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TEMA 4 Meio ambiente, social e governança

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Meio ambiente, social e governança
Prof.ª Lynda Carolina Pavão
Descrição
Apresentação das questões ambientais, sociais e de governança corporativa, envolvendo investimentos
responsáveis e finanças sustentáveis.
Propósito
Promover a reflexão sobre como a sustentabilidade pode impactar não somente as atividades das
empresas, mas também a forma como os investidores tomam suas decisões financeiras.
Objetivos
Módulo 1
Sustentabilidade e investimentos
Descrever a evolução da sustentabilidade no mercado de investimentos e os conceitos de investimento
sustentável.
Módulo 2
Investimentos responsáveis e regulação
Identificar os principais índices sustentáveis e tendências regulatórias no tema.
Módulo 3
Tendências e desa�os
Definir caminhos possíveis para a integração da sustentabilidade nas decisões de investimentos, seus
desafios e tendências.
Introdução
A maioria das pessoas já ouviu falar em sustentabilidade e muitas empresas, além de investidores, têm se
preocupado com esse tópico nos últimos anos. Inicialmente, podemos pensar que isso tem apenas uma
motivação ética ou de reputação, mas, na verdade, o assunto tem ganhado mais força no mercado
financeiro em função dos impactos que as questões ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG)
podem ter sobre vários aspectos, inclusive sobre a rentabilidade das empresas que esses agentes investem.
É por isso que a agenda saiu das mesas dos ambientalistas e foi parar no centro da discussão do setor
financeiro. Neste material, vamos tratar com atenção cada uma dessas dimensões. Primeiramente, vamos
estudar sobre a evolução da sustentabilidade ao longo do tempo e os mais recentes investimentos
sustentáveis. Depois, vamos aprender sobre os índices de sustentabilidade, os aspectos da indústria e a
regulação. Por fim, vamos elencar as principais tendências e desafios do setor.

1 - Sustentabilidade e investimentos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever a evolução da
sustentabilidade no mercado de investimentos e os conceitos de
investimento sustentável.
Evolução da sustentabilidade
Entre as três dimensões das questões ASG — ambientais, sociais e de governança corporativa —, a
governança foi a primeira a ser incorporada pelos investidores. Fica claro quando entendemos que as ações
de governança são aquelas que influenciam como os conselheiros, diretores e demais executivos orientam
as decisões da empresa.
Uma instituição com boas práticas de governança corporativa tem, portanto, uma melhor capacidade de
gestão e, por isso, espera-se que ela gere melhores resultados e maior valor para os seus acionistas
(IBGC, 2015).
As ações de governança são capazes de influenciar decisões nas empresas.
Atualmente, podemos dizer que boa parte dos investidores institucionais, ou seja, organizações
especializadas na gestão de investimentos, já analisa a governança corporativa como parte das questões
essenciais para a escolha de empresas que vão compor, por exemplo, as suas carteiras de ações. De alguns
anos para cá, especialmente a partir da década de 1990, as questões ambientais também entraram na
pauta.
Os desafios ambientais, como o aumento da poluição e do desmatamento, as mudanças climáticas e até
mesmo desastres — como o que ocorreu recentemente em Brumadinho — chamam a atenção para os
riscos que as questões ambientais podem representar para todos, mas especialmente, nesse caso, para a
operação de uma empresa.
Mar de lama tóxica em Brumadinho, Minas Gerais, em 2019.
Finalmente, vários fatores levaram os temas sociais a serem considerados muito relevantes para as
empresas, como os dois a seguir, por exemplo:
Fator I
O aumento do uso de mídias sociais até o envelhecimento da população.
Fator II
A entrada de uma nova geração, os millenials, no mercado de trabalho.
As questões sociais dizem respeito à maneira como essas organizações vão lidar com os seus
colaboradores, fornecedores, clientes etc. Afinal, uma empresa não é uma bolha fechada em si mesma.
Embora a sustentabilidade esteja só agora entrando nos debates financeiros, os conceitos ligados ao
desenvolvimento sustentável não são exatamente novos. Foi em 1987, há 33 anos, que se definiu em uma
conferência das Nações Unidas o conceito oficial de desenvolvimento sustentável:
Aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de atender às suas necessidades.
(UNITED NATIONS, 1987, n. p., tradução livre)
Trazendo esse conceito para o universo financeiro, isso significa que, se usarmos mais recursos do que o
nosso planeta é capaz de regenerar, entraremos no “cheque especial” do nosso ecossistema.

Podemos pensar, inicialmente, que o conceito de desenvolvimento sustentável estaria na contramão do que
estudamos nos modelos econômicos tradicionais. De fato, existem algumas contradições.
Na economia, em muitos casos, consideramos as questões ambientais e sociais como variáveis externas
aos modelos, ou seja, que não têm relação com as projeções e análises (PENTEADO, 2010). Este, no
entanto, é um falso dilema.
A atenção para com o meio ambiente é fundamental para que tenhamos recursos, como água e
matérias-primas, destinados à produção, assim como os recursos sociais (mão de obra) impactam a
produção e o crescimento da economia.
A lógica das relações entre meio ambiente, sociedade e economia.
As relações entre as áreas ambiental, social e econômica não dizem respeito apenas ao fornecimento de
insumos para a produção de bens e serviços. O resultado dessa produção também gera o que chamamos
de externalidades para a sociedade e o meio ambiente. A poluição, as mudanças climáticas e outros fatores
são exemplos dessas externalidades, que podem gerar acidentes, prejuízos à saúde da população ou até
mesmo mudanças estruturais que prejudiquem a economia no longo prazo. A seguir, confira um exemplo:
Podemos trazer como exemplo o agronegócio, com o apoio de alguns relatórios de instituições,
como a Embrapa, que buscam medir o efeito potencial das mudanças climáticas na agricultura
brasileira. De acordo com a pesquisa, boa parte dos cultivos analisados apresenta um potencial de
queda na produção, dependendo do cenário de aumento médio de temperatura e o horizonte de
tempo (EMBRAPA, 2008). Em um país como o Brasil, que tem uma boa parte do PIB ligado ao
agronegócio, os impactos das mudanças climáticas podem representar uma queda no crescimento
econômico.
Ao analisar esses impactos potenciais, os investidores entendem que as questões ASG podem representar
riscos à rentabilidade das suas carteiras. Por isso, aumentam a busca por informações que permitam que
Exemplo I 
esses profissionais consigam incorporar, também, esses riscos aos seus processos de análise de empresas
e decisão de alocação em carteira.
O aumento da demanda por informações ASG das empresas é crescente, segundo pesquisas de mercado
como a da Ernst & Young (EY), que aponta que cerca de 90% dos investidores acredita que tais informações
podem ser importantes no ajuste do valor atribuído às empresas (NELSON, 2019).
Pauta sobre ASG está cada vez mais presente nas empresas.
Esse movimento, que passou a tratar de temas ASG entre os investidores, ficou mais conhecido como
investimentos responsáveis. Nas próximas seções, abordaremos os principais conceitos, iniciativas e
práticas do mercado brasileiro e internacional sobre essa agenda.
Investimentos responsáveis
Conhecendo os investimentos responsáveis
Assista ao vídeo e compreenda os principais conceitos relacionados a esse tipo de investimento no
mercado mundial.
O conceito é mais amplo do que uma responsabilidade moral, já que também trata do dever que os
investidores institucionais têm com os seus clientes de analisar de forma adequada os riscos das empresas
e de outros ativos em que investem. Consideramos ativos os bens que o investidor possui em carteira,

como ações, títulos públicos do governo, dívidas de empresas (ex.: debêntures), cotas defundos de
investimento, moedas, entre outras modalidades possíveis.
Se essas questões podem, de fato, impactar a capacidade das empresas de gerar resultados, é dever
desses profissionais considerá-las nas suas decisões. A essa responsabilidade, damos o nome de dever
fiduciário. A seguir, discutiremos um pouco mais sobre como cada um desses fatores impacta o mercado
de investimentos em seus diversos aspectos.
Relevância: quais questões ASG são
importantes?
Existem várias iniciativas que listam questões ambientais, sociais e de governança corporativa a serem
analisadas em um processo de investimento. Entre elas, podemos selecionar como exemplo a do próprio
PRI, adequada por se tratar de uma iniciativa orientada especificamente para esse mercado. A tabela a
seguir mostra uma lista de alguns desses fatores, que não devem ser vistos como exclusivos. O tópico é
complexo, mas podemos considerar este como um bom ponto de partida.
Ambiental Social Governança
Mudanças climáticas Direitos humanos Suborno e corrupção
Esgotamento de recursos
naturais
Escravidão moderna Remuneração de executivos
Gestão de resíduos Trabalho infantil
Diversidade e estrutura do
Conselho de Administração
Poluição Condições de trabalho Lobby e doações políticas
Desmatamento Relações trabalhistas Estratégia tributária
Tabela - Exemplos de Fatores ASG. 
PRI, 2020.
Diversos fatores ASG devem ser considerados, mas eles vão depender, basicamente, do que estamos
analisando. As questões mais relevantes no setor de petróleo, por exemplo, que têm impactos significativos
sobre o meio ambiente, não são as mesmas do setor de educação, com um impacto muito maior sobre os
aspectos sociais. Chamamos de materialidade esse olhar setorial específico sobre as atividades de cada
empresa para determinar a relevância das questões ASG. A seguir, confira um exemplo:
Vamos analisar uma empresa do setor de varejo: as Lojas Renner. Entre as questões ambientais, as
mais relevantes talvez sejam, por exemplo, o uso de energia nas lojas ou as emissões de gases de
efeito estufa (GEE) da sua operação logística, como o transporte das mercadorias por caminhões a
diesel, altamente poluentes. No entanto, ao analisarmos os seus aspectos sociais, alguns pontos
chamam a atenção.
Em primeiro lugar, o relacionamento com os fornecedores. Sabemos que a cadeia de confecção está
altamente exposta a riscos de trabalho degradante ou análogo ao escravo. Como compradora, a
Renner possui a corresponsabilidade por esses fornecedores. Outro público relevante para a
empresa é, evidentemente, o cliente. Qualquer empresa no setor de varejo que lida diretamente com
o consumidor final precisa estar atenta às suas demandas, necessidades e satisfação, para garantir
e aumentar sua participação no mercado.
Entre as questões de governança corporativa, embora todas sejam relevantes, pode-se dar atenção
extra à forma como a empresa remunera seus executivos (se por metas exclusivamente de curto
prazo ou considerando aspectos mais estratégicos e de longo prazo) e seus programas de
diversidade, especialmente considerando a diversidade de gênero e classe social de seus
consumidores. Neste caso, ter representantes de diferentes públicos apoiando a elaboração da
estratégia pode ser um bom negócio para a companhia!
Mapear e controlar esses aspectos pode representar um custo adicional às empresas, certo? Sim, é
verdade. É justamente por isso que vários profissionais acreditam que a sustentabilidade reduz os
resultados das empresas. Mas esse é um dos principais mitos do investimento responsável e já existem
várias evidências contrárias a esse dilema.
Tomemos o exemplo citado há pouco, das Lojas Renner. O investimento em eficiência energética — troca de
iluminação por lâmpadas mais econômicas e regulação do ar condicionado — não traz benefício apenas
para o meio ambiente, mas reduz o custo de manutenção das lojas. Projetos como esse, muitas vezes, se
pagam em um curto espaço de tempo e podem ser vantajosos para as empresas.
Outra questão que podemos analisar, no mesmo exemplo, é a gestão de fornecedores. Não podemos
negociar o aspecto ético de remuneração e condições de trabalho dignas dos funcionários do setor de
confecção. Esse é um custo que sequer deveria ser discutido.
Exemplo II 
Independentemente disso, o controle sobre os fornecedores reduz a chance de a empresa se envolver em
um escândalo sobre trabalho análogo ao escravo, como já vimos em algumas organizações do setor. Além
de pagar multas e indenizações, os danos à marca podem custar a fidelidade de clientes e a receita da
empresa. A gestão da sustentabilidade, portanto, tem duas vantagens:
Vantagem I
Preservar o valor das empresas, evitando riscos que podem prejudicar a receita, a reputação e gerar
passivos trabalhistas e em outras esferas cíveis e judiciais.
Vantagem II
Antecipar tendências e aumentar a geração de valor para os colaboradores, clientes, cadeia de fornecedores
e, por consequência, para os acionistas.
É isso que vários estudos têm demonstrado estatisticamente. Uma pesquisa de Harvard aponta que as
empresas com boas práticas em sustentabilidade apresentam nível mais baixo de endividamento, maior
fidelidade de clientes e maiores indicadores de retorno (ECCLES, 2012).
No mesmo estudo, a avaliação de duas carteiras de ações, uma com as melhores e outra com as piores
empresas em sustentabilidade, demonstrou que o desempenho das ações também pode ter relação com as
questões ASG. A imagem a seguir mostra o que teria acontecido se uma pessoa investisse um dólar em
uma carteira de ações com as melhores empresas em sustentabilidade versus a mesma quantia nas piores
empresas nesse quesito.
Desempenho de uma carteira teórica de ações com alto nível de sustentabilidade (high) e baixo nível de sustentabilidade (low).
Com o tempo, as questões ASG passaram a ser vistas pelos investidores como uma forma de avaliar a
gestão das companhias. Aquelas que estão preocupadas com a satisfação dos seus colaboradores, com a
gestão adequada de fornecedores e com o olhar para o meio ambiente e para a governança corporativa
tendem a realizar uma gestão mais madura de suas atividades. Com isso, tendem a apresentar um
desempenho melhor que seus concorrentes. É simples: empresa que está no vermelho não pensa no verde!
Demanda dos clientes: qual é o tamanho do
mercado ASG?
Conforme o mercado conhece melhor as questões ASG e seus impactos, começa a surgir a demanda por
produtos que incluam essa agenda em seus processos de escolha de empresas e de alocação de recursos.
Globalmente, surge um mercado de investimentos socialmente responsáveis, ou SRI (da sigla em inglês
socially responsible investments). Os primeiros fundos dessa natureza surgiram ainda nos anos 1970 e
1980, mas foi na década de 1990 que os investimentos responsáveis ganharam a primeira referência de
mercado, por meio de um índice de sustentabilidade.
Economia cada vez mais relacionada à sustentabilidade.
Em 1999, foi lançado na bolsa de Nova Iorque o Dow Jones Sustainability Index (PRI, 2020).
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Qual das alternativas representa melhor o falso dilema entre o desenvolvimento sustentável e os modelos
econômicos tradicionais?
A As variáveis ambientais não têm relação direta com o desenvolvimento econômico.
B
As variáveis ambientais não são sequer consideradas como propulsoras do
desenvolvimento econômico.
C
As variáveis ambientais desempenham um papel maior do que deveriam nos modelos
econômicos.
D
Os modelos econômicos são completamente incapazes de incorporar os fatores
ambientais.
E
Os modelos econômicos tradicionais já consideram fatores de desenvolvimento
sustentável.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Modelos econômicos tradicionais incorporavam as variáveis sociais e ambientais como externas
(exógenas) ao desenvolvimento econômico, de modo que não tinham impacto direto na
economia.
Questão 2
Deque maneira a gestão da sustentabilidade pode preservar o valor de uma empresa?
A Criando novas estratégias de marketing ambiental.
B Fidelizando mais os clientes.
C Trabalhando ativamente para gerar valor por meio de políticas ambientais.
D
Evitando os riscos associados a fatores ASG que prejudiquem receitas, reputação e
condições de trabalho.
E Aumentando seus custos.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A preservação de valor ocorre por meio da redução dos riscos associados aos fatores ASG.

2 - Investimentos responsáveis e regulação
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os principais índices
sustentáveis e tendências regulatórias no tema.
Os índices de sustentabilidade
Índices de ações são a principal referência para sabermos a média de desempenho desse tipo de
investimento em um determinado mercado. No Brasil, por exemplo, o principal índice de ações é o Ibovespa,
que vemos anunciado todos os dias nos jornais e nas publicações do mercado financeiro. Quando ouvimos
que um índice subiu ou caiu, isso significa que, em média, suas ações se valorizaram ou desvalorizaram,
respectivamente.
Ibovespa é o principal índice de ações brasileiro.
A criação de um índice de sustentabilidade tem como principal objetivo conferir a tese que apresentamos
neste material. Se as ações de empresas com boas práticas em sustentabilidade tendem a ter uma
rentabilidade maior, poderia se esperar que um índice composto dessas empresas se valorizasse mais do
que os tradicionais do mercado. Foi com essa intenção que surgiram os índices de sustentabilidade, que
são carteiras teóricas de ações escolhidas por suas iniciativas e indicadores ASG.
Mas afinal, para que serve um índice?
A partir dessa referência teórica, gestores de investimentos podem espelhar ou se referenciar nessa
carteira e criar fundos de investimento compostos por essas ações. Assim, pessoas físicas ou grandes
investidores institucionais que queiram investir em empresas mais sustentáveis podem alocar seus
recursos nesses fundos de investimento.
Além do Dow Jones Sustainability Index, outros índices foram criados em diversos países do mundo,
inclusive no Brasil. A B3 lançou em 2005, ainda como Bovespa, o Índice de Sustentabilidade Empresarial
(ISE), que há 15 anos avalia as empresas listadas no mercado brasileiro em diversos aspectos da
sustentabilidade. O processo de construção do ISE segue as seguintes etapas:
Etapa I
As empresas listadas na B3 são convidadas a participarem do processo de seleção da
carteira do ISE.
Etapa II
Para as que aceitam, é enviado um questionário que avalia as práticas da empresa em sete
dimensões (B3, 2020), as quais serão apresentadas adiante, ao longo do conteúdo.
Etapa III
Após a consolidação das notas, as empresas são submetidas à aprovação do Conselho
Deliberativo do ISE, o CISE, composto por profissionais que representam as associações de
empresas, de instituições financeiras e da sociedade civil.
Etapa IV
A carteira teórica é definida e divulgada ao público. Ela vale por um ano, de janeiro a
dezembro.
Etapa V
A B3 monitora e divulga diariamente a valorização do índice, calculado com base no preço
das ações que compõem a carteira.
Além do ISE, a B3 também possui um índice que olha exclusivamente para as questões climáticas: o Índice
Carbono Eficiente (ICO2). Sua carteira teórica é composta a partir de um cálculo que usa como referência
as emissões de gases de efeito estufa das empresas. Outros índices no mercado internacional possuem
características distintas.
Na bolsa de Londres, por exemplo, o FTSE4GOOD é um índice de sustentabilidade que avalia não somente
as iniciativas das empresas, mas as classifica de acordo com o risco setorial em relação às questões de
sustentabilidade (FTSE, 2013). É uma outra forma de olhar a materialidade, usada na composição de um
índice.
Sobre o ISE, confira a avaliação das práticas empresariais organizadas em sete dimensões (B3, 2020) que
foram citadas na Etapa II:
I - Geral
De�nição
Compromissos com o desenvolvimento sustentável, alinhamento às boas práticas de
sustentabilidade, transparência das informações corporativas e práticas de combate à
corrupção.
II - Natureza do produto
De�nição
Impactos pessoais e difusos (para toda a sociedade e o meio ambiente) dos produtos e
serviços oferecidos pelas empresas, adoção do princípio da precaução e disponibilização de
i f õ id
informações ao consumidor.
III - Governança corporativa
De�nição
Relacionamento entre sócios, estrutura e gestão do conselho de administração, processos de
auditoria e fiscalização, práticas relacionadas à conduta e ao conflito de interesses.
IV - Econômico-�nanceira, ambiental, social
De�nição
Políticas corporativas (normas e procedimentos internos), gestão (iniciativas e processos),
desempenho (indicadores e metas) e cumprimento legal.
A seguir, veja a classificação de riscos ASG usada no Reino Unido (FTSE, 2013):
Tecnologia de informação; mídia; financiamento ao consumo; investidores em propriedade; pesquisa
e desenvolvimento; atividades de lazer e esporte; serviços de suporte; telecom; distribuidores
atacadistas.
V - Mudança do clima
De�nição
Política corporativa, gestão, desempenho e nível de abertura das informações sobre o tema
(quanto a empresa divulga ao mercado sobre as suas iniciativas e como mede a sua
exposição a questões climáticas).
Risco baixo 
Risco médio 
Construção do it yourself (DIY); equipamentos elétricos e eletrônicos; distribuição de energia e
combustíveis; engenharia e equipamentos pesados; indústria financeira; hotelaria, catering e
facilities; indústria manufatureira; portos; impressão e publicação de jornais; incorporadoras;
varejistas, aluguel de veículos; transporte público.
Agricultura; transporte aéreo, aeroportos; materiais de construção; químicos e farmacêuticos;
construção, engenharia de grandes sistemas; cadeias de fast-food; alimentos, bebida e tabaco;
florestas, papel e celulose; mineração e minerais; petróleo e gás; geração de energia; logística
terrestre e marítima; supermercados; produção automobilística; gestão de resíduos; água; controle
de pragas.
Os índices são uma alternativa para o desenvolvimento de produtos de investimento. Em todo o mundo,
aumenta significativamente o número de investidores e o volume de recursos que adota, entre as suas
práticas de investimento, o olhar para os riscos e oportunidades ASG. Esses investimentos não acontecem
somente no mercado de ações, e são adotados até mesmo por investidores globais na compra de títulos
públicos, comparando as políticas públicas de sustentabilidade entre os países em que podem investir.
Atenção!
É importante analisarmos esse mercado para entender os riscos, bem como as oportunidades de negócios
que surgem da integração ASG.
A indústria de investimentos responsáveis
no mundo
Aqui, vamos dar um passo importante para entender não apenas o que são investimentos responsáveis,
mas como investidores usam informações ASG para decidir em quais ativos investir. Embora falemos
bastante sobre mercado de ações, esses processos de investimento podem valer para diferentes
modalidades.
À semelhança dos mercados tradicionais, cada investidor tem o seu jeito de escolher os ativos que
compõem a sua carteira. Alguns mais conservadores, outros mais arriscados, com diferentes prazos e
Risco alto 
critérios de escolha. Isso vale para as questões ASG. Para entender como o mercado vem crescendo, é
importante entender as diferentes estratégias de investimentos responsáveis (BUOSI, 2017).
Estratégias de investimentos responsáveis
Assista ao vídeo e compreenda as ações e estratégias relacionadas aos investimentos responsáveis.
Em todo o mundo, crescem anualmente os recursos direcionados a essas estratégias de investimento. A
Global Sustainable Investment Alliance (GSIA) aponta um crescimento de 34% do volume de recursos que
adotam estratégias de investimento responsáveis em regiões desenvolvidas,como apresentado na tabela
adiante. Na mesma publicação, são apresentados aumentos expressivos nas estratégias de produtos
temáticos (+269%), best in class (+125%), investimento de impacto (+79%) e integração (+69%), todas
avaliadas entre os anos de 2016 e 2018.
Região
Ativos (em US$ bilhões)
2016 2018 Cresc. %
Europa $12.040 $14.075 16,90%
EUA $8.723 $11.995 37,51%
Japão $474 $2.180 359,92%
Canadá $1.086 $1.699 56,45%
Austrália/ NZ $516 $734 42,25%
TOTAL $22.839 $30.683 34,34%
Tabela - Volume de ativos que adotam estratégias ASG. 
GSIA, 2018.

No Brasil, ainda temos poucas opções para os investidores que desejam direcionar seus recursos para a
sustentabilidade. Na pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de
Capitais (Anbima), os gestores dizem que as principais estratégias adotadas são o best in class, por 30%, e
as exclusões, por cerca de 27% das instituições (ANBIMA, 2018).
Para que a agenda avance no Brasil, assim como em outras regiões no mundo, é preciso que o mercado
de investimento inove, tanto nos processos de análise como na criação de novos produtos de
investimento.
Como esse é um assunto relativamente novo, a cooperação entre os vários agentes do mercado é
fundamental. No mundo, diversos grupos de trabalho, iniciativas colaborativas e acordos voluntários
debatem a agenda ASG, mas uma em especial é orientada para o mercado de investimentos: o PRI.
Os princípios para o investimento
responsável (PRI)
O PRI foi uma iniciativa que já começou grande. Lançado oficialmente em 2006, na Bolsa de Valores de
Nova York, os princípios foram apoiados pelas Nações Unidas, na época representadas pelo secretário-geral
Koffi Annan, e contaram com a organização de 20 dos maiores investidores globais. A ideia desses
investidores foi lançar um conjunto de princípios voluntários, mas que trouxessem o compromisso dessas
instituições com a agenda ASG.
Os seis princípios falam da consideração de questões ASG na decisão de investimento, da influência na
adoção de melhores práticas pelas empresas, do trabalho colaborativo entre investidores e da transparência
ao mercado. Veja cada um deles a seguir:
Princípio I
Incorporaremos as questões ASG às análises e aos processos de decisão de investimentos.
Princípio II
Seremos proprietários ativos e incorporaremos os temas de ASG às nossas políticas e práticas de detenção
de ativos.
Princípio III
Buscaremos a transparência adequada nas entidades em que investimos quanto às questões ASG.
Princípio IV
Promoveremos a aceitação de implementação dos princípios dentro da indústria de investimentos.
Princípio V
Trabalharemos em conjunto para ampliar a eficácia na implementação dos princípios.
Princípio VI
Reportaremos nossas atividades e progresso em relação à implementação dos princípios.
Proprietários, gestores e prestadores de serviço
A seguir, saiba mais sobre as características dos proprietários e gestores de ativos, bem como dos
prestadores de serviço financeiros:
Nesta categoria, em geral, estamos falando de grandes investidores institucionais, como fundos de
pensão públicos ou privados, fundações, famílias com grandes fortunas e outras instituições que
são detentoras de recursos de investimentos.
Nesta categoria, encaixam-se instituições especializadas na gestão de recursos de terceiros. Esses
gestores podem, inclusive, administrar fundos ou produtos que recebam os recursos dos
proprietários de ativos, mas também podem criar produtos para o mercado de varejo, recebendo
investimentos diretos de pessoas físicas, por exemplo.
Proprietários de ativos 
Gestores de ativos 
Consultorias, agências de informação, bolsas de valores e outras instituições ligadas ao mercado de
investimentos podem aderir ao PRI nesta categoria.
A importância do PRI
Além de ter sido um dos primeiros acordos voltados para o setor financeiro, a força dos investidores
institucionais que o apoiaram gerou um movimento positivo que ampliou rapidamente o número de
signatários do acordo e o volume de recursos que passou a se comprometer com a agenda ASG.
Em 2020, o PRI atingiu a marca de 3 mil signatários, que respondem por cerca de US$90 trilhões em ativos
sob gestão. No mercado brasileiro, o PRI ganhou força desde o início do acordo. Tendo a Previ — fundo de
pensão dos funcionários do Banco do Brasil — como um dos 20 apoiadores iniciais, o Brasil foi o primeiro a
estruturar uma rede local de signatários do PRI, em 2007.
O PRI foi um dos primeiros acordos para o setor financeiro.
O modelo brasileiro espelhou a criação de nove outras redes locais, para que investidores possam
considerar as particularidades de seus mercados no processo de debate e integração ASG. Atualmente, o
Brasil possui 65 signatários do PRI.
Regulação: como o ASG saiu do voluntário
para o regulatório?
Quando investidores trazem novos temas para a mesa, é natural que os reguladores queiram se informar
sobre a situação. É assim com diversos temas, e com o ASG não foi diferente. No mundo todo, bancos
Prestadores de serviço financeiros 
centrais e comissões de valores mobiliários, os principais órgãos que regulam as operações financeiras,
articulam-se para entender melhor a agenda ASG e trazê-la para os seus instrumentos de supervisão do
sistema financeiro.
Um estudo das Nações Unidas afirma que as regulações do sistema financeiro que abordam as questões
ASG dobraram entre 2013 e 2017 (UNEP-FI, 2018). O PRI, da mesma forma, observa um aumento expressivo
dessas regulações, orientado especificamente para o mercado de investimentos, como apresentado na
imagem a seguir:
Número cumulativo de intervenções regulatórias em relação às questões ASG.
A tendência de aumento da regulação sobre o tema não deve ser modificada nos próximos anos. Em
diversas regiões, o debate já faz parte das agendas do setor público e, especialmente, do setor financeiro.
Em 2017, foi estabelecida uma rede internacional de bancos centrais e supervisores, a NGFS (da sigla em
inglês Network for Greening the Financial System, ou Rede para um Sistema Financeiro mais Verde, em
tradução livre).
Saiba mais
A iniciativa já conta com 54 membros dos 5 continentes, que representam mais de 57% do PIB global. O
Banco Central do Brasil aderiu ao NGFS em 2020.
Uma vez que essas iniciativas se traduzam em novas regulações, aumentará o controle sobre os gestores
de recursos e, esperamos, sobre as empresas investidas. Até este momento, a maior parte das regulações é
orientativa, ou seja, indica de forma ampla e sem critérios específicos que os investidores devem atentar
para os riscos ASG na sua estratégia de investimentos. A evolução dessa tendência é definir quais são os
temas e os indicadores a serem monitorados e reportados aos supervisores e ao mercado. No mercado
local, existem algumas regulações no âmbito do sistema financeiro nacional que devem ser destacadas:
É aplicável a todas as instituições que reportam ao Banco Central, desde os grandes bancos até
cooperativas de crédito, bancos de investimento, corretoras de valores etc. É a principal regulação do
Resolução nº 4.327/2014 do Conselho Monetário Nacional (CMN) 
sistema financeiro nacional sobre o tema e traz a necessidade de as instituições possuírem uma
política de responsabilidade socioambiental (PRSA) e um sistema de gerenciamento do risco
socioambiental.
Orientada às companhias listadas na B3, coloca entre os itens a serem divulgados em seus
documentos regulatórios, especialmente o formulário de referência, questões relacionadas aos
riscos socioambientais das companhias, atendimento a regulação socioambiental e instrumentos
usados para a divulgação de informações ASG ao mercado. O formulário de referência é um
documento de divulgação obrigatória, exigido pela comissão de valores mobiliários (CVM), no qual a
empresa divulga as principais informações sobre suas práticas de gestão, resultados financeiros,
fatores de risco, atendimento à regulação e outras políticas relevantes.Orientada às entidades fechadas de previdência complementar (EFPC), ou fundos de pensão, como
são conhecidos no mercado, a resolução orienta que, sempre que possível, as entidades observem
as questões ASG em seus processos de investimento.
A Superintendência Nacional de Previdência Complementar, responsável pela supervisão das EFPC,
emitiu, em complemento à Resolução nº 4.661/2018, uma instrução que orienta a adoção das
questões ASG pelos fundos de pensão, sugerindo que adotem um olhar setorial para os riscos dessa
natureza.
O recado é claro: aos investidores que ainda não consideram os temas ASG de forma estratégica, a questão
está, cada vez mais, migrando para uma agenda obrigatória. Antecipar a regulação costuma custar menos
às instituições, que têm mais tempo para implementar estratégias, processos e controles. Além disso, quem
já possui experiência no tema consegue, inclusive, debater com o regulador para dizer o que de fato
funciona e o que torna inviável o processo de investimento. De qualquer forma, o processo parece ser cada
vez mais inevitável.
Instrução CVM nº 552 
Resolução nº 4.661/2018 do CMN 
Instrução nº 6/2018 da Previc 
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Assinale a alternativa que aponta o principal objetivo da elaboração de um índice de empresas sustentáveis:
A Criação de um fundo de empresas sustentáveis.
B
A previsão de que um índice composto dessas empresas se valorizasse mais do que os
índices tradicionais do mercado.
C
A previsão de que um índice composto dessas empresas se valorizasse menos do que os
tradicionais do mercado.
D O fato de servir apenas para pesquisas na área de sustentabilidade.
E Permitir que os investidores identifiquem empresas sustentáveis.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Destacamos que eles foram criados para indicar a valorização de empresas que respeitam as
questões ASG.
Questão 2
No que consiste a estratégia de investimentos responsáveis de impacto?
A Consiste na avaliação da performance financeira e dos indicadores ASG.
B
Consiste em utilizar o poder de acionista ou investidor institucional para influenciar boas
B
práticas.
C Consiste em definir as melhores empresas do setor de sustentabilidade.
D Consiste em direcionar recursos exclusivamente para setores ou empresas sustentáveis.
E Consiste em investir nas empresas não sustentáveis.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Existem diversas estratégias de desenvolvimento de investimento responsável. Uma delas é a
estratégia de impacto, que envolve a avaliação não só da performance financeira, mas dos
indicadores ASG — como emprego, renda e redução de emissões de GEE.

3 - Tendências e desa�os
Ao �nal deste módulo, você será capaz de de�nir caminhos possíveis para
a integração da sustentabilidade nas decisões de investimentos, seus
desa�os e tendências.
Tendências das questões ASG
Embora tudo que dissemos até agora mostre que já avançamos no entendimento da sustentabilidade pelas
empresas e pelos investidores, ainda há muito a ser feito. Esse é um tema em constante evolução,
influenciado pelo aumento do conhecimento científico e pelas mudanças da nossa sociedade.
Com isso, surgem novos olhares para o ASG, que buscam orientar as políticas públicas, as práticas das
empresas e, por consequência, as decisões financeiras. Alguns desses tópicos são explicados neste
módulo, mas não concentram todo o debate em torno da sustentabilidade, que é muito mais complexo.
Objetivos do desenvolvimento sustentável
(ODS)
Assista ao vídeo e compreenda os objetivos do desenvolvimento sustentável.
As mudanças climáticas e a TCFD
Entre todos os temas das questões ASG, as mudanças climáticas — sem dúvida — têm chamado mais
atenção, especialmente no setor financeiro e em países desenvolvidos.
Podemos considerar algumas razões para isso. Em primeiro lugar, as economias desenvolvidas estão

menos expostas às questões sociais que atingem outros países, como o Brasil, e, dessa forma, acabam
direcionando suas atenções para as questões ambientais.
Além disso, os efeitos das mudanças climáticas podem impactar severamente não apenas o meio
ambiente, como a própria sociedade. Eventos climáticos, como furacões e enchentes, tendem a atingir mais
regiões, impactando populações e gerando prejuízos à economia.
Furacões são um exemplo de efeitos das mudanças climáticas.
O principal grupo de debate sobre as mudanças climáticas é o Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC, da sigla em inglês que significa Intergovernamental Pannel on Climate Change).
Esse grupo de cientistas de todo o mundo realiza estudos para avaliar em que nível estamos em relação
ao aumento médio de temperatura no planeta, quais as perspectivas para as próximas décadas e os
efeitos adversos desse aumento.
Quando falamos de um aumento médio de 2°C de temperatura, podemos achar que é pouca coisa, certo?
Mas vamos fazer um paralelo: o que acontece com o seu corpo se a sua temperatura aumentar em 2°C?
Você fica com febre. Agora, imagine se esse aumento for de 4°C? Você precisa correr para o hospital! O
mesmo ocorre com o nosso planeta. Os efeitos de um aumento de temperatura média, ainda que pequeno,
podem ser desastrosos para muitos países.
Para entender como esses riscos podem impactar a economia, o Financial Stability Board (FSB),
responsável pela regulação do sistema financeiro internacional, criou uma força-tarefa para desenvolver
recomendações para empresas e para o setor financeiro avaliarem e divulgarem os seus riscos climáticos.
FSB é o responsável por regular o sistema financeiro internacional.
A Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas às Mudanças Climáticas vem da sigla TCFD, em
inglês, que significa Task-Force for Climate-related Financial Disclosures. No mercado, a TCFD é chamada
apenas pela sigla. A importância da TCFD foi levar para o setor financeiro um conjunto de recomendações
que permitem às empresas avaliarem sua exposição aos riscos climáticos, mas também identificarem
oportunidades de negócios relacionadas ao tema.
As recomendações se organizam em quatro dimensões: a governança das instituições, ou seja, como as
lideranças estão olhando para as questões climáticas; a forma como os impactos reais são considerados
na estratégia; os processos de análise e gestão de riscos climáticos; e as métricas e metas estabelecidas
para a redução da exposição a esses riscos (TCFD, 2020).
Riscos, oportunidades e impactos financeiros relacionados às mudanças climáticas.
Como podemos observar na imagem anterior, a TCFD esclarece os potenciais riscos e as oportunidades que
advêm da preocupação com a questão climática. Com isso, bancos, investidores e seguradoras podem
analisar mais detalhadamente esses riscos em suas operações financeiras.
A partir das recomendações da TCFD, muitos investidores passaram a fazer análises dos possíveis
prejuízos que suas empresas investidas teriam com o aumento dos impactos das mudanças climáticas,
por exemplo.
O tema tomou uma proporção tão grande que, atualmente, até mesmo os bancos centrais já estudam uma
forma de inserir essa agenda nas suas próximas regulações.
Os desa�os da sustentabilidade e como
enfrentá-los
Afinal, se tudo que apresentamos é tão importante, por que ainda temos tanta polêmica quando falamos em
sustentabilidade? Por que governos, empresas e instituições financeiras ainda têm dúvidas sobre a
relevância desse tema?
Podemos começar pelo fato de que é difícil medir a sustentabilidade. Especialmente em um modelo
econômico tradicional, em que tudo é medido e priorizado pelo seu impacto na forma de cálculos, essas
questões ainda são um pouco abstratas para os líderes empresariais e financeiros.
Conforme avançamos no debate, vamos desenvolvendo conhecimento, fazendo contas e chegando aos
resultados que ajudam a convencer essas lideranças, mas ainda estamos trilhando esse caminho.
Pensar e agir de maneira sustentávelé um desafio.
Outra dificuldade é que esse não é um tema para o qual podemos prescrever uma receita única, que se
aplique a todos os setores e empresas. A sustentabilidade exige uma reflexão para encontrar a
materialidade e os riscos específicos de cada organização, o que é mais complicado quando ainda não
existe tanto conhecimento sobre o tema.
Além do desafio em estabelecer essa materialidade, temos que considerar também que os investidores
precisam tomar decisões que exigem que os dados e informações analisados sejam comparáveis. Nas
demonstrações financeiras, isso ocorre com alguma facilidade, mas não é o caso das informações ASG.
Relatórios e indicadores são aliados na padronização de dados.
Indicadores não são padronizados e não existe uma regulação específica que diga exatamente o que as
empresas devem informar sobre suas iniciativas e resultados nas questões de sustentabilidade. Alguns
movimentos tentam endereçar esses desafios e já promovem bons avanços. É o caso das iniciativas de
relatórios de sustentabilidade, que criam padrões para apoiar as empresas nessa divulgação. Os próprios
reguladores têm se articulado para aumentar a padronização de dados ASG nas empresas, facilitando a vida
de analistas e gestores de investimentos.
O fundamental é ter consciência de que esse é um caminho sem volta. Para atingirmos patamares mais
sustentáveis em nossa sociedade, precisamos, em primeiro lugar, nos informar sobre esse tema e
debater a respeito nas universidades, empresas e no setor financeiro.
Os impactos da sustentabilidade não ocorrem em outro lugar, distante de nós. É uma discussão que nos
envolve diretamente e precisa da colaboração de todos para mudarmos o tom dessa conversa. Ainda há
muito caminho a ser percorrido, mas estamos na direção correta. Precisamos apenas aumentar a
velocidade, e isso se faz com conhecimento e colaboração.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Entre todos os temas das questões ASG, qual aspecto tem sido mais debatido e chamado mais a atenção
de governos e investidores dos países desenvolvidos nos últimos anos?
A O aspecto ambiental
B O aspecto social
C O aspecto de governança corporativa
D O aspecto das grandes empresas
E O aspecto financeiro
Parabéns! A alternativa A está correta.
Conforme falamos, o aspecto ambiental chama mais a atenção de diferentes atores, pois, entre
outros fatores, países desenvolvidos apresentam questões sociais menos urgentes, de modo que
Considerações �nais
Neste material, trouxemos o debate das questões ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG).
No primeiro módulo, destacamos como ocorreu a evolução da sustentabilidade como a conhecemos
atualmente e definimos os investimentos responsáveis. Com isso, trouxemos uma visão ampla sobre a
relação entre finanças e sustentabilidade.
podem focar políticas ambientais.Questão 2
Qual dessas dificuldades não está associada aos desafios da sustentabilidade?
A A sustentabilidade é difícil de ser medida.
B Não há uma forma única de dimensionar a sustentabilidade.
C É difícil comparar políticas sustentáveis.
D A sustentabilidade depende do ponto de vista.
E A não importância da sustentabilidade para o desenvolvimento.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Neste conteúdo, estabelecemos que as principais dificuldades enfrentadas pelos defensores de
uma agenda sustentável concernem à medição e à comparação de medidas.

No segundo módulo, abordamos os diferentes índices de sustentabilidade e das suas principais funções, e
falamos sobre a importância do papel regulatório para o setor. Por fim, trouxemos os principais desafios e
tendências das questões ASG, adequando o debate aos dias atuais. Esperamos que você tenha
compreendido a importância de aprofundarmos o debate de sustentabilidade, baseados nos aspectos
econômicos e financeiros que regem as economias dos países contemporâneos.
Podcast
Ouça o conteúdo preparado especialmente para enriquecer o seu conhecimento.

Referências
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pesquisa de sustentabilidade: engajamento de questões ambientais, sociais e de governança na análise de
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B3. Raio -X das 46 empresas que compõem a carteira ISE B3 2022. B3, São Paulo, 4 jan. 2022. Consultado
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BUOSI, M. E. Integração ASG (questões ambientais, sociais e de governança) à análise de investimentos.
In: Associação de Analistas e Profissionais de Investimentos no Mercado de Capitais. APIMEC; Comissão de
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EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. EMBRAPA. Aquecimento global e a nova geografia
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GLOBAL SUSTAINABLE INVESTMENT ALLIANCE. GSIA. Global Sustainable Investment Review, 2018.
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governança corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015.
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do setor de papel e celulose. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Engenharia Ambiental) –
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, São Paulo, 2022.
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PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT. PRI. What are the principles for responsible investment?
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SUZANO. Sustentabilidade. Suzano. Consultado na internet em: 20 abr. 2022.
TASK-FORCE FOR CLIMATE-RELATED FINANCIAL DISCLOSURE. TCFD. Recomendações da força-tarefa para
divulgações financeiras relacionadas às mudanças climáticas. Tradução das recomendações
internacionais, Brasil, 2020.
The Network of Central Banks and Supervisors for Greening the Financial System. NGFS. NGFS Annual
Report 2019, 2020.
UNITED NATIONS. Our common future. Genebra: United Nations, 1987.
UNITED NATIONS ENVIROMENTAL PROGRAM-FINANCIAL INITIATIVE. UNEP-FI. Making waves: aligning the
financial system with sustainable development. Genebra: UNEP-FI, 2018a.
UNITED NATIONS ENVIROMENTAL PROGRAM-FINANCIAL INITIATIVE. UNEP-FI.. Rethinking impact to
finance the SGDs. Genebra: UNEP-FI, 2018b.
Explore +
Acesse o site do Pacto Global – Rede Brasil, para se aprofundar ainda mais sobre as questões discutidas.
Pesquise sobre os princípios para o investimento responsável, no site da associação.
Pesquise na Internet artigos sobre a iniciativa econômica voltada para o meio ambiente.
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