Buscar

Meio Ambiente, Social e Governança Tema 4

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DEFINIÇÃO
Apresentação das questões ambientais, sociais e de governança corporativa, envolvendo investimentos
responsáveis e finanças sustentáveis.
PROPÓSITO
Promover a reflexão sobre como a sustentabilidade pode impactar não somente as atividades das empresas, mas
também a forma como os investidores tomam suas decisões financeiras.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever a evolução da sustentabilidade no mercado de investimentos e os conceitos de investimento sustentável
MÓDULO 2
Identificar os principais índices sustentáveis e tendências regulatórias no tema
MÓDULO 3
Definir caminhos possíveis para a integração da sustentabilidade nas decisões de investimentos, seus desafios e
tendências
INTRODUÇÃO
A maioria das pessoas já ouviu falar em sustentabilidade e muitas empresas, além de investidores, têm se
preocupado com esse tópico nos últimos anos.
Inicialmente, podemos pensar que isso tem apenas uma motivação ética ou de reputação, mas, na verdade, o
assunto tem ganhado mais força no mercado financeiro em função dos impactos que as questões ambientais,
sociais e de governança corporativa (ASG) podem ter sobre vários aspectos, inclusive sobre a rentabilidade das
empresas que estes agentes investem. É por isso que a agenda saiu das mesas dos ambientalistas e foi parar no
centro da discussão do setor financeiro.
Neste tema, vamos tratar com atenção de cada uma dessas dimensões. Primeiramente, vamos estudar sobre a
evolução da sustentabilidade ao longo do tempo e os mais recentes investimentos sustentáveis. Depois, vamos
aprender sobre os índices de sustentabilidade, aspectos da indústria e a regulação. Por fim, vamos elencar as
principais tendências e desafios do setor.
MÓDULO 1
 Descrever a evolução da sustentabilidade no mercado de investimentos e apresentar conceitos de
investimento sustentável
EVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE
Entre as três dimensões das questões ASG — ambientais, sociais e de governança corporativa —, a última foi a
primeira a ser incorporada pelos investidores. Fica claro quando entendemos que as ações de governança são
aquelas que influenciam como os conselheiros, diretores e demais executivos orientam as decisões da empresa.
 
Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock
Uma instituição com boas práticas de governança corporativa tem, portanto, uma melhor capacidade de gestão e,
por isso, espera-se que ela gere melhores resultados e maior valor para os seus acionistas (IBGC, 2015).
Hoje, podemos dizer que boa parte dos investidores institucionais, ou seja, organizações especializadas na gestão
de investimentos, já analisa a governança corporativa como parte das questões essenciais para a escolha de
empresas que vão compor, por exemplo, as suas carteiras de ações.
 COMENTÁRIO
De alguns anos para cá, especialmente a partir da década de 1990, as questões ambientais também entraram na
pauta. Os desafios ambientais, como o aumento da poluição e do desmatamento, as mudanças climáticas e até
mesmo desastres — como o que ocorreu recentemente em Brumadinho — chamam a atenção para os riscos que as
questões ambientais podem representar para todos, mas especialmente, neste caso, para a operação de uma
empresa.
Finalmente, vários fatores levaram os temas sociais a serem considerados muito relevantes para as empresas,
como, por exemplo: o aumento do uso de mídias sociais até o envelhecimento da população e a entrada de uma
nova geração, os millenials, no mercado de trabalho.
As questões sociais dizem respeito à maneira como essas organizações vão lidar com os seus colaboradores,
fornecedores, clientes etc. Afinal, uma empresa não é uma bolha fechada em si mesma.
Embora a sustentabilidade esteja só agora entrando nos debates financeiros, os conceitos ligados ao
desenvolvimento sustentável não são exatamente novos. Foi em 1987, há 33 anos, que se definiu em uma
conferência das Nações Unidas o conceito oficial de desenvolvimento sustentável, que é:
AQUELE QUE ATENDE ÀS NECESSIDADES DO PRESENTE, SEM
COMPROMETER A CAPACIDADE DAS GERAÇÕES FUTURAS DE
ATENDER ÀS SUAS NECESSIDADES”.
(UNITED NATIONS, 1987, tradução livre)
Trazendo esse conceito para o universo financeiro, isso significa que, se usarmos mais recursos do que o nosso
planeta é capaz de regenerar, entraremos no “cheque especial” do nosso ecossistema.
Podemos pensar, inicialmente, que o conceito de desenvolvimento sustentável estaria na contramão do que
estudamos nos modelos econômicos tradicionais. De fato, existem algumas contradições.
Na economia, em muitos casos, consideramos as questões ambientais e sociais como variáveis externas aos
modelos, ou seja, que não têm relação com as projeções e análises (PENTEADO, 2010). Este, no entanto, é um
falso dilema.
A atenção para com o meio ambiente é fundamental para que tenhamos recursos, como água e matérias-primas,
destinados à produção, assim como os recursos sociais (mão de obra) impactam a produção e o crescimento da
economia.
A Universidade de Cambridge (CISL, 2015) estabeleceu um modelo que ilustra a lógica entre essas dimensões e
seus participantes, bem como as trocas que acontecem entre elas. Na Figura 1, podemos observar que, para o
funcionamento adequado e o crescimento da economia, precisamos dos insumos ambientais e dos recursos sociais.
É aí que, em um olhar de longo prazo, começamos a discutir a sustentabilidade como uma forma de garantir a
perenidade das empresas.
 
Fonte:Shutterstock
 Figura 1 ‒ A lógica das relações entre meio ambiente, sociedade e economia. Fonte: CISL, 2015, tradução livre.
As relações entre as áreas ambiental, social e econômica não dizem respeito apenas ao fornecimento de insumos
para a produção de bens e serviços. O resultado dessa produção também gera o que chamamos de externalidades
para a sociedade e o meio ambiente.
A poluição, as mudanças climáticas e outros fatores são exemplos dessas externalidades, que podem gerar
acidentes, prejuízos à saúde da população ou até mesmo mudanças estruturais que prejudiquem a economia em
longo prazo.
 EXEMPLO
Podemos trazer como exemplo o agronegócio, com o apoio de alguns relatórios de instituições, como a Embrapa,
que buscam medir o efeito potencial das mudanças climáticas na agricultura brasileira.
De acordo com a pesquisa, boa parte dos cultivos analisados apresenta um potencial de queda na produção,
dependendo do cenário de aumento médio de temperatura e o horizonte de tempo (EMBRAPA, 2008).
Em um país como o Brasil, que tem uma boa parte do PIB ligado ao agronegócio, os impactos das mudanças
climáticas podem representar uma queda no crescimento econômico.
Ao analisar esses impactos potenciais, os investidores entendem que as questões ASG podem representar riscos à
rentabilidade das suas carteiras e, por isso, aumentam a busca por informações que permitam que estes
profissionais consigam incorporar, também, estes riscos aos seus processos de análise de empresas e decisão de
alocação em carteira.
O aumento da demanda por informações ASG das empresas é crescente, segundo pesquisas de mercado como a
da Ernst & Young (EY), que aponta que cerca de 90% dos investidores acredita que estas informações podem ser
importantes no ajuste do valor atribuído às empresas (EY, 2018).
Esse movimento, que passou a tratar de temas ASG entre os investidores, ficou mais conhecido como
investimentos responsáveis. Nas próximas seções, abordaremos os principais conceitos, iniciativas e práticas do
mercado brasileiro e internacional sobre esta agenda.
INVESTIMENTOS RESPONSÁVEIS
Assista ao vídeo e saiba mais sobre investimentos responsáveis.
O conceito é mais amplo do que uma responsabilidade moral, já que também trata do dever que os investidores
institucionais têm com os seus clientes, de analisar de forma adequada os riscos das empresas e outros ativos em
que investem.
ATIVOS
Consideramos ativos os bens que o investidor possui em carteira. São considerados exemplos dessa classe:
ações, títulos públicos do governo, dívidas de empresas(ex.: debêntures), cotas de fundos de investimento,
moedas, entre outras modalidades possíveis.
Se essas questões podem, de fato, impactar a capacidade das empresas de gerar resultados, é dever desses
profissionais considerá-las nas suas decisões. A esta responsabilidade, damos o nome de dever fiduciário.
A seguir, discutiremos um pouco mais sobre como cada um desses fatores impacta o mercado de investimentos, em
seus diversos aspectos.
RELEVÂNCIA: QUAIS QUESTÕES ASG SÃO MAIS
IMPORTANTES?
Existem várias iniciativas que listam questões ambientais, sociais e de governança corporativa a serem analisadas
em um processo de investimento. Entre elas, podemos selecionar como exemplo a do próprio PRI, adequada por se
tratar de uma iniciativa orientada especificamente para este mercado.
A Tabela 1, a seguir, mostra uma lista de alguns destes fatores, que não devem ser vistos como exclusivos. O tópico
é complexo, mas podemos considerar este como um bom ponto de partida.
Ambiental Social Governança
Mudanças climáticas Direitos humanos Suborno e corrupção
javascript:void(0)
Esgotamento de recursos
naturais
Escravidão
moderna
Remuneração de executivos
Gestão de resíduos Trabalho infantil
Diversidade e estrutura do Conselho de
Administração
Poluição
Condições de
trabalho
Lobby e doações políticas
Desmatamento
Relações
trabalhistas
Estratégia tributária
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 1 - Exemplos de Fatores ASG. Fonte: PRI, 2020, tradução livre.
Diversos fatores ASG devem ser considerados, mas eles vão depender, basicamente, do que estamos analisando.
As questões mais relevantes no setor de petróleo, por exemplo, que têm impactos significativos sobre o meio
ambiente, não são as mesmas do setor de educação, com um impacto muito maior sobre os aspectos sociais.
Chamamos de materialidade esse olhar setorial específico sobre as atividades de cada empresa para determinar a
relevância das questões ASG.
 EXEMPLO
Vamos analisar uma empresa do setor de varejo: as Lojas Renner. Entre as questões ambientais, as mais relevantes
talvez sejam, por exemplo, o uso de energia nas lojas ou as emissões de gases de efeito estufa (GEE) da sua
operação logística, como o transporte das mercadorias por caminhões a diesel, altamente poluentes. No entanto, ao
analisarmos os seus aspectos sociais, alguns pontos chamam a atenção.
Em primeiro lugar, o relacionamento com os fornecedores. Sabemos que a cadeia de confecção está altamente
exposta a riscos de trabalho degradante ou análogo ao escravo. Como compradora, a Renner possui a
corresponsabilidade por estes fornecedores.
Outro público relevante para a empresa é, evidentemente, o cliente. Qualquer empresa no setor de varejo que lida
diretamente com o consumidor final precisa estar atenta às suas demandas, necessidades e satisfação, para
garantir e aumentar sua participação no mercado.
Entre as questões de governança corporativa, embora todas sejam relevantes, pode-se dar atenção extra à forma
como a empresa remunera seus executivos (se por metas exclusivamente de curto prazo ou considerando aspectos
mais estratégicos e de longo prazo) e seus programas de diversidade, especialmente considerando a diversidade de
gênero e classe social de seus consumidores.
Neste caso, ter representantes de diferentes públicos apoiando a elaboração da estratégia pode ser um bom
negócio para a companhia!
MAPEAR E CONTROLAR ESSES ASPECTOS PODE
REPRESENTAR UM CUSTO ADICIONAL ÀS EMPRESAS,
CERTO?
Sim, é verdade. E é justamente por isso que vários profissionais acreditam que a sustentabilidade reduz os
resultados das empresas. Esse é um dos principais mitos do investimento responsável e já existem várias
evidências contrárias a esse dilema.
Tomemos o exemplo citado há pouco, das Lojas Renner. O investimento em eficiência energética — troca de
iluminação por lâmpadas mais econômicas e regulação do ar condicionado — não traz benefício apenas para o
meio ambiente, mas reduz o custo de manutenção das lojas.
Projetos como este, muitas vezes, se pagam em um curto espaço de tempo e podem ser vantajosos para as
empresas.
Outra questão que podemos analisar, no mesmo exemplo, é a gestão de fornecedores. Não podemos negociar o
aspecto ético de remuneração e condições de trabalho dignas dos funcionários do setor de confecção. Esse é um
custo que sequer deveria ser discutido.
Independente disso, o controle sobre os fornecedores reduz a chance de a empresa se envolver em um escândalo
sobre trabalho análogo ao escravo, como já vimos em algumas organizações do setor. Além de pagar multas e
indenizações, os danos à marca podem custar a fidelidade de clientes e a receita da empresa.
A gestão da sustentabilidade, portanto, tem duas vantagens:
Preservar o valor das empresas, evitando riscos que podem prejudicar a receita, a reputação e gerar passivos
trabalhistas e em outras esferas cíveis e judiciais.
Pode antecipar tendências e aumentar a geração de valor para os colaboradores, clientes, cadeia de fornecedores
e, por consequência, os acionistas.
É isso que vários estudos têm demonstrado estatisticamente. Uma pesquisa de Harvard aponta que as empresas
com boas práticas em sustentabilidade apresentam nível mais baixo de endividamento, maior fidelidade de clientes
e maiores indicadores de retorno (ECCLES, 2012).
No mesmo estudo, a avaliação de duas carteiras de ações, uma com as melhores e outra com as piores empresas
em sustentabilidade, demonstrou que o desempenho das ações também pode ter relação com as questões ASG.
A Figura 3, a seguir, mostra o que teria acontecido se uma pessoa investisse um dólar em uma carteira de ações
com as melhores empresas em sustentabilidade versus a mesma quantia nas piores empresas nesse quesito.
 
 Figura 3 - Desempenho de uma carteira teórica de ações com alto nível de sustentabilidade (high) 
e baixo nível de sustentabilidade (low). Fonte: ECCLES, 2012.
Com o tempo, as questões ASG passaram a ser vistas pelos investidores como uma forma de avaliar a gestão das
companhias. Aquelas que estão preocupadas com a satisfação dos seus colaboradores, a gestão adequada de
fornecedores, o olhar para o meio ambiente e para a governança corporativa tendem a realizar uma gestão mais
madura de suas atividades.
Com isso, tendem a apresentar um desempenho melhor que seus concorrentes. É simples: empresa que está no
vermelho não pensa no verde!
DEMANDA DOS CLIENTES: QUAL É O TAMANHO DO
MERCADO ASG?
Conforme o mercado conhece melhor as questões ASG e seus impactos, começa a surgir a demanda por produtos
que incluam essa agenda em seus processos de escolha de empresas e de alocação de recursos.
Globalmente, surge um mercado de investimentos socialmente responsáveis, ou SRI (da sigla em inglês socially
responsible investments). Os primeiros fundos dessa natureza surgiram ainda nos anos 1970 e 1980, mas foi na
década de 1990 que os investimentos responsáveis ganharam a primeira referência de mercado, por meio de um
índice de sustentabilidade.
Em 1999, foi lançado na bolsa de Nova Iorque o Dow Jones Sustainability Index (PRI, 2020).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUAL DAS ALTERNATIVAS REPRESENTA MELHOR O FALSO DILEMA ENTRE O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E OS MODELOS ECONÔMICOS TRADICIONAIS?
A) O de que variáveis ambientais não têm relação direta com o desenvolvimento econômico.
B) O de que variáveis ambientais não são sequer consideradas como propulsoras do desenvolvimento econômico.
C) O de que variáveis ambientais desempenham um papel maior do que deveriam nos modelos econômicos.
D) O de que modelos econômicos são completamente incapazes de incorporar os fatores ambientais.
2. DE QUE MANEIRA A GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE PODE PRESERVAR O VALOR
DE UMA EMPRESA?
A) Criando novas estratégias de marketing ambiental.
B) Fidelizando mais os clientes.
C) Trabalhando ativamente para gerar valor por meio de políticas ambientais.
D) Evitando os riscos associados a fatoresASG que prejudiquem receitas, reputação e condições de trabalho.
GABARITO
1. Qual das alternativas representa melhor o falso dilema entre o desenvolvimento sustentável e os modelos
econômicos tradicionais?
A alternativa "A " está correta.
 
Modelos econômicos tradicionais incorporavam as variáveis sociais e ambientais como externas (exógenas) ao
desenvolvimento econômico, de modo que não tinham impacto direto na economia.
2. De que maneira a gestão da sustentabilidade pode preservar o valor de uma empresa?
A alternativa "D " está correta.
 
A preservação de valor ocorre por meio da redução dos riscos associados aos fatores ASG.
MÓDULO 2
 Identificar os principais índices sustentáveis e tendências regulatórias no tema
OS ÍNDICES DE SUSTENTABILIDADE
Índices de ações são a principal referência para sabermos a média de desempenho deste tipo de investimento em
um determinado mercado. No Brasil, por exemplo, o principal índice de ações é o IBOVESPA, que vemos anunciado
todos os dias nos jornais e publicações do mercado financeiro.
Quando ouvimos que um índice subiu ou caiu, isso significa que, em média, suas ações se valorizaram ou
desvalorizaram, respectivamente.
 
Fonte: rafapress/Shutterstock
A criação de um índice de sustentabilidade tem como principal objetivo conferir a tese que apresentamos neste
documento. Se as ações de empresas com boas práticas em sustentabilidade tendem a ter uma rentabilidade maior,
poderia se esperar que um índice composto dessas empresas se valorizasse mais do que os tradicionais do
mercado.
Foi com esta intenção que surgiram os índices de sustentabilidade, que são carteiras teóricas de ações escolhidas
por suas iniciativas e indicadores ASG.
MAS AFINAL, PARA QUE SERVE UM ÍNDICE?
A partir desta referência teórica, gestores de investimentos podem espelhar ou se referenciar nessa carteira e criar
fundos de investimento compostos por estas ações.
Assim, pessoas físicas ou grandes investidores institucionais que queiram investir em empresas mais sustentáveis
podem alocar seus recursos nesses fundos de investimento.
 
Fonte: metamorworks/Shutterstock
Além do Dow Jones Sustainability Index, outros índices foram criados em diversos países do mundo, inclusive no
Brasil. A B3 lançou em 2005, ainda como Bovespa, o índice de sustentabilidade empresarial (ISE), que há 15
anos avalia as empresas listadas no mercado brasileiro em diversos aspectos da sustentabilidade. O processo de
construção do ISE segue as seguintes etapas:
As empresas listadas na B3 são convidadas a participarem do processo de seleção da carteira do ISE.
Para as que aceitam, é enviado um questionário que avalia as práticas da empresa em sete dimensões (B3, 2020).
Após a consolidação das notas, as empresas são submetidas à aprovação do conselho deliberativo do ISE, CISE,
composto por profissionais que representam as associações de empresas, de instituições financeiras e da
sociedade civil.
A carteira teórica é definida e divulgada ao público. Ela vale por um ano, de janeiro a dezembro.
A B3 monitora e divulga diariamente a valorização do índice, calculado com base no preço das ações que compõem
a carteira.
SETE DIMENSÕES
Dimensão Definição
Geral
Compromissos com o desenvolvimento sustentável, alinhamento às boas práticas de
sustentabilidade, transparência das informações corporativas e práticas de combate à
corrupção.
Natureza do
produto
Impactos pessoais e difusos (para toda a sociedade e o meio ambiente) dos produtos
e serviços oferecidos pelas empresas, adoção do princípio da precaução e
disponibilização de informações ao consumidor.
javascript:void(0)
Governança
corporativa
Relacionamento entre sócios, estrutura e gestão do conselho de administração,
processos de auditoria e fiscalização, práticas relacionadas à conduta e a conflito de
interesses.
Econômico-
financeira
Políticas corporativas (normas e procedimentos internos), gestão (iniciativas e
processos), desempenho (indicadores e metas) e cumprimento legal.Ambiental
Social
Mudança
do clima
Política corporativa, gestão, desempenho e nível de abertura das informações sobre o
tema (quanto a empresa divulga ao mercado sobre as suas iniciativas e como mede a
sua exposição a questões climáticas).
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 2 - Dimensões do ISE. Fonte: B3, 2020.
Além do ISE, a B3 também possui um índice que olha exclusivamente para as questões climáticas. É o índice
carbono eficiente (ICO2), que compõe a sua carteira teórica a partir de um cálculo que usa como referência as
emissões de gases de efeito estufa das empresas.
Outros índices no mercado internacional possuem características distintas. Na bolsa de Londres, por exemplo, o
FTSE4GOOD é um índice de sustentabilidade que avalia não somente as iniciativas das empresas, mas as
classifica de acordo com o risco setorial em relação às questões de sustentabilidade (FTSE, 2013).
É uma outra forma de olhar a materialidade, usada na composição de um índice. A Tabela 3 apresenta, como
exemplo, a classificação de riscos ASG usada no Reino Unido.
3. Alto 2. Médio 1. Baixo
Agricultura Construção Do It Yourself (DIY) Tecnologia de informação
Transporte aéreo Equipamentos elétricos e eletrônicos Mídia
Aeroportos
Distribuição de energia e
combustíveis
Financiamento ao consumo
Materiais de construção Engenharia e equipamentos pesados Investidores em propriedade
Químicos e farmacêuticos Indústria financeira Pesquisa e desenvolvimento
Construção Hotelaria, catering e facilities
Atividades de lazer e
esporte
Engenharia de grandes
sistemas
Indústria manufatureira Serviços de suporte
Cadeias de fastfood Portos Telecom
Alimentos, bebidas e tabaco Impressão e publicação de jornais Distribuidores atacadistas
Florestas, papel e celulose Incorporadoras
Mineração e metais Varejistas
Petróleo e gás Aluguel de veículos
Geração de energia Transporte público
Logística terrestre e marítima
Supermercados
Produção automobilística
Gestão de resíduos
Água
Controle de pragas
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 3 - Classificação de nível de impacto ASG do índice FTSE4Good. Fonte: FTSE, 2013, tradução livre.
Os índices são uma alternativa para o desenvolvimento de produtos de investimento. Em todo o mundo, aumenta
significativamente o número de investidores e o volume de recursos que adota o olhar para os riscos e
oportunidades ASG, entre as suas práticas de investimento.
Esses investimentos não acontecem somente no mercado de ações, e são adotados até mesmo por investidores
globais na compra de títulos públicos, comparando as políticas públicas de sustentabilidade entre os países em que
podem investir.
 ATENÇÃO
É importante analisarmos esse mercado para entender os riscos, bem como as oportunidades de negócios que
surgem da integração ASG.
A INDÚSTRIA DE INVESTIMENTOS RESPONSÁVEIS
NO MUNDO
Aqui, vamos dar um passo importante para entender não apenas o que são investimentos responsáveis, mas como
investidores usam informações ASG para decidir em quais ativos investir.
Embora falamos bastante sobre mercado de ações, estes processos de investimento podem valer para diferentes
modalidades de investimento.
 
Fonte: PopTika/Shutterstock
À semelhança dos mercados tradicionais, cada investidor tem o seu jeito de escolher os ativos que compõem a sua
carteira. Alguns mais conservadores, outros mais arriscados, com diferentes prazos e critérios de escolha. Isso vale
para as questões ASG.
Para entender como o mercado vem crescendo, é importante entender as diferentes estratégias de investimentos
responsáveis (BUOSI, 2017).
Assista ao vídeo e saiba mais sobre as estratégias de investimento sustentável.
Em todo o mundo, crescem anualmente os recursos direcionados a essas estratégias de investimento. A Global
Sustainable Investment Alliance (GSIA) aponta para um crescimento de 34% do volume de recursos que adotam
estratégiasde investimento responsáveis em regiões desenvolvidas, como apresentado na Tabela 4.
Na mesma publicação, são apresentados aumentos expressivos nas estratégias de produtos temáticos (+269%),
best in class (+125%), investimento de impacto (+79%) e integração (+69%), todas avaliadas entre os anos de 2016
e 2018.
Região
Ativos (em US$ bilhões)
2016 2018 Cresc. %
Europa $12.040 $14.075 16,90%
EUA $8.723 $11.995 37,51%
Japão $474 $2.180 359,92%
Canadá $1.086 $1.699 56,45%
Austrália/ NZ $516 $734 42,25%
TOTAL $22.839 $30.683 34,34%
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 4 - Volume de ativos que adotam estratégias ASG. Fonte: GSIA, 2018.
No Brasil, ainda temos poucas opções para os investidores que desejam direcionar seus recursos para a
sustentabilidade. Na pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais
(ANBIMA), os gestores dizem que as principais estratégias adotadas são o best in class, por 30%, e as exclusões,
por cerca de 27% das instituições (ANBIMA, 2018).
Para que a agenda avance no Brasil, assim como em outras regiões no mundo, é preciso que o mercado de
investimento inove, tanto nos processos de análise como na criação de novos produtos de investimento.
Como este é um assunto relativamente novo, a cooperação entre os vários agentes do mercado é fundamental. No
mundo, diversos grupos de trabalho, iniciativas colaborativas e acordos voluntários debatem a agenda ASG, mas
uma em especial é orientada para o mercado de investimentos: o PRI.
OS PRINCÍPIOS PARA O INVESTIMENTO
RESPONSÁVEL (PRI)
O PRI foi uma iniciativa que já começou grande. Lançado oficialmente em 2006, na Bolsa de Valores de Nova
Iorque, os princípios foram apoiados pelas Nações Unidas, na época representadas pelo secretário-geral Koffi
Annan, e contaram com a organização de 20 dos maiores investidores globais.
A ideia desses investidores foi lançar um conjunto de princípios voluntários, mas que trouxessem o compromisso
dessas instituições com a agenda ASG.
Os seis princípios falam da consideração de questões ASG na decisão de investimento, da influência na adoção de
melhores práticas pelas empresas, do trabalho colaborativo entre investidores e da transparência ao mercado.
Princípio
1
Incorporaremos as questões ASG às análises e aos processos de decisão de investimentos.
Princípio
2
Seremos proprietários ativos e incorporaremos os temas de ASG às nossas políticas e práticas
de detenção de ativos.
Princípio
3
Buscaremos a transparência adequada nas entidades em que investimos quanto às questões
ASG.
Princípio
4
Promoveremos a aceitação de implementação dos princípios dentro da indústria de
investimentos.
Princípio
5
Trabalharemos em conjunto para ampliar a eficácia na implementação dos princípios.
Princípio
6
Reportaremos nossas atividades e progresso em relação à implementação dos princípios.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 5 - Os princípios para o investimento responsável. Fonte: PRI, 2020a.
PROPRIETÁRIOS DE ATIVOS
Nesta categoria, em geral, estamos falando de grandes investidores institucionais, como fundos de pensão —
públicos ou privados —, fundações, famílias com grandes fortunas e outras instituições que são detentoras de
recursos de investimentos.
GESTORES DE ATIVOS
Nesta categoria, encaixam-se instituições especializadas na gestão de recursos de terceiros. Esses gestores
podem, inclusive, administrar fundos ou produtos que recebam os recursos dos proprietários de ativos. Mas,
também, podem criar produtos para o mercado de varejo, recebendo investimentos diretos de pessoas físicas, por
exemplo.
PRESTADORES DE SERVIÇOS FINANCEIROS
Consultorias, agências de informação, bolsas de valores e outras instituições ligadas ao mercado de investimentos
podem aderir ao PRI nesta categoria.
E POR QUE O PRI É TÃO IMPORTANTE?
Além de ter sido um dos primeiros acordos voltados para o setor financeiro, a força dos investidores institucionais
que o apoiaram gerou um movimento positivo que ampliou rapidamente o número de signatários do acordo e o
volume de recursos que passou a se comprometer com a agenda ASG.
Em 2020, o PRI atingiu a marca de 3 mil signatários, que respondem por cerca de US$90 trilhões em ativos sob
gestão.
No mercado brasileiro, o PRI ganhou força desde o início do acordo. Tendo a Previ — fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil — como um dos 20 apoiadores iniciais, o Brasil foi o primeiro a estruturar uma rede
local de signatários do PRI, em 2007.
O modelo brasileiro espelhou a criação de nove outras redes locais, para que investidores possam considerar as
particularidades de seus mercados no processo de debate e integração ASG. Atualmente, o Brasil possui 65
signatários do PRI.
REGULAÇÃO: COMO O ASG SAIU DO VOLUNTÁRIO
PARA O REGULATÓRIO
Quando investidores trazem novos temas para a mesa, é natural que os reguladores queiram se informar sobre a
situação. É assim com diversos temas, e com o ASG não foi diferente. No mundo todo, bancos centrais e comissões
de valores mobiliários, os principais órgãos que regulam as operações financeiras, articulam-se para entender
melhor a agenda ASG e trazê-la para os seus instrumentos de supervisão do sistema financeiro.
 
Fonte: kan_chana/Shutterstock
Um estudo das Nações Unidas afirma que as regulações do sistema financeiro que abordam as questões ASG
dobraram entre 2013 e 2017 (UNEP-FI, 2018). O PRI, da mesma forma, observa um aumento expressivo destas
regulações, orientado especificamente para o mercado de investimentos, como apresentado na Figura 4 a seguir:
 
 Figura 4 - Número cumulativo de intervenções regulatórias em relação às questões ASG. 
Fonte: PRI, 2020.
A tendência de aumento da regulação sobre o tema não deve ser modificada nos próximos anos. Em diversas
regiões, o debate já faz parte das agendas do setor público e, especialmente, do setor financeiro. Em 2017, foi
estabelecida uma rede internacional de Bancos Centrais e Supervisores, a NGFS (da sigla em inglês Network for
Greening the Financial System, ou Rede para um Sistema Financeiro mais Verde, em tradução livre).
A iniciativa já conta com 54 membros dos cinco continentes, que representam mais de 57% do PIB Global. O Banco
Central do Brasil aderiu ao NGFS em 2020.
Uma vez que essas iniciativas se traduzam em novas regulações, aumentará o controle sobre os gestores de
recursos e, esperamos, sobre as empresas investidas. Até este momento, a maior parte das regulações é
orientativa, ou seja, indica de forma ampla e sem critérios específicos que os investidores devem atentar para os
riscos ASG na sua estratégia de investimentos.
A evolução dessa tendência é definir quais são os temas e indicadores a serem monitorados e reportados aos
supervisores e ao mercado.
No mercado local, existem algumas regulações no âmbito do Sistema Financeiro Nacional que devem ser
destacadas:
RESOLUÇÃO 4.327/2014 DO CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL
(CMN)
É aplicável a todas as instituições que reportam ao Banco Central, desde os grandes bancos até cooperativas de
crédito, bancos de investimento, corretoras de valores etc.
É a principal regulação do Sistema Financeiro Nacional sobre o tema, traz a necessidade de as instituições
possuírem uma Política de Responsabilidade Socioambiental (PRSA) e um sistema de gerenciamento do risco
socioambiental.
INSTRUÇÃO CVM 552
Orientada às companhias listadas na B3, coloca entre os itens a serem divulgados em seus documentos
regulatórios, especialmente o formulário de referência, questões relacionadas aos riscos socioambientais das
companhias, atendimento a regulação socioambiental e instrumentos usados para a divulgação de informações
ASG ao mercado.
RESOLUÇÃO 4.661/2018 DO CMN
Orientada às entidades fechadas de previdência complementar (EFPC), ou fundos de pensão, como são conhecidos
no mercado, a resolução orienta que, sempre que possível, as entidadesobservem as questões ASG em seus
processos de investimento.
INSTRUÇÃO 6/2018 DA PREVIC
A superintendência nacional de previdência complementar, responsável pela supervisão das EFPC, emitiu, em
complemento à Resolução 4.661/2018, uma instrução que orienta a adoção das questões ASG pelos fundos de
pensão, sugerindo que estas adotem um olhar setorial para os riscos desta natureza.
FORMULÁRIO DE REFERÊNCIA
O formulário de referência é um documento de divulgação obrigatória, exigido pela comissão de valores
mobiliários (CVM), no qual a empresa divulga as principais informações sobre suas práticas de gestão,
resultados financeiros, fatores de risco, atendimento à regulação e outras políticas relevantes.
O recado é claro: aos investidores que ainda não consideram os temas ASG de forma estratégica, a questão está,
cada vez mais, migrando para uma agenda obrigatória. Antecipar a regulação costuma custar menos às instituições,
que têm mais tempo para implementar estratégias, processos e controles.
Além disso, quem já possui experiência no tema consegue, inclusive, debater com o regulador para dizer o que de
fato funciona e o que torna inviável o processo de investimento. De qualquer forma, o processo parece ser cada vez
mais inevitável.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APONTA O PRINCIPAL OBJETIVO DA ELABORAÇÃO
DE UM ÍNDICE DE EMPRESAS SUSTENTÁVEIS:
A) Criação de um fundo de empresas sustentáveis.
B) A previsão de que um índice composto dessas empresas se valorizasse mais do que os índices tradicionais do
mercado.
javascript:void(0)
C) A previsão de que um índice composto dessas empresas se valorizasse menos do que os tradicionais do
mercado.
D) O fato de servir apenas para pesquisas na área de sustentabilidade.
2. NO QUE CONSISTE A ESTRATÉGIA DE INVESTIMENTOS RESPONSÁVEIS DE
IMPACTO?
A) Consiste na avaliação da performance financeira e dos indicadores ASG.
B) Consiste em utilizar o poder de acionista ou investidor institucional para influenciar boas práticas.
C) Consiste em definir as melhores empresas do setor de sustentabilidade.
D) Consiste em direcionar recursos exclusivamente para setores ou empresas sustentáveis.
GABARITO
1. Assinale a alternativa que aponta o principal objetivo da elaboração de um índice de empresas
sustentáveis:
A alternativa "B " está correta.
 
Destacamos que eles foram criados para indicar a valorização de empresas que respeitam as ASG.
2. No que consiste a estratégia de investimentos responsáveis de impacto?
A alternativa "C " está correta.
 
Existem diversas estratégias de desenvolvimento de investimento responsável. Uma delas é a estratégia de
impacto, que envolve a avaliação não só da performance financeira, mas dos indicadores ASG — como emprego,
renda e redução de emissões de GEE.
MÓDULO 3
 Definir caminhos possíveis para a integração da sustentabilidade nas decisões de investimentos, seus
desafios e tendências
TENDÊNCIAS DAS QUESTÕES ASG
Embora tudo que dissemos até agora mostre que já avançamos no entendimento da sustentabilidade pelas
empresas e pelos investidores, ainda há muito a ser feito. Este é um tema em constante evolução, influenciado pelo
aumento do conhecimento científico e pelas mudanças da nossa sociedade.
Com isso, surgem novos olhares para o ASG, que buscam orientar as políticas públicas, as práticas das empresas
e, por consequência, as decisões financeiras. Alguns desses tópicos são explicados neste módulo, mas não
concentram todo o debate em torno da sustentabilidade, que é muito mais complexo.
OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)
Assista ao vídeo e conheça os objetivos do desenvolvimento sustentável.
AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E A TCFD
Entre todos os temas das questões ASG, as mudanças climáticas — sem dúvida — têm chamado mais atenção,
especialmente no setor financeiro e em países desenvolvidos.
 
Fonte: ParabolStudio/Shutterstock
Podemos considerar algumas razões para isso. Em primeiro lugar, as economias desenvolvidas estão menos
expostas às questões sociais que atingem outros países, como o Brasil, e, dessa forma, acabam direcionando suas
atenções para as questões ambientais.
Além disso, os efeitos das mudanças climáticas podem impactar severamente não apenas o meio ambiente, como a
própria sociedade. Eventos climáticos, como furacões e enchentes, tendem a atingir mais regiões, impactando
populações e gerando prejuízos à economia.
O principal grupo de debate sobre as mudanças climáticas é o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC, da sigla em inglês que significa Intergovernamental Pannel on Climate Change).
Esse grupo de cientistas de todo o mundo realiza estudos para avaliar em que nível estamos em relação ao
aumento médio de temperatura no planeta, quais as perspectivas para as próximas décadas e os efeitos adversos
desse aumento.
Quando falamos de um aumento médio de 2 oC de temperatura, podemos achar que é pouca coisa, certo? Mas
vamos fazer um paralelo: o que acontece com o seu corpo se a sua temperatura aumentar em 2 oC?
Você fica com febre. Agora, imagine se esse aumento for de 4 oC? Você precisa correr para o hospital! O mesmo
ocorre com o nosso planeta. Os efeitos de um aumento de temperatura média, ainda que pequeno, podem ser
desastrosos para muitos países.
Para entender como esses riscos podem impactar a economia, o Financial Stability Board (FSB),
responsável pela regulação do sistema financeiro internacional, criou uma força-tarefa para desenvolver
recomendações para empresas e para o setor financeiro avaliarem e divulgarem os seus riscos climáticos.
 
Fonte: Piotr Swat/Shutterstock
A Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas às Mudanças Climáticas vem da sigla TCFD, em inglês,
que significa Task-Force for Climate-related Financial Disclosures. No mercado, a TCFD é chamada apenas pela
sigla.
A importância da TCFD foi levar para o setor financeiro um conjunto de recomendações que permitem às empresas
avaliarem sua exposição aos riscos climáticos, mas também identificarem oportunidades de negócios relacionadas
ao tema.
As recomendações se organizam em 4 dimensões: a governança das instituições, ou seja, como as lideranças
estão olhando para as questões climáticas; a forma como os impactos reais são considerados na estratégia; os
processos de análise e gestão de riscos climáticos; e as métricas e metas estabelecidas para a redução da
exposição a estes riscos (TCFD, 2020).
 
 Figura 6 - Riscos, oportunidades e impactos financeiros relacionados às mudanças climáticas. Fonte: TCFD,
2020.
Como podemos observar na Figura 6, a TCFD esclarece os potenciais riscos e as oportunidades que advêm da
preocupação com a questão climática. Com isso, bancos, investidores e seguradoras podem analisar mais
detalhadamente esses riscos em suas operações financeiras.
A partir das recomendações da TCFD, muitos investidores passaram a fazer análises dos possíveis prejuízos que
suas empresas investidas teriam com o aumento dos impactos das mudanças climáticas, por exemplo.
O tema tomou uma proporção tão grande que, hoje, até mesmo os bancos centrais já estudam uma forma de inserir
essa agenda nas suas próximas regulações.
OS DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE E COMO
ENFRENTÁ-LOS
Afinal, se tudo que apresentamos é tão importante, por que ainda temos tanta polêmica quando falamos em
sustentabilidade? Por que governos, empresas e instituições financeiras ainda têm dúvidas sobre a relevância deste
tema?
Podemos começar pelo fato de que é difícil medir a sustentabilidade. Especialmente em um modelo econômico
tradicional, em que tudo é medido e priorizado pelo seu impacto na forma de cálculos, essas questões ainda são um
pouco abstratas para os líderes empresariais e financeiros.
Conforme avançamos no debate, vamos desenvolvendo conhecimento, fazendo contas e chegando aos resultados
que ajudam a convencer essas lideranças, mas ainda estamos trilhando esse caminho.
 COMENTÁRIO
Outra dificuldade é queeste não é um tema para o qual podemos prescrever uma receita única, que se aplique a
todos os setores e empresas. A sustentabilidade exige uma reflexão para encontrar a materialidade e os riscos
específicos de cada organização, o que é mais complicado quando ainda não existe tanto conhecimento sobre o
tema.
Além do desafio em estabelecer essa materialidade, temos que considerar também que os investidores precisam
tomar decisões que exigem que os dados e informações analisados sejam comparáveis. Nas demonstrações
financeiras, isso ocorre com alguma facilidade, mas este não é o caso das informações ASG.
Indicadores não são padronizados e não existe uma regulação específica que diga exatamente o que as empresas
devem informar sobre suas iniciativas e resultados nas questões de sustentabilidade.
Alguns movimentos tentam endereçar esses desafios e já promovem bons avanços. É o caso das iniciativas de
relatórios de sustentabilidade, que criam padrões para apoiar as empresas nessa divulgação.
 
Fonte: Stokkete/Shutterstock
Os próprios reguladores têm se articulado para aumentar a padronização de dados ASG nas empresas, facilitando a
vida de analistas e gestores de investimentos.
O fundamental é ter consciência de que este é um caminho sem volta. Para atingirmos patamares mais sustentáveis
em nossa sociedade, precisamos, em primeiro lugar, nos informar sobre este tema e debater a respeito nas
universidades, empresas e no setor financeiro.
Os impactos da sustentabilidade não ocorrem em outro lugar, distantes de nós. É uma discussão que nos envolve
diretamente e precisa da colaboração de todos para mudarmos o tom dessa conversa.
Ainda há muito caminho a ser percorrido, mas estamos na direção está correta. Precisamos apenas aumentar a
velocidade, e isso se faz com conhecimento e colaboração.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ENTRE TODOS OS TEMAS DAS QUESTÕES ASG, QUAL ASPECTO TEM SIDO MAIS
DEBATIDO E CHAMADO MAIS A ATENÇÃO DE GOVERNOS E INVESTIDORES DOS PAÍSES
DESENVOLVIDOS NOS ÚLTIMOS ANOS?
A) O aspecto ambiental.
B) O aspecto social.
C) O aspecto de governança corporativa.
D) O aspecto das grandes empresas.
2. QUAL DESSAS DIFICULDADES NÃO ESTÁ ASSOCIADA AOS DESAFIOS DA
SUSTENTABILIDADE?
A) A sustentabilidade é difícil de ser medida.
B) Não há uma forma única de dimensionar a sustentabilidade.
C) É difícil comparar políticas sustentáveis.
D) A sustentabilidade depende do ponto de vista.
GABARITO
1. Entre todos os temas das questões ASG, qual aspecto tem sido mais debatido e chamado mais a atenção
de governos e investidores dos países desenvolvidos nos últimos anos?
A alternativa "A " está correta.
 
Conforme falamos, o aspecto ambiental chama mais a atenção de diferentes atores, pois, entre outros fatores,
países desenvolvidos apresentam questões sociais menos urgentes, de modo que podem focar em políticas
ambientais.
2. Qual dessas dificuldades NÃO está associada aos desafios da sustentabilidade?
A alternativa "D " está correta.
 
Durante o tema, estabelecemos que as principais dificuldades enfrentadas pelos defensores de uma agenda
sustentável concernem à medição e à comparação de medidas.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, trouxemos o debate das questões ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG).
No primeiro módulo, destacamos como ocorreu a evolução da sustentabilidade como a conhecemos hoje e
definimos os investimentos responsáveis. Com isso, trouxemos uma visão ampla sobre a relação entre finanças e
sustentabilidade.
No segundo módulo, abordamos os diferentes índices de sustentabilidade e das suas principais funções, e falamos
sobre a importância do papel regulatório para o setor. Por fim, trouxemos os principais desafios e tendências das
questões ASG, adequando o debate aos dias atuais.
Esperamos que você tenha compreendido a importância de aprofundarmos o debate de sustentabilidade, baseados
nos aspectos econômicos e financeiros que regem as economias dos países contemporâneos.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIROS E DE CAPITAIS – ANBIMA. 2ª
Pesquisa de sustentabilidade: engajamento de questões ambientais, sociais e de governança na análise de
investimento de gestores de recursos. São Paulo: ANBIMA, 2018.
B3. ISE: processo de seleção. Consultado em meio eletrônico em: 5 jul. 2020.
BUOSI, M. E. Integração ASG (questões ambientais, sociais e de governança) à análise de investimentos. In:
COMISSÃO de Valores – CVM & Associação de Analistas e Profissionais de Investimentos no Mercado de Capitais
‒ APIMEC. Livro TOP análise de investimentos. Rio de Janeiro: CVM, 2017.
CISL. Rewiring the economy. Cambridge: University of Cambridge Institute for Sustainable Leadership, 2015.
ECCLES, R. G. et al. The impact of a corporate culture of sustainability on corporate behavior and
performance. Working Paper, Harvard Business School, 2011.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Aquecimento global e a nova geografia
da produção agrícola no Brasil. São Paulo: Cepagri/Unicamp, 2008.
ERNEST & YOUNG ‒ EY. Does your nonfinancial reporting tell your value creation story? 2018.
FINANCIAL TIMES STOCK EXCHANGE SUSTAINABILITY INDEX – FTSE4GOOD. FTSE4Good index inclusion
criteria: thematic criteria and scoring Framework. FTSE, 2013.
GLOBAL SUSTAINABLE INVESTMENT ALLIANCE – GSIA. Global Sustainable Investment Review, 2018.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA ‒ IBGC. Código de melhores práticas de
governança corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU. 17 Objetivos para Transformar Nosso Mundo, 2020. Consultado
em meio eletrônico em: 6 jul. 2020.
PENTEADO, H. Ecoeconomia — uma nova abordagem. São Paulo: Lazuli, 2010.
PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT – PRI. What is responsible investment? 2020a. Consultado em
meio eletrônico em: 5 jul. 2020.
PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT – PRI. What are the principles for responsible investment?
2020b. Consultado em meio eletrônico em: 5 jul. 2020.
TASK-FORCE FOR CLIMATE-RELATED FINANCIAL DISCLOSURE – TCFD. Recomendações da força-tarefa
para divulgações financeiras relacionadas às mudanças climáticas. Tradução das recomendações
internacionais, Brasil, 2020.
THE CENTRAL BANKS AND SUPERVISORS NETWORK FOR GREENING THE FINANCIAL SYSTEM – NGFS. In:
NGFS Annual Report 2019, 2020.
UNITED NATIONS. Our common future. Genebra: United Nations, 1987.
UNITED NATIONS ENVIROMENTAL PROGRAM-FINANCIAL INITIATIVE – UNEP-FI. Making waves: aligning the
financial system with sustainable development. Genebra: UNEP-FI, 2018a.
UNITED NATIONS ENVIROMENTAL PROGRAM-FINANCIAL INITIATIVE – UNEP-FI.. Rethinking Impact to
Finance the SGDs. Genebra: UNEP-FI, 2018b.
EXPLORE+
Acesse o site do Pacto Global – Rede Brasil, para se aprofundar ainda mais sobre as questões discutidas.
Pesquise sobre os princípios para o investimento responsável, no site da associação.
Pesquise na Internet artigos sobre a iniciativa econômica voltada para o meio ambiente.
CONTEUDISTA
Maria Eugênia dos Santos Buosi
 CURRÍCULO LATTES
javascript:void(0);

Continue navegando