo: hipótese de indeferimento de 
antecipação de tutela)1. 
 Para a obtenção do efeito suspensivo ao agravo, é necessário: 
∝ Pedi-lo, com base no artigo 558 (efeito suspensivo) ou 273 
(efeito ativo, antecipação de tutela), ambos do Código de 
Processo Civil. 
∝ Demonstrar que além do prejuízo imediato ou potencial 
que fundamenta o agravo, existe uma urgência na 
concessão do pedido, muitas vezes associada a uma 
irreparabilidade ou dificuldade de recomposição da 
situação fática atacada. 
∝ Pedir uma audiência pessoal com o desembargador ou 
ministro. Na maioria das vezes a urgência exige um 
despacho com o magistrado. 
 
1
 O efeito ativo não é mais que a antecipação de tutela recursal (artigo 527, III c/c artigo 273, CPC). 
5 
 
 Supondo que o desembargador entenda que não há perigo ou dano 
irreparável, este pode: (i) conhecer do agravo sem efeito suspensivo ou ativo, mantendo 
o efeito devolutivo; (ii) transformar o agravo de instrumento em agravo retido (artigo 
527, II, CPC), uma vez que não enxergue a urgência nem tampouco o prejuízo que 
consubstancia o agravo, “a lesão grave e de difícil reparação”. 
 Reconhecendo-se a configuração de prejuízo e urgência, (iii) conhece do 
agravo com o efeito suspensivo ou ativo, deferindo a liminar pretendida. 
 Tal decisão jurisdicional não é passível de recurso, segundo determina o 
próprio artigo 527, §único, do Código de Processo Civil. Sem embargo, quando nenhum 
recurso é cabível, sempre há a possibilidade de impetrar mandado de segurança, 
devendo-se demonstrar um erro grotesco, vez que o ataque de atos jurisdicionais por 
meio desse remédio constitucional não tem muita aceitação da jurisprudência. 
 
 F. Regras procedimentais específicas 
 Deve-se interpor o agravo de instrumento ante o presidente da Seção de 
Direito Público ou de Direito Privado do tribunal, deacordo com a competência legal. 
Na falta desses, interpõe-se ante a própria presidência do tribunal. Caso seja negado, 
ainda há a possibilidade de recurso ao Superior Tribunal de Justiça ou ao Supremo 
Tribunal Federal. 
 Ademais, pela regra do artigo 526 do Código de Processo Civil, compete 
ao agravante, no prazo de três dias, apresentar ao juiz de primeiro grau que proferiu a 
decisão agravada, cópias do agravo interposto, sob pena de o recurso não ser conhecido. 
Ou seja, a norma jurídica descrita no dispositivo legal cria uma condição de 
admissibilidade para o julgamento do mérito do recurso. 
 Tal exigência permite dar ciência ao juiz e dar oportunidade ao 
magistrado de primeiro grau para que exerça seu juízo de retratação (a reforma da 
decisão). 
 No tocante a essa regra processual, devem-se fazer duas observações: 
6 
 
 Se o juiz se retratar, o agravo será considerado prejudicado, 
uma vez que não mais existirá o interesse de agir recursal. 
 A ausência no cumprimento do artigo 526 precisa ser alegada 
pela outra parte2. Se não o fizer, tampouco pode conhecer de 
ofício o juízo do recurso. Deve-se destacar que tal posição 
não é pacífica, nem tal orientação é a predominante. A 
maioria da doutrina entende que as condições de 
admissibilidade são matéria de ordem pública, podendo-se 
reconhecer de ofício em momento oportuno, o qual seria 
basicamente aquele no qual o juiz presta informações ao 
tribunal e fundamenta a decisão agravada (artigo 527, IV, 
CPC). 
 
II. AGRAVO RETIDO 
 
 A. Conceito e objetivo 
 O agravo retido deve ser interposto contra as decisões interlocutórias que 
não produzem prejuízo processual real ou imediato às partes. Ou seja, não se configura 
a situação de quebra de expectativas no âmbito do processo. Um exemplo é a decisão 
que indefere a realização de uma perícia: ainda que a produção probatória se considere 
importante pela parte, não há prejuízo imediato e real, uma vez que não se sabe o 
resultado da produção de tal prova. 
 Se há prejuízo concreto, não se pode utilizar o agravo retido por falta de 
interesse de agir recursal. É dizer, no caso de perecimento do objeto de prova, caberia 
somente agravo de instrumento. 
 
 
 
2
 A parte contrária pode pedir uma certidão ao cartório do juízo para que esse certifique o incumprimento 
do artigo 526 do Código de Processo Civil naquele processo. 
7 
 
 B. Procedimento 
 O agravo retido não é interposto no tribunal, mas sim ante o próprio juiz 
que proferiu a decisão atacada, e somente será julgado pelo tribunal competente quando 
houver recurso de apelação da sentença. 
 Assim, o julgamento do agravo retido fica postergado ao momento do 
julgamento da apelação, daí a impossibilidade de sua utilização quando configurar-se 
prejuízo imediato e concreto. Ou seja, de acordo com o princípio da eventualidade, o 
agravo é julgado caso o agravante seja derrotado em primeiro grau e, ainda que não, se 
considera importante a reanálise da questão. 
 A peça processual fica retida e apensa ao processo e, em sede de 
apelação, o apelante deve declarar, em suas preliminares de recurso, a existência do 
agravo retido e pedir seu julgamento, sob pena deste não ser conhecido pelo órgão 
colegiado. Se deferido, julga-se prejudicada a apelação e é anulada a sentença, 
devolvendo-se os autos ao juízo de primeiro grau para a realização da perícia, por 
exemplo. 
 É relevante salientar, mais uma vez, que em razões ou contrarrazões de 
apelação, o agravo deve ser suscitado pela parte agravante. Caso não o for, o agravo 
retido não pode ser conhecido pelo tribunal. 
 
 C. Vantagem 
 A principal vantagem do agravo retido é evitar a preclusão, a perda da 
faculdade processual de discutir determinada questão. Assim, mantêm-se vivas as 
possibilidades de rediscussão de várias questões processuais no caso de perda do caso 
em primeira instância. 
 
 D. O agravo retido em audiência 
 O legislador, por medidas de economia e celeridade processual, 
determinou que as decisões proferidas em audiência só podem ser agravadas na forma 
oral, imediatamente no momento em que são enunciadas pelo juiz. 
8 
 
Ainda que sejam raras as decisões significativas proferidas em audiência, 
esse mecanismo, dado seu caráter especialmente dinâmico, exige uma grande atenção 
dos advogados e membros do Ministério Público, uma vez que a ausência do agravo 
gera preclusão da faculdade processual correspondente. Um exemplo deste tipo de 
decisão seria aquela que denega a oitiva de uma determinada testemunha. 
E se houver prejuízo imediato em decorrência da decisão ditada em 
audiência, como aquela que determina a quebra de sigilo bancário do réu ou defere uma 
liminar da parte contrária? O agravo retido oral não tem efetividade para reverter a 
situação jurídica danosa. 
Diante de tal conjunção de fatos, seria possível adotar duas posições: 
1. Impetrar mandado de segurança; 
2. Manifestar-se, perante o juízo, acerca do interesse da parte em 
agravar, impugnar a decisão. O juiz considerará como interposto 
um agravo retido oral. Terminada a audiência, tiram-se cópias da 
ata de audiência e interpõe-se agravo de instrumento ante o 
tribunal competente, alegando que o agravo retido não tem 
interesse recursal, eis que há prejuízo imediato e dano irreparável, 
requisitos objetivos do agravo de instrumento, o qual não está 
previsto na lei neste caso de decisão proferida em audiência. 
 
III. AGRAVO INTERNO 
 O agravo interno está previsto no artigo 557, §1º, do Código de Processo 
Civil3. Interpõe-se contra decisão monocrática do relator que negar seguimento a 
recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com 
súmula ou jurisprudência das cortes superiores. 
 
3
 Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, 
prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do 
Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998) 
§ 1o-A Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência 
dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao 
recurso. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998) 
§ 1o Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente para o julgamento 
do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o processo em mesa, proferindo voto; 
provido o agravo, o recurso terá seguimento. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998) 
 
9 
 
 Tal instituto visa a conferir celeridade ao procedimento e economia 
processual ao sistema, gerando a desnecessidade de levar-se a mesa um recurso que é 
manifestamente inadmissível ou que contraria entendimento sedimentado pelos 
tribunais. O agravo interno, em contrapartida, força o julgamento pela turma do tribunal. 
 
IV. AGRAVO REGIMENTAL 
 O recurso de agravo regimental está previsto no regimento interno de 
cada tribunal do país. 
 No Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, o agravo regimental 
interpõe-se contra decisões que indeferem os pedidos de liminar4. Sendo assim, o 
recurso não pode versar sobre o mérito da questão. Não há sustentação oral nestes casos, 
assim como em nenhum tipo de agravo. 
 Por fim, há que falar da existência do agravo que pode ser interposto 
contra decisão que nega seguimento aos embargos infringentes (artigos 530 e 532, 
CPC). 
 
 
 
 
 
 
4
 [Regimento Interno TJSP] Art. 253. Salvo disposição em contrário, cabe agravo, sem efeito suspensivo, 
no prazo de cinco dias, das decisões monocráticas que possam causar prejuízo ao direito da parte. 
§ 1º Esse recurso também terá cabimento em matéria administrativa prevista em lei e em 
questões disciplinaresenvolvendo magistrado. 
§ 2º Não cabe agravo regimental na hipótese do art. 269 e na fase de exame da admissibilidade 
ou de processamento de recurso extraordinário ou especial. 
§ 3º A petição conterá, sob pena de indeferimento liminar, as razões do pedido de reforma da 
decisão agravada. 
Art. 254. O agravo, processado nos próprios autos, será julgado pelo órgão competente para a apreciação 
do feito originário ou de eventual recurso na causa principal. 
Art. 255. O prolator da decisão impugnada poderá reconsiderá-la; se a mantiver, colocará o feito em 
Mesa, independentemente de inclusão em pauta, proferindo voto. 
10 
 
[TEMA 2] 
APELAÇÃO 
 
 
A. Conceito 
A apelação, prevista no artigo 513 do Código de Processo Civil, é o 
recurso mais complexo e mais importante do sistema. Somente pode ser interposta 
contra sentença, sendo esta de mérito ou meramente terminativa. 
Em virtude de ser interposta exatamente contra a sentença, é relevante 
ressaltar o conceito deste ato jurisdicional. 
A partir de uma prescrição legal (artigo 162, §1º, CPC), a “sentença” 
seria o ato do juiz que implica em uma das situações previstas nos artigos 267 e 269 do 
mesmo diploma legal. Por outro lado, a doutrina processualística sempre conceituou a 
sentença como sendo o ato por meio do qual se extingue o processo. 
No caso de uma decisão que reconhece a ilegitimidade de uma das partes 
coautoras, o conteúdo do ato jurisdicional está de acordo com o artigo 267, VI, o que 
caracterizaria legalmente uma sentença, mas não tem eficácia extintiva do processo. Tal 
decisão é claramente reconhecida como uma decisão interlocutória, pois, ainda que 
tenha conteúdo de sentença, em decorrência dos critérios legais, seu conteúdo é de 
decisão interlocutória, cabendo agravo. 
Assim, é relevante analisar a natureza de sentença não somente por meio 
dos critérios oferecidos pelo Código de Processo Civil, mas também levar em 
consideração o critério tipológico, sob pena de incorrer em erro acerca do recurso certo 
a interpor contra determinado ato jurisdicional. 
A apelação, ao contrário do agravo (na forma de instrumento), é 
interposta ante o juízo de primeiro grau contra decisão que põe fim ao processo. É 
formada por duas partes, a saber: a petição de interposição e as razões recursais. 
Uma parte minoritária da jurisprudência exige uma inovação dos 
argumentos nas razões recursais, quando comparados àqueles elencados na petição 
11 
 
inicial ou contestação. Sem embargo, insta destacar que a inovação de que se trata não 
permite a alegação de fatos novos, mas diferentes teses, argumentos jurídicos e pontos 
de vista. 
 
B. Efeito 
O recurso de apelação geralmente terá efeito suspensivo (artigo 520, 
CPC). A sentença, assim, só poderá ser executada depois que esse recurso seja julgado 
pelo tribunal competente. 
Apenas em sete hipóteses, previstas nos incisos do artigo 520 e cujo rol 
não se considera taxativo (numerus apertus), o efeito suspensivo não estará presente. 
Ademais, há outros exemplos em que a eficácia da decisão apelada não se suspende, 
como no caso do mandado de segurança (14, §3º, Lei n.º 12.016/09). 
 
C. Prazo 
O prazo para interposição da apelação é de quinze dias, contados a partir 
da intimação, que se faz em audiência (artigo 242, §1º, CPC) ou por meio da imprensa 
ou diário de justiça eletrônico. 
Em regra, os prazos são contados com exclusão do dia do começo e com 
inclusão do dia de vencimento (artigo 184, CPC). 
Todavia, o processo eletrônico – autorizado pela Lei n.º 11.419/06, 
submeteu a contagem dos prazos a novos critérios. Bem explica a matéria o professor 
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR5: 
No caso de intimação pelo Diário de Justiça Eletrônico, os prazos serão 
contados segundo as regras comuns já vigorantes para as comunicações de 
atos processuais pela imprensa (art. 236, caput, e 184, §2º). A Lei nº 11.419 
define como data de publicação, para efeito da eficácia de intimação, “o 
primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informaç4ao no Diário 
de Justiça Eletrônico” (art. 4º, §3º). Consequentemente, os prazos, que se 
 
5
 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. V. 1. 52. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2011, p. 261. 
12 
 
abrem em função dessa modalidade de intimação, “terão início no primeiro 
dia útil que se seguir ao considerado como data de publicação” (art. 4º, §4º). 
 
D. Preparo 
Para apelar, segundo as regras estaduais, é preciso recolher 2% do valor 
da causa. Essa guia de recolhimento, que precisa acompanhar o recurso de apelação, é 
denominada de preparo do recurso de apelação (artigo 515, CPC). No ato da 
interposição do recurso, impende demonstrar que o preparo foi feito. Inexistindo o 
preparo, o recurso é julgado deserto (artigo 511, CPC). 
 
E. O contraditório 
Feito o preparo, esse recurso é interposto perante o mesmo juiz que 
proferiu a sentença; portanto, é interposto em primeiro grau de jurisdição. 
Apresentada a apelação, a outra parte é intimada para apresentar as 
contrarrazões a esse recurso, efetivando-se o princípio do contraditório. Ou seja, 
enquanto uma parte pede a reforma ou invalidação da decisão, a outra parte apresenta 
seus argumentos a favor da manutenção do decisum. 
 
F. O exame de admissibilidade do recurso 
O artigo 518 do Código de Processo Civil se aplica a todos os recursos, 
não apenas ao recurso de apelação. Ou seja, sempre haverá o chamado juízo de 
admissibilidade recursal. 
É o juiz de primeiro grau de jurisdição que realiza o exame de 
admissibilidade, antes e depois da apresentação das contrarrazões. Sem embargo, ele 
não é definitivo. O Tribunal, destinatário do recurso, poderá reapreciá-lo. 
Os pressupostos de admissibilidade são: legitimidade, tempestividade, 
preparo e adequação. 
13 
 
Cabe agravo à decisão que nega seguimento à apelação. O recurso 
cabível é o agravo de instrumento, forçando a subida imediata do recurso de apelação 
que se encontrava paralisado em primeiro grau. O tribunal julgará o agravo e, se lhe der 
provimento, apreciará a apelação. 
 
G. O procedimento no Tribunal 
Se em determinado processo em que houve apelação, já havia sido 
interposto um agravo anterior, a apelação será destinada à mesma turma que julgou o 
agravo, não por questões de atribuição de competência pelo Código de Processo Civil, 
mas por regras regimentais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Ou seja, 
reconhece-se que, quando já houver sido distribuído agravo, a turma fica preventa para 
julgamento do recurso de apelação. Na Justiça Federal de São Paulo tem-se a mesma 
dinâmica. 
 
H. Questões importantes quanto à apelação 
 
� Quanto à matéria de fato, é vedada a inovação no recurso de apelação. 
Ou seja, o objeto da lide já se definiu pelos fatos narrados na petição 
inicial ou na contestação, não se admitindo a introdução de fato novo no 
processo pelo recurso de apelação. 
Sem embargo, se houve fatos novos no curso do processo, após a 
manifestação das defesas, em tese, permite-se sua alegação em sede de 
apelação (artigo 462, CPC). 
Assim, dificilmente haverá possibilidade de modificação no 
quadro fático do processo, inclusive porque a doutrina pugna pela 
interpretação restritiva e excepcional do artigo 462 do Código de 
Processo Civil, afirmando que o fato novo a que se refere o artigo 462 é 
na realidade o mesmo fato já alegado na petição inicial ou na contestação 
e que sofreu alguma modificação no curso do processo. 
14 
 
 
� E provas novas sobre fato já alegado, isso é possível? Não. Em tese, o 
direito de produção probatória já foi alcançado pela preclusão, são sendo 
possível a apresentação de novas provas no recurso de apelação. No 
entanto, a jurisprudência admite a nova prova documental, pois 
documentos podem ser produzidos a qualquer momento durante o 
processo. 
Qual o motivo dessa complacência jurisprudencial? A prova 
documental será objetode manifestação da outra parte, sendo que esta 
será intimada para contestar a prova apresentada ou apresentar outra, 
submetendo ao contraditório a prova documental ingressa no processo. 
Com esse novo documento espera-se um novo resultado, uma 
nova apreciação do caso concreto. Em circunstâncias excepcionais, o 
tribunal não trabalhará admitirá essa excepcionalidade e mandará excluir 
a prova do processo, dependendo tudo do caso concreto e do poder de 
argumentação das partes. 
� Ainda que não possível a alegação de novos fatos, sempre é possível a 
apresentação de novas teses jurídicas. Qual o fundamento dessa 
possibilidade? A ideia de que o juiz conhece o direito (iura novit curia), 
mas ele não está adstrito aos fundamentos das partes. Assim, o juiz pode 
julgar procedente o pedido do autor com base no Código Civil quando, 
na verdade, o pedido foi fundamentado nas regras do Código de Defesa 
do Consumidor. Da mesma maneira, as partes podem alterar suas razões 
ao apresentar novo recurso. 
 
 
 
 
 
15 
 
[TEMA 3] 
EMBARGOS INFRINGENTES 
 
 
A. Conceito 
Os embargos infringentes são considerados a continuidade do recurso de 
apelação, ainda que também sejam cabíveis contra ações rescisórias. Terão os mesmos 
efeitos que a apelação; assim, se essa tiver efeitos suspensivos, os embargos 
infringentes os terão. 
O conceito dos embargos infringentes está fundamentado em um 
pressuposto: a divergência entre os desembargadores que julgaram um recurso de 
apelação (artigo 530, CPC). A divergência dos votos não deve ter como conteúdo 
questões de admissibilidade do recurso, mas sim seu mérito, objeto. 
Assim sendo, o julgamento do recurso de apelação ou da ação rescisória 
deve ter sido por maioria dos membros da turma, que se compõe de três 
desembargadores (relator, revisor e o terceiro juiz que eventualmente desempata), e não 
por unanimidade. Como a grande maioria dos recursos de apelação é decidida por 
unanimidade, a incidência prática do recurso é baixa, inferior a 5% das causas. 
 
B. Objetivo e fundamento 
O objetivo de tal recurso é valorizar o voto vencido, tentando convencer 
os demais juízes de que aquele é o melhor entendimento a ser seguido pela corte. O 
objeto dos embargos infringentes é, assim, o pedido de prevalecimento do voto 
divergente. 
Seu fundamento é a valorização da harmonia dos julgamentos. 
É relevante ressaltar que, nos tribunais superiores, há um recurso 
semelhante: os embargos de divergência. Este é cabível, sob o mesmo fundamento, 
quando o julgamento de uma turma divergir de outra sobre o mesmo tema. 
16 
 
 
C. Competência para julgar 
A competência para julgamento dos embargos infringentes depende de 
determinação do regimento interno de cada tribunal. Ora a competência pode ser da 
mesma turma que conheceu e julgou a apelação ou a ação rescisória, ora pode ser de 
outra turma ou mesmo da mesma turma com a convocação de outros desembargadores. 
A solução do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (artigo 39, 
RITJSP) é de manter a competência da mesma turma com a convocação de dois outros 
desembargadores, passando o recurso a ser julgado por cinco juízes. O Tribunal de 
Justiça do Estado do Rio de Janeiro adotou regra diversa: os embargos infringentes são 
julgados por outra turma do tribunal. 
 
D. Peça recursal 
Assim como o recurso de apelação e o agravo, os embargos infringentes 
são opostos através de duas petições: a petição de interposição, dirigida ao presidente do 
Tribunal, e a petição de razões, que, dirigida à turma julgadora, expõe os fundamentos 
do recurso. 
 
E. Os limites do recurso: a impossibilidade de inovar 
Os embargos infringentes estão restritos aos limites da divergência 
estabelecida pelos votos dos desembargadores. Ou seja, o embargante não pode ir além 
desses limites sob pena de não ter seu recurso conhecido na parte em que extrapola o 
objeto legalmente permitido. 
Dentro da divergência, podem-se alegar novos fundamentos e teses 
jurídicas, não havendo limitação aos expostos pelo voto divergente. 
 
 
17 
 
F. Hipóteses de cabimento dos embargos infringentes 
i. Só é cabível a oposição de embargos infringentes ao julgamento da 
apelação ou da ação rescisória. 
ii. A decisão do tribunal deve ser por maioria, sendo essencial o voto 
divergente, vencido. A divergência deve estar contida no resultado 
prático da decisão e não em sua fundamentação (exemplo de 
inexistência de divergência: três desembargadores negam 
provimento à apelação, dois por reconhecerem o caso fortuito e um 
por entender não ter ocorrido a prescrição). 
iii. É preciso que se trate de decisão de mérito. Ou seja, ela deve 
atingir o pedido, o direito material subjacente à relação jurídica 
processual, e não mera questão processual (ilegitimidade da parte 
ou falta de pressuposto processual, por exemplo). 
iv. Os embargos infringentes somente são admissíveis em caso de 
reforma da decisão de mérito proferida pelo juízo de primeiro grau 
de jurisdição e não em sua confirmação pelo tribunal. 
Ausentes quaisquer destes pressupostos, que são cumulativos, os 
embargos infringentes não serão conhecidos pelo tribunal. O prazo para oposição é de 
15 dias. 
 
G. Os embargos infringentes e a “teoria do voto médio” 
 A chamada “teoria do voto médio” está relacionada àquelas situações nas 
quais se proferem, no julgamento de uma turma, três votos divergentes. Ou seja, ainda 
que incomum, mas tecnicamente possível, os desembargadores defendem três posições 
distintas e inconciliáveis. 
 Tais fatos ocorriam até os anos 1980 e alguns autores defendiam que, no 
caso de três votos condenatórios (x, y, z), poder-se-ia realizar uma média aritmética 
(x+y+z/3) para chegar-se à decisão da corte. Nestes casos, ambas as partes poderiam 
opor embargos infringentes. 
18 
 
 
[TEMA 4] 
RECURSO ESPECIAL E RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
 
 
I. FUNÇÃO INSTITUCIONAL DOS RECURSOS 
No que toca ao Supremo Tribunal Federal e ao recurso extraordinário, 
tem-se que sua função é a preservação da ordem constitucional. 
Por outro lado, o Superior Tribunal de Justiça nasceu com o objetivo de 
distribuir competências até então unificadas sob titularidade da Suprema Corte, quel 
exercia a função de tutela da ordem constitucional e aquela relativa à proteção da 
integridade e uniformidade da aplicação do direito federal. 
Daí, o Superior Tribunal de Justiça passa a exercer a competência de 
decidir como a legislação federal será interpretada, em quais circunstâncias será 
aplicada, etc., descarregando um pouco as atribuições do STF. 
Os recursos excepcionais ou extraordinários lato sensu não são a terceira 
ou quarta instância no processo civil brasileiro, isso inexiste. Esses dois recursos não 
são como a apelação ou o agravo – são recursos de superposição. Visam a dar efeito à 
legislação federal, incluída a Constituição, de modo que haja uma interpretação e 
aplicação uniforme da lei em toda a jurisdição brasileira. 
 
II. CABIMENTO DOS RECURSOS 
 O cabimento dos recursos é definido constitucionalmente (artigo 102, III, 
e 105, III, CF). 
 As competências dos dois tribunais superiores vêm sendo entendidas, 
pelas duas cortes, de maneira bastante estrita: compreendem que este estabelecimento 
constitucional de competências não é algo sujeito à analogia com finalidade extensiva; é 
dizer, a interpretação da competência delas se faz de modo restritivo. 
19 
 
 Como esta via recursal é excepcional, o cabimento do recurso também é 
verificado de maneira mui rigorosa, de acordo com as hipóteses constitucionais. Pode-se 
dizer que, talvez, a análise da admissibilidade dos recursos extraordinários lato sensu 
seja o momento processual no qual as regras processuais sejam aplicadas de maneira 
mais estrita. O profissional deve estar muito atento a tais regras para demonstrar o 
estrito cabimento desses recursos. 
 O artigo 541 do Código de Processo Civil exige a demonstração do 
cabimento. Este requisito é formal, e necessário. Tem-seque demonstrar, antes mesmo 
de argumentar sobre seu mérito, que o recurso se insere naquelas modalidades de 
cabimento constitucional (artigos 102, III e 105, III, CF). 
 
A. Recurso Extraordinário 
O artigo 102, inciso III, da Constituição Federal, prevê uma “única e 
última instância”. Nessas situações em que se chega ao último grau da jurisdição, o 
Supremo Tribunal Federal pode conhecer do recurso extraordinário. Muitas vezes, 
haverá recurso extraordinário direto contra decisões que não são propriamente de 
tribunais, como nos casos das decisões proferidas pelas turmas recursais no 
procedimento dos juizados especiais cíveis. 
Segundo o artigo 102, inciso III, do documento constitucional, são as 
hipóteses de cabimento do mencionado recurso: 
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única 
ou última instância, quando a decisão recorrida: 
a) contrariar dispositivo desta Constituição; 
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; 
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta 
Constituição. 
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
20 
 
 Ressalte-se que, ao contrário do disposto relativamente ao recurso 
extraordinário - causas decididas em única ou última instância, o inciso III ao artigo 
105, que trata das hipóteses de admissão de recurso especial, confere competência ao 
STJ para julgamento do recurso em causas decididas em única e última instância, pelos 
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e 
Territórios, quando a decisão é recorrível. 
 
B. Recurso Especial 
A Constituição Federal estabelece, em seu artigo 105, III, as hipóteses de 
cabimento do recurso especial. 
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última 
instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos 
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: 
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; 
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei 
federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro 
tribunal. 
Comentam-se tais hipóteses. 
a) Contrariar ou negar vigência a tratado ou lei federal: na 
ordem prática das coisas, é difícil estabelecer quando é 
uma coisa ou outra. É mais difícil haver uma decisão que 
contrarie o texto da Constituição [cabendo recurso 
extraordinário]. O que em geral acontece é uma negativa 
de vigência. Mesmo na alínea c, o recorrente tem que 
indicar o disposto na alínea a. Por isso, a alínea a é a mais 
usada. 
b) Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei 
federal: é mais difícil de se verificar. 
21 
 
c) Der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja 
atribuído outro tribunal: ressalte-se o elemento “qualquer 
outro tribunal”, incluindo principalmente o Superior 
Tribunal de Justiça. Alguns cuidados devem ser tomados: 
na prática, se se tem uma decisão do STJ que é contra 
aquela decisão que se está impugnando, e se sabe que já 
houve decisão mais recente deste tribunal que teria 
superado aquela posição, isso não pode impedir de 
recorrer, porque as decisões do STJ não são tão lineares e 
uniformes. É sempre uma oportunidade de o Superior 
Tribunal de Justiça, se quiser, uniformizar sua 
jurisprudência6. 
 
III. REQUISITOS FORMAIS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS EXCEPCIONAIS 
a. Tempestividade 
O prazo para interposição desses recursos é de 15 dias, segundo previsão 
do artigo 508 do Código de Processo Civil. 
Todavia, há que salientar que, opostos embargos de declaração pela outra 
parte, tal prazo se interrompe, começando a contar-se novamente após o acórdão que 
julgam ditos embargos. 
Neste tocante, como a decisão sobre os embargos integra o acórdão 
recorrido, a Súmula 418 do Superior Tribunal de Justiça determina que, havendo 
recurso especial interposto com julgamento pendente dos embargos declaratórios da 
outra parte, esse é intempestivo se não houver reiteração da parte em sua vontade de 
recorrer. O prazo para reiteração do recurso especial é o de 15 dias contados da 
publicação do acórdão que julga os embargos. 
Outra questão é a do feriado legal, quando este coincidir com o termo 
final de um prazo recursal. Ainda que o tribunal local, o Tribunal de Justiça ou o 
Tribunal Regional Federal, reconheça que estará fechado, é necessário comprovar ao 
 
6
 A mola propulsora do recurso é sempre o recorrente, que provoca o Judiciário a repensar posições. É 
interesse privado da parte. 
22 
 
julgador do tribunal superior, já no momento da interposição do recurso, através de 
certidão, a impossibilidade de protocolo naquele determinado dia, fundamentando a 
suposta intempestividade do recurso. 
 
b. Preparo 
 Para comprovar o preparo do recurso, devem-se juntar as guias de 
recolhimento. 
 Sem embargo, ainda que pareça simples, tal requisito de admissibilidade 
pode apresentar problemas. A Resolução n.º 20/2004, do Superior Tribunal de Justiça, 
exige que se apresentem a guia de preparo e também a guia de porte de remessa e de 
retorno. Há estados, como o Rio Grande do Sul, que ainda exigem uma terceira guia, 
que precisa ser paga ao tribunal de origem para interposição do recurso. 
 Em todas as guias, devem constar o nome das partes e o número dos 
autos do processo, evitando-se fraudes no seu recolhimento. 
 
c. Representação 
 Tal requisito está ligado à capacidade postulatória. O entendimento das 
cortes superiores é que a parte que assina o recurso deve ter poderes para tal, ser 
legítima procuradora da parte no processo. 
 Ainda que a situação deva ser regular no momento da interposição, 
tendo-se que demonstrar a titularidade do poder de representação, sob pena de não 
conhecimento do recurso, há possibilidade de regularização da situação quando o 
processo ainda tramita no tribunal de origem. 
 Insta ressaltar, por outro lado, no que toca ao processo eletrônico, que 
este exige um cartão magnético e uma senha. Assim, além das informações da petição, 
gera-se uma assinatura eletrônica. Esta é um logaritmo criado com base no que se 
escreveu. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça entende que, se quem 
assinou eletronicamente o processo foi outra pessoa que não aquela que está apontada 
por escrito na petição, ainda que tenha procuração nos autos, ter-se-ia um caso de 
23 
 
petição apócrifa, o que impediria o conhecimento do recurso. Porém, há que se ressaltar 
que esse entendimento tende a mudar, afinal, quem assinou tinha poderes. 
 
d. Esgotamento das instâncias ou dos recursos ordinários 
Exige-se que a parte se utilize de todas as vias recursais ordinárias 
disponíveis antes da interposição de um recurso excepcional. 
Por exemplo, no caso de decisão monocrática do relator, nas hipóteses do 
artigo 557 do Código de Processo Civil, caberia agravo interno à turma do tribunal, não 
sendo possível a interposição direta de um recurso especial. O mesmo ocorre no caso de 
a decisão não ser por maioria, cabendo a oposição de embargos infringentes (artigo 530, 
CPC) antes de acesso às vias extraordinárias. 
 
IV. REQUISITOS MATERIAIS DE ADMISSIBILIDADE 
 
A. Fundamentação 
Quanto à fundamentação dos recursos excepcionais, insta ressaltar que, 
segundo entendimento da Súmula 283 do Supremo Tribunal Federal, “É inadmissível o 
recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento 
suficiente e o recurso não abrange todos eles”. 
Ademais, a Súmula 284 do mesmo tribunal dispõe que: “É inadmissível o 
recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata 
compreensão da controvérsia”. 
 
B. Objeto: matéria de direito 
 Tanto no recurso especial quanto no recursoextraordinário, a matéria 
apreciada é apenas aquela de direito, não sendo possível o reexame dos fatos. 
24 
 
 É dizer, “a pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso 
especial” (Súmula 7, STJ) nem extraordinário (Súmula 279, STF). Igualmente, a mera 
interpretação de cláusula contratual tampouco permite o acesso à via especial (Súmula 
5, STJ). 
 No que toca exatamente à interpretação de cláusula contratual, a 
complexidade da vedação sumular encontra seu limite na diferença entre o que é 
interpretação de cláusula e o que é incidência de lei federal sobre determinada cláusula. 
 Da mesma forma, em relação à Súmula 7, haveria uma diferença entre o 
reexame de prova e a revaloração da prova, como no caso de o Tribunal decidir ser a 
perícia insuficiente para esclarecer a questão técnica, sendo caso de nova perícia (artigo 
437, CPC). Na revaloração, o juiz fica externo ao conteúdo da prova, decidindo ser ou 
não a prova suficiente, o que pode gerar violações à lei federal. Nestes casos, poderia 
conhecer o Superior Tribunal de Justiça do recurso da parte. 
 
C. Prequestionamento 
 Este é certamente o requisito mais discutido nos tribunais. As súmulas 
282 e 356 do Supremo Tribunal Federal e os entendimentos sumulados 211 e 320 do 
Superior Tribunal de Justiça são aqueles que consolidaram a jurisprudência destas 
cortes sobre a presente temática. 
 De modo geral, são inadmissíveis os recursos extraordinários lato sensu 
quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada. Em tese, o 
prequestionamento é matéria que, se corretamente colocada, deve estar na preocupação 
da parte desde as alegações finais, já vislumbrando, antevendo uma discussão sobre 
violação à lei federal ou o dispositivo constitucional. 
 Assim sendo, o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de 
Justiça não podem conhecer da matéria que não fora objeto de decisão pelo grau de 
jurisdição inferior, sob risco de supressão de instância. 
 Atualmente, entende-se muitas vezes que o prequestionamento deve ser 
explícito, devendo o decisum recorrido mencionar o artigo de lei alegadamente violado, 
25 
 
ademais de discutir aquela questão específica. Se assim não o é, seria necessária a 
oposição de embargos declaratórios para fins de prequestionamento. 
 Ainda assim, de acordo com a Súmula 211 do Superior Tribunal de 
Justiça, “inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de 
embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal ‘a quo’”, nem sempre sendo 
admissível o recurso ainda que opostos os referidos embargos. Como se poderia 
combater tal situação? Uma das saídas seria alegar, em preliminar do recurso especial 
ou extraordinário, a nulidade do acórdão dos embargos de declaração por violação ao 
artigo 535 do Código de Processo Civil, vez que a turma não analisou a questão 
suscitada em embargos para fins de prequestionamento, deixando de sanar sua omissão. 
 
D. Repercussão geral 
 A EC n.º 45/2004 criou esse requisito de admissibilidade, baseando-se no 
wirt of certiorari do direito norte-americano, o qual é exclusivamente aplicável ao 
recurso extraordinário. 
 O recurso extraordinário, assim, deve apresentar em item próprio e 
destacado sua repercussão geral. Ela deve ser demonstrada a partir da relevância 
jurídica, social ou política da matéria submetida à apreciação da Suprema Corte. 
 Insta ressaltar que a ideia não é bem clara: tem que se demonstrar que 
aquele julgamento tem aplicação que transcende o próprio interesse das partes, que 
atinge o interesse do próprio ordenamento jurídico constitucional, e por isso, talvez a 
importância da matéria não precise ser estritamente jurídica, mas também social, 
econômica, etc. 
 Quanto a tal requisito, trata o artigo 543-A do Código de Processo Civil, 
in verbis: 
“543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não 
conhecerá do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele 
versada não oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo. (Incluído 
pela Lei nº 11.418, de 2006). 
 § 1o Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, 
ou não, de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social 
26 
 
ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. (Incluído 
pela Lei nº 11.418, de 2006). 
§ 2o O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para 
apreciação exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a existência da 
repercussão geral. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006). 
§ 3o Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão 
contrária a súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal. (Incluído pela 
Lei nº 11.418, de 2006). 
§ 4o Se a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no 
mínimo, 4 (quatro) votos, ficará dispensada a remessa do recurso ao 
Plenário. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006). 
§ 5o Negada a existência da repercussão geral, a decisão valerá para 
todos os recursos sobre matéria idêntica, que serão indeferidos 
liminarmente, salvo revisão da tese, tudo nos termos do Regimento Interno 
do Supremo Tribunal Federal. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006). 
§ 6o O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a 
manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos 
do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. (Incluído pela Lei nº 
11.418, de 2006). 
§ 7o A Súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, 
que será publicada no Diário Oficial e valerá como acórdão. (Incluído pela 
Lei nº 11.418, de 2006)”. 
 Segundo o artigo 543-B, §§ 1º e 2º, é possível adotar a sistemática dos 
recursos repetitivos em termos de repercussão geral. Assim, verificando o tribunal que 
há diversas causas com o mesmo objeto e mesma controvérsia jurídica, este pode 
escolher a causa paradigma, que detém os melhores e mais completos argumentos, 
remetê-la ao Supremo Tribunal Federal, obstando o seguimento dos demais recursos até 
a decisão do caso paradigma. Julgado o recurso paradigma, sua decisão submete à 
retratação as câmaras de origem. 
 
V. EFEITOS DOS RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS 
 O recurso especial e o recurso extraordinário não têm, a principio, efeito 
suspensivo. Assim, apresentam efeito devolutivo no estrito cabimento do recurso, ou 
seja, não devolve o conhecimento de toda a matéria para o Tribunal ad quem, mas 
somente a questão circunscrita pela violação da lei federal ou da Constituição. 
27 
 
 Quanto à concessão de efeito suspensivo, o que em geral tem se 
entendido é que caberia seu deferimento por via de cautelar – ação autônoma - ou por 
meio de pedido indireto ao tribunal a quo. O professor Salles tem a impressão de que o 
TJSP prefere o pedido suspensivo, sem cautelar, uma vez que uma cautelar em segundo 
grau de jurisdição geraria a necessidade de nova citação, o que gera grande esforço ao 
órgão jurisdicional. 
 Nos tribunais superiores, tem-se admitido a concessão de medida cautelar 
para determinar efeito suspensivo quando superado o juízo de admissibilidade do 
tribunal a quo. Nesse sentido, dispõe a Súmula 634 do Supremo Tribunal Federal: “Não 
compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito 
suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade 
na origem”. Todavia, em alguns casos, tem-se admitido medida cautelar mesmo quando 
não superado o exame de admissibilidade no tribunal, sendo tal exame de competência 
do presidente do tribunal de origem (Súmula 635, STF). 
 
VI. PROCEDIMENTO 
 Os recursos são interpostos no tribunal a quo, que proferiu a decisão 
impugnada. No Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, como há várias seções, é o 
presidente da seção aquele que tem a atribuição regimental para apreciar a 
admissibilidade do recurso interposto. Pode dar ou negar seguimento ao recurso. 
 Tanto o recurso especial quanto o recurso extraordinário devem ser 
interpostosno mesmo prazo. No caso de interposição de ambos, primeiro será julgado o 
recurso especial e, em caso de decisão improcedente, serão encaminhados os autos à 
Suprema Corte para julgamento do recurso extraordinário (artigo 543, caput, CPC). 
 
VII. RECURSO ESPECIAL E RECURSO EXTRAORDINÁRIO RETIDOS 
 Segundo o artigo 542, §3º do Código de Processo Civil: “O recurso 
extraordinário, ou o recurso especial, quando interpostos contra decisão interlocutória 
em processo de conhecimento, cautelar, ou embargos à execução ficará retido nos 
28 
 
autos e somente será processado se o reiterar a parte, no prazo para a interposição do 
recurso contra a decisão final, ou para as contrarrazões”. 
 Assim, se interpostos contra decisão interlocutória, os recursos 
excepcionais seguem um regime de retenção. É dizer, interpostos, ficam apensados aos 
autos principais e, em futura interposição de recurso extraordinário ou especial, ou em 
sede de contrarrazões, a parte deve alegar, em preliminares, que o recurso seja 
conhecido. 
 
 
[TEMA 5] 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
PARA FINS DE PREQUESTIONAMENTO 
 
 
 São cabíveis embargos de declaração contra quaisquer decisões judiciais 
enquanto se identifique obscuridade, contradição ou omissão em seu conteúdo. 
 Consolidou-se a posição da função dos embargos declaratórios para 
garantir o prequestionamento, quando o acórdão a ser recorrido por recurso especial ou 
extraordinário não explicitar a matéria que será objeto da impugnada por via recursal 
excepcional, ainda que, em tese, saliente-se mais uma vez, o prequestionamento deveria 
ser realizado desde as instâncias inferiores. 
 A oposição de embargos de declaração, nestes casos, tornou-se quase 
obrigatória, somente não o sendo quando o acórdão a ser recorrido é bem claro quanto 
ao objeto de impugnação que trate de violação à lei federal ou à norma constitucional. 
 Há casos, todavia, em que somente no acórdão do tribunal suscita-se a 
questão federal, especialmente quando este reforma a decisão de 1º grau de jurisdição e 
reconhece tese ou argumento que até então era rejeitado. Nessas situações, está atendido 
o requisito do prequestionamento, ainda que, se a situação não se mostra bem clara, seja 
aconselhável a oposição de embargos de declaração para fins de prequestionamento. 
29 
 
 No tocante a esta temática, devem-se ressaltar as seguintes súmulas das 
cortes superiores: 
� É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão 
recorrida, a questão federal suscitada (Súmula 282, STF). 
� O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos 
declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o 
requisito do prequestionamento (Súmula 356, STF). 
� Embargos de declaração manifestados com notório propósito de 
prequestionamento não têm caráter protelatório (Súmula 98, STJ). 
� Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da 
oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal "a 
quo" (Súmula 211, STJ). 
� A questão federal somente ventilada no voto vencido não atende ao 
requisito do prequestionamento (Súmula 320, STJ). 
 
 
[TEMA 6] 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA 
 
 
 Os embargos de divergência constituem um instrumento processual de 
uniformização da jurisprudência dos tribunais superiores. 
 Determina o artigo 546 do Código de Processo Civil, in verbis: 
“Art. 546. É embargável a decisão da turma que: (Revigorado e alterado 
pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) 
I - em recurso especial, divergir do julgamento de outra turma, da seção ou 
do órgão especial; (Incluído pela Lei nº 8.950, de 1994) 
30 
 
Il - em recurso extraordinário, divergir do julgamento da outra turma ou do 
plenário. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 1994) 
Parágrafo único. Observar-se-á, no recurso de embargos, o procedimento 
estabelecido no regimento interno. (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, 
de 13.12.1994)” 
 Assim sendo, cabem embargos de divergência somente nos casos em que 
a decisão de uma turma divergir da decisão de outra turma, seção ou da corte especial 
do Superior Tribunal de Justiça; ou em que a decisão de uma turma divergir de decisão 
de outra turma ou do plenário no Supremo Tribunal Federal. 
 Para a demonstração da divergência, é essencial que se faça um cotejo 
analítico por meio do qual se mostre ao julgador que o acórdão paradigma trata da 
mesma questão que o caso em questão, e que a decisão foi distinta. 
 Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, os embargos de 
divergência caberiam somente contra decisão que trata do mérito recursal. Ademais, 
“não cabem embargos de divergência no âmbito do agravo de instrumento7 que não 
admite recurso especial” (Súmula 315, STJ) e “cabem embargos de divergência contra 
acórdão que, em agravo regimental, decide recurso especial”. 
 O procedimento dos embargos de divergência pode ser assim sintetizado: 
(i) prazo de quinze dias para oposição; (ii) distribuição ao relator de outra turma, da 
sessão ou da corte especial; (iii) admitindo-se os embargos de divergência, intima-se a 
parte contrária para resposta e encaminha-se para julgamento na sessão ou na corte 
especial, a depender da divergência; (iv) inadmitindo-se os embargos, cabe agravo 
regimental. 
 
 
 
 
 
7
 O Código de Processo Civil, ao remeter-se ao conceito de agravo de instrumento, faz referência à sua 
antiga sistemática. Refere-se, neste dispositivo, ao agravo (não mais de instrumento) contra despacho 
denegatório de recurso especial. 
31 
 
 
[TEMA 7] 
AGRAVO CONTRA DESPACHO DENEGATÓRIO DE 
RECURSO ESPECIAL OU RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
 
 
 Em diversos dispositivos do Código de Processo Civil, faz-se referência 
ao agravo de instrumento interposto contra decisão que nega seguimento ao recurso 
especial ou extraordinário. Neste tocante, impende salientar que tal agravo não mais se 
processa na modalidade de instrumento, mas sim nos próprios autos. O Superior 
Tribunal de Justiça o denomina confusamente de “agravo no recurso especial”. 
 Interposto o recurso especial ou extraordinário perante o tribunal a quo, 
seu presidente, vice-presidente ou o presidente de uma das seções – a depender da 
organização judiciária do tribunal – exercerá o primeiro juízo de admissibilidade sobre a 
peça recursal. 
 Havendo um despacho denegatório de seguimento deste recurso, caberá o 
referido agravo. O prazo conferido em dobro aos litisconsórcios somente pode ser 
aproveitado caso ambos recorram. 
 A fundamentação do agravo contra despacho denegatório de seguimento 
de recurso especial/extraordinário deve ter como conteúdo a impugnação das razões do 
não recebimento do recurso, e não a reiteração das razões do recurso excepcional. A 
Súmula 287 do Supremo Tribunal Federal determina a negação de provimento em caso 
de deficiência de fundamentação e o artigo 544, §4º, inciso I, exige a fundamentação 
específica do agravo, sob pena de seu não conhecimento. 
 O objetivo deste recurso é garantir a apreciação do recurso especial ou do 
recurso extraordinário em relação ao qual se negou provimento. Todavia, de acordo com 
o entendimento claro sedimentado na Súmula 289 do Supremo Tribunal Federal, “o 
provimento do agravo, por uma das turmas do Supremo Tribunal Federal, ainda que 
sem ressalva, não prejudica a questão do cabimento do recurso extraordinário”. É dizer, 
o STF mantém a possibilidade de realizar o juízo de admissibilidade do recurso mesmo 
32 
 
após a decisão que dá provimento ao agravo; as questões relativas à admissibilidade não 
precluem, podendo ser reexaminadas pelo tribunal. 
 Por fim, insta ressaltar que, em caso de interposição do tratado agravo, o 
tribunal de origem não aprecia sua admissibilidade, o que seria caracteristicamente 
ilógico. Ou seja, os autos, contendo o recurso especial ou extraordinário juntamente 
com o agravo que ataca a decisão que negou sua admissibilidade,são remetidos 
diretamente à corte superior para sua apreciação. 
 Nesse sentido, “não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo 
Tribunal Federal o agravo de instrumento interposto da decisão que não admite recurso 
extraordinário, ainda que referente à causa instaurada no âmbito dos juizados especiais” 
(Súmula 727, STF). Nestes casos, uma vez se verifique a omissão do tribunal ou do 
órgão do juizado especial, cabe reclamação ao tribunal a que se destina o recurso. 
 Do julgamento do agravo, as decisões que podem ser tomadas estão 
dispostas no artigo 544, §4º, do Código de Processo Civil. Confira-se: 
“§ 4o No Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, o 
julgamento do agravo obedecerá ao disposto no respectivo regimento 
interno, podendo o relator: (Redação dada pela Lei nº 12.322, de 2010) 
I - não conhecer do agravo manifestamente inadmissível ou que não 
tenha atacado especificamente os fundamentos da decisão 
agravada; (incluído pela Lei nº 12.322, de 2010) 
II - conhecer do agravo para: (incluído pela Lei nº 12.322, de 2010) 
a) negar-lhe provimento, se correta a decisão que não admitiu o 
recurso; (incluído pela Lei nº 12.322, de 2010) 
b) negar seguimento ao recurso manifestamente inadmissível, 
prejudicado ou em confronto com súmula ou jurisprudência 
dominante no tribunal; (incluído pela Lei nº 12.322, de 2010) 
c) dar provimento ao recurso, se o acórdão recorrido estiver em 
confronto com súmula ou jurisprudência dominante no tribunal. 
(incluído pela Lei nº 12.322, de 2010)” 
33 
 
 Da análise deste dispositivo legal, resulta evidente o “empoderamento” 
que o legislador ordinário, ao reformar o Código de Processo Civil, concedeu ao relator. 
No caso do inciso II, alínea c, por exemplo, o relator julga o agravo e o recurso especial 
ou extraordinário monocraticamente e na mesma peça. 
 
 
[TEMA 8] 
RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL 
 
 
A. Colocação geral 
O professor ressalta que o recurso se denomina “ordinário” porque, ainda 
que seja conhecido pelo Supremo Tribunal Federal – caso mais geral – ou pelo Superior 
Tribunal de Justiça, este não está encaixado nos moldes do recurso extraordinário lato 
sensu. 
Exerce muitas vezes, segundo se ressaltará, as funções de apelação e, em 
um caso específico, de agravo. 
É interposto contra decisões proferidas pelos tribunais no exercício de 
sua competência originária. 
 
B. Cabimento. Admissibilidade 
Como de competência do Supremo Tribunal Federal e do Superior 
Tribunal de Justiça, seu cabimento está disciplinado pela própria Constituição Federal. 
Em seu artigo 102, inciso II, alínea a, a carta constitucional determina 
que cabe ao STF, in verbis: 
II - julgar, em recurso ordinário: 
34 
 
a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o 
mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais 
Superiores, se denegatória a decisão; 
b) o crime político8; 
 Assim, o Supremo Tribunal Federal teria competência para julgar o 
recurso em habeas corpus, mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção, 
sendo essencial que seja denegatória a decisão do tribunal recorrido. É dizer, a decisão 
deve ter conhecido do mérito e o julgado procedente ou deve ter sido meramente 
terminativa, sem julgamento do mérito. 
Nesse sentido, uma vez tenha sido a ação julgada procedente, a 
autoridade coatora não tem legitimidade para interposição de recurso ordinário 
constitucional, sendo esta exclusiva do impetrante em caso de sucumbência. 
Por outro lado, o documento constitucional, em seu artigo 105, inciso II, 
alíneas a, b, e c, prescreve que é competente o Superior Tribunal de Justiça para: 
II - julgar, em recurso ordinário: 
a) os "habeas-corpus" decididos em única ou última instância pelos 
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do 
Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; 
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos 
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do 
Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; 
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo 
internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente 
ou domiciliada no País; 
 Também nestes casos, no que toca às alíneas a e b, a legitimidade para 
interposição do presente recurso é exclusiva do impetrante dos remédios constitucionais 
quando denegatórias as decisões que julgam suas pretensões. 
 
8
 In casu, vez que se trata de um exame inserido nos moldes do processo civil, não interessa a análise da 
aplicabilidade do recurso ordinário constitucional como aquele que pode ser interposto contra acórdão 
que julga crime político. 
35 
 
 A hipótese prevista na alínea c ao inciso II representa uma 
especificidade. As causas envolvendo Estado estrangeiro ou organismo internacional, de 
um lado, e município ou particular, de outro, são de competência da Justiça Federal em 
primeiro grau de jurisdição. Foi uma clara opção política do legislador em determinar a 
competência da primeira instância para o conhecimento destas causas, haja vista a 
estrutura que apresenta para a instrução probatória, relevante nessas lides9. 
Assim sendo, nestes casos, sendo o juízo de 1º grau o competente para 
conhecimento do feito e o Superior Tribunal de Justiça aquele o tribunal ao qual se 
destinam os recursos, este funciona como um verdadeiro 2º grau de jurisdição, 
analisando o recurso ordinário constitucional em suas funções de agravo e apelação. Ou 
seja, nos casos da alínea c, o referido recurso pode revestir-se de recurso de apelação ou 
de agravo (artigo 539, §único, CPC), a depender do caso. 
Nesta situação específica, a da alínea c, no que toca à sua 
admissibilidade, o recurso ordinário constitucional segue a regra geral de prazo do 
artigo 508 do Código de Processo Civil. Ademais, os requisitos de admissibilidade são 
aqueles dispostos no artigo 540 do mesmo diploma legal e em toda a parte geral dos 
recursos. 
 
C. Efeitos 
O efeito principal do recurso ordinário constitucional é a devolução da 
matéria para o tribunal superior competente. 
Em relação aos efeitos, aplicam-se as regras relativas à apelação (artigo 
515, CPC) e, no caso específico do artigo 105, inciso II, alínea c, da Constituição 
Federal, a depender do caso, também as regras referentes ao agravo. 
O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça analisam a 
matéria de fato, o que é inadmissível em sede de recurso especial ou extraordinário. 
Deve-se ressaltar que a Constituição Federal exige, em geral, que a 
decisão impugnada com recurso ordinário constitucional seja denegatória. Assim, via de 
 
9
 Impende ressaltar que, caso o litígio envolva a União ou Estado federado, o Supremo Tribunal Federal 
julga em única e última instância (artigo 102, inciso I, e, CF). 
36 
 
regra, essas decisões já tem “efeito suspensivo”, vez que não atendem a pretensão 
consubstanciada pela parte na ação constitucional, não havendo fundamento para 
discutir a possibilidade de sua concessão nessa seara. Sem embargo, é possível o efeito 
ativo desde que cumpridas as exigências legais da antecipação da tutela recursal. 
 
D. Procedimento 
Aplicam-se as regras relativas à apelação e ao agravo (artigos 540 e 497, 
CPC), nos casos especificados supra. No caso da alínea c, uma vez sirva o recurso 
ordinário constitucional como agravo, aplica-se o prazo de 10 dias para sua 
interposição, por exemplo. Incide, ademais, nestes casos, a regra que confere a 
possibilidade de juízo de retratação. 
Quais seriam os recursos que poderiam ser interpostos contra a decisão 
que julga o recurso ordinário constitucional? Sem dúvida, salienta Salles, caberia 
recurso extraordinário contra acórdão do Superior Tribunal de Justiça. 
 
 
[TEMA 9] 
RECLAMAÇÃO 
 
 É uma medidaque tem um caráter administrativo mui acentuado: visa a 
garantir a autoridade das decisões dos tribunais, inclusive de suas súmulas vinculantes, 
no caso específico do Supremo Tribunal Federal. 
 Está prevista na Constituição Federal a reclamação como ação 
relacionada à tutela das decisões do Supremo Tribunal e do Superior Tribunal de 
Justiça. Todavia, os regimentos internos dos demais tribunais do país preveem institutos 
semelhantes. No caso do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por exemplo, tem-
se a correição parcial.

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