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Indaial – 2019 Saúde Mental Profª. Carolina Abbud Profª. Luiza Elena Casaburi Profª. Cristiane Regina Scher Prof. Marcus Luciano de Oliveira Tavares Profª. Klauze Silva Profª. Daiane Duarte Lopes 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Profª. Carolina Abbud Profª. Luiza Elena Casaburi Profª. Cristiane Regina Scher Prof. Marcus Luciano de Oliveira Tavares Profª. Klauze Silva Profª. Daiane Duarte Lopes Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Conteúdo produzido Copyright © Sagah Educação S.A. Impresso por: III apreSentação Prezado acadêmico! Bem-vindo à disciplina Saúde Mental. Esta disciplina visa a prover os conhecimentos necessários para a sua atividadeno âmbito da Enfermagem, com pacientes com transtornos mentais de forma humanizada e clinicamente eficiente. Os enfermeiros de saúde mental são responsáveis pelo planejamento e fornecimento de apoio e assistência médica e de enfermagem às pessoas que apresentam uma série de problemas de saúde mental. Os enfermeiros de saúde mental apoiam pessoas com problemas que variam de ansiedade e depressão a transtornos de personalidade e alimentares ou dependência de drogas. Você, acadêmico, deve saber que o bom aprendizado é garantido mediante a adoção de boas práticas: disciplina, organização e definição de um horário de estudos predefinido. Em sua caminhada acadêmica, é você quem faz a diferença! Lembre-se: o estudo é algo primoroso e deve ser realizado de forma rotineira. Aproveite a motivação para iniciar a leitura deste livro. Este livro está dividido em três unidades que contemplam os principais conceitos a serem aprendidos para prática da enfermagem direcionada a pacientes com transtorno mental. A divisão das unidades visa a facilitar o aprendizado e organizar melhor os estudos. Estimamos que, ao término deste estudo, você tenha agregado a sua experiência acadêmica conhecimentos necessários para trabalhar em uma variedade de ambientes de atendimento, com pessoas com diferentes problemas e necessidades, seja auxiliando pessoas com surtos psiquiátricos, depressão ou até mesmo no apoio de mães com problemas de saúde mental pós-parto. Finalizamos com uma dica importante: na área da Saúde, o aprendizado constante é fundamental para formação de um bom profissional. Nunca pare de ler, pesquisar ou estudar os temas relacionados a sua área de interesse. IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE VII UNIDADE 1 – MANEJO NO SOFRIMENTO PSÍQUICO ................................................................1 TÓPICO 1 – UM HISTÓRICO SOBRE A SAÚDE MENTAL ...........................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 EVOLUÇÃO DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL ...........................3 2.1 PRÁTICAS DE ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM DESENVOLVIDAS ANTES E DEPOIS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA ...................................................................3 2.2 PRINCIPAIS ABORDAGENS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL E SEUS FATORES CONTEXTUAIS ....................................................................................................4 2.3 PRÁTICAS DE CUIDADO E MANEJO DE CLIENTES PORTADORES DE SOFRIMENTO PSÍQUICO .........................................................................................................5 3 REFORMA PSIQUIÁTRICA ................................................................................................................8 3.1 DA DECLARAÇÃO DE CARACAS À LEI Nº 10.216, DE 2001: DIRETRIZES PARA REESTRUTURAÇÃO DA ASSISTÊNCIA A PESSOA PORTADORA DE DOENÇA MENTAL ....................................................................................................................8 3.2 MODALIDADES DE ASSISTÊNCIA AO PORTADOR DE DOENÇA MENTAL A PARTIR DA REFORMA PSIQUIÁTRICA ..................................................................................9 3.3 PROGRAMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO DO SISTEMA HOSPITALAR/ PSIQUIATRIA (PNASH/PSIQUIATRIA) ......................................................................................12 4 PROCESSO DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL .............................................................13 4.1 PROCESSO DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL ..........................................................14 4.2 DEFINIÇÕES DAS ETAPAS DO PROCESSO E FORMA DE REGISTRO ..............................15 4.3 COMO REALIZAR AS ANOTAÇÕES E A EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM .....................16 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................18 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................19 TÓPICO 2 – TRANSITORIEDADE PSICOPATOLÓGICA ............................................................21 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................21 2 CONCEITOS DE SAÚDE E DOENÇA MENTAL ..........................................................................21 2.1 CONCEITUANDO A SAÚDE E A SAÚDE MENTAL ...............................................................21 2.2 REFLEXÃO E IMPLICAÇÕES DA CONCEITUAÇÃO DE SAÚDE E SAÚDE MENTAL ...23 2.3 PROMOÇÃO DE SAÚDE MENTAL ............................................................................................24 2.4 A DOENÇA MENTAL E A ZONA CINZENTA QUE A SEPARA DA NORMALIDADE ...25 2.5 FACETAS DA PSICOPATOLOGIA ..............................................................................................26 2.6 AFINAL, O QUE É DOENÇA MENTAL? ...................................................................................27 2.7 FAMÍLIA E SOCIEDADE DIANTE DO ADOECIMENTO MENTAL .....................................293 FUNÇÕES PSÍQUICAS E PSICOPATOLOGIA ............................................................................34 3.1 O EXAME MENTAL E AS FUNÇÕES PSÍQUICAS ...................................................................34 3.2 DEFINIÇÕES DE FUNÇÕES PSÍQUICAS COMPOSTAS .........................................................35 3.3 DELÍRIO, ALUCINAÇÕES E ILUSÃO .........................................................................................37 3.4 PSICOPATOLOGIA NAS SITUAÇÕES COTIDIANA ...............................................................40 4 CORRENTES PSIQUIÁTRICAS E TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS MENTAIS ............43 4.1 CORRENTES PSIQUIÁTRICAS ....................................................................................................43 4.2 O PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR ...................................................................................46 4.3 PARTICIPAÇÃO PROFISSIONAL ................................................................................................47 SuMário VIII 4.4 PARTICIPAÇÃO DO USUÁRIO ...................................................................................................48 4.5 PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA .....................................................................................................48 4.6 TERAPIAS MEDICAMENTOSAS E ELETROCONVULSIVANTES E PSICOTERAPIAS NO TRATAMENTO DO PACIENTE COM TRANSTORNOS MENTAIS ..........................................................................................................................................49 4.6.1 Terapia medicamentosa .........................................................................................................49 4.7 ELETROCONVULSOTERAPIA ....................................................................................................51 4.8 PSICOTERAPIAS .............................................................................................................................53 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................55 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................56 TÓPICO 3 – O CUIDADO E A CLÍNICA ...........................................................................................57 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................57 2 COMUNICAÇÃO TERAPÊUTICA E RELACIONAMENTO TERAPÊUTICO .......................57 2.1 A COMUNICAÇÃO TERAPÊUTICA E SUA INTERFACE COM O RELACIONAMENTO TERAPÊUTICO .......................................................................................58 2.2 APLICAÇÃO PRÁTICA DAS TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO NO RELACIONAMENTO TERAPÊUTICO ........................................................................................63 2.3 VANTAGENS E LIMITAÇÕES DA COMUNICAÇÃO E RELACIONAMENTO TERAPÊUTICO ................................................................................................................................68 2.3.1 Transferência e contratransferência ......................................................................................70 2.3.2 Sinais do relacionamento terapêutico efetivo .....................................................................71 3 INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS I ...............................................................................................73 3.1 O QUE É PLANO TERAPÊUTICO INDIVIDUAL? ...................................................................73 3.2 O PAPEL DO ENFERMEIRO NO PLANO TERAPÊUTICO INDIVIDUAL...........................74 3.3 COMO ELABORAR UM PLANO TERAPÊUTICO INDIVIDUAL? ........................................75 4 INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS II .............................................................................................76 4.1 ETAPAS DO CICLO DE VIDA ......................................................................................................76 4.2 FATORES DE RISCO PARA A SAÚDE MENTAL EM CADA ETAPA DO CICLO DE VIDA ..............................................................................................................................79 4.3 INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS EM SAÚDE MENTAL NAS ETAPAS DOS CICLOS DE VIDA ..................................................................................................................80 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................82 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................83 UNIDADE 2 – TRANSTORNOS MENTAIS E INTERVENÇÕES DA ENFERMAGEM ..........85 TÓPICO 1 – DESORDENS PSÍQUICAS.............................................................................................87 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................87 2 PAPEL DA ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL E PSIQUIATRIA ......................................87 2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA NO BRASIL ...................88 2.2 O ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA ...........................................................................................91 2.3 O ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS EM INDIVÍDUOS ADULTOS................................................................................................................95 3 ORIENTAÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE MENTAL ................................................................97 3.1 EDUCAÇÃO EM SAÚDE: DEFINIÇÕES ....................................................................................98 3.1.1 Conceito de educação em saúde ...........................................................................................98 3.1.2 Conceito de educação na saúde ..................................................................................................98 3.2 CONCEITO DE PROMOÇÃO EM SAÚDE .................................................................................99 3.3 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO EM EDUCAÇÃO EM SAÚDE MENTAL NOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ADULTO E INFANTIL ......................................99 3.3.1 Política Nacional de Saúde Mental ....................................................................................100 IX 3.3.2 O que são os Centros de Atenção Psicossocial? ................................................................100 3.3.3 Quais são as principais ações do enfermeiro em saúde mental nos Centros de Atenção Psicossocial? ......................................................................................102 3.3.4 Atenção à saúde mental de crianças e adolescentes ........................................................103 3.4 AÇÕES DO ENFERMEIRO NO CENTRO DE ASSISTÊNCIA PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E DROGAS ....................................................................................................................104 3.5 AÇÃO DO ENFERMEIRO EM EDUCAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E SAÚDE DA FAMÍLIA ..................................................................................................................................106 4 TEORIA DA CRISE E TEORIA DA PSICODINÂMICA ............................................................107 4.1 A TEORIA DE CRISE ....................................................................................................................108 4.1.1 Intervenção em crises ...........................................................................................................109 4.2 A TEORIA PSICODINÂMICA ....................................................................................................111 4.2.1 O inconsciente .......................................................................................................................1114.2.2 Ego, id e superego.................................................................................................................112 4.3 TRANSFERÊNCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA .................................................................113 4.3.1 Resistência ..............................................................................................................................114 4.3.2 Estágios de desenvolvimento ..............................................................................................114 4.4 USO DA TERAPIA DA CRISE .....................................................................................................115 E DA TEORIA PSICODINÂMICA ....................................................................................................115 4.4.1 Duas abordagens para dois momentos .............................................................................118 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................119 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................120 TÓPICO 2 – QUESTÃO SOCIAL E SAÚDE MENTAL 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................121 2 ÁLCOOL E DROGAS ........................................................................................................................121 2.1 IMPORTÂNCIA DOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL PARA TRANSTORNOS RELACIONADOS AO USO, ABUSO E DEPENDÊNCIA DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ............................................................................................122 2.2 POLÍTICAS NACIONAIS DE SAÚDE MENTAL SOBRE ÁLCOOL E DROGAS ...............126 2.2.1 Política Nacional de Saúde Mental ....................................................................................126 2.2.2 Portaria nº. 336, de 19 de fevereiro de 2002 ......................................................................128 2.2.3 Portaria nº. 1.028, de 1º de julho de 2005 ...........................................................................128 2.3 POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS E ABSTINÊNCIA PARA A RECUPERAÇÃO DE USUÁRIOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ................................................................129 3 SAÚDE MENTAL E TRABALHO....................................................................................................133 3.1 SÍNDROME DE BURNOUT: MANIFESTAÇÕES E CARACTERÍSTICAS ...........................133 3.2 SITUAÇÕES QUE FAVORECEM O SURGIMENTO DE DOENÇAS MENTAIS EM RAZÃO DO TRABALHO ......................................................................................................135 3.3 AÇÕES QUE PODEM REDUZIR CASOS DE DOENÇA MENTAL NO TRABALHO .......140 4 REINSERÇÃO SOCIAL E SAÚDE MENTAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES .................143 4.1 REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL: PROCEDIMENTOS E DESAFIOS ..................143 4.2 REINSERÇÃO SOCIAL: POSSIBILIDADES E DIFICULDADES ...........................................150 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................154 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................155 TÓPICO 3 – ATENÇÃO EM SAÚDE MENTAL ..............................................................................157 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................157 2 O ENFERMEIRO NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA: INTERVENÇÕES EM CRISE ...........................................................................................................157 2.1 SITUAÇÕES DE CRISE PSIQUIÁTRICA E SUAS FASES .......................................................158 2.2 CARACTERIZAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA ..................161 2.2.1 Suicídio ...................................................................................................................................162 X 2.2.2 Substâncias psicoativas ........................................................................................................163 2.2.3 Agitação psicomotora ...........................................................................................................164 2.2.4 Ataques de pânico .................................................................................................................165 2.2.5 Psicose aguda ........................................................................................................................165 2.3 AGITAÇÃO E AGRESSIVIDADE: DIFERENÇAS E ATUAÇÃO EM CASOS DE CONTENÇÃO BASEADAS NO PARECER DO CONSELHO DE CLASSE DA ENFERMAGEM ......................................................................................................................165 3 PSICOLOGIA SOCIAL E SAÚDE ..................................................................................................168 3.1 PSICOLOGIA SOCIAL E SAÚDE COLETIVA ..........................................................................169 3.2 PSICOLOGIA SOCIAL, POLÍTICAS DE AÇÃO EM SAÚDE E PROMOÇÃO DA SAÚDE .....................................................................................................................................170 3.3 PSICOLOGIA SOCIAL DA SAÚDE CRÍTICA ..........................................................................172 4 CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL E PSIQUIATRIA À PESSOA SUBMETIDA À PSICOFARMACOTERAPIA .............................................................173 4.1 PRINCIPAIS GRUPOS PSICOFARMACOLÓGICOS E SUAS INDICAÇÕES ....................174 4.1.1 Ansiolíticos ............................................................................................................................174 4.1.2 Antidepressivos ....................................................................................................................175 4.1.3 Antipsicóticos ........................................................................................................................176 4.2 IMPREGNAÇÃO NEUROLÉPTICA: FISIOPATOLOGIA E TRATAMENTO ......................177 4.3 INTERVENÇÕES E ORIENTAÇÕES NOS CASOS DE PSICOFARMACOTERAPIA.........180 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................183 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................184 UNIDADE 3 – RELAÇÕES EMOCIONAIS E O ESTIGMA SOCIAL ........................................185 TÓPICO 1 – COMPORTAMENTO MENTAL E RELACIONAMENTO FAMILIAR ...............187 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................187 2 GENÉTICA DO COMPORTAMENTO ..........................................................................................187 2.1 CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS NORMAIS ......................................................187 2.1.1 Inteligência ...................................................................................................................................187 2.1.1.1 Fatores ambientais que podem influir na inteligência .................................................188 2.1.1.2 Memória ....................................................................................................................................189 2.1.1.3 Tipos ....................................................................................................................................189 1.1.1.4 Bases anatômicas e moleculares ......................................................................................1912.1.1.5 Transtornos da memória...................................................................................................194 2.1.2 Personalidade ........................................................................................................................195 2.1.3 Homossexualidade ...............................................................................................................197 3 A RELAÇÃO DA FAMÍLIA COM O INDIVÍDUO COM TRANSTORNO MENTAL .........200 3.1 O PAPEL DA FAMÍLIA NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM TRANSTORNOS MENTAIS .........................................................................................................200 3.2 TRANSTORNOS RELACIONADOS A SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS: A INSERÇÃO DA FAMÍLIA NO TRATAMENTO ...................................................................203 3.4 DIFICULDADES DA FAMÍLIA NO TRATAMENTO DO PACIENTE COM TRANSTORNOS MENTAIS E TRANSTORNOS RELACIONADOS A SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ...................................................................................................207 4 PERFIS TÍPICOS DE INDIVÍDUOS COM PERTURBAÇÃO BORDERLINE E ANTISSOCIAL DA PERSONALIDADE E COM PERVERSÃO SEXUAL ..............................210 4.1 TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE E DIAGNÓSTICO ................................................210 4.2 PERFIL PSICOLÓGICO E COMPORTAMENTAL DE CRIMINOSOS ..................................212 4.2.1 Transtorno da personalidade antissocial ..........................................................................212 4.2.2 Transtorno da personalidade borderline .............................................................................214 4.2.3 O comportamento crimininal ..............................................................................................216 4.3 CRIMES SEXUAIS E TRANSTORNOS MENTAIS ...................................................................217 XI RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................220 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................221 TÓPICO 2 – COMPORTAMENTO PSÍQUICO...............................................................................223 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................223 2 FATORES DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ........................................................223 2.1 NOÇÕES DE COMPORTAMENTO ...........................................................................................223 2.2 FATORES DETERMINANTES NO ESTUDO DO COMPORTAMENTO .............................227 3 A PSICOLOGIA DO COMPORTAMENTO DESVIANTE ........................................................231 3.1 COMPORTAMENTO DESVIANTE ............................................................................................231 3.2 AVALIAÇÃO DE INDIVÍDUOS COM COMPORTAMENTOS DESVIANTES ...................235 3.3 COMPORTAMENTO DESVIANTE E ESTRUTURA SOCIAL ...............................................239 4 O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO E A FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE ................242 4.1 A CULTURA HUMANA E A CONSTRUÇÃO DO SER SOCIAL ..........................................242 4.2 A SUBJETIVIDADE DO UNIVERSO PSÍQUICO E A RELATIVIZAÇÃO DOS PAPÉIS SOCIAIS ............................................................................................................................243 4.3 PROCESSOS CONSTITUINTES DO SER POR MEIO DO SOCIAL ......................................244 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................247 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................248 TÓPICO 3 – INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL ..............................249 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................249 1 NEUROFARMACOLOGIA: TRANSTORNOS DE ANSIEDADE ...........................................249 1.1 CARACTERIZAÇÃO DO TRANSTORNO DEPRESSIVO E DE ANSIEDADE ...................250 1.1.1 Sintomas de depressão ...............................................................................................................250 1.1.2 Sintomas de ansiedade .........................................................................................................250 1.2 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS ..............................................................................................251 1.2.1 Mecanismos de ação ...................................................................................................................251 1.2.2 Considerações clínicas para fármacos antidepressivos ...................................................253 2 SERVIÇOS DE ATENDIMENTO EM SAÚDE MENTAL E PSIQUIÁTRICO .......................255 2.1 A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL E A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO BRASIL .......................................................................................................255 2.2 A ASSISTÊNCIA EM SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO ATUAL BRASILEIRO..............260 3 INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM À PESSOA COM MANIFESTAÇÕES DE DEMÊNCIA, COMPORTAMENTO DECORRENTE DE ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS ..........................................................................................................263 3.1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA TRANSTORNOS DECORRENTES DE ESQUIZOFRENIA .....................................................264 3.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA TRANSTORNOS DO HUMOR, DA PERSONALIDADE E DE ANSIEDADE .....................266 3.2.1 Transtornos do humor .........................................................................................................267 3.2.2 Transtornos da personalidade ............................................................................................268 3.3 TRANSTORNOS DE ANSIEDADE ............................................................................................269 3.3.1 Cuidados de enfermagem ao paciente com transtornos do humor, da personalidade e de ansiedade .......................................................................................270 3.4 FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NA DOENÇA DE ALZHEIMER ...................................................................271 3.4.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................272 3.4.2 Manifestações clínicas e intervenções de enfermagem ...................................................273 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................275 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................276 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................277 XII 1 UNIDADE 1 MANEJO NO SOFRIMENTO PSÍQUICO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • Diferenciar as práticas de assistência usadas pela enfermagem antes e depois da Reforma Psiquiátrica. • Identificar as principais abordagens de cuidado em saúde mental e os seus fatores contextuais. • Conhecer as práticas de cuidado e de manejo dos clientes portadores de sofrimento psíquico. • Conhecer a legislação que definiu as diretrizes da Reforma Psiquiátrica. • Identificar as diversas modalidades de assistência à pessoa com transtorno mental previstas na Reforma Psiquiátrica.• Aplicar o Programa Nacional de Avaliação do Sistema Hospitalar/ Psiquiatria (PNASH/Psiquiatria). • Descrever o processo de enfermagem em saúde mental. • Definir histórico de enfermagem, diagnósticos de enfermagem, planejamento/prescrição de enfermagem. • Realizar anotações e evolução de enfermagem utilizando nomenclatura específica da área. • Denifir saúde e saúde mental. • Explicar o que é doença mental. • Discutir a aceitação e o tratamento dados pela sociedade ao indivíduo com doença mental. • Relacionar o exame mental com as funções psíquicas. • Explicar delírio, alucinações e ilusão e suas características. • Identificar a psicopatologia nas situações cotidianas a que as pessoas estão expostas atualmente. • Distinguir as diferentes correntes psiquiátricas. • Discutir o plano terapêutico singular. • Descrever as terapias medicamentosas, as eletroconvulsivantes e as psicoterapias no tratamento do paciente com transtornos mentais. • Definir os conceitos de comunicação terapêutica e relacionamento terapêutico. • Explicar como a comunicação terapêutica pode ser aplicada na prática com o paciente com transtornos mentais. • Identificar limitações, aspectos éticos e vantagens da comunicação terapêutica e do relacionamento terapêutico aplicados na saúde mental. • Definir plano terapêutico individual. • Identificar o papel do enfermeiro no plano terapêutico. • Elaborar plano terapêutico individual. 2 PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – UM HISTÓRICO SOBRE A SAÚDE MENTAL TÓPICO 2 – TRANSITORIEDADE PSICOPATOLÓGICA TÓPICO 3 – O CUIDADO E A CLÍNICA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA • Conhecer as etapas do ciclo de vida e sua relação com a saúde mental. • Identificar os fatores de risco para a saúde mental em cada etapa do ciclo de vida. • Descrever as intervenções terapêuticas em saúde mental nos diversos ciclos de vida: crianças, adolescentes, adultos jovens e idosos. 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 UM HISTÓRICO SOBRE A SAÚDE MENTAL 1 INTRODUÇÃO As práticas de assistência de enfermagem foram bastante impactadas pela Reforma Psiquiátrica, a qual buscou trazer tratamento mais humanizado para o paciente com transtornos de saúde mental. Várias foram as mudanças trazidas por esta reforma, desde a utilização de uma nova abordagem no tratamento de saúde até a implantação de novas medidas apoio, como a adoção dos CAPSs. Neste tópico estudaremos as mudanças trazidas pela Reforma Psiquiátrica no que diz respeito à assistência de enfermagem, abordaremos as práticas de cuidado e manejo de clientes portadores de sofrimento psíquico, bem como as ações a serem realizadas pelo enfermeiro no processo de enfermagem em saúde mental. 2 EVOLUÇÃO DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL O paciente portador de sofrimento psíquico durante muito tempo foi tratado de forma impessoal, evitando a aproximação ou a criação de vínculo durante a assistência. Felizmente, os estudos na área evoluíram, buscando uma prática assistencial acolhedora e humanizada e trazendo aos profissionais da saúde a necessidade de compreender o paciente e o seu sofrimento, com o intuito de ajudá-lo na promoção da saúde mental. 2.1 PRÁTICAS DE ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM DESENVOLVIDAS ANTES E DEPOIS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA A Reforma Psiquiátrica, que ocorreu em 2001, possibilitou que a assistência à saúde mental fosse reestruturada para proporcionar ao paciente em sofrimento psíquico um atendimento humanizado, que trouxesse dignidade e identidade a estas pessoas, antes esquecidas em residenciais asilares, hospícios e manicômios, sem a interação com a sociedade. UNIDADE 1 | MANEJO NO SOFRIMENTO PSÍQUICO 4 Leia sobre as mudanças que ocorreram nas práticas de enfermagem no artigo “A importância da reforma psiquiátrica na mudança do paradigma da assistência de enfermagem em saúde mental prestada ao portador de sofrimento mental”, escrito por Cedro e Souza (2010). O texto está disponível em: <bit.ly/2u6x4yY>. ATENCAO Com a reforma, ainda é proposto que se trabalhe com a promoção da qualidade de vidas destes pacientes, incentivando os familiares a participarem do processo terapêutico, fortalecendo as relações familiares e auxiliando os que também precisam de assistência. Por mais que a Reforma Psiquiátrica já tenha entrado em vigor há muitos anos, o processo de mudança de concepção dos profissionais tem uma tendência de ser efetivada mais tardiamente, por precisar desenvolver novos conhecimentos, habilidades e atitudes, que antes da reforma não eram aceitas ou praticadas. Os novos enfermeiros, que virão com uma visão mais acolhedora, por realizarem sua formação com esta perspectiva, devem comprometer-se em ajudar na manutenção deste movimento para que os pacientes em sofrimento mental sejam tratados dignamente como seres humanos. 2.2 PRINCIPAIS ABORDAGENS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL E SEUS FATORES CONTEXTUAIS Os contextos de atuação da enfermagem são diversos, isso porque o enfermeiro é um profissional que pode trabalhar na promoção da saúde em todas as etapas do ciclo de vida e onde estes usuários estiverem inseridos. Partindo deste princípio, é possível que o enfermeiro de uma geriatria ou de uma clínica estética tenha que gerenciar situações em que o paciente com saúde mental diminuída surte ou entre em crise. Um exemplo desta situação pode ser o de um paciente que está na clínica estética para fazer lipoaspiração As práticas de enfermagem anteriores à Reforma Psiquiátrica eram feitas baseadas em um atendimento mecânico, não afetivo e distante do paciente, excluindo-o da sociedade. Após a Reforma Psiquiátrica, as práticas assistenciais reorganizadas trouxeram uma visão humanista em que os profissionais da saúde, incluindo os de enfermagem, foram incentivados a trabalhar com o acolhimento destes pacientes, com foco em gerar vínculo entre paciente e serviço, facilitando a adesão ao tratamento. TÓPICO 1 | UM HISTÓRICO SOBRE A SAÚDE MENTAL 5 Para saber mais sobre a abordagem do enfermeiro e da equipe de saúde, leia o artigo “Atendimento ao indivíduo com transtorno mental: perspectiva de uma equipe da estratégia de saúde da família”, escrito por Mainarde et al. (2014). O texto está disponível em: <bit.ly/2uFT5Bn1>. INTERESSA NTE A abordagem realizada pelo enfermeiro dependerá dos recursos disponíveis no local de atuação. Uma clínica estética que realiza procedimentos invasivos, como lipoaspiração, possui recursos para atender uma situação de urgência ou emergência psiquiátrica, tendo medicações e equipe. Porém, o que deve ser questionado em um contexto como este é se a equipe do local está preparada para atender uma emergência psiquiátrica, pois não adianta ter os recursos e não possuir o conhecimento. Neste caso, para que consiga atender as eventuais demandas nas diferentes instituições em que atua, seja uma crise de ansiedade ou um surto psicótico, a equipe de enfermagem deve conhecer os recursos materiais disponíveis na instituição. Alguns exemplos desses materiais são a faixa de contenção e os medicamentos. Além disso, outros recursos são as equipes que podem ser acionadas para prestar apoio à emergência, como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil, a Polícia Militar, entre outras que possam identificar as prováveis situações em que o serviço pode receber como demanda de atendimento em saúde mental e capacitar os funcionários para que estejam preparados para essa assistência. A abordagem ideal deve partir desse conhecimento sobre realidades de assistência em saúde mental que o serviço já recebeu e/ou pode vir a receber e definir junto a uma equipe multiprofissional os procedimentos que serão realizados para o atendimentodo paciente. A partir da definição dos procedimentos, a equipe deve ser treinada de forma contínua, buscando estar preparada mesmo sem a ocorrência de algum evento de emergência. 2.3 PRÁTICAS DE CUIDADO E MANEJO DE CLIENTES PORTADORES DE SOFRIMENTO PSÍQUICO As práticas de cuidado com os pacientes devem ser realizadas buscando atender aos pilares da ação terapêutica, que são usados pelos profissionais da e possui medo de agulha. Ao perceber a agulha, ele pode desmaiar simulando, involuntariamente, contrações como se fossem as de uma convulsão, porém com origem diferente, ou seja, causada pelo medo do paciente por agulhas. UNIDADE 1 | MANEJO NO SOFRIMENTO PSÍQUICO 6 FONTE: Gonçalves e Fiore (2011, p. 9). O acolhimento deve ser realizado buscando-se criar vínculo com o paciente que buscou ou foi trazido para atendimento no serviço de saúde, com o objetivo de desburocratizar a assistência, aproximar o indivíduo de um local que sinta confiança em trabalhar suas emoções e autoconhecimento, sendo compreendido de forma empática. Na escuta, o profissional deve fazê-la de forma ativa, prestando atenção na fala do indivíduo, compreendendo e mostrando interesse por esta, fazendo com que ele se sinta importante. O acolhimento é o primeiro contato de aproximação, e a escuta pode não ocorrer em determinados casos, pois o paciente pode ainda não estar pronto para expor seus sentimentos, mas podem ser demonstrados sinais não verbais que representam muito sobre o que o paciente está sentindo. O suporte é a etapa em que os cuidados são inseridos, pensando em iniciar a autorregulação. Ele vai ocorrer manejando uma crise de pânico, por exemplo, na qual o paciente não consegue se expressar, ficando paralisado, e o enfermeiro deve acalmá-lo, utilizando técnicas que o ajudem a relaxar, com uma fala tranquila, suave, fazendo-o buscar em sua memória recursos que o façam se sentir tranquilo e seguro. Podem ser usadas técnicas de respiração e ambientação com uso de luzes e músicas que ajudem o paciente a ficar mais calmo. Na etapa de esclarecimento, o profissional deve falar abertamente sobre como compreende de forma técnica as percepções do paciente, para que este, com a sua vivência dentro da doença, possa refletir sobre as colocações do profissional e contra- argumentar com as suas sensações para que o enfermeiro possa entender sua realidade. Nesta fase ocorre uma troca, na qual será gerada a compreensão de ambas as partes sobre o sofrimento do indivíduo, para que, em conjunto, possam definir ações que irão auxiliar no autocuidado. saúde. Conforme a figura a seguir, é possível identificar quatro pilares, que são: acolhimento, escuta, suporte e esclarecimento. FIGURA 1 – QUATRO PILARES DA AÇÃO TERAPÊUTICA. TÓPICO 1 | UM HISTÓRICO SOBRE A SAÚDE MENTAL 7 Leia sobre os pilares das ações terapêuticas no “Módulo Psicossocial”, elaborado pela Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), disponível no link ou código a seguir: https://goo.gl/eJGuZx DICAS Em situações em que o paciente até agressivo, colocando em risco a si ou a outros, deve-se realizar um manejo com uso de contenção mecânica e química, quando houver. Neste caso a prioridade é a proteção e a manutenção da segurança e as etapas das ações terapêuticas serão aplicadas assim que o surto cessar. O profissional de saúde, antes de ser um profissional, é uma pessoa, e como as outras pode imergir nos movimentos de transferência e contratransferência; no primeiro, são transferidos sentimentos do paciente para o profissional, que podem ser positivos ou negativos; e, no segundo, são transferidos sentimentos do profissional para o paciente, que da mesma forma podem ser positivos ou negativos. Se o profissional perceber que não consegue evitar tais reações, é preciso manter-se afastado para que seus sentimentos não interfiram no resultado do paciente, no que se refere à evolução do seu estado de saúde, e também para que o profissional dê espaço aos seus sentimentos e busque a assistência necessária para autorregulação. Para entender melhor o conteúdo abordado neste texto, leia o artigo “Abordagem da equipe de enfermagem ao usuário na emergência em saúde mental em um pronto atendimento”, escrito por Kondo et al. (2011). O material aborda situações de emergências com o uso de ações terapêuticas e contenção e está disponível em: <bit. ly/2sw9j39>. INTERESSA NTE Os pilares das ações terapêuticas ocorrem em um atendimento de forma concomitante, sem exigir uma regra de aplicação de uma etapa primeiro, sendo uma diretriz para atuação do profissional. UNIDADE 1 | MANEJO NO SOFRIMENTO PSÍQUICO 8 3 REFORMA PSIQUIÁTRICA Desde a década de 1970, os sanitaristas vêm lutando em busca de uma assistência humanizada, o que inclui a saúde mental. Este processo de movimentação da saúde para mudança deu origem à Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que trouxe uma nova visão de assistência ao paciente em sofrimento mental, reestruturando serviços de saúde que já existiam e criando novas modalidades assistenciais para atender o paciente de forma integral (BRASIL, 2001). 3.1 DA DECLARAÇÃO DE CARACAS À LEI Nº 10.216, DE 2001: DIRETRIZES PARA REESTRUTURAÇÃO DA ASSISTÊNCIA À PESSOA PORTADORA DE DOENÇA MENTAL A Reforma Psiquiátrica ocorreu gradativamente no Brasil, iniciando nos movimentos de reforma sanitária em que a população conquistou a saúde como um direito constitucional. Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), a saúde mental da população começou a ser pensada como política, em todos os níveis de atuação. O longo processo de conquista da reforma sanitária passou de uma necessidade isolada da população brasileira, sendo discutida entre as Américas na Venezuela, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tendo o Brasil aceitado as propostas da Declaração de Caracas de reestruturar a assistência na saúde mental para garantir os direitos humanos e civis e a dignidade dos pacientes acometidos por transtornos mentais. A partir da Declaração de Caracas, os movimentos para mudança do modelo de assistência ao portador de doença mental ficaram muito mais evidentes, sendo propostas pelo governo mais ações de desinstitucionalização do portador de doença mental. Na II Conferência Nacional de Saúde Mental, que ocorreu em 1992, começaram a ser regulamentadas algumas ações que já haviam sido iniciados, com êxito, para assistir o portador de doença mental fora do hospital, de forma que o paciente conseguisse viver em sociedade e pudesse buscar novas perspectivas de vida. Nesse momento, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPSs) começam a funcionar de forma regulamentada, sendo implantados em outros locais do país, além de São Paulo, na cidade de Santos, onde iniciaram. Em 2002, entra em vigor a Lei nº 10.216, de 2001, que instaurou a Reforma Psiquiátrica como propósito das instituições e profissionais, parametrizando as ações de saúde prestadas ao paciente em sofrimento psíquico e promovendo que fossem seguidas ações de manutenção do direito destes cidadãos (BRASIL, 2001). TÓPICO 1 | UM HISTÓRICO SOBRE A SAÚDE MENTAL 9 O programa De Volta Para Casa foi uma iniciativa criada como alternativa para a manutenção dos direitos dos usuários da assistência prestada. Sua finalidade foi reintegrar à sociedade o paciente que ficou internado por um período muito extenso. DICAS 3.2 MODALIDADES DE ASSISTÊNCIA AO PORTADOR DE DOENÇA MENTAL A PARTIR DA REFORMA PSIQUIÁTRICA A partir da Lei nº 10.216, de 2001, as legislações para definição da assistência ao paciente em sofrimento mental começaram a ser pensadas de forma mais estratégica, identificando de onde sairia a verba de manutenção do serviço, quais serviços seriam prestados para determinada realidade de habitantes de um município e quais serviços seriam prestados nos níveis de atenção primária, secundária e terciária. Em 2002 foi criada a Portaria GM/MS nº 336 do Ministério da Saúde, definindo a atuação do CAPS, sendo nos seguintes moldes: • CAPSI – população municipal de 20.000 a 70.000, atendimento das 8h às 18h, de segunda a sexta, realizando atendimento individual, em grupos, realizando oficinas terapêuticas, visitas domiciliares, atendimento à família e atividades comunitárias para inserção familiar e social. • CAPS II – população municipal de 70.000 a 200.000, com o mesmo horário de atendimento do CAPS I, podendo ter um atendimento estendido até às 21h e com as mesmas atividades do CAPS I. • CAPS III – população municipal acima de 200.000, com o horário de atendimento de 24 horas por dia, com as mesmas atividades do CAPS I, somando apenas a atividade de acolhimento noturno. • CAPSi II – população municipal com cerca de 200.000 ou parâmetro populacional definido pelo gestor local, atendimento voltado a crianças e adolescentes, com o mesmo horário de atendimento do CAPS II e com as mesmas atividades do CAPS I, somando apenas o desenvolvimento de ações intersetoriais. • CAPSad II – população municipal superior a 70.000, atendimento voltado a dependentes químicos, com o mesmo horário de atendimento do CAPS II e com as mesmas atividades do CAPS I, somando apenas o desenvolvimento de atendimento de desintoxicação (BRASIL, 2002). Nesse momento começa a ser consolidada a Reforma Psiquiátrica, idealizada há muitos anos, mas sem ferramentas para efetivação. A partir das definições descritas nesta legislação, foram criados mais serviços assistenciais que apoiassem os usuários que não precisavam de internação, porém, com acompanhamento necessário. UNIDADE 1 | MANEJO NO SOFRIMENTO PSÍQUICO 10 As demandas de atendimento dos CAPSs podem chegar por meio de encaminhamento da Unidade Básica de Saúde (UBS), do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) ou da Estratégia Saúde da Família (ESF), livre demanda ou busca ativa. Mesmo que encaminhem os usuários ao CAPS, as UBSs, os NASFs e as ESFs devem continuar a agir de forma preventiva, promovendo a saúde mental da população do território, evitando o aumento do índice de usuários de drogas e álcool e auxiliando a reduzir os danos dos já dependentes. Em 2011, o governo publicou a Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011, que redefiniu as modalidades de assistência a partir da matriz vista no quadro a seguir. TÓPICO 1 | UM HISTÓRICO SOBRE A SAÚDE MENTAL 11 C O M PO N EN TE Po nt o de A te nç ão N ec es si da de Ex is te nt es D efi ci t Pa râ m et ro I. A te nç ão B ás ic a em Sa úd e U ni da de B ás ic a de S aú de C on fo rm e or ie nt aç õe s da P ol íti ca N ac io na l d e A te nç ão B ás ic a. Eq ui pe s de A te nç ão Bá si ca p ar a po pu la çõ es em si tu aç õe s e sp ec ífi ca s C on su ltó ri o na R ua – P or ta ri a qu e de fin e as d ir et ri ze s de o rg an iz aç ão e fu nc io na m en to d as Eq ui pe s de C on su ltó ri o na R ua Eq ui pe d e ap oi o ao s se rv iç os d o co m po ne nt e A te nç ão R es id en ci al d e C ar át er T ra ns itó ri o 1 - M un ic íp io s c om 3 o u m ai s C T: 1 e qu ip e pa ra c ad a 3 C Ts . 2 - M un ic íp io s c om m en os d e 3 C T (m en os d e 80 p es so as ): a at en çã o in te gr al fi ca p or c on ta d as e qu ip es d e A B do m un ic íp io . N úc le o de A po io à Sa úd e da F am íli a C on fo rm e or ie nt aç õe s da P ol íti ca N ac io na l d e A te nç ão B ás ic a. C en tr o de C on vi vê nc ia II . A te nç ão Ps ic os so ci al Es pe ci al iz ad a C en tr o de A te nç ão P si co ss oc ia l C A PS I M un ic íp io s ou re gi õe s co m p op ul aç ão a ci m a de 2 0 m il ha bi ta nt es . C A PS II M un ic íp io s ou re gi õe s co m p op ul aç ão a ci m a de 7 0 m il ha bi ta nt es C A PS II I M un ic íp io s ou re gi õe s co m p op ul aç ão a ci m a de 2 00 m il ha bi ta nt es C A PS A D M un ic íp io s ou re gi õe s co m p op ul aç ão a ci m a de 7 0 m il ha bi ta nt es C A PS II I M un ic íp io s ou re gi õe s co m p op ul aç ão a ci m a de 2 00 m il ha bi ta nt es C A PS i M un ic íp io s ou re gi õe s co m p op ul aç ão a ci m a de 1 50 m il ha bi ta nt es III > A te nç ão d e U rg ên ci a e Em er gê nc ia U PA /S A M U C on fo rm e or ie nt aç õe s da P or ta ri a da R ed e de A te nç ão à s U rg ên ci as , d e 7 de ju lh o de 2 01 1 IV . A te nç ão Re si de nc ia l d e C ar át er T ra ns itó ri o U A A D U LT O 1 U A (c om 1 5 va ga s) p ar a ca da 1 0 le ito s de e nf er m ar ia s es pe ci al iz ad as e m h os pi ta l g er al po r m un ic íp io U A IN FA N TO -JU V EN IL M un ic íp io s co m m ai s de 1 00 m il ha bi ta nt es e c om m ai s de 2 .5 00 c ri an ça s e ad ol es ce nt es e m po te nc ia l p ar a us o de d ro ga s ilí ci ta s (U N O D C , 2 01 1) . M un ic íp io s co m 2 .5 00 a 5 .0 00 c ri an ça s e ad ol es ce nt es e m p ot en ci al p ar a us o de d ro ga s ilí ci ta s: 1 U ni da de M un ic íp io s co m m ai s de 5 .0 00 c ri an ça s e ad ol es ce nt es e m p ot en ci al p ar a us o de d ro ga s ilí ci ta s: 1 U ni da de p ar a ca da 5 .0 00 c ri an ça s e ad ol es ce nt es C O M U N ID A D E TE RA PÊ U TI C A V. A te nç ão H os pi ta la r LE IT O S 1 le ito p ar a ca da 2 3 m il ha bi ta nt es – P or ta ri a 1. 10 1/ 02 EN FE RM A RI A ES PE C IA LI ZA D A V I. Es tr at ég ia s de D es in st itu ci on al iz aç ão SR T A d ep en de r d o nú m er o de m un ic íp es lo ng am en te in te rn ad os PV C A d ep en de r d o nú m er o de m un ic íp es lo ng am en te in te rn ad os V II . R ea bi lit aç ão Ps ic os so ci al C O O PE RA TI VA S Q U A D R O 1 – M A T R IZ D E M O D A LI D A D E S D E A SS IS T Ê N C IA À S A Ú D E M E N TA L FO N T E : B ra si l ( 2 0 11 ). UNIDADE 1 | MANEJO NO SOFRIMENTO PSÍQUICO 12 Em conjunto, estes serviços formam a rede de atenção psicossocial e atuam dentro de suas especialidades na assistência ao paciente com transtorno mental fortalecendo os cuidados prestados com as possibilidades de serviços existentes para esta finalidade. 3.3 PROGRAMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO DO SISTEMA HOSPITALAR/PSIQUIATRIA (PNASH/PSIQUIATRIA) Para que fosse possível garantir que os serviços hospitalares prestados ao paciente com transtorno mental não retrocedesse, voltando ao tratamento desumano prestado antes da Reforma Manicomial, o governo criou um instrumento de avaliação dos serviços hospitalares prestados, da estrutura e do atendimento. Criado pela Portaria nº 251, de 31 de janeiro de 2002, do Ministério da Saúde, o PNASH/Psiquiatria propõe um diagnóstico anual da qualidade da assistência dos hospitais psiquiátricos conveniados e públicos (BRASIL, 2002a). As avaliações são publicadas pelo governo e as instituições que tiverem pontuação muito baixa podem perder o convênio com o governo. São avaliados diversos fatores, que muitas vezes estão diretamente ligados à assistência de enfermagem, e por esse motivo o enfermeiro deve compreender que uma boa gestão de equipe, recursos e processos de enfermagem pode garantir a continuidade da prestação de um serviço. Veja o informativo feito pelo Ministério da Saúde resumindo as informações sobre o Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares, no qual se inclui o serviço hospitalar em psiquiatria.O informativo está disponível no link ou código a seguir. https://goo.gl/sBt2cq DICAS Para compreender quais são os problemas existentes no serviço, que estão gerando baixo desempenho da equipe ou refletindo de forma negativa, o enfermeiro deve atuar como líder, conversando com a equipe e, em conjunto, achando soluções para melhorar a qualidade dos serviços e a satisfação do paciente. Para o diagnóstico do que deve ser melhorado, pode-se usar ferramentas como o diagrama de Ishikawa, também conhecido como espinha de peixe, no qual se identifica o problema traçando linha horizontal com o problema descrito TÓPICO 1 | UM HISTÓRICO SOBRE A SAÚDE MENTAL 13 e linhas diagonais com as principais causas do ocorrido, se aproximando de uma espinha de peixe, conforme a figura a seguir. FIGURA 2 – DIAGRAMA DE ISHIKAWA FONTE: phoelixDE/Shutterstock.com Para auxiliar a solucionar os problemas encontrados, pode-se usar o Brainstorming, no qual a equipe é incentivada a dar ideias para solucionar os problemas, sem filtrar as informações que vierem, mediando os comportamentos que forem contrários às regras, para, no fim, identificar com a equipe o que é possível fazer a partir do que foi proposto. Para o planejamento de ações pode-se usar a ferramenta 5w2h, que tem origem das expressões em inglês: What (O quê)?, Who (Quem)?, When (Quando)?, Where (Onde)?, Why (Por quê)?, How (Como)? E How much (Quanto)?. Para cada uma das perguntas é informada uma resposta, obtendo em uma planilha o planejamento do que fazer para solucionar determinado problema. O papel do enfermeiro na manutenção da qualidade do serviço prestado ao paciente com transtornos mentais é fundamental, devendo agir de forma ética, garantindo ao cidadão que seja atendido com dignidade em um momento em que precisa de apoio e acolhimento. 4 PROCESSO DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL O processo de enfermagem em saúde mental está relacionado à estruturação do cuidado ao paciente em sofrimento psíquico, de forma que a atuação do enfermeiro seja praticada por meio de uma postura de agente terapêutico, compreendendo o indivíduo e suas necessidades e experiências, para que possa contribuir para a promoção da saúde e do desenvolvimento da autonomia. UNIDADE 1 | MANEJO NO SOFRIMENTO PSÍQUICO 14 4.1 PROCESSO DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL O processo de enfermagem é uma prática do profissional dessa área e deve ser realizada em todas as áreas da atuação do enfermeiro, o que compreende o campo da saúde mental. Essa prática deve ser realizada de forma sistemática e cíclica, ou seja, seguindo a ordem das etapas do processo de enfermagem, e, ao finalizar a aplicação do processo, as etapas anteriores devem ser revisitadas para que o processo de cuidado do paciente em saúde mental seja pensado de forma contínua. As etapas do processo são interdependentes, o que exige do enfermeiro muita atenção e cuidado ao executar cada uma das etapas, pois o sucesso da etapa posterior depende da forma como foram realizadas as etapas anteriores, pois, caso haja um erro, ocorrerão erros em cadeia. Conforme a Resolução 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), o processo de enfermagem tem cinco etapas: • coleta de dados de enfermagem ou histórico de enfermagem; • diagnóstico de enfermagem; • planejamento de enfermagem ou prescrição de enfermagem; • implementação; • avaliação (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2009). O enfermeiro é o responsável por liderar o processo de enfermagem, supervisionar e orientar os técnicos e os auxiliares de enfermagem dentro das ações que são pertinentes a eles no processo, como aferição de sinais vitais, punção, realização de curativo, entre outros. Como ação privativa do enfermeiro, além das ações descritas anteriormente, a realização do diagnóstico de enfermagem e a prescrição de enfermagem são atribuições que apenas esse profissional poderá executar. Confira o que o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) aborda na Resolução 358, de 2009, que dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem. INTERESSA NTE TÓPICO 1 | UM HISTÓRICO SOBRE A SAÚDE MENTAL 15 4.2 DEFINIÇÕES DAS ETAPAS DO PROCESSO E FORMA DE REGISTRO Para executar o processo de enfermagem, o enfermeiro precisa conhecer cada uma das etapas que compõem o processo. Conheça agora como cada uma delas é praticada na atuação desse profissional. A coleta de dados ou o histórico de enfermagem é a primeira etapa do processo de enfermagem realizada para buscar informações sobre paciente, família, doença, contexto social, entre outros fatores que irão interferir no processo de saúde e doença. Para realizar a coleta de dados, pode-se utilizar: busca de informações no prontuário do paciente, em reunião de equipe, conversa com profissionais da saúde que estão atendendo o paciente, observação dos exames, realização da anamnese e exame físico. Com as informações em mãos, o enfermeiro pode compreender melhor o estado de saúde do paciente e passar para a próxima etapa do processo de enfermagem, que é o diagnóstico de enfermagem. O diagnóstico de enfermagem é pensado a partir da análise dos dados coletados, decidindo sobre o conceito diagnóstico que será atribuído ao momento do processo de saúde e doença do paciente. A definição do diagnóstico de enfermagem é realizada baseando-se nos diagnósticos previstos pelo NANDA International, que possui duas partes – uma é o descritor (também pode ser encontrado como modificador) e a outra é o foco diagnóstico, conforme mostra o quadro a seguir. QUADRO 2 – ESTRUTURA DO TÍTULO DO DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM. Modificador Foco no diagnóstico Ineficaz Enfrentamento Ineficaz Desobstrução de vias aéreas Risco de Sobrepeso Disposição para melhorado Conhecimento Prejudicada Memória FONTE: Nanda International (2015, p. 47). Cabe ressaltar que o foco do diagnóstico de enfermagem está voltado ao processo de saúde e doença, e não à doença em si, pois a atuação dos enfermeiros está voltada aos cuidados para a promoção da saúde, e não à cura. Por isso, além de conhecer e identificar o título do diagnóstico de enfermagem, o enfermeiro precisa descrever as características que o levaram a definir o diagnóstico e os fatores relacionados, sustentando o diagnóstico definido. Veja o próximo quadro para compreender a estrutura da descrição do diagnóstico no processo de enfermagem. UNIDADE 1 | MANEJO NO SOFRIMENTO PSÍQUICO 16 QUADRO 3 – ESTRUTURA DO DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM. Termo Descrição breve Diagnóstico de enfermagem Problema, potencialidade ou risco identificado em indivíduo, família, grupo ou comunidade Característica definidora Sinal ou sintoma (indicador objetivo ou subjetivo) Fator relacionado Causa ou fator contribuinte (fator etiológico) FONTE: Nanda International (2015, p. 47). Para saber mais sobre o diagnóstico de enfermagem, leia o livro “Diagnósticos de enfermagem da NANDA – Definições e Classificação 2018-2020. O texto está disponível em: <bit.ly/38eBe6J>. INTERESSA NTE Após definir o diagnóstico de enfermagem, baseando-se nos resultados obtidos, deve-se planejar as ações e intervenções que serão realizadas para auxiliar o paciente a atingir uma qualidade de vida melhor. O planejamento das ações também é conhecido como prescrição de enfermagem. Com o planejamento definido, inicia-se a etapa de implementação, na qual são executadas as ações prescritas pelo enfermeiro. Por fim, o processo de enfermagem precisa ser reavaliado, observando o que o paciente conseguiu desenvolver e evoluir com as ações prescritas pelo enfermeiro, iniciando um novo ciclo do processo de enfermagem por meio da coleta de informações com o paciente, modificação do diagnóstico, quando for pertinente, estruturação de um novo planejamento e implementação das novas ações. 4.3 COMO REALIZAR AS ANOTAÇÕES E A EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM O processo de enfermagem precisa ser registrado no prontuário do paciente para que fiquem evidenciadosos cuidados que estão sendo prestados pela equipe de enfermagem, além de respaldar os profissionais, caso haja denúncia de negligência, por exemplo. Quando o enfermeiro realiza as anotações ou a evolução de enfermagem, deve inserir informações que descrevam o período em que foi realizado o registro, inserindo data e hora, lembrando-se que todo o registro de enfermagem deve ser realizado imediatamente após a realização de procedimentos. TÓPICO 1 | UM HISTÓRICO SOBRE A SAÚDE MENTAL 17 Também deve constar no registro um resumo do que foi coletado quando realizado o histórico de enfermagem, trazendo informações sobre as condições gerais do paciente, ou seja, se está lúcido, orientado e consciente, se está usando algum dispositivo como cateteres ou sonda, suas condições de higiene, seu estado nutricional, suas queixas, seu humor, suas atitudes, a coloração de sua pele, seu ritmo cardíaco, sua ausculta pulmonar, sua percussão e ausculta abdominal, entre outros dados da anamnese e do exame físico. Deve-se descrever o diagnóstico de enfermagem informando o diagnóstico, a característica definidora e os fatores relacionados. Deve-se, também, inserir a prescrição das ações e as intervenções planejadas para o paciente, relatando as orientações que foram passadas a ele e aos seus familiares. Caso o enfermeiro já tenha realizado o processo de enfermagem com o paciente, é possível descrever os resultados obtidos na implementação das ações descritas e as intercorrências que ocorreram ao longo do processo. Essas são informações extremamente relevantes para a reavaliação da conduta dos cuidados prestados pela equipe de enfermagem para redefinir os cuidados que serão oferecidos. Por fim, o enfermeiro deve assinar e inserir o número do Conselho Regional de Enfermagem (COREN), caso não utilize carimbo com o número de registro no Conselho. Lembre-se que o uso do carimbo pelo enfermeiro é facultativo. Todo o registro do processo de enfermagem deve ser realizado com letra legível, sem deixar linhas ou espaços em branco e sem utilizar asterisco para inserir informações ou observações, pois caso essas orientações não sejam seguidas, o registro torna-se inválido e o enfermeiro perde o respaldo das ações desenvolvidas que constam no registro. 18 Neste tópico você aprendeu que: • as práticas de enfermagem anteriores à Reforma Psiquiátrica eram feitas baseadas em um atendimento mecânico, não afetivo e distante do paciente, excluindo-o da sociedade; • após a Reforma Psiquiátrica, é proposta a promoção da qualidade de vida do paciente com o incentivo das relações familiares no processo terapêutico; • os quatro pilares da ação terapêutica são: acolhimento, escuta, suporte, por fim, o esclarecimento; • o marco que efetivou a realização da Reforma Psiquiátrica no Brasil é a publicação da Lei nº 10.216/2001 que trouxe uma nova visão de assistência ao paciente em sofrimento mental, reestruturou os serviços de saúde existentes e criou novas modalidades assistenciais; • o Programa Nacional de Avaliação do Sistema Hospitalar/Psiquiatria (PNASH/ Psiquiatria) foi criado em 2002 pelo Governo Federal com o intuito de garantir a qualidade dos serviços hospitalares dedicados aos pacientes com transtorno mental; • o Processo de Enfermagem é composto por cinco etapas, conforme resolução 358/2009 do CoFEN: coleta de dados ou histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, planejamento ou prescrição de enfermagem, implementação, e avaliação; • o Processo de Enfermagem precisa ser registrado no prontuário do paciente para que fiquem evidenciados os cuidados prestados pela equipe de Enfermagem. RESUMO DO TÓPICO 1 19 1 Descreva, com suas próprias palavras, os quatro pilares da ação terapêutica que devem ser seguidos nas práticas de cuidado com os pacientes. 2 Quais diretrizes/acontecimentos importantes precederam a Reforma Psiquiátrica no Brasil? 3 Qual o objetivo do Programa Nacional de Avaliação do Sistema Hospitalar/ Psiquiatria? Qual o papel do enfermeiro neste programa? 4 Descreva as cinco etapas do processo de enfermagem. AUTOATIVIDADE 20 21 TÓPICO 2 TRANSITORIEDADE PSICOPATOLÓGICA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Para o efetivo tratamento de uma doença mental, é necessário que o profissional da saúde tenha a capacidade de compreender a multitude de fatores envolvidos no seu diagnóstico e análise. Estes fatores, no entanto, não podem ser compartimentados em ideias estanques, como características isoladas entre si, mas, como um conjunto de elementos interdependentes. Neste tópico, estudaremos os conceitos de saúde mental e suas implicações, a importância da família no tratamento de pacientes com transtornos mentais, as funções psíquicas e, por fim, as correntes psiquiátricas e as respectivas estratégias para o tratamento de transtornos mentais. 2 CONCEITOS DE SAÚDE E DOENÇA MENTAL A compreensão sobre a doença mental é fundamental para diferenciar o sofrimento psíquico não patológico e o transtorno mental. Não se deve tratar como patologia o sofrimento comum, que todos passamos ao longo da vida, correndo o risco de fomentar uma indústria da doença. Igualmente errado seria deixar de reconhecer a gravidade e necessidade de intervenção em uma pessoa que padece de um transtorno mental. Assim, é necessário uma análise crítico- reflexiva sobre as visões e preconcepções que parte de nossa sociedade tem sobre o portador de mental e como isso influencia no tratamento e no prognóstico. 2.1 CONCEITUANDO A SAÚDE E A SAÚDE MENTAL Não é possível conhecer completamente uma área do conhecimento sem conhecer a sua história. Ao contrário do que podemos acreditar intuitivamente, o conceito de saúde e de doença são mutáveis e passaram por diversas transformações ao longo do tempo. Tais definições sofrem influência da cultura, da religião, do momento histórico, da política e da ciência. O registro mais antigo da concepção biológica da saúde e da doença foi traçado por Hipócrates no século V a.C. Na obra intitulada Corpus Hippocraticum, UNIDADE 1 | MANEJO NO SOFRIMENTO PSÍQUICO 22 Hipócrates delimita uma clara divisão do processo saúde/doença com a religião: “Eis aqui o que há acerca da doença dita sagrada: não me parece ser de forma alguma mais divina nem mais sagrada do que as outras, mas tem a mesma natureza que as outras enfermidades” (CAIRUS; RIBEIRO JUNIOR, 2005). Tal natura seria de origem biológica, baseado no equilíbrio entre quatro fluidos do corpo: bile amarela, bile negra, fleuma e sangue. Ainda que muito influente, a escola hipocrática não impediu a influência religiosa sobre cuidado em saúde. Em diversos momentos históricos, a doença era considerada uma punição divina pelos pecados cometidos e, portanto, a saúde seria medida pela devoção e obediência aos ditames religiosos. Por exemplo, a masturbação já foi tratada como uma enfermidade provocadora de desnutrição (pela perda de esperma) e de distúrbios mentais. Outro conceito de saúde tem cunho místico e é visto na cultura oriental. Os chakras são vórtices de energia em rotação que ocorrem em sete partes do corpo. A saúde ocorre quando há harmonia nessa energia, enquanto a doença decorre do desequilíbrio nos chakras (CHASE, 2018). Já a homeopatia utiliza da lógica da "cura pelo semelhante". Ela é "[...] uma terapêutica que utiliza preparação de substâncias cujos efeitos exercidos no indivíduo saudável correspondem às manifestações do transtorno no paciente" (FISHER; ERNST, 2015). Comportamentos que fogem ao preconizado pela cultura vigente também já foram tratados como sinal de adoecimento. Nos Estados Unidos do século XIX, o desejo de um escravo fugir ou sua falta de motivação para o trabalho forçado eram diagnosticados respectivamente como “drapetomania" e “disestesia etiópica", ambas “doenças" tratadas com açoite (SCLIAR, 2007). Por fim, em 1948, a Organização Mundial da Saúde forja o seguinte conceito: Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e nãoapenas a ausência de doença. Tal concepção amplia os horizontes do significado de saúde, uma vez que este passa a se alicerçar no tripé físico/biológico, psicológico/mental e social/ cultural. Também amplia a percepção sobre a assistência em saúde, redirecionando o modelo exclusivamente curativista (foca unicamente no tratamento de doenças) para a importância da prevenção de agravos, promoção de saúde e reabilitação. Assim, para existir saúde a nível individual e coletivo, torna-se imprescindível a existência de saneamento básico, o acesso a alimentação saudável, as políticas de imunização, o acesso a lazer e atividade física, a educação em saúde, dentre outros. O governo brasileiro e o Ministério da Saúde não têm uma definição autoral de saúde ou de saúde mental, mas a Constituição Federal de 1988 assegura a universalidade da assistência em saúde em seu art. 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação" (BRASIL, 1988). TÓPICO 2 | TRANSITORIEDADE PSICOPATOLÓGICA 23 Esse direito representa uma ruptura com os modelos de saúde adotados até então, no qual o acesso aos serviços de saúde eram exclusividades dos trabalhadores com carteira de trabalho assinada e seus dependentes. Também assegura que não deverá ocorrer qualquer forma de exclusão por classe social, etnia, idade, credo, orientação sexual, naturalidade ou quaisquer outros motivos. Uma crítica ao artigo 196 da Constituição Federal de 1988 é o fato de que ele coloca o cidadão em uma posição passiva e infantilizada, como se a saúde fosse um bem concreto que pudesse ser dado a alguém sem exigir nenhuma ação por parte do indivíduo. O Estado pode fornecer assistência, promoção e educação em saúde, pode promover acesso à alimentação balanceada e barata, fomentar a prática de atividades físicas, garantir saneamento básico, realizar imunização e prevenção de agravos etc. Porém, o indivíduo precisar ser corresponsabilizado pela própria saúde, pois somente ele tem o poder de praticar os diversos hábitos de vida recomendados para garantir a própria saúde física e mental. 2.2 REFLEXÃO E IMPLICAÇÕES DA CONCEITUAÇÃO DE SAÚDE E SAÚDE MENTAL O conceito de saúde e de saúde mental é dinâmico e reflete o momento histórico de sua construção. Atualmente, vivemos em uma era que almeja a percepção holística e integrativa da saúde, incorporando diversas visões sobre a saúde e concretizado no conceito de saúde proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Não se trata de uma “superação” ou “evolução” dos modelos anteriores, mas, da valorização e integração deles. Existem críticas a este conceito proposto pela OMS. Uma delas seria de que o conceito é idealizado e utópico, já que o completo bem-estar físico, mental e social é inatingível a qualquer ser humano. Ninguém pode ser considerado saudável se o conceito de saúde for interpretado de forma concreta e literal. Alternativamente, pode-se interpretar que cada indivíduo está em um processo de saúde/doença contínuo e mutável. Outra crítica se refere à possibilidade de o conceito fomentar um Estado excessivamente paternalista e intervencionista, podendo assumir posturas autoritárias justificadas pela busca do completo bem-estar social (SCLIAR, 2007). Ademais, diferentes culturas e indivíduos podem ter ideias diferentes sobre quais elementos constituem o “bem-estar social”. Não é somente no campo teórico que encontraremos implicações da caracterização da saúde e saúde mental. As óticas previamente explanadas podem ser percebidas no cotidiano clínico ao se entrevistar clientes e seus familiares. Os mais diversos sintomas psiquiátricos podem ser interpretados como possessão demoníaca, “encosto”, “falta de Deus no coração” ou outras explicações de cunho religioso, direcionando o tratamento à reza, sessões de descarrego, UNIDADE 1 | MANEJO NO SOFRIMENTO PSÍQUICO 24 exorcismo ou cirurgia espiritual. Tal interpretação tem potencial de ser nociva ao cliente caso o afaste ou atrase o início de intervenções com embasamento científico. O comportamento grosseiramente desviante do esperado culturalmente também pode ser caracterizado como transtorno mental mesmo nos dias de hoje. Tomemos como exemplo o transtorno de personalidade dependente, caracterizado pela marcante dificuldade de tomar decisões cotidianas, discordar de terceiros, tomar iniciativa por conta própria e se assumir como uma pessoa autônoma e independente. Uma mulher com tais traços seria considerada portadora de transtorno mental na cultura ocidental do século XXI, porém, teria status de esposa exemplar pela sua submissão ao marido em culturas muçulmanas tradicionais. Devemos tomar o cuidado de não posicionar a compreensão biológica da saúde como modelo “correto” ou absoluto. Essa visão trouxe inquestionáveis avanços a todas as áreas da medicina. Entretanto, sua utilização de forma única e restrita resultou em décadas de aplicação do modelo biomédico, hospitalocêntrico, curativista e centrado no especialista. Suas limitações são claras na psiquiatria e na medicina psicossomática, mas mesmo doenças de etiologia inquestionavelmente biológica devem ser avaliadas sob a ótica biopsicossocial. Uma parasitose, por exemplo, não deve ser tratada exclusivamente com a prescrição de anti- helmínticos. Também deve ser realizada educação em saúde sobre lavagem de mãos, higiene pessoal, cuidados com alimentos, verificação de acesso a água tratada e saneamento básico, rastreio de familiares e envolvimento dos pais em todo o processo de tratamento. 2.3 PROMOÇÃO DE SAÚDE MENTAL Vários hábitos de vida e traços de personalidade estão relacionados à menor incidência e prevalência de doenças mentais. Pessoas com maior espiritualidade e envolvimento religioso têm menor propensão ao desenvolvimento de transtornos mentais (BONELLI; KEONIG, 2013) e autorrelato de maiores níveis de felicidade (FERRAZ; TAVARES; ZILBERMAN, 2007). Nunca se deve estimular um cliente a exercer uma religião específica, sob o risco de minar o relacionamento enfermeiro- cliente ou mesmo realizar conduta antiética. Porém, é possível fomentar o cliente a se aproximar de seu credo e se reintegrar à sua comunidade religiosa. Diversos estudos correlacionam a prática de atividades físicas com maior saúde mental (MIKKELSEN et al., 2017), melhora de sintomas depressivos (KNAPEN et al., 2015) e melhora de sintomas ansiosos (KANDOLA et al., 2018). Ademais, a prática de atividade física auxilia nos controles pressórico e glicêmico, na manutenção de peso saudável e na menor incidência de câncer e doenças cardiovasculares. O sono preservado contribuiu para a manutenção e recuperação da saúde mental, e a boa higiene no sono tem papel fundamental no sono de qualidade. Sobre as recomendações sobre esse cuidado, veja o quadro a seguir. TÓPICO 2 | TRANSITORIEDADE PSICOPATOLÓGICA 25 O que fazer O que não fazer Ter ambiente propício ao sono: quarto escuro, silencioso, com boa temperatura, cama confortável e com tamanho adequado. Tomar café ou cafeinados, fumar ou ingerir bebidas alcoólicas nas horas precedentes ao horário de dormir. Ter horários regulares para dormir e acordar, mesmo aos finais de semana. Assistir televisão e usar computador ou celular logo antes de dormir. Praticar atividades físicas preferencialmente pela manhã. Realizar exercícios físicos nas três horas precedentes ao sono. Praticar leitura, atividades calmas e relaxantes antes de dormir. Fazer grandes refeições próximo ao horário de dormir. Usar a cama somente para dormir e atividade sexual Tirar cochilos ao longo do dia. FONTE: Adaptado de Poyares e Tufik (2003). Por fim, a prática da meditação tem ganhado destaque tanto na promoção da saúde mental quanto no tratamento de transtornos mentais. Tal prática pode ser treinada
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