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30/04/18 1 Prof. Dr. Carlos Eduardo Batista de Lima Insuficiência Cardíaca U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D O P I A U Í C E N T R O D E C I Ê N C I A S D A S A Ú D E • É o estado fisiopatológico, no qual o coração é incapaz de bombear o sangue no volume necessário para suprir as necessidades metabólicas, ou só pode fazê-lo a partir de pressões de enchimento elevadas. Braunwald E. Insuficiência Cardíaca – Conceito Braunwald’s Heart Disease: a textbook of cardiovascular medicine. Peter Libby et al. 8th edition. Insuficiência Cardíaca – Conceito • IC é uma síndrome clínica complexa, caracterizada por anormalidades da função ventricular esquerda e da regulação neuro- hormonal, acompanhadas de intolerância ao esforço, retenção hídrica e redução da longevidade. Packer M. Braunwald’s Heart Disease: a textbook of cardiovascular medicine. Peter Libby et al. 8th edition. Insuficiência Cardíaca – Epidemiologia Incidência Teophilius E Prog Cardiovasc Dis, 2005; 47: 320-332 Pessoas (milhões) Casos novos IC por ano em 2000 Casos novos IC por ano em 2040 população Incidência estável de IC Pessoas-ano Em indivíduos com idade 1 8 anos 20 40 60 80 100 2 80% 20% Mortalidade Total▪ ▪ ▪ ▪ ▪ ▪ ▪ Li vr e de E ve nt os (% ) ▪ ▪ ▪3 4 5 6 7▪ ▪ ▪ Tomaselli & Zipes,Circulation Research, out 2004 Insuficiência Cardíaca Epidemiologia - Elevada Mortalidade n=5310 Insuficiência Cardíaca Sobrevida de 5 anos pós 1ª admissão: IC, IAM e Câncer Stewart et. Al. European Journal of Heart Failure 3, 2001:315-322 Hospital escocês, 1991 Feminino Masculino Meses de seguimento Meses de seguimentoP ro ba bi lid ad e de s ob re vi da c um ul at iv a mama próstata intestino Insuficiência cardíaca IAM intestino ovário Insuf. Cardíaca IAM pulmão pulmão vesícula 30/04/18 2 - Prevalente em 5,5 milhões de norte-americanos. - Incidência de 550 mil novos casos por ano. - Mortalidade de 300 mil pacientes por ano. - 800 mil a 3,6 milhões de internações por ano - Custo total anual de aproximadamente 30 bilhões de dólares Insuficiência Cardíaca nos EUA Problema de Saúde Pública ACC/AHA – CONSENSO DE ICC DE 2005 - Primeira causa de internação em pacientes acima de 60 anos - Sexta causa de internação entre 15 e 59 anos. - Gasto com internações em 2007: R$ 232 milhões - 450.000 mortes - 50% de MS (225.000) - > 85% morte por arritmia cardíaca Insuficiência Cardíaca no Brasil Ministério da Saúde de 2007 Epidemiologia Bocchi EA, Marcondes-Braga FG, Ayub-Ferreira SM, Rohde LE, Oliveira WA, Almeida DR, e cols. Sociedade Brasileira de Cardiologia. III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq Bras Cardiol 2009;93(1 supl.1):1-71. Gênero e faixa etária na população internada por IC em 2007 pelo SUS masculino feminino Isquemia Doença Valvar HAS Miocardiopatias DISFUNÇÃO VENTRICULAR Ativação simpática Ativação SRAA Citocinas (IL-1,2,6 TNF) Arginina- vasopressina Endotelina Isquemia Remodelamento Apoptose Stress intracavitário Insuficiência Cardíaca Etiopatogenia Mangini et al. Arq Bras Cardiol 2008; 90(6): 400-406 Distribuição de acordo com a etiologia - SUS n=212 30/04/18 3 PRÉ e PÓS-CARGA CARDÍACAS Pré-carga Pós-carga Mecanismos adaptativos: •Mecanismo de Frank-Starling; •Ativação dos sistemas neuro-hormonais: Ativação adrenérgica, SRAA; AVP; ANP; BNP; endotelina; NO; citocinas; •Remodelamento miocárdico. Insuficiência Cardíaca Fisiopatologia Volume diastólico final normais Insuficiência cardíaca Lei de Frank - Starling Lei de Frank-Starling: O coração, dentro de limites fisiológicos, é capaz de ejetar todo o volume de sangue que recebe proveniente do retorno venoso Lei de Frank-Starling: Ao receber maior volume de sangue proveniente do retorno venoso, as fibras musculares cardíacas se tornam mais distendidas devido ao maior enchimento de suas câmaras Isso faz com que, ao se contraírem durante a sístole, o façam com maior força 30/04/18 4 Lei de Frank-Starling: Maior força de contração, consequentemente, aumenta o volume de sangue ejetado a cada sístole (Volume Sistólico) Aumentando o volume sistólico aumenta também, como consequência, o Débito Cardíaco (DC = VS x FC) Disfunção Ventricular - Débito Cardíaco reduzido SNS SRAA AVP Endotelinas Citocinas Vasoconstrição Retenção sódio/água Proliferação celular PNA Bradicinina Prostaglandinas EDRF / NO Dopamina Vasodilatação Natriurese / Diurese Antiproliferação Insuficiência Cardíaca Alterações Neuro-Hormonais e Locais Desempenho cardíaco Barorreceptores Arco aórtico Seio carotídeo Cavidade VE Centro cardiocirculatório do SNC Tronco e gânglios simpáticos Mecanismo Hemodinâmico: Vasoconstrição Fluxo renal Angiotensinogênio Angiotensina I Angiotensina II Reabsorção de Na+ e H2O Renina Aldosterona núcleos supraóptico e paraventricular do hipotálamo Arginina vasopressina Norepinefrina Inotropismo Cronotropismo Dzau V , Braunwald E Am Heart J 1991; 121: 1244-63 Infarto do Miocárdio Aterosclerose Hipertrofia Ventricular DAC Isquemia Miocárdica Trombose Coronária Fatores de Risco Dislipidemia Hipertensão arterial Diabetes Resistência à insulina Arritmia Perda Muscular Ativação Neurohormonal Remodelamento Dilatação Ventricular Falência Cardíaca Morte Morte Súbita Mortalidade CF I e II: morte súbita CF III e IV: falência cardíaca MORTE SÚBITA - IC CARDIOL CLIN 2008; 26:381–403 30/04/18 5 Insuficiência Cardíaca Sistólica x Diastólica Frequência da IC diastólica – 40 a 71% (54%) N ENGL J MED 2003;20:348 Insuficiência Cardíaca Sistólica x Diastólica Diastólica Sistólica Sexo M / F ++ / +++ +++ / ++ Idade > 65 +++ ++ DAC ++ +++ HAS +++ ++ Diabetes +++ ++ Obesidade +++ + Fção Ventricular Normal Diminuída Avaliação Inicial - IC Objetivos ØConfirmar o diagnóstico ØIdentificar a etiologia ØIdentificar possíveis fatores precipitantes ØDefinir o modelo fisiopatológico (disfunção sistólica x ICFEP) ØDefinir modelo hemodinâmico ØEstimar prognóstico ØIdentificar candidatos a terapêuticas específicas (dispositivos e procedimentos cirúrgicos) ALGORITMO DIAGNÓSTICO PARA IC NÃO AGUDA - AMBULATORIAL 30/04/18 6 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS de FRAMINGHAM MAIORES - Dispneia paroxística noturna - Estase jugular - Estertores crepitantes - Cardiomegalia ao RX - Galope de B3 - PVC > 16 - Refluxo hepatojugular - edema pulmonar, congestão visceral ou cardiomegalia à necropsia - Perda > 4,5 Kg em 5 dias em resposta a tratamento de IC MENORES - Edema de MMII - Tosse noturna - Dispneia aos esforços - Hepatomegalia - Derrame pleural - Taquicardia Dois maiores ou um maior e dois menores Insuficiência Cardíaca Cardiomegalia Derrame Pleural Diagnóstico clínico da Insuficiência Cardíaca Critérios de Boston Categoria I – História Nº ptos Categoria II – Exame físico Nº ptos Dispneia em repouso Ortopneia Dispneia paroxística noturna Dispneia ao andar no plano Dispneia ao subir escadas 4 4 3 2 1 Taquicardia: 91-110 bpm > 110 bpm Elevação da pressão venosa PV < 6 cm de H2O > 6 cm de H2O + hepatomegalia ou edema dos membros inferiores Crepitação pulmonar basal Crepitação pulmonar acima das bases Terceira bulha Sibilos 1 2 2 3 3 3 1 3 4 2 Categoria III – RX de tórax Edema alveolar pulmonar Edema intersticial pulmonar Derrame pleural bilateral Índice cardiotorácico > 0,5 Inversão do padrão vascular pulmonar 4 3 3 3 2 Insuficiência Cardíaca Definida: 8 a 12 pontos Possível: 5 e 7 pontos Pouco provável: < 4 pontos Índice Cardiotorácico Índice Cardiotorácico 30/04/18 7 CLASSE NYHA I Sem limitação física ou sintomas para atividade física cotidiana II Discreta limitação ou sintomas para atividade física cotidiana III Intensa limitação ou sintomaspara atividade física cotidiana IV Sintomas ao repouso Insuficiência Cardíaca Classificação Clínica ACC AHA A Alto risco, sem alteração estrutural B alteração estrutural, assintomático C alteração estrutural, com sintomas atuaisou no passado D Sintomas refratários Insuficiência Cardíaca Estágios e Avaliação prognóstica Exames de Avaliação-ICC • Clínico (Framingham, Boston, NYHA, ACC) • ECG • RX Tórax • Ecocardiograma • Gated • Holter 24 horas • Ergoespirométrico • Lab Clínico (Na, K, Hb, Fção renal, TSH, BNP) • Cateterismo Direito, Cineangiocoronariografia • Biópsia endomiocárdica Bocchi EA, Marcondes-Braga FG, Ayub-Ferreira SM, Rohde LE, Oliveira WA, Almeida DR, e cols. Sociedade Brasileira de Cardiologia. III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq Bras Cardiol 2009;93(1 supl.1):1-71. Montera MW, Almeida RA, Tinoco EM, Rocha RM, Moura LZ, Réa-Neto A, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. II Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Aguda. Arq Bras Cardiol.2009;93(3 supl.3):1-65 - + + A B - L C Congestão • Dispnéia de Esforco • Dispnéia Paroxística Noturna • Empachamento • Tosse Seca • Ortopnéia • Estase Jugular / RHJ • Hepatomegalia Dolorosa • Ascite / Derrame Pleural • Edema de MMII • B3 (galope) Congestão Pe rfu sã o Perfusão • Fadiga • Síncope • Náuseas e Vômitos • Oligúria • Torpor • Obnubilação • Enchimento Capilar Lentificado • Extremidades Frias • Palidez Cutânea / Cianose • Hipotensão / PA convergente Avaliação Clínica IC Descompensada A: quente e seco B: quente e úmido C: frio e úmido L: frio e seco 30/04/18 8 Anamnese / Exame Físico/ Oximetria ECG / RX tórax Critérios de Boston BNP dúvida diagnóstica IC confirmada - Considerar outras causas + Causas de descompensação Tempo de início dos sintomas IC Sistólica x Diastólica Estratificação de risco Baixa aderência Medicacao inadequada Isquemia - ECG, enzimas, ECO, CATE TEP – dímero D, ECO, CT, V/Q Arritmia - ECG Infeccao – HMG, Urina I, RX, PCR Aguda Crônica Isquem ia M iocardite A rritm ia Baixa Aderência Infeccão Ecodopplercardiograma PAS na admissão Perfil hemodinâmico Avaliação da função renal Avaliacão Diagnóstica Montera MW, Almeida RA, Tinoco EM, Rocha RM, Moura LZ, Réa-Neto A, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. II Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Aguda. Arq Bras Cardiol.2009;93(3 supl.3):1-65 AJUSTE VOLÊMICO Alívio dos sintomas de congestão Preservação da Função Renal Insuficiência Cardíaca Descompensada maioria dos pacientes congestos Insuficiência Cardíaca Descompensada Balanço negativo de sódio e água Diuréticos Diminuição das pressões de enchimento Alívio dos sintomas de congestão Diminuição da dilatação ventricularDiminuição da Insuficiência Mitral funcional Melhora da função miocárdica Melhora da função renal Diminuição da tensão ventricular e isquemia Insuficiência Cardíaca Descompensada Diuréticos Balanço negativo de sódio e água Diminuição das pressões de enchimento Alívio dos sintomas de congestão Diminuição da perfusão renal Ativação neurohormonal SRAA AVP Simpático Piora da função renal Síndrome Cardiorenal Resistência a diurético Aumento de morbimortalidade 30/04/18 9 Insuficiência Cardíaca Descompensada maioria dos pacientes congestos – 80% IC Aguda Nova IC Crônica Agudizada Redistribuição de Volume EAP Hipertensivo, IAM, Valvopatia aguda, Miocardite, Congestão Pulmonar Normo / Hipovolemia Periférica Acúmulo de Volume Miocardiopatia Dilatada, Valvopatia crônica Congestão Pulmonar e Periférica II Diretriz de IC Aguda. SBC-GEIC 2009 Dispneia intensa abrupta Edema pulmonar difuso Edema sistêmico mínimo Provável IC diastólica Paciente está frequentemente euvolêmico ou hipovolêmico PA 170 x 110 mmHg / P 100 Edema Agudo de Pulmão Hipertensivo Perfil B – Quente e Úmido Ureia 70 Creatinina 1,5 IC crônica descompensada Dispnéia progressiva Ganho de peso gradual Congestão sistêmica Congestão pulmonar PA 100 x 60 mmHg / P 80bpm Perfusão Limítrofe – Mioc Isquêmica em uso de betabloq Perfil C – Fria e Úmida Uréia 120 Creatinina 1,8 Hipervolêmico Bocchi EA, Marcondes-Braga FG, Ayub-Ferreira SM, Rohde LE, Oliveira WA, Almeida DR, e cols. Sociedade Brasileira de Cardiologia. III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq Bras Cardiol 2009;93(1 supl.1):1-71. 30/04/18 10 TRATAMENTO CLÍNICO DA IC Medidas não farmacológicas - Dieta - Restrição hídrica - Exercício - Clínicas de ICC Medidas Farmacológicas - Diuréticos - Digital - Vasodilatadores - Antagonistas da Aldosterona - Betabloqueadores Mecanismos da melhora proporcionada pelo exercício: VO2 pico e massa muscular Função respiratória Atividade simpática Função endotelial; Atividade enzimática oxidativa da musculatura esquelética. Tônus vagal EXERCÍCIO FÍSICO: EQUIPE MULTIDISCIPLINAR ENFERMEIRA Educação do pcte e família Precoce detecção de descompensação Monitorização Programa de aderência a longo prazo Implementação de condutas e fluxogramas Cardiologista com subesp. IC Cirurgião Assistente social Psicólogo Professor de educação física Nutricionista CLÍNICAS DE IC Considerações Finais Tratamento da IC Disfunção Ventricular Inibidores da Enzima Conversora ou Bloqueadores de Receptores da Angiotensina 2 ou ambos Assintomático Sintomático Intensa Refratária Beta - Bloqueadores Espironolactona Digoxina Diuréticos Otimização da Medicação Ressincr. Cardíaca - CDI/Ins Mitral/Transplante Restrição de Na 4 g 2 g Restrição Hídrica Eplerenone Eur Heart Failure;, jan 2005 VD convencional VE seio coronário Reduzir a Dissincronia Insuficiência Cardíaca Terapia de Ressincronização Cardíaca 30/04/18 11 Morte Súbita CardíacaTaquiarritmias CDI Insuficiência Cardíaca – Tratamento cirúrgico Prevenção da Morte Súbita Cardíaca Insuficiência Cardíaca Tratamento Cirúrgico - Ressincronização - Cardiodesfibrilador implantável - Revascularização miocárdica - Reconstrução ventricular - Suporte circulatório mecânico - Transplante Tratamento Clínico - Betabloqueador - iECA / BRA - Antagonistas da aldosterona - Hidralazina / Nitrato - Digitálicos / Diuréticos - Atividade Física - Clínicas de IC - Restrição Hidrossalina + Redução de Internações, Morbidade e Mortalidade 30/04/18 12 O b r i g a d o carlos.lima@ufpi.edu.br
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