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Curso Nutricao de Pequenos Animais Módulo 1: Nutrientes Nutrientes essenciais: qualquer nutriente que não possa ser sintetizado no corpo e que deve ser obtido com o alimento. Densidade energética: proporção de nutrientes que produzem energia em relação ao peso dos alimentos determina sua densidade energética. Água não tem densidade energética. Água: é essencial para a vida, a quantidade de água que um animal deve ingerir por dia (em ml) é equivalente à sua ingestão diária de energia em quilocalorias. Um animal deve consumir aprox. 50 kcal por kg de peso corporal. A quantidade também pode variar com o tipo de alimento, ração seca ou úmida. Módulo 2: Carboidratos 1- Açucares Simples: monossacarídeo (um açúcar, ex glicose), dissacarídeos (duas unidades de açúcar, ex lactose); 2- Oligossacarídeos: 3 a 9 unidades de açúcar, se tiver frutose chama-se fruto-oligossacarídeos; 3- Polissacarideos: amidos e fibras (ex celulose e pectinas). Função: Carboidratos e amidos simples são usados como fonte de glicose. - Fornece energia; - Produz calor - Armazenar energia na forma de glicogênio ou gordura. Carboidrato em excesso torna-se gordura corporal. Função da Fibra 1- Regulariza e promove a função normal do intestino; 2- Ajuda a manter a integridade do cólon; 3- Fornecer substrato ou energia para o crescimento da microbiota benéfica. A fibra ajuda a prevenir a constipação e a diarreia, mas precisa beber muita água para que a fibra tenha efeito. Digestão de Carboidratos Simples Ocorre em todo o trato digestivo e envolve processos mecânicos (quebra na boca), processos enzimáticos (suco gástrico no estomago) e intestino delgado (enzimas – a maior parte ocorre aqui) e processos microbiológicos – intestino grosso (bactérias produzem enzimas/ microbiota intestinal) e a fermentação das fibras produzem energia. Digestão de Fibras Fermentação é o processo em que os carboidratos são decompostos em ambientes com pouco ou nenhum oxigênio, produz energia. As bactérias no intestino grosso são chamadas anaeróbias porque vivem sem oxigênio. Para sobreviver precisam usar fermentação. Quanto mais rapidamente uma fibra é fermentada, mais gases e ácidos graxos de cadeia curta são produzidos em um curto período de tempo. Quanto mais rapidamente uma fibra for fermentada, mais gás intestinal será produzido – o animal tenderá ter mais flatulência. Vantagens das fibras de fermentação lenta: ajuda gerenciar a obesidade, fornecem menos calorias, retarda o esvaziamento gástrico e proporciona uma sensação de saciedade por mais tempo; ajuda a controlar o diabetes mellitus, reduzindo a quantidade de açúcar no sangue após as refeições e aumenta a massa fecal, que ajuda a aliviar sintomas gastrointestinal e constipação. Níveis Recomendados de Carboidratos Sem carboidratos na dieta, há um aumento no metabolismo de lipídios e proteínas para fornecer os precursores da glicose. Açucares e amidos são uma fonte de energia econômica e de fácil digestão. Alimentos secos para cães geralmente possuem de 30 a 60% de carboidratos, principalmente amido. No período da gestação e lactação são períodos que aumentam a necessidade de glicose para apoiar o crescimento fetal. Problemas da falta de carboidratos pode causar: - Número reduzido de filhotes nascidos vivos; - Letargia; - Redução da aptidão materna da cadela; - Anormalidades fetais; - Reabsorção de embrião; - Produção de leite reduzida. Necessidade de Carboidratos para Gatos Gatos conseguem manter níveis adequados de glicose através da gliconeogênese quando alimentados com baixo conteúdo de carboidrato e alto teor de proteínas. Eles não possuem glicoquinase, no lugar produzem hexoquinase. Apesar das diferenças são capazes de digerir e metabolizar carboidratos. Módulo 3: Proteínas Aminoácidos essenciais: arginina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina,fenilalanima, taurina, treonina, triptofano e valina. As proteínas são necessárias para o crescimento, reposição e reparo de todos os tecidos. As proteínas também podem ser usadas como energia alimentar. Proteína de alto valor biológico são as que fornecem aminoácidos essenciais em valores próximos as necessidades de um animal e quando a maioria é absorvida e retida (tem alta digestibilidade). Proteínas no sangue: hemoglobina, transferrina, albumina e globulinas. Anticorpos produzidos por linfócitos no sistema imunológico. Actina e miosina no musculo. Colágeno e Elastina – cartilagem, tendões e ligamentos Queratina: insulina e estrogênio Queratina: pele, cabelos e unhas. Digestão de Proteínas As proteínas alimentares devem ser digeridas para serem absorvidas no intestino. As proteínas são quebradas no estomago, formando fragmentos menores formado por muitos aminoácidos. No intestino delgado os polipeptideos são decompostos em aminoácidos que podem ser absorvidos pela parede intestinal. Ocorre através da ação de enzimas produzidas pelo pâncreas e pelas células que revestem o intestino delgado. Gelatina é uma fonte de proteína derivada do colágeno animal, tem digestibilidade alta, mas tem baixo valor biológico. O excesso de proteína pode ser convertido em gordura corporal. O requisito mínimo absoluto de proteína na dieta para cães que comem proteínas de alta qualidade é de 18% na matéria seca para cães adultos e 25% para cães jovens em fase de crescimento. O nível mínimo recomendado para gatos é 28% em crescimento e 25% para gatos adultos Altos níveis de proteína podem piorar os sinais clínicos em pacientes com problemas renais por azotemia, deve-se evitar excesso de proteína na dieta, principalmente em animais com doenças renais. Deficiência de proteína pode ocasionar: - Perda de peso; - Anorexia; - Anemia; - Pelagem opaca; - Perda muscular; - Maior suscetibilidade à doença; - Edema; - Morte. Excesso de gordura no fígado também pode ser um sinal de deficiência de proteína Módulo 4: Gorduras As gorduras alimentares são constituídas principalmente de triglicerídeos. Ácidos graxos poli-insaturados essenciais na dieta são: ômega-3 e ômega-6 Função Fornecimento de energia, fornecem 2,25 vezes mais calorias por unidade de peso do que as proteínas ou carboidratos; Auxilia na absorção das vitaminas solúveis em gorduras; Os ácidos graxos essenciais são necessários: Controla a perda de água na pele Lipídios: podem estar em estado líquido ou sólido, dependendo da temperatura e da composição do ácido graxo. Gorduras: sólidas em temperatura ambiente. Óleos: líquidos em temperatura ambiente A digestão das gorduras alimentares ocorre principalmente no estômago e no intestino delgado. Estômago: a lipase gástrica quebra a gordura em ácidos graxos e glicerol; Intestino Delgado: - Suco pancreático: contém lipase pancreática, que separa novamente a gordura em ácidos graxos e glicerol; - Bile: os sais biliares atuam como detergente, quebra as partículas de gordura em pequenas gotículas, facilita para lipase alcançar e quebrar a gordura. Quanto mais longo for os ácidos graxos, mais difícil será para a lipase quebrar. Se o animal recebe gordura em excesso isso pode torná- lo predisposto a obesidade. Deficiência de ácido graxo essencial - Cicatrização ruim; - Pelagem opaca; - Pelagem escamosa; - Alopecia; - Edema; - Dermatite úmida; - Redução da função reprodutiva. Módulo 5: Minerais São essenciais para a saúde do animal, mas não fornecem energia. Os principais microminerais são o ferro, cobre e selênio. Existem 11: ferro, zinco, cobre, selênio, iodo, cromo, flúor, cobalto, molibdênio, boro e manganês. Os minerais são necessários para manutenção da estrutura esquelética (cálcio, fósforo e magnésio), equilíbrio ácido-base e equilíbrio de fluídos (potássio, sódio e cloro), função celular (todos), condução nervosa (potássio e magnésio) e contração muscular(cálcio, magnésio e potássio). Cálcio e Fósforo Parte estrutural de ossos e dentes Impulsos nervosos Contração musculares Cálcio Cães 1,5-6,3g Gatos 1,4g Fósforo Cães 1,3-4,0g Gatos 1,3g Sódio, Potássio e Cloro Equilíbrio ácido-base Equilíbrio osmótico Contrações musculares Sódio Cães 0,13g Gatos 0,15g Potássio Cães 1,5g Gatos 1,5g Cloro Cães 0,19g Gatos 0,23g Magnésio Componente de osso, enzimas e fluidos intracelulares Cães 0,1-0,8g Gatos 0,08g Ferro Componente essencial da hemoglobina e da mioglobina Cães 12,5- 750mg Gatos 20 mg Zinco Imunocompetência Cicatrização de pele e ferimentos Crescimento Reprodução Cães 12,6- 250 mg Gatos 12,5- 502mg Cobre Hemácias Pigmentação normal da pele e dos ossos Cães 1,0-63 mg Gatos 1,3mg Selênio Importante antioxidante Cães 6mg Gatos 25,1mg Cálcio e Fósforo O cálcio ajuda o coração bater, necessário para manter as funções vitais. A proporção de cálcio e fósforo é de 1:1 e o desequilíbrio pode levar a deformidade esquelética. A deficiência de cálcio ocorre quando fornece alimento com alto teor de fósforo (carne e miúdos) ou baixo em cálcio. Sódio, Potássio e Cloro Mantem o equilíbrio ácido-base, manter equilíbrio osmótico, transmissão de impulsos nervosos e facilita e transmite contrações musculares. A deficiência desses eletrólitos pode ocorrer por vomito e diarreia. Os sinais são: - Tremores musculares; - Anorexia; - Diminuição do crescimento; - Exaustão; - Incapacidade de manter o equilíbrio de água. A suplementação de cloreto de sódio (sal) pode ser um método eficaz para estimular a ingestão de água, mas uma dieta com alto teor de sódio pode ser prejudicial a longo prazo. Magnésio Sua deficiência pode causar crescimento retardado, hiperirritabilidade, anorexia, descoordenação muscular e convulsões. Se o animal come ração industrial raramente terá deficiência de magnésio. O excesso deve ser evitado para não ocorrer formação de cristais de estruvita na urina de cães e gatos. Ferro A deficiência pode ocorrer por perda crônica de sangue, devido a perda de ferro ou a alimentação de leite por muito tempo. Pode causar anemia e fadiga. Zinco Responsável pela imunocompetência, cicatrização da pele e ferimentos, crescimento e reprodução Sinais mais comuns de deficiência: - Anorexia; - Alopecia; - Pele escamosa; - Despigmentação dos pelos; - Hiperqueratose. Cobre É necessária para formação de glóbulos vermelhos e pigmentação normal da pele e dos pelos. O excesso de cobre no fígado é mais comum em raças como: Bedlington Terriers e os West Highland White Terriers. (pode resultar em cirrose hepática) Selênio Preserva a integridade do pâncreas, que permite a digestão normal de gordura e, portanto, a absorção normal da vitamina E. Reduz a quantidade de vitamina E necessária para manter a integridade das membranas lipídicas e auxilia na retenção de vitamina E no plasma do sangue. Módulo 7: Energia O conteúdo energético dos alimentos é derivado de gorduras, proteínas e carboidratos. A quantidade total de energia potencial nos alimentos é chamada de energia bruta. Energia metabolizável, está disponível para o animal de estimação depois que a energia das fezes, urina e dos gases é subtraída da energia bruta. A quantidade de energia metabolizável disponível depende da digestibilidade dos alimentos, quanto mais digestível o alimento, menos energia será perdida nas fezes e mais estará disponível para o animal de estimação. * A cenoura crua tem baixa digestibilidade nos cães Necessidades energéticas em repouso é medida por dia e a necessidade energética diária é o gasto médio diário de energia. Ambos são uteis para determinar a quantidade de alimento que deve ser fornecida para um animal de estimação. Cálculo de NER e NED NER: 30 x peso corporal + 70 Ou NER: 70 x peso corporal / 0,75 NED: NER x necessidade do animal A proporção de nutrientes que produzem energia em relação ao peso dos alimentos determina seu conteúdo de energia ou sua densidade energética. A água não tem valor energético, um alimento com alto teor de umidade terá baixa densidade energética. Módulo 8: Teor de Nutrientes dos Alimentos Ex: lata de alimento úmido de 100g O rótulo diz que na lata tem 70% de umidade = 30% de matéria seca (100-70); 30g são matéria seca, no rotulo diz que contém 10% de proteína = 10g de proteína Se remover a água ainda terá 10g de proteína presente, mas agora na matéria seca que é 30g Conta: (10÷30) x 100 = 33,3% Fórmula: (% nutrientes ÷ % de matéria seca) x 100 = % de nutrientes em matéria seca Nutrientes que estão no rótulo: Proteínas, gordura (extrato etéreo), fibra, cinza (minerais), umidade. Ex: produto seco contém 22% (em 100g) de proteína in natura, vamos descobrir quanto realmente tem de proteína nesse alimento (no alimento úmido tinha 33,3%) No rótulo não oferece valor de umidade, geralmente é 10%, totalizando 90% de matéria seca. = 90g de matéria seca e 22g de proteína Cálculo: (22÷90) x 100 = 24% Base energética Exemplo Produto A – 100kcal de energia metabolizável por 100g de alimento contendo 10% de proteína conforme oferecida Produto B – 400kcal de energia metabolizável por 100g de alimento contendo 22% de proteína Qual é a quantidade de energia consumida? Produto A – 100kcal de energia metabolizável por 100g de alimento, quantas g existem em 100kcal? G em 100kcal = (100÷100) x 100 = 100g de alimento em 100kcal Cada 100g de alimento contém 10% proteína O produto A contém 10g de proteína por 100kcal em energia metabolizável Produto B – 400kcal de energia metabolizável por 100g de alimento G de alimento em 100kcal = (100 ÷400) x 100 = 25g de alimento em 100kcal Cada 25g de alimento contém 22% de proteína 100kcal energia metabolizável = 22% de 25g = 5,5g de proteína Produto B possui 5,5g de proteína por 100kcal Se um cão precisar ingerir 600kcal por dia, consumirá 600g de produto A e 150g de produto B. Portanto a ingestão diária de proteínas será: Produto A: 6 x 10= 60g Produto B: 6 x 5,5 = 33g Módulo 9: Diferenças entre cães e gatos Cães tem maior capacidade de digerir e metabolizar carboidratos alimentares. (são onívoros e podem viver até mesmo com uma dieta vegetariana equilibrada) Gatos são naturalmente caçadores solitários, são estritamente carnívoros, precisa de proteína extra como fonte de energia. Possuem necessidade de taurina, vitamina A pré-formada e ácido araquidônico.
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