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Saponinas Farmacognosia II Características Gerais > São glicosídeos de esteroides ou de terpenos policíclicos. > Têm gosto amargo e acre, e os medicamentos que os contêm geralmente são esternutatórios (provocam espirros) e irritantes para as mucosas. > São moléculas anfifílicas. - Possuem uma parte lipofílica (triterpenos ou esteroide – aglicona ou sapogenina) e outra parte hidrofílica (açúcares), o que determina a propriedade de redução da tensão superficial da água e suas ações detergentes e emulsificante. > formam espuma quando agitadas com água, assim como o sabão. (do latim sapo = sabão) - As espumas são persistentes e abundantes. Essa atividade provém da sua característica anfifílica. Essa espuma não se desfaz na presença de ácidos, por não sofrer hidrólise dos açúcares e é estável pela ação de ácidos minerais diluídos, diferenciando-a daquela dos sabões comuns. - Essa espuma ocorre a partir da formação de micelas, onde a porção apolar fica na parte interna e a porção polar na parte externa, envolvendo as substâncias apolares. > Ação sobre membranas: devido ao seu caráter anfifílico, muitas saponinas são capazes de causar desorganização das membranas das células, que também têm caráter anfifílico com a presença dos fosfolipideos. Assim, desorganizam a bicamada lipídica das células sanguíneas (ação hemolítica) ou das células das brânquias em peixes (ação ictiotóxica) – os peixes respiram pelas brânquias, onde há muitos vasos sanguíneos que podem extravasar seu conteúdo com a interação de saponinas. - O extravasamento sanguíneo em excesso provoca hemorragia. - A saponina esteroidal é capaz de se combinar com as moléculas de colesterol presentes na membrana, interagindo com a membrana do eritrócito, penetrando nela e desorganizando-a, podendo levar à formação de poros, vesículas, ou aumento da permeabilidade, permitindo o influxo e efluxos de substâncias que não deveriam sair ou entrar. - Ação fungicida: os fungos têm ergosteróis (C27) em sua membrana. Assim, a saponina pode interagir com eles, por interação de van der Waals, provocando desorganização da parede do fungo, levando ao extravasamento do conteúdo celular, provocando a morte fúngica. - Altera a permeabilidade ou causa destruição de diversas membranas: Hemolítica Ictiotócica Molusquicida Atividade antiviral Espermicida Anti-helmíntica – a irritação causada nas mucosas tem impedido o desenvolvimento de aplicações práticas. > Solubilidade: as saponinas são solúveis em solventes polares (ex. água), mas depende do tamanho da cadeia lateral de açúcar. > Plantas medicinais com saponinas são diuréticas, depurativas do sangue e expectorantes. > Funções farmacológicas: atuam como estimulantes, fortalecedoras da imunidade, além de ajudar na produção e controle hormonal e na regulação do colesterol (esteroide). - A complexação da saponina com colesterol indicou a redução dos níveis de colesterol sérico. Um estudo mostrou que extratos de ginseng utilizados em coelhos levou à redução das concentrações de colesterol e triglicerídeos. Colesterol https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17453922/ - O cortisol também é um esteroide e possui uma estrutura semelhante à saponina. Esse esteroide pode ser utilizado para auxiliar no aumento da massa muscular: As espécies vegetais Tribulus terrestres, Panax ginseng e Maca peruana são utilizados como suplementos vegetais devido à presença de saponinas. As saponinas são metabolizadas no organismo levando à produção de corticoides, o que provoca aumento da massa muscular e atuam como anti-inflamatórios; e produção de testosterona, que também auxiliam no ganho de massa muscular. - Ginseng: as saponinas levam à formação de estrogênio no organismo, provocando aumento da libido; melhora da memória; atua na musculatura; e são imunoestimulantes (uso em idosos). - Saponinas como expectorante: irrita a mucosa pulmonar, fluidificando o muco, provocando a expectoração do muco. > Caracterização: investiga-se o poder espumante ou hemolítico de um macerado ou decocção aquosa da droga. > Para formarem espumas, as saponinas devem ser glicosiladas: glicosídeos saponosídicos, onde as hidroxilas são substituídas por açúcares. - Esteroide (p.ex., hecogenina) - Triterpênico (p.ex., ácido glicirretínico) > Os monossacarídeos encontrados mais comumente são: D-glicose, D- galactose, L-raminose, L-arabinose, D- xilose, D-fucose e os ácidos glicurônico e galacturônico. Classificação > Classificação de acordo com o núcleo fundamental da aglicona: - Saponinas esteroidais: a aglicona é formada por um esqueleto de 27 carbonos dispostos num sistema tetracíclicos; hidroxilados em C3, onde as hidroxilas são sempre β. Formam-se via pirofosfato de isopentenila. Saponinas de caráter básico: pertencem ao grupo dos alcalóides esteroidais, que são característicos do gênero Solanum (família Solanaceae). Possuem nitrogênio no anel F e são conhecidos dois tipos de estruturas: espirosolano (quando o nitrogênio é secundário) e solanidano (quando o nitrogênio é terciário). - Saponinas triterpênicas: a aglicona é formada por um esqueleto de 30 carbonos dispostos num sistema pentacíclico, e núcleo triterpênico; hidroxilados em C3, onde as hidroxilas são sempre β. Esse núcleo tem a mesma origem do esqueleto esteroidal até a formação do óxido de esqualeno. Esses triterpenos podem ser: triterpenos tetracíclicos triterpenos pentacíclico > Classificação de acordo como caráter ácido-básico: - Caráter ácido: presença de um grupamento carboxila na aglicona ou na cadeia de açúcares (por exemplo, ácidos glicurônico e galacturônico), ou ambos. - Caráter básico: presença de nitrogênio, em geral sob forma de uma amina secundária ou terciária, como nos glicosídeos nitrogenados esteroidais. - Caráter neutro: presença de hidroxila > Classificação quanto ao número de cadeias de açúcares ligadas na aglicona: - Saponinas monodesmosídicas: uma cadeia de açúcares - Saponinas bidesmosídicas: duas cadeias de açúcares, a maioria com ligação éter na hidroxila em C3 e a outra com ligação éster. Cortisol As saponinas bidesmosídicas não apresentam as atividades biológicas relatadas para as saponinas monodesmosídicas. As saponinas apresentam um número variável de monossacarídeos ligados entre si em cadeia linear ou como uma cadeia ramificada. Detecção e Identificação > Detecção: A detecção de saponinas no vegetal é realizada a partir de suas propriedades químicas e físico-químicas: pela reação com ácidos minerais, aldeídos aromáticos ou sais de metais produzindo compostos corados, pela diminuição da tensão superficial e/ou pela ação hemolítica. Esses testes podem ser realizados qualitativa ou quantitativamente. - Teste de ação superficial: é realizado com o extrato aquoso obtido a partir do decocto do vegetal. Após agitação enérgica do extrato filtrado em tubo de ensaio, a formação de espuma, que não desaparece com a adição de um ácido mineral diluído, indica a presença de saponinas. - Ação hemolítica: pode ser determinada tanto em tubo de ensaio contendo uma solução tamponada de células sanguíneas, como em placa cromatográfica, após migração dos diferentes extratos vegetais em teste. No primeiro caso, a presença de solução avermelhada, após centrifugação, caracteriza a liberação de hemoglobina das células. Na cromatografia em camada delgada (CCD), o aparecimento de halos esbranquiçados sobre fundo avermelhado homogêneo caracteriza hemólise. Apesar de outras substâncias presentes nos vegetais também apresentarem ação hemolítica (alguns taninos, por exemplo) ou existirem saponinas que não são hemolíticas, esse teste é bastante útil quando aplicado em conjunto com outros. Drogas Vegetais > Saponinas esteroidais neutras: encontradas quase que exclusivamente em monocotiledôneas, principalmentenas famílias Liliaceae, Dioscoreaceae e Agavaceae, e nos gêneros Smilax, Dioscorea, Agave e Yucca > Saponinas esteroidais básicas: encontradas principalmente no gênero Solanum, pertencente à família Solanaceae. > Saponinas triterpênicas: encontradas predominantemente em dicotiledôneas, principalmente nas famílias Sapindaceae, Hippocastanaceae, Sapotaceae, Polygalaceae, Caryophyllaceae, Primulaceae e Araliaceae. → Ginseng nacional: Panax ginseng C.A Meyer – Família Araliaceae. > Farmacógeno: rizoma > Uso terapêutico: anti-inflamatório, tonifica o homem, reduz o estresse, gerador de vitalidade, estimulante. - Efeito adaptógeno: é quando uma substância/planta melhora a resposta imunológica de um indivíduo. Esse efeito não está associado aos anticorpos produzidos, mas ao cortisol. O aumento nos níveis de cortisol reduz a imunidade do indivíduo. Assim, essas plantas regulam a liberação de cortisol, melhorando a resposta imune. Capaz de ⇧ a resistência não-específica do organismo às influências externas (ex. infecções e estresse). > Ginseng-branco → seco e sem periderme > Ginseng-vermelho → exposto ao vapor d’água, seco e com periderme > Interage com medicamentos antidepressivos, anticoagulantes e para ansiedade, pessoas que ingerem qualquer um desses remédios deve evitar o consumo da planta. > Saponinas triterpênicas penta e tetracíclicas - Núcleo damarano – protopanaxadiol e protopanaxatriol > Ginsenosídeos têm uma estrutura semelhante (tetracíclicos) aos hormônios esteroidais endógenos, sendo capaz de interagir com seus receptores e mimetizarem seus efeitos. - Só pode ser utilizado por 3 meses devido aos riscos de hemorragia vaginal, produção de estrogênio, ginecomastia, interferência com contraceptivos. > Efeitos adversos: o Efeitos cardiovasculares → hipertensão e edema o SNC → tontura, insônia, nervosismo, euforia, dificuldade de concentração o Sistema endócrino → mastalgia o Sistema genitourinário → hemorragia vaginal e ação estrogênica o Diarreia matinal e erupções cutâneas > Contraindicação: o Gravidez e lactação, diabetes, hipertensão o Interações com fármacos hormonais, estimulantes, hipoglicemiantes e anticoagulantes → Alcaçuz: Glycyrrhiza glabra L. – Família Fabaceae. > Farmacógeno: rizomas e raízes > Uso terapêutico: doenças alérgicas e inflamatórias, úlceras gástricas (reorganiza a membrana), expectorante, antitussígeno. - Cicatrização de úlceras gástricas: a inibição de enzimas que levam à degradação de prostaglandina, aumentando a sua concentração local, promovendo a secreção de muco e a proliferação celular no estômago. Efeito relacionado aos terpenoides presentes na planta. > principal substância: ácido glicirrínico – Efeitos adversos: inibe a enzima que degrada o cortisol. Assim, o aumento dos seus níveis afeta o sistema renina- angiotensina-aldosterona, que vai provocar efeitos mineralocorticoides, havendo edema, por retenção de sódio e água, e aumento da pressão arterial. Retirar esse ácido do extrato reduz os efeitos colaterais mas retira a propriedade expectorante da droga vegetal. → Hera: Hedera Helix L. – Família Araliaceae. > Farmacógeno: folhas > Uso terapêutico: expectorante – mucolítico e broncodilatador. > hederacosideo C – saponinas triterpênicas (bidesmosídica – duas cadeias de açúcar). → Castanha-da-Índia: Aesculus hipposcastanum L. – Família Hippocostanaceae. > Farmacógeno: sementes e cascas da planta jovem > Uso terapêutico: insuficiência venosa crônica, hemorroida, varizes, anti- inflamatório; antiedematosa; por ser venotônica, aumentando o tônus vascular, pelo aumento da permeabilidade do vaso, o que permite o influxo de cálcio. > 16-28% glicosídeos triterpênicos (mistura chamada de escina). → Centella Asiática: Centella asiatica (L.) Urban – Família Apiaceae. > Uso terapêutico: tratamento de estrias e celulite; cicatrização de feridas e efeito reepitelizante, por aumentar a síntese de colágeno; ação venotônica, melhora o fluxo sanguíneo (retorno venoso), trata insuficiência venosa crônica, varizes, hipertensão venosa, etc. > Farmacógeno: folhas > Triterpenos pentacíclicos e suas geninas: ácidos asiático e madecásico e heterosídeos (asiaticosídeo, madecasosídeo e terminolosídeo) - Rico em saponosídeo asiaticosídeo. → Poligala: Polygala senega L. – Família Poligalaceae > Farmacógeno: raízes > possui saponosídeos triterpênicos > Uso terapêutico: xarope utilizado como expectorante – aumenta o volume da secreção bronquial – bronquite crônica. → Calêndula: Calendula officinalis L. – Família Asteraceae > Farmacógeno: flores > Saponinas Mono e bidesmosídicas do ácido oleanólico → glicose, galactose e ácido glucurônico. > Uso terapêutico: inflamações, contusões e queimaduras, cicatrizantes, hipoglicemiante e gastroprotetora. → Erva-mate: Ilex paraguariensis – Família Aquifoliaceae > Uso terapêutico: reduz o colesterol, reduzindo a reabsorção intestinal de ácidos biliares e aumenta sua eliminação. > Saponinas terpenoides → Inhame: Dioscorea spp. > saponinas esteroidais, como diosgenina – utilizado para realizar semi-síntese de esteroides = contraceptivos e hormônios sexuais. → Salsaparrilha: Smilax officinalis – Família Smilacaceae > Farmacógeno: rizomas e raízes > Uso terapêutico: anti-inflamatória, sudorífica, aumenta níveis de testosterona devido à metabolização interna pela microbiota. → Videira da punctura: Tribulus terrestris – Família Zygophyllaceae > Farmacógeno: frutos e sementes. > Uso terapêutico: aumenta níveis de testosterona devido à metabolização interna pela microbiota. https://www.google.com/search?sxsrf=ALiCzsb-kKjEk8Tugwauo2Pc70e0X9PMZg:1656791569975&q=erva-mate+fam%C3%ADlia&sa=X&ved=2ahUKEwi62vrH_dr4AhWnjJUCHRNqCGsQ6BMoAHoFCIgBEAI https://www.google.com/search?sxsrf=ALiCzsb-kKjEk8Tugwauo2Pc70e0X9PMZg:1656791569975&q=Aquifoliaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLWT9c3NDI0zDIzzVvEyutYWJqZlp-TmZicmpgKAKWXJDQfAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwi62vrH_dr4AhWnjJUCHRNqCGsQmxMoAXoFCIgBEAM https://pt.wikipedia.org/wiki/Zygophyllaceae
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