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Meio Ambiente, Social e Governança

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Meio Ambiente, Social e Governança
Prof.ª Maria Eugênia dos Santos Buosi
Descrição Apresentação das questões ambientais, sociais e de governança corporativa, envolvendo
investimentos responsáveis e finanças sustentáveis.
Propósito Promover a reflexão sobre como a sustentabilidade pode impactar não somente as atividades
das empresas, mas também a forma como os investidores tomam suas decisões financeiras.
Objetivos
Módulo 1
Sustentabilidade e
investimentos
Descrever a evolução da
sustentabilidade no mercado de
investimentos e os conceitos de
investimento sustentável.
Módulo 2
Investimentos
responsáveis e
regulação
Identificar os principais índices
sustentáveis e tendências
regulatórias.
Módulo 3
Tendências e desa�os
Definir caminhos possíveis para a
integração da sustentabilidade nas
decisões de investimentos, seus
desafios e tendências.
Introdução
A maioria das pessoas já ouviu falar em sustentabilidade e muitas empresas,
além de investidores, têm se preocupado com esse tópico nos últimos anos.
Inicialmente, podemos pensar que isso tem apenas uma motivação ética ou de
reputação, mas, na verdade, o assunto tem ganhado mais força no mercado
financeiro em função dos impactos que as questões ambientais, sociais e de
governança corporativa (ASG) podem ter sobre vários aspectos, inclusive sobre a
rentabilidade das empresas em que estes agentes investem. É por isso que a
agenda saiu das mesas dos ambientalistas e foi parar no centro da discussão do
setor financeiro.
Neste conteúdo, vamos tratar com atenção cada uma destas dimensões.
Primeiramente, vamos estudar sobre a evolução da sustentabilidade ao longo do
tempo e os mais recentes investimentos sustentáveis. Depois, vamos aprender
sobre os índices de sustentabilidade, aspectos da indústria e a regulação. Por fim,
vamos elencar as principais tendências e desafios do setor.
1 - Sustentabilidade e investimentos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever a evolução da sustentabilidade no mercado de investimentos
e os conceitos de investimento sustentável.
Evolução da sustentabilidade
Entre as três dimensões das questões
ASG — ambientais, sociais e de
governança corporativa —, a última foi a
primeira a ser incorporada pelos
investidores. Fica claro quando
entendemos que as ações de governança
são aquelas que influenciam como os
conselheiros, diretores e demais
executivos orientam as decisões da
empresa.
Uma instituição com boas práticas de governança corporativa tem, portanto, uma
melhor capacidade de gestão e, por isso, espera-se que ela gere melhores resultados e
maior valor para os seus acionistas (IBGC, 2015).
Hoje, podemos dizer que boa parte dos investidores institucionais, ou seja,
organizações especializadas na gestão de investimentos, já analisa a governança
corporativa como parte das questões essenciais para a escolha de empresas que vão
compor, por exemplo, as suas carteiras de ações.
Comentário
De alguns anos para cá, especialmente a partir da década de 1990, as questões ambientais também
entraram na pauta. Os desafios ambientais, como o aumento da poluição e do desmatamento, as mudanças
climáticas e até mesmo desastres — como o que ocorreu em Brumadinho, MG — chamam a atenção para os
riscos que as questões ambientais podem representar para todos, mas especialmente, neste caso, para a
operação de uma empresa.
Finalmente, vários fatores levaram os temas sociais a serem considerados muito
relevantes para as empresas, como: o aumento do uso de mídias sociais até o
envelhecimento da população e a entrada de uma nova geração, os millennials, no
mercado de trabalho.
As questões sociais dizem respeito à
maneira como essas organizações vão
lidar com os seus colaboradores,
fornecedores, clientes etc. Afinal, uma
empresa não é uma bolha fechada em si
mesma.
Embora a sustentabilidade esteja só agora entrando nos debates financeiros, os
conceitos ligados ao desenvolvimento sustentável não são exatamente novos. O
conceito oficial de desenvolvimento sustentável foi definido em uma conferência das
Nações Unidas, em 1987, e pode ser compreendido como:
Aquele que atende às necessidades do presente, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às
suas necessidades.
(UNITED NATIONS, 1987)
Trazendo esse conceito para o universo financeiro, se usarmos mais recursos do que
o nosso planeta é capaz de regenerar, entraremos no “cheque especial” do nosso
ecossistema.
Podemos pensar, inicialmente, que o conceito de desenvolvimento sustentável estaria
na contramão do que estudamos nos modelos econômicos tradicionais. De fato,
existem algumas contradições.
Na economia, em muitos casos, consideramos as questões ambientais e sociais
como variáveis externas aos modelos, ou seja, que não têm relação com as projeções
e análises (PENTEADO, 2010). Este, no entanto, é um falso dilema.
A atenção para com o meio ambiente é fundamental para que
tenhamos recursos, como água e matérias-primas, destinados à
produção, assim como os recursos sociais (mão de obra)
impactam a produção e o crescimento da economia.
A Universidade de Cambridge (CISL, 2015) estabeleceu um modelo que ilustra a lógica
entre essas dimensões e seus participantes, bem como as trocas que acontecem
entre elas. No gráfico abaixo, podemos observar que, para o funcionamento adequado
e o crescimento da economia, precisamos dos insumos ambientais e dos recursos
sociais.
Em um olhar de longo prazo, começamos a discutir a sustentabilidade como uma
forma de garantir a perenidade das empresas. Veja:
A lógica das relações entre meio ambiente, sociedade e economia.
As relações entre as áreas ambiental, social e econômica não dizem respeito apenas
ao fornecimento de insumos para a produção de bens e serviços. O resultado dessa
produção também gera o que chamamos de externalidades para a sociedade e o meio
ambiente.
A poluição, as mudanças climáticas e outros fatores são exemplos
dessas externalidades, que podem gerar acidentes, prejuízos à saúde da população ou
até mesmo mudanças estruturais que prejudiquem a economia em longo prazo.
Exemplo
O agronegócio, com o apoio de alguns relatórios de instituições, como a Embrapa, busca medir o efeito
potencial das mudanças climáticas na agricultura brasileira.
De acordo com pesquisa, boa parte dos cultivos analisados apresenta um potencial de queda na produção,
dependendo do cenário de aumento médio de temperatura e o horizonte de tempo (EMBRAPA, 2008).
Em um país como o Brasil, que tem uma boa parte do PIB ligado ao agronegócio, os
impactos das mudanças climáticas podem representar uma queda no crescimento
econômico.
Ao analisar esses impactos potenciais, os investidores entendem que as questões
ASG podem representar riscos à rentabilidade das suas carteiras e, por isso,
aumentam a busca por informações que permitam que estes profissionais consigam
incorporar, também, tais riscos aos seus processos de análise de empresas e decisão
de alocação em carteira.
O aumento da demanda por informações ASG das empresas é crescente, segundo
pesquisas de mercado, como a da Ernst & Young (EY), que aponta que cerca de 90%
dos investidores acredita que essas informações podem ser importantes no ajuste do
valor atribuído às empresas (EY, 2018).
Esse movimento, que passou a tratar de temas ASG entre os investidores, ficou mais
conhecido como investimentos responsáveis. Nas próximas seções, abordaremos os
principais conceitos, iniciativas e práticas do mercado brasileiro e internacional sobre
esta agenda.
Investimentos responsáveis
A sustentabilidade na perspectiva do
investidor
Saiba mais sobre a perspectiva do investidor sobre a sustentabilidade.
O conceito é mais amplo do que uma responsabilidade moral, já que também trata do
dever que os investidores institucionais têm com os seus clientes, de analisar de
forma adequada os riscos das empresas e outros ativos nos quais investem.
Se essas questões podem, de fato, impactar a capacidadedas empresas de gerar
resultados, é dever desses profissionais considerá-las nas suas decisões. A esta
responsabilidade, damos o nome de dever fiduciário.

A seguir, discutiremos um pouco mais sobre como cada um desses fatores impacta o
mercado de investimentos, em seus diversos aspectos.
Ativos
Consideramos ativos os bens que o investidor possui em carteira. São considerados exemplos dessa
classe: ações, títulos públicos do governo, dívidas de empresas (ex.: debêntures), cotas de fundos de
investimento, moedas, entre outras modalidades possíveis.
Relevância: quais questões ASG são mais
importantes?
Existem várias iniciativas que listam questões ambientais, sociais e de governança
corporativa a serem analisadas em um processo de investimento. Entre elas, podemos
selecionar como exemplo a do próprio PRI, adequada por se tratar de uma iniciativa
orientada especificamente para este mercado.
A tabela a seguir mostra uma lista de alguns destes fatores, que não devem ser vistos
como exclusivos. O tópico é complexo, mas podemos considerá-lo um bom ponto de
partida.
Ambiental Social Governança
Mudanças climáticas Direitos humanos Suborno e corrupção
Esgotamento de
recursos naturais
Escravidão
moderna
Remuneração de
executivos
Gestão de resíduos Trabalho infantil
Diversidade e estrutura
do Conselho de
Administração
Poluição
Condições de
trabalho
Lobby e doações
políticas
Desmatamento
Relações
trabalhistas
Estratégia tributária
Exemplos de Fatores ASG.
Adaptado de PRI, 2020.
Diversos fatores ASG devem ser considerados, mas eles vão depender, basicamente,
do que estamos analisando. As questões mais relevantes no setor de petróleo, por
exemplo, que têm impactos significativos sobre o meio ambiente, não são as mesmas
do setor de educação, com um impacto muito maior sobre os aspectos sociais.
Chamamos de materialidade esse olhar setorial específico sobre as atividades de
cada empresa para determinar a relevância das questões ASG.
Vamos analisar uma empresa do setor de varejo: as Lojas Renner. Entre as questões
ambientais, as mais relevantes talvez sejam, por exemplo, o uso de energia nas lojas
ou as emissões de gases de efeito estufa (GEE) da sua operação logística, como o
transporte das mercadorias por caminhões a diesel, altamente poluentes. No entanto,
ao analisarmos os seus aspectos sociais, alguns pontos chamam a atenção.

1º ponto
O relacionamento com os fornecedores: sabemos
que a cadeia de confecção está altamente exposta a
riscos de trabalho degradante ou análogo ao
escravo. Como compradora, a Renner possui a
corresponsabilidade por estes fornecedores.

2º ponto
O relacionamento com o cliente: qualquer empresa
no setor de varejo que lida diretamente com o
consumidor final precisa estar atenta às suas
demandas, necessidades e satisfação, para garantir
e aumentar sua participação no mercado.
Entre as questões de governança corporativa, embora todas sejam relevantes, pode-se
dar atenção extra à forma como a empresa remunera seus executivos (se por metas
exclusivamente de curto prazo ou considerando aspectos mais estratégicos e de
longo prazo) e seus programas de diversidade, especialmente considerando a
diversidade de gênero e classe social de seus consumidores.
Neste caso, ter representantes de diferentes públicos apoiando a elaboração da
estratégia pode ser um bom negócio para a companhia!
Mapear e controlar esses aspectos pode representar um custo
adicional às empresas, certo?
Sim, é verdade. E é justamente por isso que vários profissionais acreditam que a
sustentabilidade reduz os resultados das empresas. Esse é um dos principais mitos
do investimento responsável e já existem várias evidências contrárias a esse dilema.
Tomemos o exemplo citado há pouco, das Lojas Renner. O investimento em eficiência
energética — troca de iluminação por lâmpadas mais econômicas e regulação do ar
condicionado — não traz benefício apenas para o meio ambiente, mas reduz o custo
de manutenção das lojas.
Comentário
Projetos, como o de eficiência energética, muitas vezes se pagam em um curto espaço de tempo e podem
ser vantajosos para as empresas.
Outra questão que podemos analisar, no mesmo exemplo, é a gestão de fornecedores.
Não podemos negociar o aspecto ético de remuneração e condições de trabalho
dignas dos funcionários do setor de confecção. Esse é um custo que sequer deveria
ser discutido.
Independente disso, o controle sobre os fornecedores reduz a chance de a empresa se
envolver em um escândalo sobre trabalho análogo ao escravo, como já vimos em
algumas organizações do setor. Além de pagar multas e indenizações, os danos à
marca podem custar a fidelidade de clientes e a receita da empresa.
A gestão da sustentabilidade, portanto, tem duas vantagens:
Preservar o valor das empresas,
evitando riscos que podem prejudicar
a receita, a reputação e gerar
passivos trabalhistas e em outras
esferas cíveis e judiciais.
Antecipar tendências e aumentar a
geração de valor para os
colaboradores, clientes, cadeia de
fornecedores e, por consequência, os
acionistas.
É isso que vários estudos têm demonstrado estatisticamente. Uma pesquisa de
Harvard aponta que as empresas com boas práticas em sustentabilidade apresentam
nível mais baixo de endividamento, maior fidelidade de clientes e maiores indicadores
de retorno (ECCLES, 2012).
No mesmo estudo, a avaliação de duas carteiras de ações, uma com as melhores e
outra com as piores empresas em sustentabilidade, demonstrou que o desempenho
das ações também pode ter relação com as questões ASG.
O próximo gráfico mostra o que teria acontecido se uma pessoa investisse um dólar
em uma carteira de ações com as melhores empresas em sustentabilidade versus a
mesma quantia nas piores empresas nesse quesito.
Desempenho de uma carteira teórica de ações com alto nível de sustentabilidade
(high) e baixo nível de sustentabilidade (low).
Com o tempo, as questões ASG passaram a ser vistas pelos investidores como uma
forma de avaliar a gestão das companhias. Aquelas que estão preocupadas com a
satisfação dos seus colaboradores, a gestão adequada de fornecedores, o olhar para
o meio ambiente e para a governança corporativa tendem a realizar uma gestão mais
madura de suas atividades.
Com isso, tendem a apresentar um desempenho melhor que seus concorrentes. É
simples: empresa que está no vermelho não pensa no verde!
Demanda dos clientes: qual é o tamanho do mercado ASG?
Conforme o mercado conhece melhor as questões ASG e seus impactos, começa a
surgir a demanda por produtos que incluam essa agenda em seus processos de
escolha de empresas e de alocação de recursos.
Globalmente, surge um mercado de investimentos socialmente responsáveis, ou SRI
 (socially responsible investments). Os primeiros fundos dessa natureza surgiram
ainda nos anos 1970 e 1980, mas foi na década de 1990 que os investimentos
responsáveis ganharam a primeira referência de mercado, por meio de um índice de
sustentabilidade.
Em 1999, foi lançado na bolsa de Nova Iorque o Dow Jones Sustainability Index (PRI,
2020).
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Qual das alternativas representa melhor o falso dilema entre o desenvolvimento
sustentável e os modelos econômicos tradicionais?
A
Parabéns! A alternativa A está correta.
Modelos econômicos tradicionais incorporavam as variáveis sociais e ambientais
como externas (exógenas) ao desenvolvimento econômico, de modo que não
tinham impacto direto na economia.
Variáveis ambientais não têm relação direta com o desenvolvimento
econômico.
B
Variáveis ambientais não são sequer consideradas como
propulsoras do desenvolvimento econômico.
C
Variáveis ambientais desempenham um papel maior do que
deveriam nos modelos econômicos.
D
Modelos econômicos são completamente incapazes de incorporar
os fatores ambientais.
E
Os modelos tradicionais já consideram fatores de desenvolvimento
sustentável.
Questão2
De que maneira a gestão da sustentabilidade pode preservar o valor de uma
empresa?
Parabéns! A alternativa D está correta.
A Criando novas estratégias de marketing ambiental.
B Fidelizando mais os clientes.
C
Trabalhando ativamente para gerar valor por meio de políticas
ambientais.
D
Evitando os riscos associados a fatores ASG que prejudiquem
receitas, reputação e condições de trabalho.
E Aumentando seus custos.
A preservação de valor ocorre por meio da redução dos riscos associados aos
fatores ASG.
2 - Investimentos responsáveis e regulação
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os principais índices sustentáveis e tendências regulatórias.
Os índices de sustentabilidade
Índices de ações são a principal
referência para sabermos a média de
desempenho deste tipo de investimento
em determinado mercado. No Brasil, por
exemplo, o principal índice de ações é o
IBOVESPA, que vemos anunciado todos
os dias nos jornais e publicações do
mercado financeiro.
Quando ouvimos que um índice subiu ou caiu, isso significa que, em média, suas
ações se valorizaram ou desvalorizaram, respectivamente.
A criação de um índice de sustentabilidade tem como principal objetivo conferir a tese
que apresentamos neste documento. Se as ações de empresas com boas práticas em
sustentabilidade tendem a ter uma rentabilidade maior, poderia se esperar que um
índice composto dessas empresas se valorizasse mais do que os tradicionais do
mercado.
Foi com esta intenção que surgiram os índices de sustentabilidade, que são carteiras
teóricas de ações escolhidas por suas iniciativas e indicadores ASG.
A partir desta referência teórica, gestores de investimentos podem espelhar ou
se referenciar nessa carteira e criar fundos de investimento compostos por
estas ações.
Assim, pessoas físicas ou grandes investidores institucionais que queiram
investir em empresas mais sustentáveis podem alocar seus recursos nesses
fundos de investimento.
Além do Dow Jones Sustainability Index, outros índices foram criados em diversos
países do mundo, inclusive no Brasil. A B3 lançou em 2005, ainda como Bovespa,
o índice de sustentabilidade empresarial (ISE), que há 17 anos avalia as empresas
listadas no mercado brasileiro em diversos aspectos da sustentabilidade. O processo
de construção do ISE segue as seguintes etapas:
Mas afinal, para que serve um índice? 
 As empresas listadas na B3 são convidadas a participarem do processo de seleção da
carteira do ISE.
 Para as que aceitam, é enviado um questionário que avalia as práticas da empresa em
sete dimensões (B3, 2020).
Sete dimensões
Dimensão Definição
Geral
Compromisso
desenvolvime
sustentável,
alinhamento à
práticas de
sustentabilida
transparência
informações
corporativas e
Além do ISE, a B3 também possui um índice que olha exclusivamente para as
questões climáticas. É o índice carbono eficiente (ICO2), que compõe a sua carteira
teórica a partir de um cálculo que usa como referência as emissões de gases de efeito
estufa das empresas.
 Após a consolidação das notas, as empresas são submetidas à aprovação do conselho
deliberativo do ISE, CISE, composto por profissionais que representam as associações
de empresas, de instituições financeiras e da sociedade civil.
 A carteira teórica é definida e divulgada ao público. Ela vale por um ano, de janeiro a
dezembro.
 A B3 monitora e divulga diariamente a valorização do índice, calculado com base no
preço das ações que compõem a carteira.
Outros índices no mercado internacional
possuem características distintas. Na
bolsa de Londres, por exemplo, o
FTSE4GOOD é um índice de
sustentabilidade que avalia não somente
as iniciativas das empresas, mas as
classifica de acordo com o risco setorial
em relação às questões de
sustentabilidade (FTSE, 2013).
É outra forma de olhar a materialidade, usada na composição de um índice. Veja a
seguir a classificação de riscos ASG usada no Reino Unido:
Agricultura;
Transporte aéreo;
Aeroportos;
Materiais de construção;
Químicos e farmacêuticos;
Construção;
Engenharia de grandes sistemas;
Cadeias de fastfood;
3. Alto 
Alimentos, bebidas e tabaco;
Florestas, papel e celulose;
Mineração e metais;
Petróleo e gás;
Geração de energia;
Logística terrestre e marítima;
Supermercados;
Produção automobilística;
Gestão de resíduos;
Água;
Controle de pragas.
Construção Do It Yourself (DIY);
Equipamentos elétricos e eletrônicos;
Distribuição de energia e combustíveis;
Engenharia e equipamentos pesados;
Indústria financeira;
Hotelaria, catering e facilities;
2. Médio 
Indústria manufatureira;
Portos;
Impressão e publicação de jornais;
Incorporadoras;
Varejistas;
Aluguel de veículos;
Transporte público.
Tecnologia de informação;
Mídia;
Financiamento ao consumo;
Investidores em propriedade;
Pesquisa e desenvolvimento;
Atividades de lazer e esporte;
Serviços de suporte;
Telecom;
Distribuidores atacadistas.
1. Baixo 
Os índices são uma alternativa para o desenvolvimento de produtos de investimento.
Em todo o mundo, aumenta significativamente o número de investidores e o volume
de recursos que adota o olhar para os riscos e oportunidades ASG, entre as suas
práticas de investimento.
Esses investimentos não acontecem somente no mercado de ações, e são adotados
até mesmo por investidores globais na compra de títulos públicos, comparando as
políticas públicas de sustentabilidade entre os países em que podem investir.
Atenção!
É importante analisarmos esse mercado para entender os riscos, bem como as oportunidades de negócios
que surgem da integração ASG.
A indústria de investimentos responsáveis no
mundo
Aqui, vamos dar um passo importante
para entender não apenas o que são
investimentos responsáveis,
mas como investidores usam
informações ASG para decidir em quais
ativos investir.
Embora falamos bastante sobre mercado
de ações, estes processos de
investimento podem valer para diferentes
modalidades de investimento.
Investimentos responsáveis
Saiba mais sobre as estratégias de investimentos responsáveis.
Em todo o mundo, crescem anualmente os recursos direcionados a essas estratégias
de investimento. A Global Sustainable Investment Alliance (GSIA) aponta para um

crescimento de 34% do volume de recursos que adotam estratégias de investimento
responsáveis em regiões desenvolvidas.
Na mesma publicação, são apresentados aumentos expressivos nas estratégias de
produtos temáticos (+269%), best in class (+125%), investimento de impacto (+79%) e
integração (+69%), todas avaliadas entre os anos de 2016 e 2018. Veja:
Região
Ativos (em US$ bilhões)
2016 2018 Cre
Europa $12.040 $14.075 16,
EUA $8.723 $11.995 37,
Japão $474 $2.180 359
Canadá $1.086 $1.699 56,
Austrália/ NZ $516 $734 42,
TOTAL $22.839 $30.683 34,
Volume de ativos que adotam estratégias ASG.
Adaptado de GSIA, 2018.
No Brasil, ainda temos poucas opções para os investidores que desejam direcionar
seus recursos para a sustentabilidade. Na pesquisa da Associação Brasileira das
Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), os gestores dizem que as
principais estratégias adotadas são o best in class, por 30%, e as exclusões, por cerca
de 27% das instituições (ANBIMA, 2018).
Para que a agenda avance no Brasil,
assim como em outras regiões no
mundo, é preciso que o mercado de
investimento inove, tanto nos processos
de análise como na criação de novos
produtos de investimento.
Como este é um assunto relativamente novo, a cooperação entre os vários agentes do
mercado é fundamental. No mundo, diversos grupos de trabalho, iniciativas
colaborativas e acordos voluntários debatem a agenda ASG, mas uma em especial é
orientada para o mercado de investimentos: o PRI.
Os princípios para o investimento
responsável (PRI)
O PRI foi uma iniciativa que já começou grande. Lançado oficialmente em 2006, na
Bolsa de Valores de Nova Iorque, os princípios foram apoiados pelas Nações Unidas,
na épocarepresentadas pelo secretário-geral Koffi Annan, e contaram com a
organização de 20 dos maiores investidores globais.
A ideia desses investidores foi lançar um conjunto de princípios voluntários, mas que
trouxessem o compromisso dessas instituições com a agenda ASG.
Os seis princípios falam da consideração de questões ASG na decisão de
investimento, da influência na adoção de melhores práticas pelas empresas, do
trabalho colaborativo entre investidores e da transparência ao mercado. Esses
principios são:
 Princípio 1
Incorporaremos as questões ASG às análises e aos processos de decisão de
investimentos.
 Princípio 2
Seremos proprietários ativos e incorporaremos os temas de ASG às nossas políticas e
práticas de detenção de ativos.
 Princípio 3
Buscaremos a transparência adequada nas entidades em que investimos quanto às
questões ASG.
 Princípio 4
Promoveremos a aceitação de implementação dos princípios dentro da indústria de
investimentos.
 Princípio 5
Trabalharemos em conjunto para ampliar a eficácia na implementação dos princípios.
 Princípio 6
R t ti id d l ã à i l t ã d
A seguir, saiba mais sobre as características dos proprietários e gestores de ativos,
bem como dos prestadores de serviços financeiros:
Proprietários de ativos
Nesta categoria, em geral, estamos falando de grandes investidores institucionais, como fundos de
pensão — públicos ou privados —, fundações, famílias com grandes fortunas e outras instituições
que são detentoras de recursos de investimentos.
Reportaremos nossas atividades e progresso em relação à implementação dos
princípios.
Gestores de ativos
Nesta categoria, encaixam-se instituições especializadas na gestão de recursos de terceiros. Esses
gestores podem, inclusive, administrar fundos ou produtos que recebam os recursos dos
proprietários de ativos. Mas, também, podem criar produtos para o mercado de varejo, recebendo
investimentos diretos de pessoas físicas, por exemplo.
Prestadores de serviços �nanceiros
Consultorias, agências de informação, bolsas de valores e outras instituições ligadas ao mercado
de investimentos podem aderir ao PRI nesta categoria.
E por que o PRI é tão importante?
Além de ter sido um dos primeiros acordos voltados para o setor financeiro, a força
dos investidores institucionais que o apoiaram gerou um movimento positivo que
ampliou rapidamente o número de signatários do acordo e o volume de recursos que
passou a se comprometer com a agenda ASG.
Em 2020, o PRI atingiu a marca de 3 mil signatários, que respondem por cerca de
US$90 trilhões em ativos sob gestão.
No mercado brasileiro, o PRI ganhou força desde o início do acordo. Tendo a Previ —
fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil — como um dos 20 apoiadores
iniciais, o Brasil foi o primeiro a estruturar uma rede local de signatários do PRI, em
2007.
O modelo brasileiro espelhou a criação de nove outras redes locais, para que
investidores possam considerar as particularidades de seus mercados no processo de
debate e integração ASG. Atualmente, o Brasil possui 65 signatários do PRI.
Regulação: como o ASG saiu do voluntário
para o regulatório
Quando investidores trazem novos temas
para a mesa, é natural que os
reguladores queiram se informar sobre a
situação. É assim com diversos temas, e
com o ASG não foi diferente. No mundo
todo, bancos centrais e comissões de
valores mobiliários, os principais órgãos
que regulam as operações financeiras,
articulam-se para entender melhor a
agenda ASG e trazê-la para os seus
instrumentos de supervisão do sistema
financeiro.
Um estudo das Nações Unidas afirma que as regulações do sistema financeiro que
abordam as questões ASG dobraram entre 2013 e 2017 (UNEP-FI, 2018). O PRI, da
mesma forma, observa um aumento expressivo destas regulações, orientado
especificamente para o mercado de investimentos, veja:
Número cumulativo de intervenções regulatórias em relação às questões ASG.
A tendência de aumento da regulação sobre o tema não deve ser modificada nos
próximos anos. Em diversas regiões, o debate já faz parte das agendas do setor
público e, especialmente, do setor financeiro. Em 2017, foi estabelecida uma rede
internacional de Bancos Centrais e Supervisores, a NGFS (Network for Greening the
Financial System, ou Rede para um Sistema Financeiro mais Verde, em tradução livre).
A iniciativa já conta com 54 membros dos cinco continentes, que representam mais de
57% do PIB Global. O Banco Central do Brasil aderiu ao NGFS em 2020.
Uma vez que essas iniciativas se
traduzam em novas regulações,
aumentará o controle sobre os gestores
de recursos e, esperamos, sobre as
empresas investidas. Até este momento,
a maior parte das regulações
é orientativa, ou seja, indica de forma
ampla e sem critérios específicos que os
investidores devem atentar para os
riscos ASG na sua estratégia de
investimentos.
A evolução dessa tendência é definir quais são os temas e indicadores a serem
monitorados e reportados aos supervisores e ao mercado.
No mercado local, existem algumas regulações no âmbito do Sistema Financeiro
Nacional que devem ser destacadas:
É aplicável a todas as instituições que reportam ao Banco Central, desde os
grandes bancos até cooperativas de crédito, bancos de investimento,
corretoras de valores etc.
É a principal regulação do Sistema Financeiro Nacional sobre o tema, traz a
necessidade de as instituições possuírem uma Política de Responsabilidade
Resolução 4.327/2014 do Conselho Monetário Nacional (CMN) 
Socioambiental (PRSA) e um sistema de gerenciamento do risco
socioambiental.
Orientada às companhias listadas na B3, coloca entre os itens a serem
divulgados em seus documentos regulatórios, especialmente o formulário de
referência, questões relacionadas aos riscos socioambientais das companhias,
atendimento a regulação socioambiental e instrumentos usados para a
divulgação de informações ASG ao mercado.
Orientada às entidades fechadas de previdência complementar (EFPC), ou
fundos de pensão, como são conhecidos no mercado, a resolução orienta que,
sempre que possível, as entidades observem as questões ASG em seus
processos de investimento.
Instrução CVM 552 
Resolução 4.661/2018 do CMN 
Instrução 6/2018 da PREVIC 
A Superintendência Nacional de Previdência Complementar, responsável pela
supervisão das EFPC, emitiu, em complemento à Resolução 4.661/2018, uma
instrução que orienta a adoção das questões ASG pelos fundos de pensão,
sugerindo que estas adotem um olhar setorial para os riscos desta natureza.
Formulário de referência
O formulário de referência é um documento de divulgação obrigatória, exigido pela comissão de valores
mobiliários (CVM), no qual a empresa divulga as principais informações sobre suas práticas de gestão,
resultados financeiros, fatores de risco, atendimento à regulação e outras políticas relevantes.
O recado é claro: aos investidores que ainda não consideram os temas ASG de forma
estratégica, a questão está, cada vez mais, migrando para uma agenda obrigatória.
Antecipar a regulação costuma custar menos às instituições, que têm mais tempo
para implementar estratégias, processos e controles.
Além disso, quem já possui experiência no tema consegue, inclusive, debater com o
regulador para dizer o que de fato funciona e o que torna inviável o processo de
investimento. De qualquer forma, o processo parece ser cada vez mais inevitável.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Assinale a alternativa que aponta o principal objetivo da elaboração de um índice de
empresas sustentáveis:
A Criação de um fundo de empresas sustentáveis.
B
A previsão de que um índice composto dessas empresas se
valorizasse mais do que os índices tradicionais do mercado.
C
A previsão de que um índice composto dessas empresas se
valorizasse menos do que os tradicionais do mercado.
D O fato de servir apenas para pesquisas na área de sustentabilidade.
Parabéns!A alternativa B está correta.
Destacamos que eles foram criados para indicar a valorização de empresas que
respeitam as ASG.
Questão 2
No que consiste a estratégia de investimentos responsáveis de impacto?
E Permitir que os investidores identifiquem empresas sustentáveis.
A
Consiste na avaliação da performance financeira e dos indicadores
ASG.
B
Consiste em utilizar o poder de acionista ou investidor institucional
para influenciar boas práticas.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Existem diversas estratégias de desenvolvimento de investimento responsável. Uma
delas é a estratégia de impacto, que envolve a avaliação não só da performance
financeira, mas dos indicadores ASG — como emprego, renda e redução de
emissões de GEE.
C
Consiste em definir as melhores empresas do setor de
sustentabilidade.
D
Consiste em direcionar recursos exclusivamente para setores ou
empresas sustentáveis.
E Consiste em investir em empresas não sustentáveis.
3 - Tendências e desa�os
Ao �nal deste módulo, você será capaz de de�nir caminhos possíveis para a integração da sustentabilidade nas
decisões de investimentos, seus desa�os e tendências.
Tendências das questões ASG
Embora tudo que dissemos até agora
mostre que já avançamos no
entendimento da sustentabilidade pelas
empresas e pelos investidores, ainda há
muito a ser feito. Este é um tema em
constante evolução, influenciado pelo
aumento do conhecimento científico e
pelas mudanças da nossa sociedade.
Com isso, surgem novos olhares para o ASG, que buscam orientar as políticas
públicas, as práticas das empresas e, por consequência, as decisões financeiras.
Alguns desses tópicos são explicados neste módulo, mas não concentram todo o
debate em torno da sustentabilidade, que é muito mais complexo.
Objetivos do desenvolvimento sustentável
(ODS)
Conheça agora os objetivos do desenvolvimento sustentável.

As mudanças climáticas e a TCFD
Entre todos os temas das questões ASG,
as mudanças climáticas têm chamado
mais atenção, especialmente no setor
financeiro e em países desenvolvidos.
Podemos considerar algumas razões
para isso. Em primeiro lugar, as
economias desenvolvidas estão menos
expostas às questões sociais que
atingem outros países, como o Brasil, e,
dessa forma, acabam direcionando suas
atenções para as questões ambientais.
Além disso, os efeitos das mudanças climáticas podem impactar severamente não
apenas o meio ambiente, como a própria sociedade. Eventos climáticos, como
furacões e enchentes, tendem a atingir mais regiões, impactando populações e
gerando prejuízos à economia.
O principal grupo de debate sobre as mudanças climáticas é o Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (Intergovernamental Pannel on Climate
Change, ou IPCC).
Esse grupo de cientistas de todo o mundo realiza estudos para
avaliar em que nível estamos em relação ao aumento médio de
temperatura no planeta, quais as perspectivas para as próximas
décadas e os efeitos adversos desse aumento.
Quando falamos de um aumento médio de 2°C de temperatura, podemos achar que é
pouca coisa, certo? Mas vamos fazer um paralelo: o que acontece com o seu corpo se
a sua temperatura aumentar em 2°C?
Você fica com febre. Agora, imagine se esse aumento for de 4°C? Você precisa correr
para o hospital! O mesmo ocorre com o nosso planeta. Os efeitos de um aumento de
temperatura média, ainda que pequeno, podem ser desastrosos para muitos países.
Para entender como esses riscos podem
impactar a economia, o Financial Stability
Board (FSB), responsável pela regulação
do sistema financeiro internacional, criou
uma força-tarefa para desenvolver
recomendações para empresas e para o
setor financeiro avaliarem e divulgarem
os seus riscos climáticos.
A Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas às Mudanças Climáticas
(Task-Force for Climate-related Financial Disclosures, ou TCFD). No mercado, a TCFD é
chamada apenas pela sigla.
A importância da TCFD foi levar para o setor financeiro um conjunto de
recomendações que permitem às empresas avaliarem sua exposição aos riscos
climáticos, mas também identificarem oportunidades de negócios relacionadas ao
tema.
As recomendações se organizam em 4 dimensões: a governança das instituições, ou
seja, como as lideranças estão olhando para as questões climáticas; a forma como os
impactos reais são considerados na estratégia; os processos de análise e gestão
de riscos climáticos; e as métricas e metas estabelecidas para a redução da
exposição a estes riscos (TCFD, 2020).
A TCFD esclarece os potenciais riscos e as oportunidades que advêm da preocupação
com a questão climática. Com isso, bancos, investidores e seguradoras podem
analisar mais detalhadamente esses riscos em suas operações financeiras, veja:
Riscos, oportunidades e impactos financeiros relacionados às mudanças climáticas.
A partir das recomendações da TCFD, muitos investidores passaram a fazer análises
dos possíveis prejuízos que suas empresas investidas teriam com o aumento dos
impactos das mudanças climáticas, por exemplo.
O tema tomou uma proporção tão grande que, hoje, até mesmo os bancos centrais já
estudam uma forma de inserir essa agenda nas suas próximas regulações.
Os desa�os da sustentabilidade e como
enfrentá-los
Afinal, se tudo que apresentamos é tão importante, por que ainda temos tanta
polêmica quando falamos em sustentabilidade? Por que governos, empresas e
instituições financeiras ainda têm dúvidas sobre a relevância deste tema?
Podemos começar pelo fato de que é difícil medir a sustentabilidade. Especialmente
em um modelo econômico tradicional, em que tudo é medido e priorizado pelo seu
impacto na forma de cálculos, essas questões ainda são um pouco abstratas para os
líderes empresariais e financeiros.
Conforme avançamos no debate, vamos desenvolvendo conhecimento, fazendo
contas e chegando aos resultados que ajudam a convencer essas lideranças, mas
ainda estamos trilhando esse caminho.
Comentário
Outra dificuldade é que este não é um tema para o qual podemos prescrever uma receita única, que se
aplique a todos os setores e empresas. A sustentabilidade exige uma reflexão para encontrar a materialidade
e os riscos específicos de cada organização, o que é mais complicado quando ainda não existe tanto
conhecimento sobre o tema.
Além do desafio em estabelecer essa materialidade, temos que considerar também
que os investidores precisam tomar decisões que exigem que os dados e informações
analisados sejam comparáveis. Nas demonstrações financeiras, isso ocorre com
alguma facilidade, mas este não é o caso das informações ASG.
Indicadores não são padronizados e não existe uma regulação específica que diga
exatamente o que as empresas devem informar sobre suas iniciativas e resultados
nas questões de sustentabilidade.
Alguns movimentos tentam endereçar
esses desafios e já promovem bons
avanços. É o caso das iniciativas
de relatórios de sustentabilidade, que
criam padrões para apoiar as empresas
nessa divulgação.
Os próprios reguladores têm se
articulado para aumentar a padronização
de dados ASG nas empresas, facilitando
a vida de analistas e gestores de
investimentos.
O fundamental é ter consciência de que este é um caminho sem volta. Para atingirmos
patamares mais sustentáveis em nossa sociedade, precisamos, em primeiro lugar, nos
informar sobre este tema e debater a respeito nas universidades, empresas e no setor
financeiro.
Os impactos da sustentabilidade não ocorrem em outro lugar, distantes de nós. É uma
discussão que nos envolve diretamente e precisa da colaboração de todos para
mudarmos o tom dessa conversa.
Ainda há muito caminho a ser percorrido, mas estamos na direção correta.
Precisamos apenas aumentar a velocidade, e isso se faz com conhecimento e
colaboração.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Entre todos os temas das questões ASG, qual aspecto tem sido mais debatido e
chamado mais aatenção de governos e investidores dos países desenvolvidos nos
últimos anos?
Parabéns! A alternativa A está correta.
Conforme falamos, o aspecto ambiental chama mais a atenção de diferentes atores,
pois, entre outros fatores, países desenvolvidos apresentam questões sociais
menos urgentes, de modo que podem focar em políticas ambientais.
A Aspecto ambiental
B Aspecto social
C Aspecto de governança corporativa
D Aspecto das grandes empresas
E Aspecto financeiro
Questão 2
Qual dessas dificuldades NÃO está associada aos desafios da sustentabilidade?
Parabéns! A alternativa D está correta.
Durante o conteúdo, estabelecemos que as principais dificuldades enfrentadas pelos
defensores de uma agenda sustentável concernem à medição e à comparação de
A A sustentabilidade é difícil de ser medida.
B Não há uma forma única de dimensionar a sustentabilidade.
C É difícil comparar políticas sustentáveis.
D A sustentabilidade depende do ponto de vista.
E A não importância da sustentabilidade para o desenvolvimento.
medidas.
Considerações �nais
Trouxemos o debate das questões ambientais, sociais e de governança corporativa
(ASG).
No primeiro módulo, destacamos como ocorreu a evolução da sustentabilidade como
a conhecemos hoje e definimos os investimentos responsáveis. Com isso, trouxemos
uma visão ampla sobre a relação entre finanças e sustentabilidade.
No segundo módulo, abordamos os diferentes índices de sustentabilidade e das suas
principais funções, e falamos sobre a importância do papel regulatório para o setor.
Por fim, trouxemos os principais desafios e tendências das questões ASG, adequando
o debate aos dias atuais.
Agora você compreendeu a importância de aprofundarmos o debate de
sustentabilidade, baseados nos aspectos econômicos e financeiros que regem as
economias dos países contemporâneos.
Podcast
Para encerrar, ouça agora um resumo dos principais pontos abordados neste
conteúdo.
Explore +
Confira o que separamos especialmente para você!
Acesse o site do Pacto Global – Rede Brasil, para se aprofundar ainda mais sobre
as questões discutidas.
Pesquise sobre os princípios para o investimento responsável.

Pesquise na Internet artigos sobre a iniciativa econômica voltada para o meio
ambiente.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIROS E DE
CAPITAIS – ANBIMA. 2ª Pesquisa de sustentabilidade: engajamento de questões
ambientais, sociais e de governança na análise de investimento de gestores de
recursos. São Paulo: ANBIMA, 2018.
B3. ISE: processo de seleção. Consultado na internet em: 5 jul. 2020.
BUOSI, M. E. Integração ASG (questões ambientais, sociais e de governança) à
análise de investimentos. In: COMISSÃO de Valores – CVM & Associação de Analistas
e Profissionais de Investimentos no Mercado de Capitais ‒ APIMEC. Livro TOP análise
de investimentos. Rio de Janeiro: CVM, 2017.
CISL. Rewiring the economy. Cambridge: University of Cambridge Institute for
Sustainable Leadership, 2015.
ECCLES, R. G. et al. The impact of a corporate culture of sustainability on corporate
behavior and performance. Working Paper, Harvard Business School, 2011.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Aquecimento
global e a nova geografia da produção agrícola no Brasil. São Paulo:
Cepagri/Unicamp, 2008.
ERNEST & YOUNG ‒ EY. Does your nonfinancial reporting tell your value creation
story? 2018.
FINANCIAL TIMES STOCK EXCHANGE SUSTAINABILITY INDEX –
FTSE4GOOD. FTSE4Good index inclusion criteria: thematic criteria and scoring
Framework. FTSE, 2013.
GLOBAL SUSTAINABLE INVESTMENT ALLIANCE – GSIA. Global Sustainable
Investment Review, 2018.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA ‒ IBGC. Código de melhores
práticas de governança corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU. 17 Objetivos para Transformar Nosso
Mundo, 2020. Consultado na internet em: 6 jul. 2020.
PENTEADO, H. Ecoeconomia — uma nova abordagem. São Paulo: Lazuli, 2010.
PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT – PRI. What is responsible
investment? 2020a. Consultado na internet em: 5 jul. 2020.
PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT – PRI. What are the principles for
responsible investment? 2020b. Consultado na internet em: 5 jul. 2020.
TASK-FORCE FOR CLIMATE-RELATED FINANCIAL DISCLOSURE –
TCFD. Recomendações da força-tarefa para divulgações financeiras relacionadas às
mudanças climáticas. Tradução das recomendações internacionais, Brasil, 2020.
THE CENTRAL BANKS AND SUPERVISORS NETWORK FOR GREENING THE FINANCIAL
SYSTEM – NGFS. In: NGFS Annual Report 2019, 2020.
UNITED NATIONS. Our common future. Genebra: United Nations, 1987.
UNITED NATIONS ENVIROMENTAL PROGRAM-FINANCIAL INITIATIVE – UNEP-
FI. Making waves: aligning the financial system with sustainable development.
Genebra: UNEP-FI, 2018a.
UNITED NATIONS ENVIROMENTAL PROGRAM-FINANCIAL INITIATIVE – UNEP-FI..
Rethinking Impact to Finance the SGDs. Genebra: UNEP-FI, 2018b.
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