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RESUMO P2 NEUROLOGIA: AVC ISQUÊMICO: INTRODUÇÃO: - Instalação súbita - 2ª causa morbimortalidade - Causa por trombos ou êmbolos CAUSAS: - Aterotrombótico de grandes vasos (bifurcação carótida) - Infarto lacunar de pequenos vasos (perfurantes) - Cardioembólicos (trombo intracardíaco, IAM recente, doenças valvares, prótese valvar) AVALIAÇÃO INICIAL: - Monitorização e acesso venoso, vias aereas - Glicemia + ECG - TM crânio sem contraste + angiotomografia (estudo de vasos) - RM crânio é + sensível para especificar o diagnóstico de AVC isquêmico NAS PRIMEIRAS HORAS, porém é + demorado e menos disponível, por isso a TM é a 1ª escolha. NIHSS: Escala clínica para avaliação neurológica, levando em conta 11 parâmetros e pontuando entre 0 – 42. O AVC pode ser considerado como leve (0-4), moderado (5-9) ou grave (10-42): • Consciência • Movimentação ocular • Visual • Paralisia facial • Força motora nos braços • Força motora nas pernas • Ataxia • Sensibilidade • Linguagem • Disartria • Extinção/negligência MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: - Déficit neurológico agudo - Hemiparesia - Afasia (alteração da linguagem) -Hemianopsia (alteração da visão) - Vertigem ARTÉRIA CEREBRAL ANTERIOR ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR ACHADOS NA TM CRÂNIO: - Infarto de grandes vasos: áreas isquêmicas extensas, com acometimento cortical, por oclusão arterial proximal - Hiperdensidade da artéria cerebral média: sinal hiperagudo precoce de oclusão arterial Isquemia Cerebral: Hiperaguda precoce: 0-6 horas Hiperaguda tardio: 6-24 horas Perda da diferenciação corticosubcortical, início de inchaço cerebral: Aguda: 24h a 1 semana - Inchaço mais acentuado, com pico no 3º dia Subaguda: 1-3 semanas - Melhora do inchaço cerebral Crônica: > 3 semanas - Gliose, retração cerebral TRATAMENTO FASE AGUDA: - Controle glicêmico (140-180mg/dL) – devemos evitar a hipoglicemia < 60mg/dL - Controle pressórico: evitar hipotensão, que pode piorar isquemia cerebral, principalmente na área de penumbra (ideal → PAS 160-180mmHg) – manter a PA < 180x105mmHg após a trombólise. - PIC (pressão intracraniana) – elevar a cabeceira em 30º C - Controle térmico (evitar febre) TRATAMENTO TROMBÓLISE IV (endovenoso): Critérios de inclusão: • Tempo menor que 4 - 5h ou preferencialmente < 3h (principalmente em pacientes com + 80 anos) • Idade > 18 anos • Déficit neurológico considerável • Hemianopsia completa • Afasia • Fraqueza com FM < 3 • NIHSS > 5 • Qualquer deficit considerado significativo pelo médico e familiares Critérios de exclusão: • AVC isquêmico ou TCE grave nos últimos 3 meses • AVC hemorrágico • Neoplasia cerebral ou TGI • Sangramento TGI nos últimos 21 dias • Cirurgia neurológica nos últimos 3 meses • Suspeita de hemorragia subaracnoidea • PA > 185x110 mmHg • Plaquetopenia < 100 mil • Uso de anticoagulante com RNI > 1,7 ou TP > 15” ou enoxaparina • TC de crânio com evidência de sangramento ou área isquêmica extensa já delimitada TRATAMENTO – CRANIECTOMIA DESCOMPRESSIVA: • Indicada para AVC malignos da artéria cerebral média (> 1/3 do território acometido) • Pacientes 18-60 anos • NIHSS > 15 • Tempo de evolução < 48 horas ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO: Déficit neurológico agudo, com duração < 24 horas (geralmente < 1 hora) - Reversão completa e sem delimitação de área de infarto - Risco aumentado de AVCi, principalmente nos primeiros dias após o AIT e em pacientes com outros fatores de risco. - Diagnóstico diferencial: crise convulsiva, migrânea com aura Score ABCD2: avalia o risco de AVC em até 2 dias após o AIT • Age: ≥ 60 anos = 1 ponto • Blood pressure: PA ≥ 140x90 mmHg = 1 ponto • Clinical: deficit motor unilateral = 2 pontos, alteração de fala = 1 ponto • Duration: ≥ 60 min = 2 pontos, 10-59 min = 1 ponto, < 10 min = 0 pontos • Diabetes: 1 ponto 0-3 pontos: risco de 1% 4-5: risco de 4% 6-7: risco de 8% PROFILAXIA AVC TRANSITÓRIO (AIT): - Principais fatores modificáveis: hipertensão, DM, tabagismo, dislipidemia e sedentarismo - Antiagregante plaquetários: aspirina 100mg/dia e/ou clopidogrel 75mg/dia. - Fibrilação atrial: anticoagulação com varfarina ou outro anticoagulante oral DOENÇAS NEUROMUSCULARES: Grupo grande e heterogêneo de doenças congênitas ou adquiridas, muitas vezes de caráter progressivo, que afetam qualquer estrutura das vias motoras periféricas Podem acometer: NEURONOPATIAS MOTORAS: Envolvimento do corpo celular do neurônio motor inferior, podendo também afetar o neurônio motor superior. Principais doenças: • POLIOMIELITE ANTERIOR AGUDA: - Etiologia viral -Acomete neurônio motor primário - Acomete MMII - Evolui 5-7 dias - Principal causa de paralisia motora e óbito em crianças e adultos jovens até 1960 • ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL (AME): - Causa genética autossômica recessiva, podendo ser dividida em 3 formas dependendo da gravidade. AME tipo 1 (+ grave) – Doença de Werdnig-Hoffmann → Forma grave, desde o nascimento, com fraqueza muscular e hipotonia, com óbito antes de 1 ano de idade. ‘ Biópsia muscular: fibras atróficas, com ausência de motoneurônios. AME tipo 2 (+ branda) – forma intermediária → Crianças com atraso do DNPM, não adquirem marcha. Biópsia muscular: grandes fascículos musculares atróficos, mas com presença de fibras normais agrupadas AME tipo 3 (menos grave) – Doença de Kugelberg- Welander → Comprometimento mais tardio e progressivo. Biópsia muscular: grandes agrupamentos de fibras sadias, com grupos de fibras atróficas por denervação secundária. Diagnóstico: eletromiografia (EMG), biópsia muscular e testes genéticos (gene SMN) Tratamento: Spinraza, abeparvovec, e Risdiplam. • DOENÇA DO NEURÔNIO MOTOR (DNM) - Grupo de doenças do NMI que incluem 4 síndromes: - Atrofia Muscular Progressiva (AMP) - Esclerose Lateral Primária (ELP) - Paralisia Bulbar Progressiva (PBP) - Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) - Doença de Lou Gehrig + comum das DNM - Paralisia progressiva do NMS (liberação piramidal, clônus) e NMI (atrofia, fasciculações). - Afeta mais sexo masculino (2:1), na 6-7ª década de vida, com progressão e óbito em média em 36 meses, por falência respiratória. - Não há cura, tratamento visa controle sintomático e suporte ventilatório. NEURONOPATIAS: - Alteração de qualquer componente do sistema nervoso periférico (SNP) •NEUROPATIA COMPRESSIVA + COMUM: TÚNEL DO CARPO (síndrome do túnel do carpo) - Podem ser classificadas de acordo com o envolvimento principal, axonal ou desmielinizantes, ou pela forma clínica, em aguda, subaguda ou crônica. Mononeuropatia: acometimento de um único nervo Mononeuropatia múltipla: acometimendo de vários nervos em momentos diferentes e de forma assimétrica (HANSENÍASE) Polineuropatia: acometimento de vários nervos ao mesmo tempo (PACIENTES DIABÉTICOS) • PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA: - Paralisia de Bell: início súbito, provavelmente secundário a processo inflamatório. Recuperação total na maioria dos casos, com pior prognóstico nos casos com paralisia completa. Tratamento: PREDNISONA 40-60 mg/dia por 1 semana, se iniciada até o 4º dia de sintomas. Vitamina D e B Oclusão noturna / Pomada para proteger a córnea. • SÍNDROME DE GUILLAIN- BARRÉ: - Polineuropatia desmielinizante inflamatória aguda - Déficit motor agudo simétrico, com início geralmente após algum quadro infeccioso ou vacinação. - Evolução ascendente, com início em MMII e progressão com pico em 2 semanas, podendo evoluir com insuficiência respiratória. Diagnóstico:ENMG: polineuropatia com padrão desmilinizante e Líquor: dissociação proteino- citológico, com aumento de proteínas, sem aumento da celularidade. Tratamento: IMUNOGLOBULINA HIPERIMUNE (400mg/ kg/dia por 5 dias). DOENÇAS DA JUNÇÃO NEUROMUSCULAR: • MIASTENIA GRAVE: - Fraqueza e fadiga muscular, que varia ao longo do dia, piorando a noite e após exercício físico. - Início frequente em musculatura ocular (diplopia) e pálpebra (ptose) - Musculatura bulbar: dificuldade de mastigação - Anticorpo antirreceptor de acetilcolina (ACh) – inibe a contração muscular (igual o botox faz) CRISE MIASTÊNICA: dispneia de instalação abrupta, podendo necessitar de suporte ventilatório, principal causa de mortalidade Diagnóstico: Neostigmina, um inibidor da acetilcolinesterase de ação rápida e curta duração. Tomografia de tórax: associação com tumores do timo Tratamento: Inibidor de acetilcolinesterase: PIRIDOSTIGMINA • BOTULISMO: - Doença adquirida causada pela toxina produzida pelo Clostridium botulinum, uma bactéria anaeróbia Gram-positiva que pode contaminar alimentos. - Toxina botulínica: bloqueador pré-sináptico da liberação de ACh Quadro clínico: fraqueza muscular rapidamente progressiva, com início em músculos extraoculares e faringe. Tratamento: antitoxina, suporte ventilatório MIOPATIAS: • DISTROFIAS MUSCULARES Doenças primárias do músculo, de natureza genética, de caráter evolutivo e incurável. 2 tipos: Distrofia Muscular de Duchenne (DMD): - Início precoce, com quedas frequentes e dificuldade de marcha e evolui com deformidades em coluna (escoliose neuromuscular) e tendíneas. Distrofia Muscular de Becker (DMB): - Início mais tardio (10 anos) e progressão mais lenta, muitos pacientes ainda conseguindo deambular após os 35 anos. Ambas não possuem tratamento específico: Corticoesteroides (PREDNISOLONA). NEUROINFECÇÕES: Líquido Cefalorraquidiano: Coleta preferencial por punção lombar (L3L4 ou L4L5), em decúbito lateral, com manometria. MENINGITES: - Processo inflamatório das meninges cerebrais, geralmente por infecção aguda das leptomeninges (pia-máter e aracnoide) - Meningites agudas etiologia viral por enterovírus (Coxsackie B, Echovírus) - Meningites agudas bacterianas: alta morbimortalidade se não tratadas rapidamente. Principais agentes: Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningitidis, Listeria monocytogenes, Haemophilus influenzae, Infecção hospitalar: estafilococos, enterobactérias. • Manifestações clínicas: Sintomas gerais → febre, cefaleia intensa, rigidez de nuca, alteração do nível de consciência, crise convulsiva Enterovirus → exantema viral, pericardite, orquite Meningococo →evolução muito rápida, petéquias, choque séptico Pneumococo→ procedida por pneumonia, otite, sinusite. • Diagnóstico: TC de crânio: imunossupressão, doença prévia do SNC, convulsão recente, papiledema, nível de consciência alterado, déficit neurológico focal • Achados no LCR: Meningites virais: aumento de celularidade, predomínio de linfócitos, glicose normal ou pouco reduzida Meningite bacterianas: aumento de celularidade, predomínio de neutrófilos, hipoglicorraquia, aumento de lactato Gram, pesquisa de antígenos bacterianos por aglutinação no látex. • Tratamento: - Dexametasona 10mg 6/6h por 4 dias - Antibiótico empírico até resultado de Gram e culturas - Ceftriaxone 2g IV 12/12h 10-14 dias → Suspeita de Listeria: associar Ampicilina Pneumococo: diplococo Gram-positivo Meningococo: diplococo Gram-negativo Listeria: bacilo Gram-positivo Hemófilo: bacilo Gram-negativo ENCEFALITES VIRAIS: - Processo inflamatório no parênquima encefálico, associado a quadro clínico compatível, geralmente por infecções virais. - Meningoencefalite: associação com meningite é frequente Principais vírus: - Imunocompetentes: herpes vírus (HSV1), arbovírus, enterovírus - Imunossuprimidos: varicela-zoster (VZV), citomegalovírus (CMV) • Manifestações clínicas: Febre, cefaleia, alteração do nível de consciência, sinais e sintomas cerebrais: - Disfunção cognitiva - Mudança comportamental, alucinações, psicose - Déficit focal: anomia, afasia, hemiparesia - Crises epilépticas • Diagnóstico: - RNM + LCR - LCR + PCR (detectar anticorpo específico) RM crânio: - HSV1: edema/hemorragia temporal e giro do cíngulo - VZV (Varicela): encefalomielite, ventriculite, artrite com infartos isquêmicos e hemorrágicos • Tratamento: - Aciclovir 10mg/kg IV 8/8h por 14-21 dias - CMV: ganciclovir 5mg/kg 12/12h + foscarnet 60mg/kg 8/8h - Suporte intensivo - Tratamento de crises convulsivas HSV-1 Arbovírus - Infecção latente no gânglio trigeminal, com recorrência cutânea papulovesicular. - Pode atingir o SNC pelas terminações nervosas do nervo olfatório ou pela inervação trigeminal nas meninges. - Acometimento principal do lobo temporal inferomedial e lobo frontobasal medial. - Transmissão por mosquitos, infecção SNC após 5-15d na fase de viremia, acometendo principalmente substância cinzenta e gânglios da base MENINGOENCEFALITE TUBERCULOSA: - Doença causada pelo Mycobacterium tuberculosis, sendo a causa mais frequente de meningite crônica em pacientes imunocomprometidos - Pacientes + jovens com TB na forma milar, mas pode ocorrer ausência de comprometimento pulmonar ativo • Manifestações clínicas: - Cefaleia, febre, rigidez de nuca, evoluindo com déficit neurológico e alteração comportamental e da consciência. - Evolução indolente, com desenvolvimento em 1-3 semanas, podendo demorar meses. • Diagnóstico: - LCR: aumento de celularidade e proteína, hipoglicorraquia acentuada. Bacterioscopia direta e cultura, PCR - RM: lesões parenquimatosas, hidrocefalia, leptomeningite, tuberculoma • Tratamento: Esquema anti-TB extendido + corticoide (dexametasona) INFECÇÕES FÚNGICAS: - Aumento da incidência relacionado ao uso crônico de corticoides, quimioterapia, transplantes de órgãos e medula óssea, diabetes e HIV. - Podem acomete meningite e parênquima cerebral, causando abscessos ou granulomas. Principais agentes etiológicos: - Cryptococcus neoformans - Hystoplasma capsulatum - Paracoccidioides brasiliensis CRIPTOCOCOSE: - Infecção fúngica mais comum no SNC, de evolução subaguda ou crônica - Fungo encontrado no solo, fezes de pombos e eucaliptos • Manifestações clínicas: cefaleia, sinais de HIC, papiledema, déficit focal, crise convulsiva • Diagnóstico: LCR: aumento de linfócitos e aumento de proteínas, coloração por tinta da China • Tratamento: Anfotericina B HISTOPLASMOSE: - Fungo encontrado no solo, fezes de morcegos e aves - Infecção pulmonar prévia pode ser assintomática, com maior risco de disseminação em imunossuprimidos • Manifestações clínicas: cefaleia, febre, rigidez de nuca, sintomas focais quando presença de granulomas • Diagnóstico: LCR • Tratamento: Anfotericina B NEUROSSÍFILIS: - Acometimento do SNC pelo espiroqueta Treponema pallidum - Inicialmente infecção meníngea e perivascular, com progressão para lesão parenquimatosa • Manifestações clínicas: - Meningite sifilítica: cefaleia, náusea, vômitos, crises epilépticas, alteração de nervos cranianos (45%), principalmente VII e VIII. - Neurosífilis parenquimatosa encefálica: déficit neurológico por lesão neuronal direta e irreversível. Alterações comportamentais e psiquiátricas progressivas, tremores. - Neurosífilis parenquimatosa medula (tabes dorsalis): desmielinização da coluna dorsal da medula, dor neuropática, déficit de sensibilidade profunda. • Diagnóstico: - Sorologia positiva para sífilis - Teste treponêmico + teste não treponêmico positivos no líquor • Tratamento: Penicilina G cristalina,18-24 milhões U/dia, por 10-14 dias NEUROCISTICERCOSE: - Infecção causada pelo cisticerco, forma larvária da Taenia solium - Homem é o único hospedeiro definitivo, com infecção por ingestão de alimentos ou água contaminada com ovos, ou autoinfecção em pessoas com teníase • Manifestações clínicas: - Crise convulsiva, hidrocefalia - Forma meningítica/ Forma epiléptica - Forma hidrocefálica: cistos intraventriculares, com hidrocefalia obstrutiva ou comunicante - Forma edematosa: HIC por múltiplas lesões com reação inflamatória - Forma raquiana: cistos raquimedulares • Diagnóstico: RM • Tratamento: - Albendazol 15mg/kg por 8 dias - Dexametasona: diminuir a reação inflamatória que ocorre quando há morte do parasita - Tratamento cirúrgico: hidrocefalia, lesões volumosas com efeito de massa, retirada de cistos ventriculares ABSCESSO E EMPIEMA CEREBRAL: - Coleções purulentas no parênquima encefálico ou espaço subdural ou extradural - Secundários a otite média (crianças) ou sinusite (adultos jovens) - Fatores de risco: uso de drogas injetáveis, DM, pós- operatório NCR - Principal agentes etiológicos: S. aureus, M. tuberculosis, Pseudonomas spp. • Manifestações clínicas: cefaleia, sintomas de HIC, sintomas focais dependendo da localização, crise convulsiva • Diagnóstico: - TC/RM com contraste, com lesão circunscrita com realce anelar ao contraste ou lesões extra-axiais no espaço subdural ou extradural. • Tratamento: - Antibiótico: tratamento isolado em abscessos < 2- 3cm, abscessos pequenos múltiplos, impossibilidade de acesso cirúrgico - Cirurgia: abscesso > 3cm, empiema (pus) - Tratamento empírico → Ceftriaxona 2g IV 12/12h / Metronidazol 7,5mg/kg IV 6/6h / Vancomicina 1g IV 12/12h → Tratamento por 6-8 semanas DOENÇAS PRIÔNICAS: - Degeneração espongiforme do encéfalo, causando disfunção cognitiva e motora subaguda, progressiva e fatal - Proteína priônica: proteína da membrana celular de neurônio. Mutação no gene PRNP origina formas patogênicas da proteína, chamada de príon. - Príon causa alteração na membrana plasmática com destruição celular, e induz alteração da proteína normal em formas priônicas. - Pode ser transmitido por sangue, líquor ou consumo de carne contaminada (vDCJ) • Manifestações clínicas: demência rapidamente progressiva (dias a semanas), alteração visual, piramidal ou extrapiramidal, mioclonias, EEG: surtos periódicos de complexos ponta-onda • Diagnóstico: único método confirmatório é a biópsia cerebral + LCR + RM • Tratamento: não há tratamento efetivo, apenas medidas de suporte COMA E MORTE CEREBRAL: COMA → Redução persistente do nível de consciência, que é composta pelo nível de alerta + conteúdo Níveis de alerta: - Sonolência: adormece quando não estimulado, abertura ocular ao chamado - Obnulação (alteração do estado de consciência que faz com que não se consiga reagir a certos estímulos externos) - Torpor: acorda apenas com estímulos vigorosos, com respostas lentas ou inadequadas - Coma: sem interação com o meio, ausência de resposta aos estímulos, não obedece comandos - Associado a alterações do exame físico, como diminuição da resposta motora, alteração do ritmo respiratório, reações pupilares e movimentos oculares anormais • Fisiopatologia: - Lesões diencefálicas ou telencefálicas bilaterais - Lesões no tronco encefálico: acometimento da formação reticular ascendente ou das projeções retículo-talâmicas ou tálamo-corticais - Alterações metabólicas e hipóxia: alteracões encefálicas difusas no metabolismo neuronal Sistema ativador reticular ascendente (SARA): Recebem aferências do trato vestibular e visual • Postura Patológica: Decorticação: lesão do trato corticoespinal acima do mesencéfalo (núcleo rubro), com desinibição do trato rubroespinal - MMSS: flexão do braço, punho e dedos com adução - MMII: extensão, rotação interna Decerebração: desinibição do trato vestibuloespinal e formação reticular da ponte, por lesões no tronco entre a ponte e mesencéfalo - Cabeça e tronco: postura em opistótono - MMSS: extensão dos braços, adução e rotação interna, flexão do punho e dedos - MMII: extensão, rotação interna CAUSAS TÓXICO/METABÓLICAS: CAUSAS ESTRUTURAIS - Distúrbios metabólicos: anoxia, cetoacidose diabética, uremia, encefalopatia hepatica, hipoglicemia, hipo/ hipernatremia - AVC isquêmico ou AVC hemorrágico extensos - Infecções: meningite, encefalite, sepse AVC do tronco encefálico Choque circulatório Abscesso cerebral, empiema subdural Encefalopatia hipertensiva Trauma: hematoma subdural ou extradural, contusão Estado de mal epiléptico Tumores cerebrais - Hipotermia Carcinomatose meníngea Intoxicações exógenas: álcool, barbitúricos, CO, opioides, Benzodiazepínicos Herniação cerebral • Alterações do ritmo respiratório: - Cheyne-Stokes: amplitude crescente e descendente, seguida por período de apneia. Sinal de HIC - Em salvas - Apnêustica: pausa inspiratória, sugestiva de lesão pontinha - Biot: ritmo irregular com apneias longas, visto em lesões bulbares • Avaliação pupilar: A. Pupilas normais B. Pupilas mióticas e simétricas, com reflexos preservados: encefalopatia metabólica, intoxicação por opioides C. Síndrome de Horner: miose e semiptose, com reflexos normais D. Pupila mesencefálica: médias e fixas 4-5mm E. Pupila tectal: pupilas dilatadas 5-6mm, com reflexos ausentes F. Pupila pontina: pupilas mióticas (puntiformes), com reflexo preservado G. Herniação uncal e compressão do 3º nervo: midríase e ausência de reflexo do mesmo lado • Movimento ocular: - Lesões frontais: desvio do olhar conjugado para o lado da lesão - Lesões pontinas: desvio do olhar conjugado para o lado oposto da lesão (o lado do deficit neurológico) - Sinal de Parinaud: desvio do olhar para baixo, indica lesão do teto mesencefálico • Hérnias cerebrais: - Hérnia do cíngulo ou subcalosa - Hérnia do uncus - Hérnia central - Hérnia transcalvariana - Hérnia tonsilar • Abordagem Inicial: - Suporte intensivo, monitorização de sinais vitais e estabilização, suporte ventilatório (IOT se ECG ≤ 8), coleta de exames - História e exame neurológico→ Escala de Coma de Glasgow + Avaliação pupilar e nervos cranianos altos - Correção de causas reversíveis → Hiperventilação, manitol: se suspeita de HIC/herniação; Naloxona: intoxicação por opioide ; Flumazenil: intoxicação por BZD ; Antibiótico: meningite bacteriana. - TC de crânio - Coleta de LCR + RM ESTADO VEGETATIVO PERSISTENTE: - Causado por lesões agudas em hemisférios cerebrais ou após coma prolongado, mantendo o quadro por pelo menos 1 mês - Paciente encontra-se vigil, porém inconsciente - Não apresentam fala, compreensão ou movimentação dirigida Algumas funções do tronco podem persistir: movimentos oculares, bocejos e espirros. - Função motora comprometida, com espasmos, postura anormal - Incontinência urinária e fecal ESTADO MÍNIMO DE CONSCIÊNCIA: - Pacientes que não preenchem critério para EVP, com alteração importante da consciência, porém mantendo mínima interação com o ambiente - Pode obedecer a alguns comandos, como responder sim ou não MUTISMO ACINÉTICO: - Vígil, incapaz de movimentar ou falar - Preservação de reflexos e não há espasticidade - Relacionado com lesões frontais mediais bilaterais, com grave comprometimento de função executiva SÍNDROME DO ENCARCERAMENTO: - Locked-in Syndrome - Tetraplegia e incapacidade de fala, com nível de consciência preservado - Lesão aguda na região ventral da ponte, logo abaixo do núcleo do III NC, geralmente preservando a movimentação ocular MORTE ENCEFÁLICA: - Ausência de atividadecerebral ou do tronco encefálico de forma complete e irreversível - Os únicos reflexos presentes são os arco-reflexos medulares, que não dependem de atividade cerebral CRITÉRIOS DEFINDOS OU ATUALIZADOS PELA RESOLUÇÃO 2173 DO CFM, DE 2017 - Protocolo realizado por 2 médicos diferentes e capacitados, que não façam parte da equipe de captação de órgãos ou transplante - Um dos médicos deve ser especialista em: medicina intensiva adulto ou pediátrica, neurologia, neurocirurgia ou medicina de emergência Pré-requisitos: - Evidência clínica de coma irreversível, com lesão encefálica de causa conhecida • Exclusão de situações confundidoras, como distúrbios metabólicos graves ou intoxicação - Observação hospitalar por no mínimo 6 horas ou 24 horas se causa for encefalopatia hipóxicoisquêmica Sinais vitais: - Temperatura central > 35ºC - sO2 > 94% PAS > 100mmHg ou PAM > 65mmHg (adultos) - Até 5 meses: > 60 ou > 43 - 5m a 2 anos: > 80 ou > 60 - 2-7 anos: > 85 ou > 62 > 7 anos: > 90 ou > 65 Sedação: - Em caso de pacientes com sedação contínua, é necessário suspender a sedação e aguardar 4-5 meias-vidas da droga utilizada, ou maior em caso de insuficiência hepática ou renal significativa. - Necessário 2 exames clínicos que confirmem coma e ausência de respostas do tronco encefálico - Teste de apneia que confirme ausência de movimentos respiratórios após estimulação máxima dos centros respiratórios - Exame complementar que comprove ausência de atividade encefálica Exame clínico: - Coma - Reflexo fotomotor ausente - Reflexo córneo-palpebral ausente - Reflexo oculocefálico ausente - Reflexo vestibulocalórico ausente - Reflexo de tosse ausente Intervalo entre os 2 exames: > 2 anos: 1 hora 2-24 meses: 12 horas Até 2 meses: 24 horas Teste de apneia: - Realizado uma única vez por um dos médicos - Ventilação com FiO2 de 100% por 10 minutos - Gasometria: PaO2 > 200mmHg, PaCO2 35-45 mmHg - Desconectar ventilação mecânica e manter cateter de O2 no tubo traqueal a 6L/min - Ausência de movimentos respiratórios após 10 minutos - Gasometria: PaCO2 > 55 - Reconectar ventilação mecânica *Se hipotensão, hipoxemia ou arritmia cardíaca, colher uma gasometria antes e interromper o teste Exame complementar: - Realizado por médico especialista, pode ser feito antes ou após os testes clínicos - Ausência de perfusão encefálica: angiografia cerebral - Ausência de atividade metabólica encefálica - Ausência de atividade elétrica encefálica: EEG *O horário do último exame clínico ou complementar será colocado na declaração de óbito ou declaração de morte encefálica
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